domingo, março 02, 2014

(Excepcional) Mérito

            O simples facto de ter um Blog em meu nome próprio e de no mesmo publicar textos como este ou como por exemplo o imediatamente anterior sob titulo: “A verdade”; pelo menos ao remanescente nível da origem política, social, cultural e existencial opressiva/repressiva de onde eu originalmente provenho e a que faço ainda actualmente alusão porque por lá, enquanto minha infância e juventude, deixei quer o meu pior quer o meu melhor em efectivo; a partir de que a esse meu original nível existencial, seguramente “muita” gente, desde logo (quase) toda a gente que tivesse acesso a isto que escrevo perguntar-se-ia: mas afinal quem é este tipo? Quem é que o mesmo se julga para escrever coisas como esta? Desde logo quem é o mesmo para tão só ter um Blog em nome próprio?

            Bem pelo menos este seria segura e invariavelmente o mínimo que alguém me perguntaria lá da origem opressiva/repressiva de onde eu provenho, o que há altura coincidiria no mínimo com supressão desta minha expressão própria e logo de qualquer plataforma em que eu desenvolvesse essa expressão, como por exemplo aos dias de hoje por via deste meu Blog próprio, versando uma critica política, social, cultural e/ou existencial que pretendo e mesmo procuro seja tão universalmente transversal que nem eu mesmo me possa excluir da respectiva. O problema é que há muito quem se creia acima dessa critica, tendo consubstanciadas razões concretas para isso ou não, sendo que neste último caso a tendência é para em última instância se reprimir/anular o autor da crítica, em especial se a mesma se tornar efectivamente consequente para quem é alvo da mesma, no caso aquém e além de mim próprio que me auto incluo universal e transversalmente na mesma. Seja que se em presente liberdade democrática e expressiva não corro o risco de ser em absoluto ou pelo menos arbitrária, incondicional e brutalmente oprimido/reprimido, no entanto não posso em absoluto escapar ao consequente risco de ser amado, odiado ou ignorado, em qualquer dos casos por tudo e por todos. Salvo que gostando ou melhor não podendo, não querendo, nem de resto costumando eu deixar de fora a referência às devidas e sempre incontornáveis excepções com relação a tudo o que na vida universal seja e é de verdadeira importância e/ou que no fundo valha consequentemente a pena, também aqui não posso deixar de aludir às devidas excepções relativamente à generalização de no caso concreto poder ser amado, odiado ou ignorado por tudo e todos; o que salvo transcendentalmente positivo, negativo ou inócuo motivo de excepção, jamais será excepcionalmente assim _ seja que à partida haverá sempre alguém a excepcional ou genericamente amar, odiar ou ignorar(-me)!

            E mas partir de que talvez daqui surja uma outra questão, que no caso surge mesmo uma questão (algo) esquizofrénica porque a coloco a mim mesmo, como por exemplo seja: mas o que é que este tipo afinal quer dizer com tudo isto? Desde logo e também auto respondendo-me a mim mesmo, digo que salvo a modéstia ou a imodéstia pretendo acima de tudo provocar intra e extra reflexões a quem quer que tenha a ousadia, a capacidade e/ou a vontade de se deixar tocar pelo que escrevo. A partir de que inclusive como original base deste meu Blog essencialmente intimista, vou centrar em mim a resposta às três primeiras perguntas, efectuadas logo no topo do presente texto para referir quem efectivamente sou, pelo menos de entre a minha origem e até ao presente estágio desta minha existência. O que é assim:

            Aquém e além de como me apresento no perfil deste meu Blog, seja como nada e ninguém em efectivo, ainda que até por isso como tudo e todos em potencia(*). Acresço agora mais concreta e objectivamente que há muito, muito que deixei de ter vida interpessoal e social própria; sendo que vida familiar ou profissional própria jamais tive. Em que sendo ou supostamente devendo ser estes últimos os grandes pilares da vida de qualquer ser humano dito de “normal”, não posso deixar de me sentir e/ou mesmo de me constatar um anormal. Que até poderia ser um anormal virtuoso, com um efectivo dom natural concretizado na prática, como por exemplo qualquer génio das Artes ou afins, desde logo da Arte de viver, que enquanto génios são também anormais, virtuosamente anormais; mas a minha é uma anormalidade viciosa, designadamente ao nível duma básica, esforçada, sofrível, quando não mesmo degradante e decadente (auto) subsistência, de que como (pró) positiva melhor das hipóteses se salva algum esforçado ou sacrificado espírito voluntarioso e de abnegação perante e para com o que ou quem se me afigura positivamente condigno desse voluntarismo e dessa abnegação, em qualquer caso com positivo reflexo para com a minha própria (auto) subsistência.

