Pelo
que salvo os recentes aniversários de dois familiares muito próximos, mais a por
puro acaso celebração (fotográfica) da passagem de ano ocorrida de ontem 31-12-2014
e hoje 01-01-2015, já havia algum tempo (anos) que não frequentava celebrações
do género, nem disso sentia a mais ínfima falta, que por mim mesmo até bem pelo
contrário. Até porque para mim a vida é celebrável ou não(!...), consoante as
circunstancias, de e em cada (in)constante e (im)permanente presente momento.
Pelo
que ontem (31-12-2014), independentemente de ser o último dia do ano, sai de
casa um tanto à deriva, quer quanto ao destino quer quanto ao objectivo, mas em
qualquer caso e na circunstancia “armado” com a máquina fotográfica para o que,
na eventual circunstancia fotográfica, dê-se e viesse!...
E
precisamente num misto semi-objectivo e intuitivo, lá fui decidindo a cada
momento se ia ou deixa de ir para aqui ou para li, nesta ou naquela outra
direcção, por este ou por aquele outro motivo ou razão de pura circunstância. Acabando
mesmo por ser o interesse fotográfico a tomar conta do dia, pelo que comecei a
fotografar ao ainda de manhã, até quando entre as dezoito e as dezanove horas
da tarde/noite enquanto estando precisamente a fotografar, encontrei ou veio
ter ocasionalmente comigo a pessoa que não sendo absolutamente decisiva, acabou
no entanto por contribuir fortemente para que eu tenha ficado para a celebração
da passagem de ano duma determinada localidade (Tavira). E podia ou até devia
ser, mas não, não era uma bela e relativamente jovem mulher _ da minha idade! _,
bem pelo contrário era um verdadeiro ancião, um senhor de quase oitenta anos de
idade, único habitante permanente da ilha local, Tavira, para quem conhece, o
Sr.º João. Não vou agora aqui descrever a sequência do nosso encontro, mas
posso adiantar que teve precisamente a ver com fotografia, no caso com o facto
de eu estar a fotografar, “armado” duma reflex, com tripé, porta filtros, e
mais um série de acessórios, que despertaram a tenção do Sr. º João, um
verdadeiro apaixonado por fotografia fascinado pela reflex e respectivo
manancial de acessórios que a sua pequena pensão de reforma não lhe permite
alcançar e que a minha própria existência essencialmente pró (auto)subsistência básica e imediata só a significativo esforço e não raro sacrifício me permitiu alcançar, enquanto ele próprio (Sr.º João) com todo um historial subjacente à era da
fotografia analógica, além de também “armado” de duas pequenas compactas muito básicas,
uma delas até muito antiga, no que a câmaras digitais se refere. A partir do
que se desenvolveu o que acabou por ser uma longa conversa de cerca de três
horas entre mim e o Sr.º João, no caso conversa global e essencialmente de base
fotográfica mas que foi desenvoltamente derivando aos mais diversos sectores da
vida em geral. Por dalgum, mais elevado modo dizer, um encontro de Almas
humanas que coincidiram e coincidem no interesse fotográfico, mas também pela
vida enquanto tal _ com o Sr.º João como um verdadeiro sábio em muitos
aspectos, desde logo numa sabedoria que deriva das suas quase oito décadas de existência vividas intensamente entre o melhor e o pior da própria vida!
Tudo
isto para contextualmente dizer que não foi em absoluto a celebração da
passagem de ano que me levou aquele local em concreto, nem que ali me prendeu
para além do início da noite. De resto após as mais de duas horas finais de
conversa com o Sr.º João, seja entre as vinte e uma e vinte e duas horas,
cheguei mesmo a ponderar fortemente sair dali para fora, mais concretamente
regressar a casa, como se de qualquer outro dia se tratasse. Mas o
facto é que entre outras circunstancias que não vale a pena estar aqui a
descrever, dalgum modo tão semi-objectiva e intuitivamente quanto havia saído de
manhã de casa, por ali acabei permanecendo até às “doze badaladas” da transição
de Ano. Seja que ao não estar eu ali objectiva e menos ainda entusiasticamente
para celebrar a passagem de ano, acabei por estar mais aberto, mais disponível,
diria mesmo que mais sensível a outros pormenores do meio envolvente, como por
exemplo o para mim “ridículo” de pessoas a bater o dente de frio, só para
poderem ostentar uma roupa mais cerimoniosa, em muitos casos não condicente com
a época _ pleno Inverno; senhoras que ao final da noite já mal podiam dar passo
sobre os seus longos e parece que de todo incómodos sapatos de saltos altos, tanto
pior se sobre pedra de calçada irregular; em alguns casos de pessoas mais ou
menos jovens com relativamente bom aspecto mas que ao bater das “doze badaladas”
decisivas já estavam muito significativamente embriagadas e só por isso não sei
muito bem o que ou como conseguiram celebrar?!... Enfim e em muito casos
pareceu-me estar mais rodeado de zombies do que de gente verdadeira e genuinamente
celebrante do que quer que validamente fosse ou seja. A culminar tudo isso, já
após as decisivas “doze badaladas” que marcam a passagem de Ano, com respectivo
espectáculo pirotécnico da ordem, eis que reparo em algo que parece mais
ninguém entre milhares de pessoas reparou que foi aves selvagens a esvoaçar
por entre o negrume da noite e a artificialidade da iluminação urbana de origem
humana, com ditas aves aturdidas/assustadas pelo “fogoso” e conclusivamente “estrondoso”
espectáculo pirotécnico para unilateral deleite humano.
