sábado, dezembro 15, 2012

Copo meio cheio, copo meio vazio

            Porque confessamente sou inseguro, porque tenho uma vida global e essencialmente instável, porque eu mesmo já fui assim, respectivamente e salvo com trabalho e positividade, sempre com mais trabalho e mais positividade(*), de resto tenho muita dificuldade em lidar (conviver e interagir) com pessoas negativas, que por norma só tendem a ver o lado meio vazio do copo e tanto pior se a projectarem isso no e sobre o próximo. Seja que, no limite, este tipo de pessoas podem ser e fazer 99.9% do que são e fazem positivamente mal, mas em regra por e para si mesmas só (auto) assumem o 0.01% de acerto e no respectivo caso projectam os seus 99.9% de positivo erro ou de positiva carência no próximo e/ou seja ainda que passam o tempo a procurar por exemplo e pela inversa os 0.01% de positivo erro ou de positiva carência alheio(a)s, para ao reconhecerem isso no próximo como que se auto promoverem-se a si mesmas, não necessária ou absolutamente por positivo mérito próprio, mas sim no reconhecimento e enfatização do mais mínimo demérito alheio. Incluindo ainda que muitas vezes o que pensam ou julgam ser positivo mérito próprio e/ou positivo demérito alheio, não passa de seu positivo erro ou carência de perspectiva própria, na medida em que não se baseie(m) em objectivos princípios vitais, universais e/ou técnicos, mas sim na sua própria auto concepção da vida, que nem sempre, nem de todo tem de ser a mais correcta (positiva), por vezes e/ou não raro até bem pelo contrário.

            Mal comparado seja, mas recordaria aqui um exemplo de quando eu cumpria o serviço militar, ao nível da chamada recruta (formação básica e de especialidade), em que um determinado dia, no início dessa mesma recruta, um Sr.º Major, Comandante de Batalhão (de formação), com todo o respectivo batalhão formado em parada e correspondente solenidade do momento, deu azo a um discurso acerca do que e como é ser militar, tendo por base a apresentação, a postura, etc. etc. e nesta mesma sequência eis que a páginas tantas o Sr.º Major em causa, pôs-se a exemplificar na prática, designadamente como se marcha militarmente em formatura, mas como o Sr.º sofria duma qualquer descoordenação motora, marchou com o braço e a perna do mesmo lado ao mesmo tempo, dando correspondente azo a algum tipo de colectivo riso abafado, mas não tão abafado quanto para que o Senhor não se tivesse dado conta do mesmo, emendando o Sr.º Major de imediato a mão, inclusive num tom algo humorado, com as seguintes palavras: ...bom! Posso não estar a fazer bem, mas vocês façam como eu digo, não façam como eu faço!

            Com o anterior não quero em absoluto dizer que aquele Senhor Major militar era uma pessoa negativa ou negativista, que até pela forma inclusive algo humorada como de imediato e de improviso deu resolução aquela situação, em que o próprio se tornou motivo de riso para todo um batalhão militar que lhe era hierarquicamente obediente. Pelo que o que quero dizer e digo é que por vezes há pessoas que elas sim são tão suficientemente negativas e que levando-se a si mesmas tão a sério, acabam projectando a sua negatividade no e sobre o próximo, inclusive auto assumindo-se a si mesmas como (quase) permanentemente correctas e ao próximo como (quase) permanentemente errado, até porque tendem a auto assumirem-se a si como uma espécie de virtuosas, se acaso ao colarem-se ao virtuosismo alheio, à vez que respectiva e inversamente tendem a perspectivar o próximo como incapaz, em especial aquele próximo que não se lhes imponha directa e/ou imediatamente de forma superior, já seja por só procurarem no próximo a ineficácia do mesmo ou já seja por projectarem no próximo a sua própria ineficácia. Seja ainda e mais especificamente que há pessoas que no lugar daquele Senhor Major não só teriam dificuldade em auto assumirem o seu erro prático, como até procurariam projectar no próximo esse erro e/ou a dificuldade em auto assumi-lo, se acaso procurando tudo o que fossem erros alheios, para mandar o próximo positivamente a baixo, como se com isso pudessem tapar ou compensar os seus positivos erros próprios, com respectivo prejuízo do reconhecimento dos positivos acertos alheios e de respectivamente puxar positivamente o próximo para cima, salvo o facto de que ao reconhecerem ou ao colarem-se aos positivos acertos alheios fosse ou seja como uma imediata auto promoção própria, mesmo que sem prática e continua projecção no espaço e no tempo, enquanto não baseada num seu efectivo mérito próprio. Dalgum modo diria que são pessoas que aquém e além do que (inter)pessoal, social, cultural, vivencial ou existencialmente a isso as levou ou leva, em regra tendem a “viver” com base no melhor e o pior alheio e/ou no que correcta ou incorrectamente as mesmas têm como melhor e pior alheio, colando-se ao melhor como se lhes fosse próprio e enfatizando o pior como unilateralmente próprio do outro, dependente ou independentemente dos seus respectivos méritos ou deméritos próprios. Por também dalgum modo definir este tipo de pessoas, diria que são pessoas que não existem concreta e efectivamente com uma personalidade e identidade própria devida e/ou positivamente estruturada, limitando-se a ir subsistente e/ou circunstancialmente na corrente, ainda que e/ou até porque com uma latente noção de certo e de errado, de positivo e de negativo, de eficiente e de ineficiente, em última instância de superior e de inferior.  

