Por
inerência de recorrentes elogios democráticos à ditadura de Salazar, sendo que
desde logo uma das substancias diferenças entre democracia e ditadura é que em verdadeira
democracia é permitido falar das ditaduras e dos ditadores, se acaso
elogiando-a/os, enquanto em efectiva ditadura não é permitido falar das
democracias e nem dos democratas, muito menos elogiá-la/os.
Sequência
de que se há algo de que eu não gosto mesmo nada é de ditadores, sejam eles de
que índole (política, social, cultural, ideológica, religiosa, civil, militar,
etc.,) seja, até porque se outros motivos não houvessem, desde logo e por si só
há o facto de os ditadores exigirem ser tolerados na sua própria intolerância. Mesmo
que perante certas e determinadas circunstancias de grave desestruturação e/ou de
decadente anarquia social, eu até seja forçado a entender a existência de
(alguns pró estruturantes) ditadores e de seus respectivos regimes ditatoriais.
O que por exemplo no caso concreto de Portugal e da ditadura salazarista versos
a recorrente convulsão social pré salazarista e o recorrente oportunismo social
pós salazarista, me leve a entender minimamente a ditadura salazarista, no
entanto e em qualquer caso com recorrente injustiça social(*) antes, durante e após o
salazarismo, me leve a concluir também e acima de tudo que somos uma sociedade nacional
interna globalmente complicada. Seja que sem prejuízo das imensas riquezas
nacionais em efectivo ou em potencia, temos como mínimo uma imensa pobreza e/ou
pelo menos debilidade que é por si só a nossa significativamente complicada
sociedade nacional interna. Em que salvo sempre as devidas positivas excepções,
de resto é genericamente composta de vaidades, de pretensiosismos, de
preconceitos, de artificialismos, de invejas, de mesquinhezes e quiçá acima de
tudo de contradições. Em que por exemplo neste último caso das contradições,
poderia dar uma infinidade de exemplos, mas com base em algo que li
recentemente resumiria dizendo que ao mesmo tempo que somos um País auto(**) e
extra tido como dos mais seguros da Europa e/ou até do Mundo, no entanto temos
uma das mais altas, senão mesmo a percentualmente mais alta taxa de reclusão a
nível Europeu, ao mesmo tempo que internamente nos queixamos de que os pequenos,
médios e grandes “malfeitores” _ vulgo delinquentes _ não terminam de ser presos.
Enfim, uma coisa tremendamente difícil de entender, tão só a este nível da
segurança, mas com extensão à saúde, à educação e à sociedade modo geral.
Ah!
E claro que eu enquanto mero individuo, tanto mais se individuo na mais
elementar base social e ainda auto confessamente medíocre sob e sobre muitos
positivos aspectos não me excluo de toda a genérica complicação social
envolvente. Ainda que inclusive enquanto auto reconhecidamente assumindo-me eu próprio
efectiva ou potencialmente como complicado e/ou pelo menos como subalterno à
global complicação social envolvente, mesmo que contra “ventos e marés”, também
me esforce permanentemente por transcender isso pró positivamente. Sequência de
que, até enquanto eu mero individuo e ainda mais se auto reconhecidamente medíocre
sob e sobre diversos positivos aspectos, o problema não está em que se eu mesmo
consigo concretizar na prática o meu pró positivo esforço ou não(?!) _ inclusive
como meio e forma de evitar ditadores e respectivas ditaduras, com ainda eventualmente
subsequentes revoluções pró libertárias, com todas as intermédias e não raro
inconciliáveis contradições inerentes. Até porque se falhando eu o meu pró
positivo objectivo, respectivamente o grande ou o essencialmente único prejudicado
sou eu, já se concretizando esse meu positivo objectivo, o respectivo benefício
será transversal/universalmente também sempre do todo social, ao menos na
sempre modesta medida que a mim individualmente me cabe perante e para com o
todo envolvente. A partir de que o grande problema está em que, salvo sempre as
maiores ou menores devidas positivas excepções de facto, de resto a
generalidade social envolvente não faz esse pró positivo esforço e que em
muitos casos bem mesmo pelo contrário, limitando-se por exemplo e
essencialmente a oportunismos unilateralistas/corporativistas de circunstancia,
incluindo ou excluindo as vaidades, os pretensiosismos, os preconceitos, os artificialismos,
as invejas, as mesquinhezes e as contradições várias e/ou vãs. Auto colocando-nos,
social e colectivamente, enquanto tal à recorrente mercê de ditadores e de
ditaduras, com ainda eventualmente subsequentes e inversas revoluções
libertárias, num ciclo que no caso nacional interno parece ser eterno e/ou
indefinido, especialmente enquanto recorrentes merecedores de algo ou de alguém
que nos governe e dirija, por si só de forma opressiva/repressivamente
ditatorial, não será por acaso que a ditadura de Salazar durou quase meio
século e as saudades ou referências da mesma continuam a ser uma, senão mesmo a
nossa maior referência interna, inclusive com retroactiva extensão a pelos
menos dois séculos atrás, enquanto referência que senão é positiva é pelo menos
comparativa, mas que enquanto tal nos mantêm, merecedoramente, muito próximos
da respectiva ditadura salazarista ou de qualquer outra contemporânea ou eventualmente
futura _ desde logo ao nível de recorrentes intervenções de “resgate externo”, mais
ou menos, ditatoriais enquanto tais!...