            Sequência de que mais concretamente ainda e começando na infância fracassei redundantemente ao nível interpessoal, social e curricular escolar, como seja que nem mesmo após treze anos de frequência escolar entre ensino regular diurno e recorrente nocturno consegui concluir sequer o ensino básico (nono ano lectivo); subsequentemente jamais fui capaz de me encontrar profissionalmente, limitando-me recorrente e invariavelmente a fazer tudo o que legitimamente me permita sobreviver básica e imediatamente, por vezes em actividades ou a níveis que me são perversos a médio e a longo prazo, designadamente ao nível dalguma contrariedade física que me impediu de praticas desportivas de índole mais bruscamente física como por exemplo o futebol logo a partir da adolescência e enquanto tal respectiva contrariedade física que se vê gradual quando não mesmo e dependente desta ou daquela outra actividade de subsistência mais fisicamente exigente, que no meu caso são (quase) todas e a que eu não posso voltar cara, também paradoxal e aceleradamente agravando a minha debilidade física com o passar do tempo; já ao nível familiar resta-me a família de ascendência e ao nível interpessoal e social pura e simplesmente não existo, salvo em contextos de ocasional circunstancia e/ou no literalmente indispensável à mais elementar subsistência diária, com alguma recente expressão virtual nas redes sociais, no Facebook em concreto, o que de resto e neste último caso me suscita muito do que venho a escrever ultimamente, incluindo também parte do presente. Aliás ao nível interpessoal e social posso até adiantar que salvo na infância e em algum momento da adolescência, de resto e inclusive por minha positiva e entretanto auto reconhecida insegurança e carência de autoconfiança própria, regra geral sempre tendi a evitar o contacto interpessoal e social e/ou então a abandonar-me a aquém interpessoal ou socialmente me suscita-se esse circunstancial abandono, ainda que isso não fosse existir interpessoal e socialmente, mas sim outra coisa qualquer, como por exemplo desistir de mim mesmo perante e para com o próximo! Sendo que quando me assumia ou me assumo pelo que e como eu mesmo era ou sou natural e espontaneamente, por exemplo com circunstancial máxima expressão actual nisto que e como escrevo, mas talvez ou seguramente porque e em especial de origem opressiva/repressiva em que de todo mais que positivo respeito o que se devia era incondicional obediência a uma infinidade de hierarquias superiores, com estas últimas não raro profundamente incoerentes de per ou de entre si, jamais terminei de aprender e respetivamente de saber lidar com isso (isto que e como eu sou natural e espontaneamente) quer positiva, quer coerente, quer absolutamente perante e para com o próximo e/ou o exterior modo geral. Tudo tanto pior quando entretanto me perdi prática, a(inter)activa, funcional e (quase) absolutamente de mim mesmo, desde logo a começar pelo fundamental nível interpessoal, social e curricular escolar; sequência de que bastava ou basta nem sequer eu chocar de frente com o que ou com quem não me era ou não me é directa, imediata, objectiva ou substancialmente coincidente e compatível, mas tão só por não coincidir prática, activa e funcionalmente com algo ou com alguém para passar a tender auto reprimir-me, anular-me ou recriminar-me a mim mesmo não só perante e para com esse algo ou alguém em concreto, mas por inerência perante e para com o exterior e a própria vida em geral _ sentindo-me ou mesmo constatando-me a "pior" pessoa do mundo! Passando por inerência ou a anular-me prática, activa e funcionalmente perante e para com o que ou quem me inspire minimamente esse abandono pela positiva ou pelo menos pró subsistentemente e/ou no imite a auto isolar-me tanto quanto literalmente possível, neste último caso num misto de procurar evitar ter de circunstancialmente ter de me abandonar ao positivamente pior ou mesmo negativo exterior e/ou então para semi instintiva e/ou objectivamente procurar o recontacto comigo mesmo e se acaso retomar a mais profunda e verdadeira essência pessoal, humana, vital e universal de mim próprio, no caso a partir duma solidão interactivamente prática e funcional, mas intrinsecamente baseada no e para com o exterior e/ou de entre mim e o exterior. De entre o que cheguei