terça-feira, abril 08, 2014

Ideologias políticas/facções sociais

            Não acredito nas ideologias de esquerda nem de direita politica de per si, por exemplo com relação a uma universalmente justa gestão da sociedade, pois que as mesmas são dimensões facciosas da sociedade e com relação a isso está tudo dito. No entanto compreendo, aceito e até concordo com a existência destas ideologias enquanto (pró) defensoras das respectivas facções que representam, mas enquanto lideres da gestão duma sociedade, dum povo, dum país, etc., salvo eventuais devidas positivas excepções de resto e tal como reflecte a história universal e humana em concreto, não raro são lideradas por gente universalmente incompetente, corrupta e/ou déspota.

            Pelo meio do anterior há o correspondente centro político, social e por si só ideológico, que eu diria não é “pão” nem “bolo” tendo por base as respectivas extremas direita e esquerda ideológicas. De resto enquanto centro o mesmo tem designadamente de oscilar entre direita e esquerda, o que por exemplo ao nível duma gestão política e social universalmente mais justa e/ou por si só democrática até é algo mais compreensível e coerente. O problema é que também aqui, ainda que talvez com as excepções mais perto da norma do que nos extremos casos anteriores, no entanto muitos dos lideres políticos e sociais ditos de centristas ou de democráticos e seus correligionários, não raro parece que na prática de centristas e de democratas pouco ou nada têm, aquém e além de ao nível da competência e da incorruptibilidade deixarem muito a desejar.

            Que aliás e concretamente em Portugal estando o dito de democrático centro político, social ou ideológico essencialmente apoiado na correspondente classe média, o mesmo está basicamente falido e frustrado, porque falida e frustrada está em grande medida a respectiva classe média. Com uma classe média-alta que em significativa parte desdenha da classe baixa por exemplo dizendo “era o que faltava eu descer tão baixo”, significando o “descer tão baixo” por exemplo dedicar-se ao sector primário, dalgum modo “meter a mão na massa”, com mesma classe média-alta invejando ou perseguindo pró equitativamente a classe alta, com a primeira mais pretensiosamente baseada no ter e no parecer exterior e artificial do que no ser e no fazer interior e genuíno, não raro empenhando-se materialmente até à “raiz dos cabelos”, em mesquinho nome de ter e/ou de parecer ser; por outra parte existe ainda uma classe média-baixa de base mercantil e por isso algo liberal e/ou então titular de pequena propriedade que até está próxima e em alguns aspectos se confunde com a classe baixa, desde logo no sentido de muitas vezes meter descomplexadamente “a mão na massa”, mas que enquanto algo liberal e com propriedade própria acaba tendo alguns tiques de (pró) pretensiosa identificação com a classe alta.

            Ah! E muito importante é o facto de que não raro qualquer das classes sociais em causa tende(m) muito a encostar-se ao (paternal) Estado! 

            Em qualquer dos anteriores casos quem beneficia com tudo isso é sempre a classe alta, em parte porque tem maior capacidade de gestão da sociedade e de respectiva absorção dos recursos envolventes, mas também porque senão tem o activo e expresso apoio, tem ao menos a passiva e subjectiva tolerância das classes intermédias, isto na melhor das hipóteses do ponto de vista legítimo, porque depois e ao menos em parte esta última classe alta ainda põe e dispõe, diz e desdiz, faz e desfaz, etc., mais ou menos legitima ou ilegítima e mas (quase) sempre interesseira e impunemente. De resto quando surge um escândalo ou melhor um caso de suposta ou efectiva ilegitimidade ao nível da classe alta, das duas uma: ou jamais se comprava o que quer que concretamente seja e/ou então comprova-se, mas ou a prova é “ilegal”, por exemplo baseada em escutas telefónicas por parte das autoridades criminais/judiciais (policiais) mas sem prévia assinatura dum Sr.º Dr.º Juiz e/ou então e mesmo que com base em provas concretas e legais, o processo judicial ou criminal inerente acaba prescrevendo judicialmente, num formal sistema de justiça que ao menos a este nível de lidar legal ou judicialmente com a classe (política e social) alta apenas tende a aparentar ser ou existir. Seja que o por si só dito de “Universal Estado de Direito Democrático” em associação ou dissociação aos poderes políticos, sociais e ideológicos nem sempre, nem de todo e/ou para todos funciona como universal, democrática e imparcialmente deveria; o que por si só é ou pelo menos abre global caminho a potenciais extremismos, designadamente ideológicos de esquerda e/ou de direita, civis ou militares, religiosos ou ateus, etc., etc., com a universalmente menos má democracia política e ideológica em risco, porque não raro os lideres desta última são ou pelo menos aparentam ser mais corporativistas, sectaristas e facciosos, por já não dizer incompetentes, corruptos e/ou pró déspotas do que universalistas, colectivistas e/ou democratas de facto.

            E assim ao menos em Portugal já chegamos ao ponto em que uns poucos podem legitima ou ilegitimamente muito mais do que muitos outros; em que já não se pode democraticamente falar de certos assuntos e/ou a falar-se isso é para ser ignorado pelas elites políticas e sociais; em que cada vez mais a classe alta trunfa a seu belo prazer; em que por si só a classe média está significativamente falida e vergonhosamente escondida na sua falência; e a classe baixa como global e culturalmente sempre: está humilde ou mesmo subserviente e obedientemente resignada à sua condição.

            Por mim, enquanto de origem e de corrente existência prática pertencente à classe baixa e mas por um lado não pretendendo nem querendo em absoluto integrar uma classe média artificial, que enquanto tal nem sequer existe de facto e/ou se enquanto integrando esta última uma espécie de “patos bravos” para quem os fins justificam quase todos os meios; nem por outro lado invejando ou perseguindo pró equitativamente a classe alta, muito menos uma classe alta arrogante e prepotente que só conhece a sua própria "lei"; por mim procurarei contínua e ininterruptamente ser o mais pessoal, humana, vital e universalmente integro, natural e genuíno possível, por mais que isso custe, que custa e custará tanto mais se enquanto numa sociedade significativamente artificial ou ideológica e facciosamente viciada sob e sobre muitos aspectos, com a minha existência própria tocada, influenciada e/ou mesmo em alguns aspectos subjugada a e por essa mesma sociedade(*)!  

                                                                                              VB


            (*) Tudo com a devida ressalva para as verdadeiramente (pró) positivas, vitais, justas, democráticas e universais excepções de facto, quer ao nível da classe baixa, média ou alta; que independentemente de mais normativas ou de mais residuais essas excepções, em qualquer dos excepcionais (pró) positivos casos necessito referente, influente e consequentemente inspirar-me e apoiar-me nos respectivos em e por mim mesmo, perante e para com o todo universal!

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