domingo, dezembro 23, 2012

Cinismo e hipocrisia social

            Porque escrevo e publico em época natalícia coisas tristes?! Desde logo porque em época natalícia continuam, no limite, a nascer e mas também a morrer pessoas, inclusive neste último caso em acidentes automóvel, aquém e além de licenças de condução!

            Mais e mais dinheiro (lucro), menos e menos humanidade (vida)

            Aquém e além doutros possíveis exemplos, desde logo e para mim há um mais ou menos óbvio paradigma de cinismo e de hipocrisia social, no caso ligado à circulação automóvel.

            Seja que com tantas e imparáveis exigências sociais e dos respectivos Estados ao nível da (pró) segurança automóvel, enquanto exigências que começam ao nível dos fabricantes (automóveis) e terminam no consumidor ou utilizador final (automobilista). Tudo isto envolvendo conhecimentos e regulamentos técnicos, legais e/ou outros, além de natural consciência humana, com todas as respectivas consequências práticas, desde logo enquanto regras social e/ou oficialmente estabelecidas, em nome da segurança! Pergunto eu onde cabem por exemplo securitariamente os veículos cujos condutores não necessitam de licença (formação e exames) de condução?    

            Seja que sem sequer entrar na dimensão dos peões, diria que existem alguns veículos, a começar em bicicletas a pedal, até no limite uns ditos veículos (motorizados) automóveis, cujos respectivos condutores não necessitam de licença(*) _ vulgo exames teóricos e/ou práticos _ de condução, para poderem circular entre todos os restantes veículos que efectivamente necessitam dessa correspondente licença de condução. Ou seja que como se à imagem e semelhança dos segundos e/ou de entre uns e outros, os primeiros não fossem ou não sejam passíveis de sofrer ou de provocar acidentes, incluindo ou excluindo de tudo isto os peões!

            O que sem prejuízo de pessoas que eventualmente sem licença de condução, no entanto conheçam as regras de transito e natural ou excepcionalmente conduzam na prática tão bem ou melhor do que (muitas) outras pessoas com respectiva licença de condução; o facto é que numa determinada localidade, eu pessoalmente assisti a um dito veículo sem necessidade de licença de condução por parte do seu condutor, que circulando numa via (rua) sem prioridade e em que tendo chegado à extremidade dessa mesma via, onde respectivamente se encontrava e encontra um básico sinal de STOP, precisamente a assinalar a perda de prioridade dessa mesma via, no entanto o condutor ou melhor e no caso concreto a condutora(**) do correspondente veiculo sem necessidade de licença de condução, entrou na respectiva via perpendicular com prioridade, como se do seu inverso se trata-se. Ou seja com o veiculo sem necessidade de licença de condução, que circulava numa via (rua) sem prioridade, inclusive com um sinal de STOP a assinalar a correspondente perda de prioridade, no entanto este entrou na correspondente e perpendicular via (rua) com prioridade, como se o sinal se STOP não existisse ou seja sem que o(a) condutora do veiculo sem necessidade de licença de condução tenha reduzido a marcha ou sequer olhado para o lado para ver se vinha algum veiculo a circular, tanto mais assim quanto na via (rua) com prioridade circulavam três veículos, o da extremidade traseira conduzido por mim e na extremidade dianteira circulava um automóvel de aluguer _ vulgo Táxi _ cujo condutor deste último, de entre a relativamente baixa velocidade em que circulava dentro da respectiva localidade e ainda da naturalmente devida atenção ao que se passava à sua frente acabou evitando um acidente (choque) com o dito veiculo sem necessidade de licença de condução, por no mínimo aparente incompetência teórica e prática do(a) condutor(a) deste último. Tudo isto porque é política, social, prática, legal e/ou por si só cínica e hipocritamente possível circularem veículos sem necessidade de licença de condução, de entre veículos cuja correspondente licença de condução é indispensável.

