terça-feira, janeiro 07, 2014

Confuso & imodesto

           Devo começar por dizer que não gosto de comentar certos assuntos, muito menos a quente e de forma imediata, sucinta, improvisada e/ou impulsiva, tal como sucedeu no seguinte caso, exigindo-me posteriormente uma justificação e/ou complementação do e ao comentário em causa. Mas que de qualquer modo quero assumir e assumo o comentário em causa de forma totalmente responsável e consequente, enquanto tal com mais tudo o que me levou ao mesmo e que do mesmo deriva para com e sobre mim; cujo comentário em causa, a uma postagem partilhada no Facebook (FB) e que para aqui transcrevo, foi e é:

            Primeiro a postagem partilhada no FB referia-se às seguintes palavras do Dr.º João Almeida ex.deputado do CDS-PP e agora Secretário de Estado da Administração Interna do actual governo PSD/CDS-PP, que como partilhado no FB e que para aqui transponho é assim:

             _ João Almeida, agora Secretário de Estado, culpou recentemente os eleitores pelo facto dos partidos que ganham eleições, mentirem ao eleitorado. João Almeida esclareceu que, se os partidos dissessem a verdade em campanha eleitoral, e se afirmassem que iriam cortar os salários e as pensões de reforma, aumentar os impostos, etc., perderiam as eleições. Como tal, acrescentou: “… os eleitores obrigam-nos a mentir!”
        
            O que então sim comentei a quente e impulsivamente da seguinte literal e transcrita forma:

            _ " o que estes copinhos de leite tinham falta era de ir cavar ao sol e à chuva como eu e outros, para saberem o que custa a vida longe do proteccionismo do estado, por si só dos papás e dos eventuais muitos padrinhos que tenham na vida _ por figurões como este é que eu não voto, com ressalva para todos os demais ou de menos políticos sérios e/ou verdadeiramente responsáveis

            A partir de que devo complementar dizendo que o paternalismo do Estado a que aludo no comentário atrás, exclui todas e quais queres pessoas que estejam ao serviço do Estado por legítimo(a) mérito, vocação e/ou competência técnico(a), pessoal e humano(a) _ desde logo pessoas que concorreram aos serviços do Estado e foram aprovadas, em qualquer dos casos legitimamente. Pelo que ao referir “paternalismo do Estado” refiro-me acima de tudo aos que chegam e estão ao Estado muito ou de todo mais com base na amizade, no conhecimento, no padrinho, na troca de favores, etc., como muitas vezes se faz crer e eu não tenho em absoluto motivo para duvidar. E isto transversalmente do básico cantoneiro que recolhe o lixo até à elite política _ repito que sempre com ressalva para os legítimos e/ou até para certas áreas mais técnicas e/ou responsáveis que exijam de todo em todo os legitimamente melhores de entre os melhores. Mas creio que não vale a pena estar agora aqui a explanar este assunto muito mais a fundo, não só porque o meu tempo como também a minha disponibilidade física, mental e/ou de raciocínio não é toda a que deveria ser, inclusive porque estou com oito horas de exigente trabalho físico, inclusive a cavar, e mais cerca de quatro horas de outras actividades quotidianas encima, além de que talvez também não seja necessário explaná-lo no e para o presente contexto!

            Ainda que na mesma anterior sequência, devo também complementar dizendo que ao referir que o que o Dr.º João Almeida _ (Sr.º Dr.º a partir daqui) _ necessitava era de “ir cavar ao sol e à chuva como eu para saber o que custas a vida”, dalgum modo estou a comparar o Sr.º Dr.º a mim mesmo, o que literalmente e justiça seja feita devo reconhecer não tem comparação possível, desde logo e por si só porque o Sr.º é Doutor e eu nem o ensino básico conclui, inclusive e confessamente  no meu caso após cerca de doze anos de frequência escolar, pelo que talvez ou seguramente eu mereça andar a cavar ao sol e à chuva e respectivamente o Sr.º Dr.º mereça ser deputado e/ou governante da nação.

