terça-feira, maio 12, 2015

Uma questão tão simples quanto fundamental

            Talvez eu tenha nascido geneticamente pré configurado para ser um mero e subsistente subserviente, logo não interessando muito a positiva ou absoluta credulidade do que ou de quem impondo-se-me como superior eu tenha respectiva e se no limite até incondicionalmente de obedecer! O problema é que também nasci com algum sentido de justiça, de indignação, por si só de consciência Vital ou de sentido Universal e como tal não posso deixar de no mínimo questionar certas e determinadas situações, personalidades e/ou entidades individuais ou colectivas, formais ou informais e equitativas ou superiores a mim.

            Mas antes de continuar devo situar espacial, temporal e socialmente o que se segue, enquanto com base em mim mesmo, digo que tenho por origem o contexto rural semi-analfabeto e materialmente muito pobre do pré revolução (pró) democrática, com esta última a apanhar-me aos meus cinco anos de idade, com contínuo desenvolvimento até ao “liberal” presente momento. Ou seja que:
            Eu que nasci, cresci e por mim mesmo jamais consegui sair do cu da sociedade. Ou seja que nasci e cresci numa dimensão em que não se tinha ou pelo menos não se esperava que se tivesse querer, pensar, sentir, existir, viver ou dizer e fazer próprio; em que qualquer dita ou feita forma de vontade, de pensamento, de sentimento, de existência ou de vida própria era imediatamente reprimida, alvo de unilateral e se acaso até traiçoeiro/ilegítimo aproveitamento externo/superior ou de atenções do tipo “coitadito”, “que engraçadinho”, “onde foi que ele viu ou ouviu isso que não pode ser natural ou absolutamente seu?!”; “isso que ele disse/fez é muito interessante, mas!...”, seja que como melhor das hipóteses era-se ou é-se ainda alvo de positiva ignorância e de desprezo, o que do mal o menos deixava e enquanto tal deixa espaço para algum nível de intima, secreta, discreta, virtual ou se no limite clandestina existência própria; dalgum modo e como sempre socioculturalmente se disse ao meu nível existencial “és o último a falar/agir e quando chegar a tua vez calaste/ficas quieto” e/ou como sempre me disseram os meus pais “somos nada e ninguém, pelo que se queres ser alguém na vida estuda para não teres de ser como nós!” _ ainda que nesta última acepção, por diversos motivos e razões, incluindo para não ir paradoxalmente contra a quem mais que respeito eu devia acima de tudo obediência, além de a quem me sentia e sinto ligado por algo só explicável sob os subjectivos conceitos de amor ou de laços de sangue, a começar e terminar pelos meus próprios pais, o facto é que acabei por não estudar e/ou por não ter sucesso escolar, nem tão pouco profissional, pessoal, social ou existencial modo geral, aquém e além desta minha básica, imediata, não raro esforçada, sofrível e/ou por si só auto gestionada subsistência própria, de e para com o que circunstancial ou providencialmente resulta por si só esta minha pró vital, sanitária ou subsistente forma de expressão escrita. Enfim era e só por certo que é possível transcender positivamente toda a não raro ou mesmo essencialmente preconceituosa, estigmatizante, paradoxal, no limite opressiva/repressivamente viciosa dimensão de não se ter querer, pensar, sentir, existir, viver ou por si só dizer e fazer próprio em absoluto ou pelo menos aquém e além do que a norma sociocultural e/ou do que os interesses das elites inerentes aceitassem e aceitem e/ou lhes interessa-se e interesse por si sós, tendo por base as minhas mais remotas origens com marcantes e vivenciais reflexos até ao presente momento, além de no espaço e no tempo indefinida e continuamente futuro, ainda que com algum alternativo espaço para uma dimensão designada de: “não podes com eles, junta-te a eles”. Mas eu por mim mesmo devo confessar que por um lado jamais consegui transcender positivamente tudo isso, nem por outro lado jamais me quis ou quero “juntar a eles”; de entre o que o mais preocupante é que as referências e as influências envolventes dum modo geral, como seja que com a activa ou passiva conivência das básicas e intermédias classes socioculturais, o facto é que por A+B e salvo as devidas excepções, de resto e modo geral as respectivas elites socioculturais jamais me inspiraram e parece que cada vez menos me inspiram positiva, coerente ou absolutamente a suficiente confiança, inclusive ou acima de tudo aos supremos níveis da gestão política, judicial, sanitária, educativa, económica e/ou social modo geral, para salvo motivo de força maior, ao menos eu me submeter positiva e humildemente às mesmas, aquém e além do que as mesmas se me imponham unilateral e/ou coercivamente.
