Mas
antes de continuar devo situar espacial, temporal e socialmente o que se
segue, enquanto com base em mim mesmo, digo que tenho por origem o contexto
rural semi-analfabeto e materialmente muito pobre do pré revolução (pró)
democrática, com esta última a apanhar-me aos meus cinco anos de idade, com contínuo
desenvolvimento até ao “liberal” presente momento. Ou seja que:
Eu que
nasci, cresci e por mim mesmo jamais consegui sair do cu da sociedade. Ou seja que nasci e cresci numa dimensão em que
não se tinha ou pelo menos não se esperava que se tivesse querer, pensar,
sentir, existir, viver ou dizer e fazer próprio; em que qualquer dita ou feita
forma de vontade, de pensamento, de sentimento, de existência ou de vida
própria era imediatamente reprimida, alvo de unilateral e se acaso até
traiçoeiro/ilegítimo aproveitamento externo/superior ou de atenções do tipo “coitadito”, “que engraçadinho”, “onde foi
que ele viu ou ouviu isso que não pode ser natural ou absolutamente seu?!”;
“isso que ele disse/fez é muito
interessante, mas!...”, seja que como melhor das hipóteses era-se ou é-se ainda
alvo de positiva ignorância e de desprezo, o que do mal o menos deixava e
enquanto tal deixa espaço para algum nível de intima, secreta, discreta,
virtual ou se no limite clandestina existência própria; dalgum modo e como
sempre socioculturalmente se disse ao meu nível existencial “és o último a falar/agir e quando chegar a
tua vez calaste/ficas quieto” e/ou como sempre me disseram os meus pais “somos nada e ninguém, pelo que se queres ser
alguém na vida estuda para não teres de ser como nós!” _ ainda que nesta
última acepção, por diversos motivos e razões, incluindo para não ir paradoxalmente
contra a quem mais que respeito eu devia acima de tudo obediência, além de a quem me sentia e sinto ligado por algo só explicável sob os subjectivos conceitos de amor ou de laços de sangue, a começar e
terminar pelos meus próprios pais, o facto é que acabei por não estudar e/ou por não ter
sucesso escolar, nem tão pouco profissional, pessoal, social ou existencial
modo geral, aquém e além desta minha básica, imediata, não raro esforçada,
sofrível e/ou por si só auto gestionada subsistência própria, de e para
com o que circunstancial ou providencialmente resulta por si só esta minha pró
vital, sanitária ou subsistente forma de expressão escrita. Enfim era e
só por certo que é possível transcender positivamente toda a não raro ou mesmo
essencialmente preconceituosa, estigmatizante, paradoxal, no limite
opressiva/repressivamente viciosa dimensão de não se ter querer, pensar, sentir,
existir, viver ou por si só dizer e fazer próprio em absoluto ou pelo menos
aquém e além do que a norma sociocultural e/ou do que os interesses das elites inerentes
aceitassem e aceitem e/ou lhes interessa-se e interesse por si sós, tendo por
base as minhas mais remotas origens com marcantes e vivenciais reflexos até ao
presente momento, além de no espaço e no tempo indefinida e continuamente
futuro, ainda que com algum alternativo espaço para uma dimensão designada de:
“não podes com eles, junta-te a eles”.
Mas eu por mim mesmo devo confessar que por um lado jamais consegui transcender
positivamente tudo isso, nem por outro lado jamais me quis ou quero “juntar a eles”; de entre o que o mais
preocupante é que as referências e as influências envolventes dum modo geral, como
seja que com a activa ou passiva conivência das básicas e intermédias classes socioculturais,
o facto é que por A+B e salvo as devidas excepções, de resto e modo geral as
respectivas elites socioculturais jamais me inspiraram e parece que cada vez
menos me inspiram positiva, coerente ou absolutamente a suficiente confiança, inclusive
ou acima de tudo aos supremos níveis da gestão política, judicial, sanitária, educativa,
económica e/ou social modo geral, para salvo motivo de força maior, ao menos eu
me submeter positiva e humildemente às mesmas, aquém e além do que as mesmas se
me imponham unilateral e/ou coercivamente.
