quarta-feira, abril 26, 2017

Ser, além ou aquém do princípio original base e/ou da norma corrente

Antes de passar ao essencial, gostaria, diria mesmo que necessito deixar uma introdutória nota prévia que é a seguinte:

             _ Estou de momento a sair duma sequência existencial que me levou a entrar num longo processo médico, que incluiu a mais radical terapêutica cirúrgica. Processo médico este que até pela minha condição de cidadão na base de todas as bases sociais, a que se adicionou a limitação fisiológica derivada da patologia inerente, que neste último caso me impedia de praticar as actividades laborais/profissionais da cerca de última década e meia da minha vida, como tal contribuindo para uma condição de desemprego; em qualquer dos casos tornando-me isento de taxas moderadoras no Sistema Nacional de Saúde, na sua regulamentar configuração actual. O que por seu turno me levou diversas vezes e em diversos casos a sentir-me ou mesmo constatar-me mal visto, por certas e determinadas pessoas, como se eu fosse um absoluto e/ou crónico dependente do Estado. Isto mesmo que apesar de quando deixei de trabalhar tendo direito a subsídio de fundo de desemprego, no entanto auto abdiquei deste último; e mas mesmo que assim não fosse, dadas as minhas circunstâncias em causa, até poderia ter solicitado qualquer outro tipo de subsidiação ao Estado, o que não fiz e na literal medida do possível não farei jamais, de resto o simples facto de depender do Estado não só ao nível da isenção de taxas moderadoras no sector da saúde, mas no limite até do próprio Serviço Nacional de Saúde, já me é algo significativamente incomodo, que em certos aspectos me chega mesmo a ser mais incomodo do que a própria patologia que me leva a acorrer ao mesmo _ inclusive já estive fases de mais duma década sem acorrer aos serviços médicos do Estado, além de que tenho objectivo conhecimento e numa determinada sequência até cheguei mesmo a adquirir toda a documentação necessária a ficar isento de todas as custas, inclusive de transporte, alusivas ao meu processo médico-cirúrgico e mas até por meu auto gestionado defeito de décadas não accionei essa mesma documentação. Tudo isto numa sociedade que, duma ou doutra forma, é ela mesma em grande ou se acaso até em maioritária medida dependente do Estado, de resto alguma que outra pessoa que senti ou mesmo constatei não me ver com bons olhos tão só devido à minha isenção de taxas moderadoras foram e são pessoas que ou já dependeram ou dependem duma ou doutra directa forma do próprio Estado, o que é duma ironia e se acaso duma injustiça a toda a prova, só minimamente entendível numa base de inveja e/ou de preconceitos que só as mesmas conhecerão ou quiçá até não(!?), pior se quando algumas delas não me conhecem muito mais ou melhor do que precisamente pela minha presente necessidade do Serviço Nacional de Saúde com correspondente isenção de taxas moderadoras, apesar de e/ou até por quando e como sempre eu continuo a procurar ser sempre o literalmente menos possível dependente do Estado _ não devido aos olhares e/ou dizeres de personalidades mesquinhas, mas sim por minha convicção e/ou auto gestionada necessidade própria.

            Sendo que tendo eu escrito o que se segue antes desta introdução, no entanto e dadas as circunstâncias não consegui evitar escrever esta última, na medida que à sua maneira a mesma me parece encaixar perfeitamente no título: _ “Ser/estar, aquém ou além do princípio original base e/ou da norma corrente”, enquanto original e essencialmente alusivo ao que se segue:
            
            Nasci e cresci num contexto sociocultural e existencial muito humilde e mesmo obediente, em que pouco mais ou nada se exigia do que a mais básica e imediata subsistência orgânica por via de princípios, meios e objectivos muito simplistas, rígidos e norma geral inquestionáveis como por exemplo: o macho manda e a fêmea obedece; o mais velho manda e o mais novo obedece; o chefe manda e o subordinado obedece; o/a sr.º/ª fulano/a de tal manda e o/a coisinho/a obedece; enfim sem grandes margens para interactividades positivas, ao menos sem que o macho, o mais velho, o chefe, o/a sr.º/ª fulano/a de tal fique/m sempre por cima, aquém e além de positivo mérito próprio. Isto mesmo que muitas vezes quem mandava/manda estivesse/esteja, em efectivo ou em potência, substancialmente abaixo de quem obedecia/obedece _ mas isso daria uma longa conversa, que não cabe no presente contexto, nem de momento me sinto motivado para tal.