            Que como refiro logo ao inicio do presente, eu mesmo já fui tão negativo assim, não raro projectando a minha negatividade no próximo, desde logo procurando reconhecer e enfatizar os erros alheios e/ou colando-me ao virtuosismo alheio para me sentir algo ou alguém que positivamente eu mesmo não era ou não sou por mérito próprio. E talvez por tudo isso, num respectivo processo em que procuro por mérito próprio aproximar-me ou equivaler-me tanto quanto literalmente possível aos mais positivamente virtuosos, ainda que a partir de eu ter sido e/ou ser (ainda!...) muito positivamente ineficaz, o facto é que não raro me toca ter de intermediamente lidar (conviver e interagir) com pessoas essencialmente inseguras e negativistas, perante e para com as quais eu mesmo tenho de ser tão positivo quanto literalmente me seja possível, enquanto no meu próprio processo pró virtuosismo ou pelo menos pró auto subsistente. O que não é globalmente fácil, por vezes e em certas circunstancias chega até a ser-me (quase) desesperante, mas que enquanto sendo essa dificuldade e/ou (quase) desespero, pró vital, universal e/ou técnica parte integrante do processo, acaba por ser também equitativamente aliciante.

            Dalgum modo diria que auto navego de entre o copo meio cheio (positividade) e o copo meio vazio (negatividade); após já ter tocado e dum ou doutro modo continuar a tocar por dentro e/ou por fora quer uma dimensão quer outra. De entre o que me resta, não só esperar, como até tudo fazer para retomar e se tanto quanto possível preservar indefinidamente a virtuosa perspectiva própria e envolvente do copo meio cheio, até por conhecer bem a ineficiente perspectiva própria e envolvente do copo meio vazio!   

                                                                                              VB 

            (*) Por exemplo e de momento trabalho ao mais básico nível da plantação de árvores, como prática e concretamente seja a abrir covas à base de trabalho braçal para plantar as árvores, incluindo a plantação destas últimas enquanto tais, isto numa empresa de prestação de serviços agro-florestais.

            Nesta mesma anterior sequência poder-se-á perguntar o que e como é que é para mim um trabalho positivo e/ou virtuoso a este nível de plantação de árvores?

