Como qualquer outra particular entidade, no caso de cariz nacional, social ou cultural em qualquer parte Mundo, também Portugal tem uma forma própria de expressar os seus (nossos) costumes normais e correntes, mas por inerência também os costumes mais excepcionalmente radicais pela positiva e pela negativa; que enquanto tal pode ser e é uma forma de expressão própria diversa de muitas ou de todas as outras entidades equivalentes, mas que no fundo, na prática e à partida ou à chegada não é melhor ou pior que qualquer outro Povo em qualquer outra parte do Mundo. De resto se não queremos mesmo auto assumir a paradoxalmente maniqueísta e/ou esquizofrénica paranóia de que ora somos os melhores ora somos os piores do Mundo, segundo as circunstancias do momento, desde logo e por assim alegoricamente dizer, segundo a selecção nacional de futebol vença mais ou menos vezes, temos acima de tudo de auto assumir que não somos nem mais ou menos, nem melhores ou piores que quais queres outros, onde mais quer que seja. Basicamente somos ou seremos apenas diferentes à nossa maneira, desde logo e no caso concreto ao nível dos costumes, que nem sempre nem de todo são tão brandos quanto costuma constar.
E que para referencialmente marcar essa diferença, incluindo ou excluindo juízos de valor logo à cabeça, começo por dizer que por um lado é bem certo que raramente se vê um qualquer povo fazer uma revolução política e social armada com cravos na ponta das armas, pois que salvo eventuais e meramente coincidentes excepções revolucionariamente equitativas a Portugal, de resto e por norma a generalidade dos demais povos fazem equitativas revoluções armadas com outro tipo de munições. Cuja dita revolução dos cravos em Portugal só resultou como tal e sem lamentáveis consequências de maior por um mero e circunstancial acaso, que em diversos momentos podia ter descambado para algo que podia ter sido literalmente tudo menos algo genérica e alegremente florido _ aquém e além de ainda assim alguns naturais exageros que acabaram por ocorrer, como (quase) inevitável regra em qualquer revolução política, social e cultural. Mas não vale a pena estar agora a entrar por ai, nem de resto o presente propósito é em absoluto esse, pelo que no caso só aludo aqui à tão popularmente (re)conhecida como Revolução dos cravos http://25deabril74.weebly.com/uploads/1/9/4/5/19451511/5503528_orig.jpg, porque também muito com base e em sequência da mesma adquirimos o (auto) nacional e (extra) internacional epíteto de País/Povo de brandos costumes. Mas nem de perto nem de longe a coisa é tão simples, linear ou absolutamente real enquanto tal, no que a brandos costumes nacionais respeita. Para com o que basta reparar nos números e consequências da sinistralidade rodoviária http://25deabril74.weebly.com/uploads/1/9/4/5/19451511/5503528_orig.jpg, que em numero de acidentes e de gravidade dos mesmos, não raro e no limite com vitimas mortais, chega assumir proporções de autentica guerra civil, de resto não é em todas as guerras que morre tanta gente anualmente como em Portugal tão só em sequência de acidentes automóvel(*). Sequência de que a este nível de acidentes automóvel e suas piores consequências, estamos (quase) sempre qualitativa e quantitativamente no topo, designadamente em comparação com países e/ou povos da restante Europa Comunitária/Unida, com estes últimos por norma tidos como de menos brandos costumes que nós; mas que nesta mesma base e sequência de paradoxais brandos costumes nacionais, repare-se ainda nos números das tão só oficialmente (re)conhecidas e enquanto tal mais gravosas consequências da Violência Doméstica nacional _ https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjj5d3v7p3KAhWGWBoKHUVzDcYQFggdMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.cmjornal.xl.pt%2Fdomingo%2Fdetalhe%2Fviolencia_domestica_os_numeros_da_vergonha_nacional.html&usg=AFQjCNF5jbz2HXQTyD7TdsDN5qAE5FNo4A&sig2=LGL-yT239eidAxdgg55EMg&bvm=bv.111396085,d.d24 _, que mesmo com percentual redução face ao mesmo período do ano passado, tão só no corrente 2015 e do unilateral lado do género feminino já vai em 27 mortes confirmadas, fora as tentadas, em que mais uma vez pelo pior estamos genérica e percentualmente no topo a nível da Europa Unida _ como seja que há países em que os números absolutos até são o dobro ou mais de Portugal, mas na relação percentual entre número de casos e a população total de cada país, não que tão pouco se deseje o seu inverso, mas o facto é que a este nível de percentagens, Portugal se não está no topo, está muito próximo do topo dos casos mais graves de violência doméstica; ou que passando ainda para números e consequências negativas mais subtis repare-se na crónica e/ou ciclicamente eterna Injustiça Social nacional, com tudo o que duma ou doutra forma isso implica de violento e não de brandos costumes; e/ou ainda numa base mais intermédia de entre