sábado, janeiro 02, 2016

A "realidade" e a "ideologia" II

           No início do nono ano (2016) não consigo evitar voltar ao Sr. Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva.

            Para no caso fazer alusão precisamente à tradicional declaração de Ano Novo do Sr. Presidente da República, que apesar de ser a última declaração na pessoa do Prof. Aníbal Cavaco Silva enquanto ainda Presidente da Republica em exercício, no entanto não foi nem é de todo em todo uma declaração irrelevante.

            E no caso eu pessoalmente resumiria a recente declaração de ano novo do Sr. Presidente da república a dois grandes itens:

            _ Primeiro, no relativo à elogiosa alusão que o Sr. Presidente fez aos portugueses de sucesso, que segundo entendi e interpretei se referia a sucesso empresarial, técnico, profissional, social, cultural, etc., relativamente ao que estou tão mais à vontade para falar nos termos em que e como o vou fazer quando e porquanto eu mesmo estou muito distante de ser um desses portugueses, bem sucedidos seja sob que forma for, ao menos aquém a além da minha mais básica e imediata subsistência própria, que por sinal e em si mesma não só me permite como mesmo me exige pró vital, sanitária ou subsistentemente a presente reflexão. Base e sequência em que eu creio que se o Sr. Presidente se tem ficado por esta referencialmente elogiosa alusão aos portugueses de sucesso, incluindo ou excluindo o facto do próprio ter chegado a duas maiorias absolutas como Primeiro- Ministro e a dois mandatos consecutivos como Presidente da República, teria ficado muito, diria mesmo que muitíssimo bem. A partir de que o problema para mim está no segundo item.

            _ Segundo, quando no seu tom tradicional e institucionalmente grave o Sr. Presidente começou a aludir cerimoniosa, institucional e pró moralmente ao combate à pobreza, às desigualdades, às injustiças sociais e afins, acabou por estragar tudo. É que digo eu que logo a pessoa do Prof. Aníbal Cavaco Silva que, aquém e além de cargos como ministro das finanças e/ou de primeiro-ministro em minoria, acima de tudo teve duas maiorias absolutas como Primeiro-Ministro e que leva dois mandatos consecutivos como Presidente da República, em qualquer dos casos sob uma pró estruturantemente multi-bilionária financiação do País com fundos Comunitários Europeus, inclusive a fundo perdido. No entanto, apesar disso e/ou até também por isso, incluindo com o Prof. Aníbal Cavaco Silva como Primeiro-Ministro ou como Presidente da República, o que continuamos a ter é um País tão pobre económica-financeiramente e injusto/desigual socialmente quanto sempre foi, o que apesar de não ser novidade mais uma vez me levou na melhor de entre a melhor das hipóteses a ficar de "boca aberta" perante a posição retórica do Sr. Presidente da República, na pessoa do Prof. Aníbal Cavaco Silva. Desde logo como se o mesmo se estive a candidatar agora pelo primeira vez a um cargo político e logo como se o passado e o presente nada tivessem que ver politicamente com o próprio, dalgum modo como se o mesmo só tivesse méritos, mesmo que num País pejados de deméritos (crises económico-financeiras, com pobrezas várias, inclusive com crescentes desigualdades e injustiças sociais, etc.), reiteradamente após décadas (também) sob comando do Prof. Aníbal Cavaco Silva como Primeiro-Ministro e/ou como Presidente da República. Sendo caso para conclusiva e pessoalmente eu dizer que a recente postura retórica do Prof. Aníbal Cavaco Silva, enquanto Presidente da República não é de direita, nem de esquerda, nem tão pouco é imparcial, é tão só e/ou acima de tudo altamente cínica _ dalgum modo como disse um seu correligionário de partido: _ "o Prof. Cavaco quando está calado normalmente está bem"!

           Triste discurso e se enquanto tal triste despedida da pessoa do Prof. Aníbal Cavaco Silva enquanto Presidente da Republica, de entre o que pior ainda é a tristeza de País que tem políticos como este à sua frente durante décadas _ não necessariamente que os restantes, pelo menos em muito significativa parte e independentemente dos partidos ou das ideologias sejam (muito) positiva, vital ou universalmente melhores, como de resto temos comprovado duma ou doutra forma, mas a pessoa deste ainda nosso Presidente da Republica é uma verdadeira tristeza _ que no seu pouco meritório e muito lamentável merecemos(*) popularmente enquanto tal, até porque eleito e reeleito democraticamente, mas que já agora e no entanto valha-lhe o aprumo e a elegância estético/a que sempre lhe conferem uma muito politica e mediaticamente citada postura Estadista, ao menos na aparência externa.

            Ah! E não posso nem quero esquecer o mérito democrático que designadamente me permite estar a escrever e publicar o presente, enquanto minha livre opinião pessoal própria acerca da mais alta entidade oficial nacional do Estado, Sr. Presidente da República, na pessoa do Prof. Aníbal Cavaco Silva com mandato ainda actualmente em vigência _ salvo que a democracia enquanto tal não seja só ou sequer essencial/meritoriamente devida à personalidade política do Prof. Aníbal Cavaco Silva, além de que enquanto tal é uma democracia precária sob e sobre muitos aspectos, como por assim dizer e na melhor das hipóteses, do tipo: "deixa-os (aos do povinho) falar que nós (políticos/governantes) sempre vamos fazendo o que e como muito bem entendemos e/ou nos interessa, aquém e além do povinho e/ou do País no seu todo" _ sequência que até seria um verdadeiro mérito, designadamente governativo e/ou presidencial, caso vivesse-mos num País económica, financeira, jurídica, social, por si só politicamente justo e equilibrado, mas dado que apesar de ou até por com a pessoa do Prof. Aníbal Cavaco Silva como uma figura política e institucional recorrentemente no topo governativo e/ou presidencial, o que realmente temos é um País em recorrente crise económica-financeira, com crescentes desigualdades e injustiças sociais, subsequentemente com a democracia deixar muitíssimo desejar, aquém e além do mero poder falar-se e/ou escrever-se livremente, com correspondente responsabilidade, tudo antes, durante e depois do último discurso de Ano Novo, muito retoricamente idealista, do Sr. Presidente da República actual, após já dois mandatos como tal.

(*) Não escrevo e muito menos publico tudo isto pela e/ou para com a pessoa do Prof. Aníbal Cavaco Silva, que de resto está em fim de carreira como Presidente da República e eventualmente como político activo, além de que algum dia tive oportunidade de dizer/escrever a este último via Facebook da presidência o que pensava acerca dos políticos em Portugal, incluindo natural e objectivamente o próprio, como Presidente da República. Pelo que apesar de e/ou até porque com base neste último e na relevância política que lhe foi democraticamente conferida pelo designado povo, escrevo-o e publico-o precisa e pró reflexivamente para com um povo que apesar de todos os bem sucedidos nacional e/ou vitalmente de entre o povo, incluindo ou excluindo a acção real e/ou o discurso idealista do Sr. Presidente da Republica democraticamente (re)eleito pelo próprio povo, o facto é que continuamos a ter um País, no seu todo, significativamente muito mal sucedido sob e sobre muitos aspectos!  

                                                                                                VB 

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