            Desde logo que, até por há uns anos atrás eu já ter trabalhado nesta área, tenho uma mínima e/ou quiçá significativa noção do que e como é plantar (bem) árvores. Mas dependente ou independentemente dessa noção ou não, por exemplo ao ser este um trabalho essencialmente físico, duma unilateral perspectiva própria um bom trabalho a este respeito seria aquele em que eu sai-se o menos cansado e/ou dorido ao final de cada dia ou seja em que rapidamente eu tenderia semi objectiva ou intuitivamente a procurar as formas mais fáceis e/ou cómodas de trabalhar, aquém ou além das árvores ficarem bem ou mal plantadas em e por si sós, incluindo ou excluindo ainda uma minha maior ou menor consciência disso _ que no limite desta acepção, não as plantar seria a melhor solução. Pelo que duma perspectiva mais pró vital e universalmente multilateral, aquém e além do terreno ser mais fácil ou mais difícil de cavar; das árvores estarem em melhores ou em piores condições para serem plantadas; do meu patrão, dos proprietários dos terrenos a plantar ou dos meus companheiros de trabalho, etc., etc., serem mais ou menos positivos ou negativos, comodistas ou esforçados e afins; por mim mesmo procuro através de quem sabe e/ou do que o próprio trabalho me possa ensinar em e por si só, o que e como é a melhor forma de plantar uma árvore em natural e objectivo proveito desta última e a partir dai as próprias árvores tornam-se para mim o mais importante. Assim sendo mais importante do que eu, do que o meu patrão, do que os proprietários dos terrenos a plantar, do que os meus companheiros, chefes e encarregados se os houver, são e estão acima de tudo as próprias árvores; seja ainda que sem deixar em absoluto de levar em linha de conta as ordens e/ou orientações de patrões, de encarregados, de chefes e/ou as considerações de colegas, em qualquer caso procuro fazer o que até em toda esta global e múltipla sequência a minha respectiva consciência me dita enquanto com base no que me seja ensinado e/ou eu aprenda no relativo ao objectivo do trabalho em causa que é a plantação de árvores, com estas últimas como o factor fundamental. Seja ainda que se no caso enquanto plantador de árvores eu fizer o meu trabalho tão bem feito quanto vital, universal e/ou tecnicamente devido, só por certo isso ser-me-á útil a mim(**), ao meu patrão, aos proprietários dos terrenos a plantar, aos meus colegas e assim sucessivamente até ao infinito, no fundo será algo positivamente útil à humanidade e/ou à própria vida universal. Cujo respectivo virtuosismo está ou estará no equilíbrio de entre os mais diversos interesses, factores e/ou intervenientes em causa, no caso tendo as próprias árvores como base central e/ou fundamental. Tudo o mais são ou serão comodismos, egoísmos, unilateralismos, interesses mesquinhos, por si só negativismos que pouco ou nada têm ou terão a ver com vital ou universal virtuosismo; o que no caso concreto e por mim mesmo falando, virtuosismo coincide com fazer um trabalho que seja o mais vital e universalmente continuo, eficiente e competente possível, na circunstancia tendo por base a plantação de árvores _ vulgo (re)florestação. E que se quando a minha consciência ao respeito for violada, sem uma positivamente plausível e/ou fundamentada justificação para tal, reservo-me em permanência o respectivo direito de por exemplo e justificativamente me (auto) retirar; já e se pela inversa for eu e/ou a minha consciência a estar positiva, vital e/ou universalmente errado(a), não só aceito, como até agradeço ser positivamente corrigido; a partir de que pró positiva e/ou virtuosamente, pouco ou nada mais me resta que em qualquer circunstancia e perante quem quer seja, desde logo perante a minha consciência, é procurar fazer o que e como pessoal, humana, vital e universalmente melhor me seja possível _ o que no meu caso, não raro é algo essencialmente esforçado e sofrível, enquanto a partir ou de dentro dum positivo desencontro comigo mesmo e com a própria vida, ainda que creio também o suficientemente empenhado, enquanto pró positivo reencontro comigo mesmo e com a própria vida, que como pior das hipóteses enquanto pró positiva ou subsistente equivalência ao que e a quem mais vital e universalmente me inspira ou me motiva, a começar e a terminar na e pela minha própria família! De e para com o que em primeira, intermédia ou última instância se inclui pró vital, sanitária ou subsistentemente, também, o presente. 

               (**) No caso e por mim mesmo falando, ser-me-á e/ou é-me útil desde logo ao nível da minha auto exigente, quando não mesmo idealista e perfeccionista consciência própria; ainda que e/ou até porque eu esteja muito mais próximo da frustração do que de qualquer efectiva concretização idealista e/ou perfeccionista!

Sem comentários:

Enviar um comentário