quinta-feira, abril 25, 2013

Medo de acabar, medo de estragar

            Quando um mero bem material tem mais valor que nós mesmos e/ou quando nós mesmos valemos pelo correspondente valor que esse dito bem material tem para nós!

            Num tempo em que cada vez mais, entre outras, também as carências materiais se fazem sentir!

            Hoje(04-04-2013)(*)  estreei umas botas de trabalho novas. No caso umas botas de trabalho das mais baratas do mercado e iguais a tantas outras que já anteriormente possui e gastei. E no caso de hoje tive logo de andar no meio da água e da lama com as botas novas; o que me fez recordar a minha própria infância, em especial quando se acedia a algo tremendamente difícil ou mesmo correntemente impossível de aceder, como por exemplo ao nível da base sociocultural e familiar pobre e humilde de que descendo, recordo que a primeira banana que alguém me deu _ enquanto banana, que à altura, era um fruto praticamente inacessível para o nível sócio-económico da minha família _ me levou a procurar preservar dita banana o mais possível, por receio que a mesma se acabasse.

            Sendo que mais remotamente ainda, como seja ao nível da infância dos meus pais, em que regra geral as crianças e muitos adultos andavam descalça(o)s, porque não havia posses para comprar sapatos, recordo-me dos meus pais que por si só andaram descalços e/ou que usavam os mesmos sapatos para trabalhar e para sair, falarem que havia quem anda-se com as botas/sapatos penduradas ao pescoço ou num saco por receio da(o)s estragar, só a(o)s calçando em determinados lugares e/ou ocasiões _ pobreza(**)!

            Por mim e até por uma certa abundância em que temos vivido nas últimas décadas, já há muito perdi o receio de acabar ou de estragar aquilo que me deve servir para alguma coisa, como por exemplo servir-me de alimentação no caso da banana e/ou servir-me de protecção no caso do calçado, etc.. Mas, em qualquer caso, até pelas minhas bases bastante pobres e humildes, não deixo de continuar a valorizar aquilo que me é dado possuir, inclusive e/ou acima de tudo valorizo-o pela correspondente utilidade que o mesmo tenha para mim e para a minha vida e/ou para o que ou quem equivalente e envolvente a mim; aquém e além de que enquanto tal me habituei a não assumir o que quer que seja como um dado definitivamente adquirido, em especial ao nível de teres e haveres materiais, salvo ao nível do que e de como eu sou intima, profunda e/ou substancialmente e ainda assim em constante e permanente mudança e/ou evolução neste ou naquele outro sentido _ o que tanto ou mais que esperar, desejar ou necessitar, procuro mesmo objectivamente que seja no mais vital e universalmente positivo sentido possível!

                                                                                              VB

           (*) Escrevi-o no passado dia 4 do corrente Abril(04) de 2013, mas só o publico hoje 25-04-2013, porque por vezes e no caso concreto necessito maturar uma certa ideia, previamente escrita ou não, antes de sentir mínima necessidade e/ou segurança para a publicar. 

           (**) Por mim não temo a pobreza (material), de resto cheguei a ser feliz dentro da mesma; o que temo é a injustiça e/ou que a minha pobreza sirva para sustentar unilaterais riquezas alheias!

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