            Sendo que a partir de qualquer dos anteriores casos digo ainda que:

            Reconheço o grande mérito, a grande coragem, a grande frontalidade do Sr.º Dr.º ao ser senão o único, pelo menos dos poucos que se dirigem ou pelo menos se referem ao povo segundo aquilo que o povo efectiva ou pelo menos potencialmente merece, que no fundo é ser taxado de estúpido/ignorante. Pois no fundo e na verdade quando o Sr.º Dr.º diz que “se formos a dizer a verdade ao povo o povo não vota em nós”, que em resumo o Sr.º Dr.º quer dizer e/ou diz é que “se nós uns poucos supremos iluminados não vos mentíssemos _ como também diria um outro _ vocês povo, um conjunto de idiotas estúpidos/ignorantes, não se governavam nem se deixavam governar”! Que sendo o Sr.º Dr.º parte integrante dum dos partidos do governo democraticamente eleito da nação e inclusive até já parte integrante do próprio governo, tenho de reconhecer que o Sr.º Dr.º tem toda a razão nas suas palavras, desde logo sabe melhor do que ninguém aquilo a que se refere. Apenas com a ressalva de que aquém e além de todo os que votam em alternativas partidárias ao partido e ao governo de que o Sr.º Dr.º é parte integrante, há ainda e cada vez mais potenciais eleitores a deixarem de concretizar em efectivo o seu respectivo direito de voto democrático, em que confessamente eu mesmo me incluo e que eventual ou seguramente enquanto tal serão ou no caso seremos tão ou até mais estúpidos/ignorantes que os que desde logo elegeram o Sr.º Dr.º para deputado e também já para governante _ mais uma vez aquém e além dos que votam em alternativas políticas/partidárias alternativas ou opostas à do próprio Sr.º Dr.º.

            De entre o que devo ou mesmo tenho de concluir que para se referir ao povo nos termos em que o Sr.º Dr.º o fez, desde logo creio eu não ser necessário ser Dr.º, nem talvez e muito menos deputado ou até governante da nação democraticamente eleito(s) pelo povo, pois que no caso qualquer pelintra (estúpido/ignorante) como eu o poderia fazer, sendo inclusive que creio ficaria de todo melhor em um pelintra como eu do que em alguém supremo/iluminado como o Sr.º Dr.º que inclusive foi eleito democraticamente deputado e até governante pelo próprio povo a que o senhor se refere nos termos em que e como o fez, nas suas palavras que atrás transcrevi a partir duma partilha no FB.    

            Em resumo final e tão só segundo as palavras do Sr.º Dr.º devo reconhecer acima de tudo que nós o povo (estúpidos/ignorantes) temos os representes e governantes políticos que democraticamente merecemos, tal como respectivamente vós (supremos/iluminados) representantes e governantes políticos têm o povo que merecem; levando-me apenas e na circunstancia a ficar confuso acerca de onde começa e termina a estupidez/ignorância duns e a suprema/iluminação dos outros e/ou vice-versa!?

                                                                                              VB

            Obs: Como mera nota de rodapé permita-se-me imodesta e/ou quiçá e por si só estúpida/ignorantemente aconselhar ainda o Sr.º Dr.º, até enquanto precisamente Dr.º, mas tanto mais ainda se enquanto representante político democraticamente eleito pelo povo e mais ainda se enquanto parte integrante do respectivo governo da nação também democraticamente eleito pelo povo, a contribuir de todo suprema/iluminadamente mais para a inteligência/sabedoria do povo do que para a sua (nossa) estupidez/ignorância, desde logo enquanto fazendo o Sr.º Dr.º ressaltar esta última estupidez/ignorância do povo como uma espécie de dado adquirido, tendo precisamente por base que segundo o Sr.º Dr.º: "o povo só lá vai com mentiras"!

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