a um ponto em que das duas uma: ou não me dava com quem quer que fosse ou então todas as pessoas “gostavam” de mim ou simpatizavam comigo, o que neste último caso não deixava de ser dalgum global modo, por assim dizer, confortável. A partir de que o facto é que também e pormenorizando um pouco mais, em certa medida e em determinados casos essa "simpatia" exterior era-me algo até muito lisonjeiro; noutros casos era-me relativamente indiferente e noutros começava a ser-me senão incomoda, pelo menos intrigante! Mas de entre as circunstancias desta minha existência própria em associação ou dissociação às existenciais circunstancias envolventes a mim, no seu global conjunto acabou por uniformizar a minha existência no sentido de num misto de minha objectiva vontade própria e de subjectiva força das circunstancias intrínsecas e extrínsecas a mim, que pelo meu lado chegou ao ponto da depressão e pelo lado do meio envolvente no limite chegou a alguma hostilidade, em resumo acabei mesmo (auto) fechando-me tão objectiva quanto literalmente quanto possível em e sobre mim mesmo, aquém e além do que as circunstancias envolventes a isso me levassem. Seja que dalgum modo inverti objectivamente a minha própria natureza de procurar o que ou quem me era atrativamente agradável ou positivo, só me expondo ao próximo ou ao exterior em sequência da minha mais básica e emergente necessidade de subsistência, por mais que isso me fosse ou tenha passado a ser profundamente desagradável, pelo menos à partida, mas muitas vezes também continua e conclusivamente; sequência de que o "melhor" era ou é mesmo (auto) (re)fecher-me e (re)isolar-me tanto quanto quantitativa, qualitativa, literal e/ou por si só redundantemente possível, senão em absoluto, pelo menos interactiva, prática, funcional e/ou intimamente. Tendo dai resultado, por exemplo um acumular da minha energia vital primordial, que eu acabo dispersando pró positiva ou pelo menos pró subsistentemente nas respectivas e circunstanciais actividades laborais de subsistência básica e imediata e/ou em auto didáctica actividade física que o meu organismo (ainda) me vai permitindo, como por exemplo caminhar, além de em alguma que outra actividade lúdica como por exemplo a fotografia a que estou a regressar lentamente após mais duma década de afastamento e/ou ainda na leitura em geral, neste último caso não só e desde logo como meio e forma de catarse, mas também de prazer e de pró cultura geral e técnica. O que na sua globalidade, me leva a só agir perante e para com o próximo, enquanto por minha objectiva iniciativa própria quando tenho correspondente certeza objectiva de que lhe(s) posso ser positivamente útil e/ou então se reagindo eu a acção alheias relativamente a ou sobre mim, procuro fazê-lo consubstanciando objectivamente por A+B a minha respectiva reacção, que salvo eventual motivo de necessidade auto defensiva limite e ao meu imediato ou absoluto alcance do ponto de vista físico, de resto as minhas reacções são essencial ou mesmo literalmente de nível racional, intelectual e/ou espiritual, que se em última instância e melhor não podendo ou sabendo, prefiro auto assumir-me como o errado, aquém e além de que o seja de facto ou não, mas desde logo porque simplesmente não me saiba defender pela positiva, na minha respectiva confrontação de ideias, de perspectivas, de convicções ou do que seja com o próximo ou com o exterior modo geral, o que mais uma vez me leva ou traz a (re)fechar-me introspectiva, circunspectiva, contemplativa, meditativa, por si só pró racional, intelectual e espiritualmente em e sobre mim mesmo, ainda que necessária, reflexa e minimamente atento ao exterior modo geral e desde logo a começar pelo exterior que me suscite essa introversão _ já agora refira-se que numa minha atenção ao exterior enquanto atenção pró universalmente positiva e não pró unilateralmente curiosa. Global sequência de entre o que não me lamento, nem me regozijo desta minha genérica condição existencial própria, habituei-me a ter de (auto) assumi-la e aceitá-la como tal, inclusive como possível meio e forma de a partir da mesma eventualmente (re)encontrar a minha verdadeira dimensão pessoal, humana, vital e universal própria, aquém e além de vãs glorias e de interesses ostensivos ou de lamentações lamechas e de auto comiserações mesquinhas.

