Antes
de passar ao essencial, gostaria, diria mesmo que necessito deixar uma introdutória
nota prévia que é a seguinte:
_ Estou de momento a sair duma
sequência existencial que me levou a entrar num longo processo médico, que
incluiu a mais radical terapêutica cirúrgica. Processo médico este que até pela
minha condição de cidadão na base de todas as bases sociais, a que se adicionou
a limitação fisiológica derivada da patologia inerente, que neste último caso
me impedia de praticar as actividades laborais/profissionais da cerca de última
década e meia da minha vida, como tal contribuindo para uma condição de
desemprego; em qualquer dos casos tornando-me isento de taxas moderadoras no Sistema
Nacional de Saúde, na sua regulamentar configuração actual. O que por seu turno
me levou diversas vezes e em diversos casos a sentir-me ou mesmo constatar-me
mal visto, por certas e determinadas pessoas, como se eu fosse um absoluto e/ou
crónico dependente do Estado. Isto mesmo que apesar de quando deixei de
trabalhar tendo direito a subsídio de fundo de desemprego, no entanto auto
abdiquei deste último; e mas mesmo que assim não fosse, dadas as minhas circunstâncias
em causa, até poderia ter solicitado qualquer outro tipo de subsidiação ao
Estado, o que não fiz e na literal medida do possível não farei jamais, de
resto o simples facto de depender do Estado não só ao nível da isenção de taxas
moderadoras no sector da saúde, mas no limite até do próprio Serviço Nacional
de Saúde, já me é algo significativamente incomodo, que em certos aspectos me
chega mesmo a ser mais incomodo do que a própria patologia que me leva a
acorrer ao mesmo _ inclusive já estive fases de mais duma década sem acorrer
aos serviços médicos do Estado, além de que tenho objectivo conhecimento e numa
determinada sequência até cheguei mesmo a adquirir toda a documentação necessária
a ficar isento de todas as custas, inclusive de transporte, alusivas ao meu
processo médico-cirúrgico e mas até por meu auto gestionado defeito de décadas não
accionei essa mesma documentação. Tudo isto numa sociedade que, duma ou doutra
forma, é ela mesma em grande ou se acaso até em maioritária medida dependente
do Estado, de resto alguma que outra pessoa que senti ou mesmo constatei não me
ver com bons olhos tão só devido à minha isenção de taxas moderadoras foram e
são pessoas que ou já dependeram ou dependem duma ou doutra directa forma do próprio
Estado, o que é duma ironia e se acaso duma injustiça a toda a prova, só
minimamente entendível numa base de inveja e/ou de preconceitos que só as mesmas
conhecerão ou quiçá até não(!?), pior se quando algumas delas não me conhecem muito
mais ou melhor do que precisamente pela minha presente necessidade do Serviço
Nacional de Saúde com correspondente isenção de taxas moderadoras, apesar de
e/ou até por quando e como sempre eu continuo a procurar ser sempre o literalmente
menos possível dependente do Estado _ não devido aos olhares e/ou dizeres de
personalidades mesquinhas, mas sim por minha convicção e/ou auto gestionada
necessidade própria.
Sendo que tendo eu escrito o que se
segue antes desta introdução, no entanto e dadas as circunstâncias não consegui
evitar escrever esta última, na medida que à sua maneira a mesma me parece encaixar
perfeitamente no título: _ “Ser/estar,
aquém ou além do princípio original base e/ou da norma corrente”, enquanto original
e essencialmente alusivo ao que se segue:
Nasci
e cresci num contexto sociocultural e existencial muito humilde e mesmo
obediente, em que pouco mais ou nada se exigia do que a mais básica e imediata
subsistência orgânica por via de princípios, meios e objectivos muito
simplistas, rígidos e norma geral inquestionáveis como por exemplo: o macho
manda e a fêmea obedece; o mais velho manda e o mais novo obedece; o chefe
manda e o subordinado obedece; o/a sr.º/ª fulano/a
de tal manda e o/a coisinho/a obedece;
enfim sem grandes margens para interactividades positivas, ao menos sem que o
macho, o mais velho, o chefe, o/a sr.º/ª fulano/a
de tal fique/m sempre por cima, aquém e além de positivo mérito próprio. Isto
mesmo que muitas vezes quem mandava/manda estivesse/esteja, em efectivo ou em
potência, substancialmente abaixo de quem obedecia/obedece _ mas isso daria uma
longa conversa, que não cabe no presente contexto, nem de momento me sinto
motivado para tal.