            Senão repare-se que apesar de e/ou até por em dita democracia politica/social as respectivas lideranças politicas ou governativas já chegam ao ponto de mentir aberta e descaradamente e até são “democraticamente” premiadas, eleitas ou promovidas por isso; não raro ainda com qualquer elite política/social a projectar no outro, no diverso ou no inverso os seus próprios defeitos, dalgum modo só auto assumindo para si as efectivas ou supostas virtudes próprias e ressaltando os efectivos ou supostos defeitos alheios, etc., etc., e não será necessário dar exemplos práticos que todos conhecemos ou pelo menos deveríamos conhecer objectiva e conscientemente por tão públicos e abertos que são; depois e por exemplo ao nível do Supremo sistema de justiça há fugas e contra fugas de informação, há inclusive cada vez mais abertamente dois pesos e duas medidas no que à “democrática” aplicação da lei judicial respeita, há ainda infames mentidos e desmentidos de entre as todo poderosas ou ética, moral e por si só institucionalmente supremas identidades, personalidades e/ou eminências representantes da causa judicial, relativamente ao que tão pouco será necessário estar aqui a dar exemplos práticos que todos correntemente conhecemos ou devíamos conhecer enquanto publicamente expressos e/ou reflectidos; em que ainda o básico sistema de saúde publica oscila entre o excelente e o medíocre e/ou entre o sustentável e o insustentável, enquanto politica, económica e por si só sanitariamente gerido por doutas ou supremas elites politicas, económicas e sociais; em que o estruturante sistema educativo está em permanente reforma, regra geral gerando recorrentes confusões e/ou dificuldades de gestão, com profundas assimetrias nos resultados curriculares entre escolas ou entre estratos sociais, além de indefinição na universal gestão e sustentação económica ou estrutural do mesmo a prazo, sem já falar em “sucessos” académico/escolares que acabam sendo posterior e mais ou menos fundada e consequentemente questionados, inclusive ao nível das e de entre as elites políticas/sociais; de entre o que não trazendo ainda para aqui o sistema de transportes e das redes viárias, entre outras dimensões da vida pública e privada, mas em qualquer caso tendo por base a como melhor das hipóteses desastrada gestão política e social modo geral, diria tão só que apesar de em dita democracia vivemos cada vez mais e mais numa sociedade com profundas e recorrentemente injustas assimetrias sociais, desde logo de entre oportunidades de partida e resultados finais práticos, cada vez mais crescentemente desiguais; tudo mais uma vez e sempre sob gestão de doutas e/ou supremas elites políticas e sociais, a quem “nadas e ninguéns” como eu sequer nos podemos substancial ou absolutamente aproximar, mas segundo comprovada e pragmaticamente parece que tão pouco podemos ter como positivas, coerentes e não raro até mesmo absolutas referências de vida, em que(m) confiar.
            Pelo que aquém e além da subjectiva fé religiosa para quem a tem; da interessada militância política/partidária, não raro ao fundamentalista nível clubístico, para quem a tem; da cega, subserviente, ingénua, interessada e/ou na melhor das hipóteses humilde obediência às, não raro demagógicas e até cada vez mais aberta e descaradamente mentirosas elites político/sociais instituídas; logo muito resumida, conclusiva e objectivamente aqui do cu da sociedade, em que a fé religiosa não é mais do que a que as não raro e por si só pouco positiva ou absolutamente confiáveis instituições religiosas inspiram ou a cegueira de cada qual imponha; em que interessada, fundamentalista ou clubística militância política/partidária é nula ou então inversamente cega, mas raramente equilibrada e consciente; em que a humilde obediência às elites superiores é a suficiente ou indispensável a subsistir mais um inconstante e impermanente presente momento e/ou onde o único poder possível é mesmo o de procurar auto subsistir mais um inconstante e impermanente presente momento a nós mesmos ou salvo seja na e sob toda a merda envolvente, em especial se vinda de cima para baixo e que tanto pior se com activa o passivamente democrática conivência do todo social, comigo envolvido, cujas positivas alternativas a isso é cada vez mais necessário um objectivo e excepcional esforço para as identificar, com um subsequentemente cada vez mais generalizado “salve-se quem e como poder”, com correspondente expressão num também cada vez mais descarado “Chico Espertismo” em que uns procuram legitima e ilegitimamente absorver todos os comuns recursos envolventes e os restantes se limitam a (auto) subsistir o mais básica, imediata ou absolutamente possível, de entre o que resumida, fundamental e conclusivamente pergunto eu: no que e/ou em quem verdadeira, positiva, coerente, objectiva e exemplarmente confiar?!...
                                                                                              VB