            Seja que parece-me reiteradamente a mim existir um profundo cinismo e hipocrisia sociais em tudo isto, como em muitas e muitas outras coisas desta e nesta vida e/ou desta e nesta sociedade humana. Que já agora devo referir que dentro das possibilidades e capacidades de cada um, além ainda dos meios materiais, legais, sociais ou outros disponíveis, que respectivamente cada qual adquira e utilize os meios de locomoção própria que ao seu alcance melhor entenda. Mas então e ai assuma-se a autonomia e a mobilidade de cada qual como a prioridade, aquém e além das consequências inerentes; ao invés de se assumir a segurança como a prioridade, numa base e numa sequência em que parece que se exige pró securitariamente demasiado a uns e até comparativamente a estes últimos se exige de menos a outros, parecendo ainda e em qualquer dos casos que tudo mais com fito no lucro material (económico/financeiro), do que nas substanciais mobilidade, autonomia e/ou segurança de todos e de cada qual. Até porque se deixa-se de se permitir a circulação de veículos sem necessidade de licença de condução dos mesmo, estar-se-ia desde logo a perder uma fonte de lucro industrial por via da venda desses veículos com correspondente perda de receitas fiscais dai derivas, devido a pessoas que tendo maior ou menor e mas suficiente poder económico, no entanto por qualquer motivo não podem legalmente ou não conseguem por si sós adquirir uma licença de condução automóvel/motorizada regulamentar com todos os requisitos teóricos e práticos. Sequência de que incluindo ou excluindo os indefesos peões pergunto eu: se quem conduz veículos sem necessidade de licença _ vulgo sem carta _ de condução, como bicicletas a pedal, pequenas motorizadas e/ou artefactos chamados de carros _ vulgo papa reformas, em qualquer dos casos sem significativa protecção própria e de todo mais passíveis de sofrer do que causar grandes danos nos restantes veículos, no entanto se pudessem por exemplo estes mesmos condutores sem licença de condução, conduzir também qualquer veiculo de transporte pesado, veloz e/ou significativamente reforçado, será que a sociedade aceitava tão pacificamente ou de todo quanto aceita o seu inverso? Pelo que o cinismo e a hipocrisia para mim e aqui começam, passam e terminam desde logo no facto de que excepção feita às auto-estradas, de resto e para as restantes vias de circulação automóvel sejam feitas determinadas exigências a uns que não se fazem a outros, como se de entre uns e outros não houvessem ou não hajam os mesmos riscos, no limite de acidente com danos materiais e/ou humanos. Tudo levando a querer que em qualquer dos casos com o fito no lucro económico/financeiro, desde logo e mais uma vez por parte dos Estados através de taxas, contribuições e/ou impostos, aquém e além duma verdadeira, real, efectiva, coerente, objectiva ou absoluta segurança pessoal e humana de todos e de cada qual, na circunstancia existam excepções, que podem chegar a ser escandalosas ao nível da circulação e segurança automóvel, sob licença ou autorização oficial do Estado e/ou da Sociedade enquanto tal. E que enquanto sendo o Estado e/ou a Sociedade humana compostos por todos e por cada um de nós, por vezes e não raro compostos por personalidades ou por entidades que antes de falarem do próximo ou do todo envolvente, como se as respectivas não fizessem parte integrante ou como se estivessem acima do próximo ou do todo envolvente, deviam antes, durante e depois disso olhar para si mesmas, desde logo quando não raro e ao constantemente oportuno e pró adaptativo estilo do politicamente correcto procuram retirar todo o possível proveito próprio, seja de que circunstancias legais ou sociais forem, além de por e para si mesmas só assumirem o mais positivo, projectando no próximo o mais negativo, desde logo projectando-o num indefinido eles, ouvindo-se ainda e em qualquer caso dizer: ...há muita falta de valores! 

            Pelo que precisamente nesta última acepção, tendo por base os tão afamados valores, digo conclusivamente eu que: ponhamos todos e cada um de nós valorativamente a mão na consciência individual própria e colectiva, sendo que enquanto tal, suspeito, muitos não se suportariam individual ou colectivamente a si mesmo(a)s!

            E entretanto vivamos, existamos e/ou subsistamos com todos os incontornáveis riscos inerentes à vida tal como paradoxalmente a conhecemos, no caso também com muito cinismo e hipocrisia humano(a)s e sociais à mistura!

            (*) Confesso desconhecer qualquer taxa ou dados relativo a sinistros, com respectivos danos materiais e/ou vitimas humanas relacionadas com os veículos cujos condutores não necessitam de licença de condução _ vulgo mata velhos ou papa reformas _ e/ou de entre estes e os restantes veículos que necessitam licença de condução, incluindo ou excluindo os próprios peões. Mas aquém e além disso o que está desde logo em causa é o princípio base inerente à existência, aquisição e utilização dos primeiros relativa ou comparativamente aos segundos; como seja e segundo minha responsável interpretação própria, o princípio do lucro, quer inerente à comercialização, quer à utilização de mesmos ditos veículos, em especial se por parte de pessoas que tendo possibilidades materiais (económicas/financeiras) de e para os adquirir, no entanto e por qualquer motivo não tenham possibilidade de adquirir uma licença de condução com devida formação e respectivos exames teórica(o)s e prática(o)s. Desde logo enquanto correspondente lucro (económico/financeiro) para os próprios Estados/Nação, através de taxas fiscais, quer inerentes à comercialização quer à utilização de respectivos veículos, com e sem necessidade de licença de condução, incluindo ainda coimas e/ou outras formas de receita material, sendo que os Estados/Nação são compostos por todos e por cada um de nós, sociedade em geral!

            (**) Que nesta acepção, ao referir o condutor do veículo sem necessidade de licença de condução no feminino, é porque de facto era uma senhora de significativa idade a conduzir o veículo que cometeu a infracção em causa! No entanto com isto e até talvez por tudo o inerente ao cinismo e à hipocrisia social inerentes, haja também muito quem tenha o género feminino como não sabendo conduzir! Relativamente ao que da minha pessoal parte, enquanto eu do género masculino, auto assumo haverem mulheres a conduzir (muito) melhor do que eu, desde logo dado o facto de que eu só tenho licença para conduzir veículos automóvel ligeiros, enquanto há mulheres que podem conduzir todo e qualquer veiculo automóvel, de mercadorias e/ou de passageiros, inclusive havendo cada vez mais mulheres a fazê-lo na prática, o que por si só, implica que tiveram de corresponder positivamente a provas e a exames teórica(o)s e prática(o)s, quer com relação à aquisição da devida licença de condução quer com relação a serem admitidas em empresas de alta exigência profissional, como por exemplo ao nível do transporte de passageiros e/ou de matérias ditas perigosas (combustíveis e afins) _ salvo que, espero e creio assim não seja, o cinismo e a hipocrisia sociais, se aplicassem dalgum modo também a estes níveis profissionais, designadamente licenciando-se e/ou admitindo-se condutores automóvel profissionais por qualquer outro motivo, que não por natural e/ou objectiva competência teórica e prática para o cargo!? 

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