            Mas entretanto até tudo evoluiu revolucionariamente para uma alegada igualdade de direitos básicos e fundamentais de entre todos e cada qual, independentemente do género, do credo, da ideologia, etc., cujo resultado concreto foi em uns casos de efectiva evolução, noutros de estagnação e noutros duma imensa confusão de entre evolução, estagnação ou mesmo regressão; de resto e por só dar um exemplo que dalgum modo contém em si mesmo um pouco de efectiva evolução, de estagnação e ainda de confusão de entre evolução e estagnação está a designada emancipação feminina que sendo efectiva sob muitos aspectos e em muitos casos, também inclui em efectivo continuas desigualdades designadamente ao nível dos direitos de trabalho, além de que qual guerra civil quando continuam a morrer todos os anos várias mulheres vitimas de violência doméstica, claro que sem excluir todas as violentas dimensões prévias ao próprio homicídio de género, passional e/ou doméstico, como se lhe queira chamar. Agora estenda-se isso aos mais diversos sectores socioculturais e existenciais correntes, em que designadamente os mais diversos (negativos, perversos, controversos, humilhantes, degradantes, decadentes, mesquinhos, no fundo indignificantes) assédios campeiam, salvo as devidas positivas excepções, que espero estejam cada vez mais próximas da norma, de resto o que temos é uma sociedade altamente cínica, hipócrita e em suma injusta.

            Sendo que só faço toda a anterior referência, porque eu mesmo jamais terminei de me adaptar quer ao ter de obedecer incondicionalmente, quer ao ter de impor-me incondicionalmente, sem positiva ou absolutamente mais do que como um princípio, um meio e um objectivo rígido e inquestionável em si mesmo; mas tão pouco consegui terminar de encontrar ou pelo menos de instituir o devidamente sólido, positivo e coerente equilíbrio de entre ser naturalmente eu mesmo com correspondente respeito pelo natural ser do próximo, independentemente de género, de credo, de ideologia, etc., a partir de que global e conclusivamente não sei bem até que ponto estou (pró) inconformadamente além das minhas humildes e mesmo obedientes origens de básica e imediata subsistência orgânica, a partir de princípios, meios e objectivos muitos simplistas, rígidos e/ou inquestionáveis, que confessamente não terminei de transcender duma forma vital e universalmente positiva, sólida e coerente ou se por outro e até inverso lado até que ponto estou inclusive frustradamente aquém dessas minhas mesmas origens, na medida em que tenho de encontrar constantes e permanentes motivações para tão só sobreviver básica e imediatamente nos e aos efeitos destas últimas em e sobre mim!? Mas de e para com o que em qualquer dos casos nasceu e está esta minha pró vital, sanitária ou subsistente forma de expressão e de existência escrita, que se não serve para mais ou para melhor, serve ao menos para eu exteriorizar o auto questionamento de mim mesmo com reflexo questionamento do que e de quem mais me rodeia _ ainda que neste último caso possa não ser muito ou mesmo nada agradável para quem vive/existe cheio de verdades absolutas, normalmente em seu unilateral ou corporativo favor próprio, salvo que ao menos a mim é-me (pró) pessoal, humana, vital e universalmente fundamental fazê-lo (auto questionar-me e questionar o meio envolvente), além ou aquém da norma subjacente às minhas próprias origens e respectivos princípios existenciais, que por si só e enquanto tais dispensavam auto e/ou acima de tudo extra questionamentos, pois que com obedecer e/ou fazer-se obedecer bastava, sem mais!...

                                                                                              VB     

quarta-feira, abril 19, 2017

Graças a Deus...

Em busca da mais profunda e abrangente essência própria, por via de recorrente e esforçada resistência, aquém e além de natural e positivo virtuosismo; com profunda sinceridade pessoal e significativa ironia social, de entre o paradoxo existencial:

Graças a Deus que não tive sucesso escolar e com isso evitei ser um médio ou superior quadro técnico da Sociedade Civil e/ou do Estado, eventualmente habituando-me a ser venerado como o Sr.º fulano de tal, sem muito mais, em especial se numa mera base de estudar para ser alguém na vida, como se antes, durante e/ou paralelamente a estudar eu não fosse já e sempre alguém na vida, inclusive quando algumas das minhas melhores referências de vida foram e serão já sempre absolutamente analfabetas;

graças a Deus que não tive sucesso desportivo, com subsequente projecção pública, eventualmente habituando-me a fazer o culto da personalidade tanto mais se com base numa qualquer vã glória em vez de com base num positivamente continuo culto de Vida;