subtileza e dramática consequência prática repare-se também na bovina radicalização de grupos ligados ao desporto, concretamente de apoio a clubes de futebol, em alguns casos segundo consta também com algumas conotações político-ideológicas (pró) radicais, que só não são grupos mais dramática, criminosa ou fatalmente consequentes de per e/ou de entre si, porque como autenticas manadas de gado bravo que necessitam de pastore/s a guiá-las e guardá-las, respectivamente são monitorizados e conduzidos por forças policiais, em nome da segurança publica e dos respectivos elementos dos grupos mais radicais em causa; que com mais ou menos directa associação ou dissociação ao anterior repare-se também ainda na radicalização do discurso oficial político e/ou popular nas redes sociais, por exemplo com recente e particular destaque para o após últimas eleições legislativas, com toda as polémicas consequências que bem conhecemos, aquém e além de mesmos ditos discursos políticos estarem pejados de contradições e de paradoxos na medida em que partidária ou ideologicamente há insultos de entre facções, não raro com argumentos que se podem aplicar e aplicam a qualquer das facções em causa, como seja que não raro fala-se do outro com argumentos, no limite radicais, perfeitamente aplicáveis a quem fala. Enfim, a este nível de costumeiros comportamentos e suas efectivas ou pelo menos potencias consequências dramáticas, na sua globalidade não sei exactamente como é nos restantes países, mas regra geral não me parece que em Portugal seja muito melhor ou muito pior que em qualquer outro lugar, em especial do dito mundo dito civilizado, ainda que podendo ou devendo ser algo naturalmente diferente de entre uns e outros, enquanto próprio a cada qual e a uma infinidade de circunstanciais variantes, derivadas duma infinidade de factores nunca literalmente repetíveis de entre si, num só povo, menos ainda de entre uns povos e outros.
A partir de que digo eu que mais mal não venha ao mundo e a este belo jardim à beira mar plantado em concreto do que o que já temos em sequência do que acabo de descrever, para que tão só com base no mesmo já baste para se concluir que nem de perto nem de longe somos um País de brandos costumes, pelo menos não mais que muitos ou todos os outros. Afinal não passamos de humanos, sempre potencialmente melhoráveis mas nem sempre efectivamente melhores por nós mesmos e face ao que ou a quem mais quer que global, humana, vital ou universalmente seja. Sendo que só nos podemos positiva e vitalmente (auto)melhorar e/ou por si só abrandar, se auto assumir-mos as nossas virtudes mas também os nossos defeitos e/ou vice-versa, em qualquer dos virtuosos ou defeituosos casos em efectivo ou potencia. Ainda que auto melhorar-mo-nos constante e permanentemente em e por nós menos, face ao todo humano, vital e universal, seja algo que dá aliciante mas também muito e continuo trabalho, além de que exige correr riscos, mas como uma das nossas características próprias é mesmo sermos também um povo muito tradicionalista e como tal pouco dado a voluntárias ou autónomas mudanças, mesmo que para melhor. E por isso creio que se nos limitarmos a auto assumir como, suposta virtude, de brandos costumes, que na verdade e sob diversos aspectos, lamentavelmente, não somos de facto, estamos antes de mais a enganar-nos a nós mesmos com consequente risco de seremos acima de tudo e/ou como melhor das hipóteses hipócritas. Sendo que da minha perspectiva, com todos os prós e contras inerentes, somos essencialmente um povo (ainda) muito significativamente tradicionalista e conservador, com algumas positivas excepcionalidades, como por exemplo ao nível de diversos aspectos desportivos, artístico-culturais, empresariais, de investigação médica e científica e até correntes do dia-a-dia , como ao nível da humildade e da resiliência da população comum, etc.; o que no entanto não invalida nem muito menos apaga a excepcionalidades mais negativas descritas logo no inicio e que se (re)confirmam continuamente, por vezes e em alguns casos até para qualitativo e quantitativo pior, como por exemplo ao nível da violência doméstica. Mas o que regra geral e mais uma vez faz de nós, não melhores nem piores, nem ainda e por si só de mais ou menos brandos costumes que quais queres outros em qualquer outra latitude geográfica, política, social, cultural, etc., mas apenas e tão só diversos nas nossas inevitáveis e naturais peculiaridades próprias.
VB
(*) Claro que dependente duma multiplicidade de motivos e de razões, isolado/as ou conjunto/as e em alguns casos até extra humano/as, acidentes automóvel em concreto acontece a qualquer um/a que ande na estrada _ pelo que quem quer que seja, pode ou deve "cantar de galo" ou como se estivesse imune. Mas a partir de que o problema está na continua quantidade e gravidade, desde logo dos acidentes automóvel que acontecem em Portugal. VB