Seja
que mesmo tendo eu aproveitado para fotografar o fogo de artificio, acabei
saindo dali mais triste e pró deprimido do que alegre e extasiado. Sai até
mesmo muito antes de terminar o concerto da banda convidada e de que eu até
gosto: Iris. A partir de que fiz a viagem de regresso a casa, entre as 00.00h e as 02.00h
da madrugada, de todo mais entediado do que extasiado e com o mesmo respectivo espírito me
deitei, tendo esta mesma manhã (01-01-2015) acordado e de resto me levantado sob a
impulsão de escrever, o que agora se confirma como o presente, mas que antes
mesmo de sequer dar início a este, estive a organizar todas fotos que fiz ontem
e a editar algumas delas, inclusive partilhei uma delas no meu Blogue
fotográfico Receber e Dar, fazendo já então uma leve alusão escrita ao que
agora aqui desenvolvo. Sendo que entretanto aderi também a Flickr, como forma
de salvaguarda e divulgação das minhas fotos. Em qualquer dos casos, escrever e
fotografar, respectivamente no primeiro caso (escrever) como uma necessidade de
geração espontânea a que eu não posso nem de resto quero escapar, inclusive
enquanto necessidade pró vital, sanitária e/ou subsistente; e no segundo caso
(fotografia) como uma fascinante curiosidade que me vem da mais remota
infância, enquanto curiosidade a que semi-circunstancial e objectivamente eu
necessito e quero mesmo dar expressão prática. Em qualquer dos casos como motivo e
razão de natural, genuína e por si só vital celebração!
Pelo
que a terminar e moral da história, aquilo que para muitos outros e outras foi de entre ontem e hoje genuíno
ou pelo menos artificial e aparente sinónimo de celebração (festa e alegria),
para mim foi acima de tudo sinónimo de tédio pró depressivo. Talvez por isso e
no limite eu não necessite da artificialidade psicotrópica, a começar no álcool
para aparentar felicidade e/ou para tentar fazer esquecer a infelicidade; que até
bem mesmo pelo contrário, inclusive porque já nasci humanamente com todos os químicos
naturais para o êxtase ou para a depressão, não necessitando de artificialismos
para tal, pelo que em regra o que faço é, na media do possível, mergulhar fundo,
desde logo e acima de tudo mergulhar naturalmente na minha própria felicidade
e/ou infelicidade, com todas as causas, efeitos e consequências inerentes, procurando
em qualquer caso resgatá-las o mais pró positiva, construtiva, criativa,
produtiva, satisfatória, condigna, por si só vitalmente que me seja e é
possível. Salvo a imodéstia e/ou o eventual erro de (auto) julgamento, creio
que o resultado está à vista!...
E
agora sim, apetece-me celebrar o facto de aqui estar vivo e a viver, não
necessariamente abrindo um garrafa de champanhe e/ou lançando foguetes, que sem
prejuízo de moderada, ponderada e/ou justa utilização destas ultimas
artificialidades humanas, no entanto no meu caso pessoal e na presente
circunstancia em concreto a melhor celebração que posso, sei ou quero e
necessito fazer é mesmo partilhar a minha inerente satisfação com o exterior,
com o próximo, convosco que tendo ou não celebrado a passagem de ano e de forma
mais genuína ou mais esforçada cheguem a ler esta que é por assim
reiteradamente dizer a minha própria celebração, de entre ontem Quarta-feira
31-12-2014 e hoje Quinta-feira 01-01-2015.
Victor Barão
Obs: Escrito e, pelo menos, numa
primeira instância partilhado/publicado sem revisão, correcção ou edição
alguma _ puro, duro e cru!
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