Sem
prejuízo de qualquer eventual ou efectivo sentido positivo inerente, tal como
está sociocultural e por si só materialistamente instituído, o Natal é para mim
e/ou por si só um devaneio, uma distracção perante a realidade concreta da vida
corrente, um motivo de extraordinário despesismo, em suma uma profunda e não raro
positivamente inócua canseira.
Sendo
que inclusive já conheci situações em que o Natal foi e significou uma profunda
perversidade para quem o viveu como, felizmente cada vez menos, ilusão sociocultural
instituída de que primeiro o “menino
Jesus” e depois o “pai Natal”
deixariam ou deixam uma prenda no “sapatinho”
das crianças. A partir de que respectiva perversidade derivada de crianças a
quem os próprios pais ou familiares próximos _ aquém e além do/s ilusório/s e
no caso perverso/s “menino Jesus” ou “pai Natal” _ não lhes colocavam e/ou não
lhes colocam prenda no “sapatinho”
porque não tinham e/ou não têm condição económica, financeira (material) para
tal, mas tão pouco explicavam e/ou explicam objectiva e razoavelmente aos
próprios filhos que não havia, nem há “menino
Jesus” ou “pai Natal” algum a
colocar prendas no “sapatinho” de
quem quer que seja, enquanto havia e há sempre crianças a efectivamente receber
respectiva/s prenda/s alegadamente trazida/s pelo “menino Jesus” e/ou pelo “pai
Natal”. Isto por já não falar numas intermédias circunstancias menos
radicais em que todos recebem prendas mas em que naturalmente uns recebem muito
mais e muito melhores prendas que outros, mas há partida na mesmo ilusória base
dum/s infinitamente justo/s e supremamente bondoso/s “menino Jesus” e/ou “pai Natal”!
E se isto enquanto tendo ocorrido de facto e/ou onde hipoteticamente ainda
ocorra não era e não é na melhor das hipóteses profundamente discriminatório e
no limite perverso, então que alguém me diga o que e como positiva ou absolutamente
melhor foi ou é!?
Resumidamente
e para mim, se não houver efectiva e genuína reunião familiar e/ou algum acto
de voluntária, abnegada e incondicional solidariedade pessoal, social, humana e
vital, de resto o Natal é de todo mais motivo de frustração e de tristeza do
que de realização e de alegria.
Victor Barão
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