Senão
repare-se que apesar de e/ou até por em dita democracia politica/social as respectivas
lideranças politicas ou governativas já chegam ao ponto de mentir aberta e descaradamente
e até são “democraticamente”
premiadas, eleitas ou promovidas por isso; não raro ainda com qualquer elite
política/social a projectar no outro, no diverso ou no inverso os seus próprios
defeitos, dalgum modo só auto assumindo para si as efectivas ou supostas
virtudes próprias e ressaltando os efectivos ou supostos defeitos alheios,
etc., etc., e não será necessário dar exemplos práticos que todos conhecemos ou
pelo menos deveríamos conhecer objectiva e conscientemente por tão públicos e
abertos que são; depois e por exemplo ao nível do Supremo sistema de justiça há
fugas e contra fugas de informação, há inclusive cada vez mais abertamente dois
pesos e duas medidas no que à “democrática” aplicação da lei judicial respeita,
há ainda infames mentidos e desmentidos de entre as todo poderosas ou ética,
moral e por si só institucionalmente supremas
identidades, personalidades e/ou eminências representantes da causa judicial,
relativamente ao que tão pouco será necessário estar aqui a dar exemplos
práticos que todos correntemente conhecemos ou devíamos conhecer enquanto
publicamente expressos e/ou reflectidos; em que ainda o básico sistema de saúde
publica oscila entre o excelente e o medíocre e/ou entre o sustentável e o
insustentável, enquanto politica, económica e por si só sanitariamente gerido
por doutas ou supremas elites politicas, económicas e sociais; em que o estruturante
sistema educativo está em permanente reforma, regra geral gerando recorrentes
confusões e/ou dificuldades de gestão, com profundas assimetrias nos resultados
curriculares entre escolas ou entre estratos sociais, além de indefinição na
universal gestão e sustentação económica ou estrutural do mesmo a prazo, sem já
falar em “sucessos” académico/escolares que acabam sendo posterior e mais ou
menos fundada e consequentemente questionados, inclusive ao nível das e de entre as
elites políticas/sociais; de entre o que não trazendo ainda para aqui o sistema
de transportes e das redes viárias, entre outras dimensões da vida pública e
privada, mas em qualquer caso tendo por base a como melhor das hipóteses
desastrada gestão política e social modo geral, diria tão só que apesar de em
dita democracia vivemos cada vez mais e mais numa sociedade com profundas e
recorrentemente injustas assimetrias sociais, desde logo de entre oportunidades
de partida e resultados finais práticos, cada vez mais crescentemente desiguais;
tudo mais uma vez e sempre sob gestão de doutas e/ou supremas elites políticas
e sociais, a quem “nadas e ninguéns”
como eu sequer nos podemos substancial ou absolutamente aproximar, mas segundo
comprovada e pragmaticamente parece que tão pouco podemos ter como positivas,
coerentes e não raro até mesmo absolutas referências de vida, em que(m)
confiar.
Pelo
que aquém e além da subjectiva fé religiosa para quem a tem; da interessada militância
política/partidária, não raro ao fundamentalista nível clubístico, para quem a
tem; da cega, subserviente, ingénua, interessada e/ou na melhor das hipóteses
humilde obediência às, não raro demagógicas e até cada vez mais aberta e
descaradamente mentirosas elites político/sociais instituídas; logo muito
resumida, conclusiva e objectivamente aqui do cu da sociedade, em que a fé religiosa não é mais do que a que as
não raro e por si só pouco positiva ou absolutamente confiáveis instituições
religiosas inspiram ou a cegueira de cada qual imponha; em que interessada, fundamentalista ou clubística
militância política/partidária é nula ou então inversamente cega, mas raramente equilibrada e consciente; em que a humilde
obediência às elites superiores é a suficiente ou indispensável a subsistir
mais um inconstante e impermanente presente momento e/ou onde o único poder
possível é mesmo o de procurar auto subsistir mais um inconstante e
impermanente presente momento a nós mesmos ou salvo seja na e sob toda a merda envolvente, em especial se vinda
de cima para baixo e que tanto pior se com activa o passivamente democrática
conivência do todo social, comigo envolvido, cujas
positivas alternativas a isso é cada vez mais necessário um objectivo e
excepcional esforço para as identificar, com um subsequentemente cada vez mais
generalizado “salve-se quem e como poder”,
com correspondente expressão num também cada vez mais descarado “Chico Espertismo” em que uns procuram
legitima e ilegitimamente absorver todos os comuns recursos envolventes e os
restantes se limitam a (auto) subsistir o mais básica, imediata ou
absolutamente possível, de entre o que resumida, fundamental e conclusivamente pergunto
eu: no que e/ou em quem verdadeira, positiva, coerente, objectiva e
exemplarmente confiar?!...
VB