terça-feira, agosto 18, 2015

"Jovem de 18 anos morre em largada de touros"

"Um jovem de 18 anos morreu depois de ter recebido uma cornada no abdómen, elevando para quatro o número de mortos nas largadas de touros no fim de semana em Espanha, anunciou hoje o governo de Navarra."

"Esta é a quarta morte desde sexta-feira e pelo menos a sétima desde o início de julho."

Por si só o titulo e os dois primeiros, anteriores, parágrafos são transcritos duma noticia no jornal Diário de Noticias. Por isso estão entre aspas. Mas a partir do que me está a ser suscitado dizer, por mim mesmo, o seguinte:

Nasci e cresci num contexto sociocultural e familiar em que salvo o natural dever de positivo respeito, de resto a norma era acima de tudo a de dever de incondicional obediência a uma infinidade de hierarquias efectiva ou pseudo superiores que, salvo as devidas excepções, em regra reinavam e/ou impunham-se unilateralmente de cima para baixo, como fosse obediência ao mais velho, ao mais rico, ao mais instalado na vida, ao pai, ao professor, ao patrão, ao chefe, ao macho, a(o) senhor(a) fulano(a) de tal e de qual, ao representante do Estado, etc., etc.). E atenção que com isto não digo que o factor hierárquico seja natural, vital e/ou universalmente descabido ou sequer que o factor obediência não faça o seu natural, vital ou universal sentido dentro das devidas circunstancias, dos devidos contextos e das devidas hierarquias, desde logo pró positivo e natural respeito e não pró incondicional e imposta obediência. Pelo que o problema maior ou mesmo absoluto era e é o de incondicional obediência, ironicamente apelidada de "respeitinho", em que não raro não importava ao que, a quem ou porque e para o que obedecer-se, simplesmente devia-se ou se enquanto tal deve-se obedecer, por norma incondicionalmente, desde que a hierarquia politica, social, cultural, religiosa, familiar, etc., fosse por si só obedientemente aceite e/ou reconhecida como e enquanto tal, com todo o irónico "respeitinho"; dai por exemplo não importando se macho espancava fêmea, dentro da suprema hierarquia sexista de _ salvo seja _ macho sociocultural e incondicionalmente sobre fêmea; tal como de resto o mais novo(criança) sob mais velho(adulto); o mais rico sobre o mais pobre, o funcionário sob patrão, etc., etc.. Tudo tanto pior quando não raro havia e/ou nos casos em que ainda assim seja, continue indefinidamente a haver arrogantes, prepotentes e/ou preconceituosos actos arbitrários e discriminatórios por parte dos agentes hierárquicos superiores, desde logo para com incondicional obediência das hierarquias inferiores aos unilaterais, corporativos ou por si só hierárquicos interesses próprios das efetivas ou pseudo hierarquias superiores, não raro sem grandes ou mesmo quais queres transversais citérios humanos, vitais ou universais. Do mal o menos que em dita liberdade democrática este paradigma se venha gradual e positivamente a alterar, ainda que até pela intermédia revolução sociocultural, política e existencial inerente, por vezes essa alteração se processe com exageros hierárquicos inversos ao aqui em causa e/ou em qualquer dos casos à mais positiva e natural ordem Vital/Universal. Mas voltando e continuando dentro do obediente paradigma subjacente às minhas origens e por indelével reflexo a toda a minha existência, diria e digo que dentro da incondicional obediência hierárquica inerente, em especial a partir de base de todas as hierarquias em causa em que eu mesmo nasci e cresci, salvo ao nível sexista em que tendo eu nascido macho, logo nasci com a sociocultural "superioridade" hierárquica/sexista, no caso de eu como macho "sobre" o género feminino _ ainda que para além deste paradigma ter vindo (pró) democraticamente a mudar, também ou acima de tudo ao não ter eu gostado de me submeter incondicionalmente a toda uma infinidade de hierarquias superiores, nem sempre, nem por vezes, nem de todo nos pseudo "superiores" casos prática ou absolutamente dignas de positivo e natural respeito, logo tão pouco gostaria, tal como não gosto de me impor incondicionalmente ao que ou a quem quer que seja, mesmo que isso me tenha criado uma descompensação existencial modo geral e mais concretamente de entre dever de obediência e de ser obedecido se e/ou quando em qualquer dos casos isso Humana, Vital e/ou Universalmente se justifique de facto, desde logo pró natural e positivo respeito, que não pró incondicional e artificial obediência. O facto é que enquanto tal, tendo eu tido desde a minha mais indelevelmente marcante origem, o dever de obediência máxima, que incluiu ter sido básica e genericamente educado/domesticado