            O global resultado, ao menos até ao presente momento é também e precisamente esta minha auto subsistência, que circunstancial/providencialmente me permite ou mesmo me exige escrever, inclusive de origem para tão só necessitar sobreviver, mas creio que também cada vez mais ou acima de tudo como pró plenitude vital. Seja que de entra as potencialidades subjacentes a existir, ainda que só básica, esforça, rudimentar, sofrível, não raro mesmo degradante e decadente, mas no caso também voluntariosa, abnegada e se tanto quanto literalmente possível pró positiva, vital e universalmente; o que como conclusão de fundo e no mínimo espero vá-a resultando é ao menos ir (auto) sobrevivendo, ainda que e/ou até porque para tão só (auto) sobreviver seja necessário manter como mínimo alguma remota e residual ou semi objectiva e subjectiva fé e esperança na própria vida, sendo esta última semi objectiva e subjectiva em e por si só.

            Tudo de entre um profundo paradoxo que deriva de eu ter deixado de acreditar natural e espontaneamente em mim mesmo desde há muito, dalgum modo desde globalmente sempre; ainda que e/ou até porque antes, durante ou depois disso eu tenha de acreditar ao menos na primordial energia vital e correspondente instinto de sobrevivência que me trouxe ou traz (também) natural, espontânea e salvo a imodéstia meritoriamente até aqui. Talvez ou seguramente num mérito que é a excepção à genérica regra da minha própria existência, que na prática equivale a meramente (auto)subsistir, inclusive à imagem e semelhança duma infinidade doutras pessoas e por isso um mérito não comparado a quem mais quer que seja, no entanto não deixa de ser um meu tão efectivo Mérito próprio quanto numa base de pró positiva e/ou subsistente auto gestão, a partir duma imagem tremendamente negativa ou pelo menos positivamente inócua de mim próprio! 

                                                                                              VB


            (*) Mas atenção que nem pouco mais ou menos estou disposto ou disponível para tudo, em muitos casos e sub muitos aspectos até bem pelo contrário, inclusive e se acaso com meu sacrifício próprio, de resto como já o faço de há muito a esta parte renegarei ao que fira a minha mais profunda sensibilidade, consciência ou convicção própria, mesmo que o inverso disso me pode-se ou possa beneficiar unilateral, parcial ou imediatamente. Seja que não raro para tão só sobreviver acabo tendo de fazer coisas que me ferem duma ou doutra forma, mas quando toca à mais profunda e fundamental essência, o travão a fundo ou pelo menos condicionado tem de ser inevitável, nem que em última instância a própria sobrevivência fique em causa. Pelo que ao referir que me auto assumo como nada e ninguém em efectivo e por inerência disso como tudo e todos em potência, é porque assim é natural, vital e universalmente de facto, em sequência da minha própria vida ou existência pessoal face à vida universal enquanto tal; mas de entre o que é potencial e enquanto tal pode ser efectivo há um literal abismo de facto, e que no caso pode ser auto ou extra gerido neste ou naquele outro sentido, o que no meu (auto e extra) caso concreto é o que e como se pode constatar! VB

            Nota cromática: acabei de editar o texto atrás, complementando-o com acréscimo de tudo o escrito a cinzento escuro. Isto porque precisamente hoje (04-03-2014), acordei sentindo espontânea necessidade de o fazer, numa certa medida que no final até acabou sendo mais do que à partida suposto. Em qualquer caso isso está reflectido no acréscimo identificado a cinzento. 

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