O que está na origem e vem em sequência de "Je suis
Charlie" é social, política, ideológica e desde logo religiosamente muito
sensível e complexo, quer por parte de cada um os anteriores factores por si
sós quer acima de tudo pelo global conjunto dos mesmos. Pois que desde logo e
por mais não dizer haverá aproveitamentos ou tentativas de aproveitamento, não
necessariamente universalista porque esse é um aproveitamento muito legitimo,
mas sim de aproveitamento corporativista por parte das mais diversas facções (políticas, religiosas, ideológicas, etc.) em
causa em seu unilateral proveito próprio.
Pelo que aquém e além do que eu mesmo já escrevi e comentei
ao respeito, mais do que já escutei e li da parte doutrens, tudo o que se possa
dizer a este mesmo respeito será sempre pouco e à vez potencialmente demasiado, salvo que
em qualquer caso se diga ou escreva da forma mais universalmente plural, desde
logo e ao invés dos fundamentalistas fazendo-o duma forma aberta à discussão, ao contraditório,
se acaso à própria sátira!
A partir do que não me excluindo desde logo a mim mesmo do
efectivo ou potencial pior da vida e da própria humanidade e mas tão pouco do
efectivo ou potencial (pró) melhor da vida e da própria humanidade e que tendo
por base que os atentados terroristas que deram origem a “Je suis Charlie” têm
uma origem pseudo religiosa por pare de quem os praticou e de sátira política,
social e religiosa por parte de quem foi alvo dos mesmos, devo ainda acrescentar
que, aquém e além de se começar a misturar política e religião, porque alegadamente
a publicação Charlie Hebdo tinha um cariz de esquerda política logo passível de
correspondente contraditório pela respectiva direita política, em qualquer caso
perante o intocável dogma religioso Islâmico ou qualquer outro. Seja que a
publicação Charlie Hebdo, além de sujeita às universais regras legais da
sociedade em que se insere, teria e se enquanto tal terá sempre naturais detractores
e/ou contrários, sendo que isso ainda não escutei nem li alguém a colocá-lo em
dúvida, até porque o mesmo é naturalmente assim. Pelo que mais substancialmente
teremos de pegar pela vertente do intocável dogma religioso. O que tendo
infinitas ou pelo menos indefinidas potencialidades descritivas e/ou
interpretativas, no meu pessoal caso concreto e com base na minha experiência vivencial
própria e mas também do que me envolve, sempre aberto à discussão e ao
contraditório, digo muito resumidamente:
_ Sem prejuízo do seu positivo inverso, algumas das pessoas
mais mesquinhas, egoístas, vaidosas, arrogantes, prepotentes, invejosas, cínicas,
hipócritas, intriguistas, por si só ignorantes e maldosas que já conheci foram
e/ou são religiosas convictas e praticantes, designadamente da religião
católica que é a que melhor conheço. Tal como respectivamente sem prejuízo do
seu negativo inverso, algumas das pessoas mais magnânimes, altruístas, despretensiosas,
simples, plurais, abertas ao próximo e ao diverso, coerentes, apaziguadoras,
por si só sábias e benevolentes foram e/ou são pessoas ateias ou pelo menos
religiosas não praticantes.
A partir de que cada qual que retire as suas devidas conclusões e se acaso
me critique, me contradiga, me satirize e/ou se pela inversa me subscreva, me
apoie, me considere; porque em qualquer caso o meu único ou grande dever é ser
o mais positivo por e para comigo mesmo, perante e para com todos os demais,
quer estejam por mim ou contra mim!...
E mas que até por esta minha positiva minha abertura ao outro, inclusive ao diverso, tenho de dizer uma e outra indefinida vez "Je suis Charlie", precisamente pelo que esta expressiva frase passou desde um primeiro momento a simbolizar, como seja responsável e consequente Liberdade de expressão, política, religiosa e/ou existencial. De resto uma Liberdade tão mais responsável e consequente quanto as vitimas do massacre de Charlie Hebdo, que sabendo objectivamente os riscos que corriam, não deixaram no entanto de convictamente os correr até ao limite, que no caso foi o que se viu(!...), quer se concorde ou não com a ideologia e/ou as práticas por detrás desses riscos, mas que em qualquer caso essas práticas não mataram quem quer que fosse, pelo contrário estavam elas mesmas abertas a serem criticadas ou contraditas enquanto tais, ao invés dos fundamentalistas religiosos ou outros a quem tudo e todos têm incondicional e primariamente de se vergar.
VB
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