Em
que eu serei tão mais insuspeito no que seguidamente possa dizer de positivo
acerca do mesmo, enquanto patrão do meu trabalho durante os cerca de dois últimos anos da minha vida e eventualmente de futuro, quanto auto reconhecidamente eu
próprio estava muito longe de ser um dos seus funcionários com mais iniciativa
própria, mais dinâmicos e/ou por si só mais plenamente integrados, ainda que e/ou até
porque pode-se estar de entre os mais esforçados e sofríveis, mas em qualquer dos
casos e como tal estando também longe de ser dos que lhe eram mais natural e pessoalmente próximos.
Sendo que à partida e regra geral o mesmo tratava todo e qualquer dos seus
funcionários como se dalgum modo fossem da sua própria família, dependendo depois de cada qual saber merecer mais ou menos esse trato ou não, e eu estava confessa e correntemente
longe de ser dos que mais o mereciam; mas ainda assim e sempre que o mesmo tinha de se me dirigir,
salvo circunstancial/excepcional momento mais impulsivo regra geral fazia-o da
forma mais pessoalmente respeitosa, informal e se acaso até amistosa e/ou de igual para igual.
A
partir daqui, ainda que ou até porque eu já tenha conhecido diversos patrões em
diversas áreas de actividade ao longo da minha vida, é-me difícil encontrar
adjectivos para descrever a sua personalidade como individuo e como patrão,
salvo como alguém interpessoal, social e/ou institucionalmente envolvente, que de
entre dirigir e deixar espaço à expressão das características pessoais e/ou capacidades técnicas de cada qual, procurava integrar natural e positivamente os
seus funcionários na dinâmica da empresa de sua respectiva propriedade, gestão e nome
próprio. Ainda que fosse (também) precisamente ai que eu falhava, quer como pessoa
socialmente reservada, quer como funcionário meramente esforçado e/ou sofrível.
De resto posso mesmo confessar que dos pontos de vista interpessoal e social me
era até desconcertante a forma praticamente familiar com que o mesmo à partida
e por norma me acolhia como funcionário da sua empresa _ de resto à imagem e
semelhança do que sucedia com a generalidade dos seus restantes funcionários, que chegaram a
ultrapassar o número de trinta, nos cerca de dois anos que eu trabalhei na sua empresa.
Na circunstância com o mesmo como o permanentemente maior empregador privado da
região: Alcoutim, Mértola e mesmo alguns outros concelhos vizinhos.
Ironicamente
o mesmo morreu na passada Quarta-feira (22-04-2105) aos seus 50 anos de idade de
forma totalmente prematura, brutal e traiçoeira sob arma de fogo, alegadamente às auto
confessas mãos dum dos seus funcionários mais antigos e pessoalmente próximos, quando
e como dalgum modo lhe era humilde e genuíno hábito o próprio trabalhava ao volante dum tractor agrícola
em próxima e associada companhia dum seu outro funcionário que não o homicida.
Tudo isto para dizer que além dos
seus próprios filhos, duas filhas adultas e um filho adolescente, por assim
dizer o mesmo deixa involuntariamente órfãos uma série de funcionários que, apesar da minha e como melhor
das hipóteses meramente esforçada e sofrível parte, tudo levava a crer me
voltaria a incluir a mim próprio!
Conclusivamente com
meus reiterados e sentidos pêsames à família, desejo Paz à sua Alma!
VB