Mas entretanto até tudo evoluiu
revolucionariamente para uma alegada igualdade de direitos básicos e
fundamentais de entre todos e cada qual, independentemente do género, do credo,
da ideologia, etc., cujo resultado concreto foi em uns casos de efectiva
evolução, noutros de estagnação e noutros duma imensa confusão de entre
evolução, estagnação ou mesmo regressão; de resto e por só dar um exemplo que
dalgum modo contém em si mesmo um pouco de efectiva evolução, de estagnação e
ainda de confusão de entre evolução e estagnação está a designada emancipação
feminina que sendo efectiva sob muitos aspectos e em muitos casos, também
inclui em efectivo continuas desigualdades designadamente ao nível dos direitos
de trabalho, além de que qual guerra
civil quando continuam a morrer todos os anos várias mulheres vitimas de
violência doméstica, claro que sem excluir todas as violentas dimensões prévias
ao próprio homicídio de género, passional e/ou doméstico, como se lhe queira
chamar. Agora estenda-se isso aos mais diversos sectores socioculturais e
existenciais correntes, em que designadamente os mais diversos (negativos,
perversos, controversos, humilhantes, degradantes, decadentes, mesquinhos, no fundo
indignificantes) assédios campeiam, salvo as devidas positivas excepções, que
espero estejam cada vez mais próximas da norma, de resto o que temos é uma
sociedade altamente cínica, hipócrita e em suma injusta.
Sendo que só faço toda a anterior
referência, porque eu mesmo jamais terminei de me adaptar quer ao ter de obedecer
incondicionalmente, quer ao ter de impor-me incondicionalmente, sem positiva ou
absolutamente mais do que como um princípio, um meio e um objectivo rígido e
inquestionável em si mesmo; mas tão pouco consegui terminar de encontrar ou
pelo menos de instituir o devidamente sólido, positivo e coerente equilíbrio de
entre ser naturalmente eu mesmo com correspondente respeito pelo natural ser do
próximo, independentemente de género, de credo, de ideologia, etc., a partir de
que global e conclusivamente não sei bem até que ponto estou (pró) inconformadamente
além das minhas humildes e mesmo obedientes origens de básica e imediata
subsistência orgânica, a partir de princípios, meios e objectivos muitos
simplistas, rígidos e/ou inquestionáveis, que confessamente não terminei de
transcender duma forma vital e universalmente positiva, sólida e coerente ou se
por outro e até inverso lado até que ponto estou inclusive frustradamente aquém
dessas minhas mesmas origens, na medida em que tenho de encontrar constantes e
permanentes motivações para tão só sobreviver básica e imediatamente nos e aos
efeitos destas últimas em e sobre mim!? Mas de e para com o que em qualquer dos
casos nasceu e está esta minha pró vital, sanitária ou subsistente forma de
expressão e de existência escrita, que se não serve para mais ou para melhor,
serve ao menos para eu exteriorizar o auto questionamento de mim mesmo com
reflexo questionamento do que e de quem mais me rodeia _ ainda que neste último
caso possa não ser muito ou mesmo nada agradável para quem vive/existe cheio de
verdades absolutas, normalmente em seu unilateral ou corporativo favor próprio,
salvo que ao menos a mim é-me (pró) pessoal, humana, vital e universalmente
fundamental fazê-lo (auto questionar-me e questionar o meio envolvente), além
ou aquém da norma subjacente às minhas próprias origens e respectivos
princípios existenciais, que por si só e enquanto tais dispensavam auto e/ou
acima de tudo extra questionamentos, pois que com obedecer e/ou fazer-se
obedecer bastava, sem mais!...
VB