(*)
Sem esquecer que aquém e além dos humildemente neutros e/ou dos universalmente
positivos casos, que podem ou não ser justamente reconhecidos como tais quer em
democracia quer em ditadura, de resto e no que a injustiça social em
concreto respeita, desta última faz parte integrante o facto de que muito/as
do/as oportunamente beneficiário/as das liberdades ditas democráticas, se acaso
com dito/s beneficiário/as enquanto institucionais/circunstancias partes
integrantes das liberdades democráticas, acabem ironicamente sendo também
oportuno/as beneficiário/as das opressões ditatoriais, quando mais uma vez e
não raro com o/as mesmo/as dito/as beneficiário/as como institucionais/circunstancias
partes integrantes das inversas opressões ditatoriais e assim sucessivamente
até ao infinito.
(**) Que não raro os auto elogios
costumam ser a face inversa da subestima. Com esta última e os respectivos
inversos auto elogios como uma das grandes normas nacionais internas. Cuja uma
das mais concretas expressões internas é uma espécie de, a meu ver um ridículo,
pedantismo, do género andar-se recorrentemente a perguntar aos forasteiros,
vulgo extra nacionais o que acham de Portugal, muitas vezes e no limite mal
estes últimos acabam de chegar pela primeira vez a Portugal. Enquanto nós de e
para nós mesmos internamente, imagino que com inevitáveis reflexos no exterior,
regra geral e em especial ao nível dos meios de comunicação social, mesmo que
vindo-se a evoluir muito lenta e gradualmente pela positiva a este nível, no
entanto e de resto pró auto estima nacional própria ficamo-nos, mais uma vez a
meu ver ridiculamente, pelos meramente pré e/ou semi-sucessos futebolísticos e
dentro do mediático futebol, essencialmente ainda nos últimos anos, pelos
unilaterais sucessos de Cristiano Ronaldo. Ao mesmo inverso tempo que subestimamos,
subvalorizamos, ignoramos, etc., uma infinidade de inclusive efectivos positivos
sucessos internos a muitos outros níveis, desde logo multi-desportivos, mas
também multi-sociais e/ou existenciais modo geral. Enfim somos de facto uma
sociedade e um “povo” mesmo complicados. O que até talvez seja extensível à
humanidade modo geral, ainda que com mais agravantes nuns casos do que noutros.
A partir de que não sei decifrar objectivamente até que ponto o caso nacional
interno é mais ou menos grave que qualquer outro e/ou mesmo do que a normal general?!
Mas até por reflexo em mim mesmo, que é complicado não tenho dúvida alguma. Por exemplo muitas das designadas frontalidades e/ou mesmo agressividades explicitas e directas ou implícitas e indirectas, mas não raro traiçoeiras e escorrediças que sempre conheci e conheço estão mais baseadas em preconceitos, em invejas, em ressentimentos, em sobrestimas próprias e/ou subestimas alheias, em intrigas "subterrâneas" de unilateral versão, etc., do que própria e não raro absolutamente em dados concretos próprios, bilaterais ou multilaterais. O que leva sempre de todo mais a complicações do que a simplificações vitais ou existenciais modo geral. E no caso concreto a melhor forma que eu encontrei de lidar com tudo isso foi auto assumi-lo de e para mim mesmo, inclusive e acima de tudo pelo seu pior, mas a parir de que auto gerindo-o introspectiva/circunspectivamente da forma mais pró positiva possível em e por mim próprio, desde logo e até pelo imenso paradoxo quando não mesmo conflito interno inerente, interferindo eu o menos prática, interactiva, funcional e/ou absolutamente possível com o exterior e mas até por isso não pude por s só deixar de algum dia começar a escrever para tão só necessitar sobreviver, nem posso ainda pró vital, sanitária ou subsistentemente deixar de como no presente caso escrever coisas como esta. Em que então sim ao expor-me como e enquanto tal acabo por interferir com o exterior, mas no caso com um exterior que esteja disponível a ler-me e não por eu mesmo me impor directa, objectiva, prática e/ou (inter)activamente a esse mesmo exterior. Em qualquer caso espero que da minha parte simplificando dalguma significativa ou pelo menos mínima forma as múltiplas complicações inerentes!...
VB
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