para obedientemente me contentar com pouco, não só pouco do ponto de vista material, mas também e acima de tudo com pouca liberdade, com pouca vida, etc., etc., expressa e literalmente do tipo "mais vale pouco do que nada" como a norma e não como a excepção _ que tanto pior ainda se não raro em pseudo nome de "mim mesmo", do "meu próprio bem", da "minha própria vida" a partir de cima e/ou de fora, seja que o que eu pensava, sentia, necessitava, etc., de e por mim mesmo e com relação ao exterior pouco ou nada importava e que nas pró obedientes circunstancias em causa até era socioculturalmente inconveniente, até porque enquanto tal estavam as pseudo "maternais/paternais" hierarquias socioculturais superiores para pensar por mim, para falar em meu nome ou em nome do meu próprio bem e/ou da minha própria vida, o que desde logo e sem qualquer assombro incluía a minha própria família enquanto por si só humilde e/ou acima de tudo obediente parte integrante do contexto sociocultural em causa, em especial quando do topo da hierarquia familiar os meus próprios pais sempre se sentiram inferiores a uma infinidade doutras pessoas e me passaram esse sentimento de inferioridade, duma ou doutra semiobjectiva ou subjectiva forma. Sequência de que por norma o máximo a que, em especial a partir de baixo, se podia ambicionar era mesmo contrariar a regra sociocultural instituída em causa, para com o que bastava pensar e agir pela própria cabeça, o que enquanto tal e mais tarde o mais cedo coincidiria com não estar em pleno acordo com a pró obediente norma instituída, com todos os riscos inerentes, como por exemplo: negativa estigmatização geral e sociocultural em particular; com opressão ou repressão sociocultural e/ou se acaso oficial por parte do próprio Estado; com subsequente ostracização, tortura e/ou no limite mesmo morte por desobediência sociocultural, que incluía a unilateral/ditatorial gestão política e religiosa, etc.. Devendo eu talvez aqui dizer que nasci já nos últimos anos de ditadura politica, social, cultura e em suma existencial, mas os efeitos da mesma fizeram-se sentir muito directa e marcantemente em mim até pelo menos cerca dos meus dez anos de idade, além de que até como tal os seus reflexos na minha vida sejam indefinidamente eternos. Seja ainda que o culminar da liberdade em contextual regime ditatorial e/ou de incondicional obediências às respectivas hierarquias ditatorialmente instituídas, com toda uma infinidade de intermédias consequências opressivas/repressivas, no limite podia levar e não raro levou à morte de seres humanos, de entre si mesmos. Pelo que tendo por base o titulo deste texto e da noticia que deu origem a mesmo, na circunstancia a partir da morte de humanos aos cornos de touros, quando em dita de presente liberdade democrática, o próprio ser humano escolhe livremente enfrentar um touro bravo de "igual para igual", pode até chocar-me que seja o próprio ser humano a escolher livremente esse risco e suas respectivas consequências, no limite incluindo a morte do próprio ser humano sob os cornos do touro e duma ou doutra forma sempre a espectacular morte do touro à mão humana e sob aplauso humano, no entanto e nas circunstancias em causa de livre e autónomo risco de vida ou morte pela "suprema" parte humana, não me choca em absoluto a respectiva morte de humanos nestas mesmas circunstancias. A partir de que conclusivamente:
   
Por respeito pela minha própria vida, à partida não desejo a morte de quem quer que seja, incluindo animais em geral, quais quer que eles sejam. Mas o facto é que a morte existe, faz parte da vida e regra geral o ser humano é em absoluto o que mais mata inclusive de entre si mesmo, tanto ou de todo mais se com relação aos outros animais e em qualquer dos casos demasiadas vezes sem substancial motivo (defensivo, subsistente, vital, ...) para tal. Portanto se fazendo o ser humano do touro um animal para morrer de forma espectacular à mão humana e sob aplauso humano, faze-lo como se faz em Espanha, em que o humano se auto coloca dalgum livre e autónomo modo à "altura" do touro, apesar de e/ou até por tudo, desde logo incluído não só o risco como se acaso a efectiva morte de humanos aos cornos do touro, talvez seja a forma mais humanamente digna de o fazer. A partir de que não aplaudo nem lamento a morte de humanos ou de touros, mas por maioria de razão em especial a morte de humanos, simples e naturalmente aceito-as como tais, nas circunstancias em causa.

                                                                                                 VB

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