graças a Deus que não recorri à função pública como meio de vida/subsistência, em especial se com mera base no princípio dum dito emprego certo e seguro para vida, mesmo que num cargo que não me fosse vocacionalmente natural e/ou pior se a que eu acede-se sob apadrinhada mão duma designada “cunha”, aquém e além de por minha iniciativa e respectivo meu mérito próprio, ao que no caso seria positivamente péssimo e/ou por si só frustrantemente acomodar-me, com correspondente repercussão no meio envolvente;

graças a Deus que não nasci com propensão natural para o negócio, perdendo com isso a possibilidade dalgum sucesso material e respectivamente social, logo se não sendo venerado sendo pelo menos considerado como tal, perdendo por isso a consequente possibilidade de conhecer o que é ser-se recorrentemente ostracizado ou desconsiderado sociocultural e existencialmente, desde logo por parte de cinzentonas almas frustradas que não tendo brilho próprio, necessitam imaginar-se a brilhar sobre a opacidade alheia ou projectando a sua própria opacidade no próximo;

graças a Deus que até por tudo o anterior fez de mim um desajustado sociocultural e/ou existencial corrente, que em compensatoriamente pró vital, sanitária e/ou subsistente alternativa, passei a procurar constante e permanentemente a minha verdadeira essência pessoal, humana, vital e universal própria, mesmo que e/ou até porque isso me traga muitos dissabores, desde logo interpessoais, sociais e culturais, designadamente por inerência dos muitos ou mesmo demasiados vícios socioculturalmente enraizados, com particular destaque para um significativo conformismo sociocultural face até aos mais degradantes e decadentes preceitos e preconceitos instalados, como por exemplo os mais diversos níveis de corrupções, de tráficos de influências, de padrinhos e afilhados com base em interessezinhos individualistas, corporativistas, por si só mesquinhos e por norma profundamente injustos, enquanto algo em que _ por experiência própria quero imaginar _ a verdadeira essência de cada qual jamais se poderia ou poderá encaixar e/ou com o que se conformar;

mas apesar de e/ou até por tudo, se na e com a sempre devida graça e bênção Divinas _ não necessariamente numa base de prática religiosa(*) e absolutamente menos ainda se com base numa qualquer prática fanática/radical _ sei ou pelo menos intuo antemão que o conclusivo resultado e/ou o balanço final deste meu percurso existencial só pode ser Vital e Universalmente positivo, aquém e além de com meu vivencialmente corrente benefício ou prejuízo, mas incontornavelmente com meu auto exigente e/ou pelo menos resiliente esforço pessoal e humano próprio, para com o que para além de por norma contar com o meu natural instinto de vida/subsistência, ainda tomo por cultural referência as mais vitalmente Nobres referências e influências envolventes, o que podendo naturalmente coincidir com mais ou menos destacados estatutos sociais, no entanto não tem em absoluto de ser assim, que não raro até bem mesmo pelo contrário, sendo que por vezes nem sequer coincide com a própria humanidade!

(*)… mesmo que e/ou até porque a partir da religião católica em que fui batizado e que não renego enquanto tal, Deus, a meu humilde e simples entender, que como tal é o único que faz sentido, para mim, é um Deus que não tem religião, na melhor das hipóteses Ele engloba todas as religiões e respectivos profetas, ao mesmo tempo que religião e profeta algum/a; sendo um Deus tão mais perfeito, bom e misericordioso quanto eu próprio, individuo e colectivo humano, alegadamente à respectiva imagem e semelhança do Criador, que com significativo livre arbítrio, contribua para Essa perfeição, bondade e misericórdia; que nesta última acepção é um Deus de que eu, individuo e colectivo humano, tanto dependo quanto o mesmo Deus depende de mim; seja um Deus de que o melhor que eu humano posso esperar e/ou ao Mesmo pedir é que me ajude a ajudá-Lo, o que nem sempre e por vezes nem de todo tem de coincidir com o que eu acho que é unilateral e corporativamente o melhor para mim, individuo e colectivo humano, mas que seguramente é ou será sempre o melhor para toda a Criação; em qualquer caso com a perfeição, a bondade e a misericórdia Divinas a conterem um espírito de vida e/ou de humor muito peculiares, diria mesmo que muito sarcásticos, pois que toda a Criação, humana e não humana, tal como dualmente a conhecemos e vivemos contém tanto de mágica e serenamente belo quanto de desencantada e sinistramente cruel, relativamente ao que creio não ser necessário estar aqui a fazer a descrição dessa beleza e/ou dessa crueldade, que se enquanto da parte humana por si só e/ou com relação à restante Criação é em qualquer dos casos uma beleza e uma crueldade frequentemente em alegado nome do próprio Criador, desde logo a partir de dentro das próprias religiões ou pelo menos pela mão dalguns dos seus praticantes e/ou representantes!

                                                                                              VB