quinta-feira, julho 26, 2012

Tomada de consciência

            Fui ontem ao funeral dum jovem, ia dizer amigo, mas prefiro não dizê-lo, não por ele, que para o bem ou para o mal se dava com “toda a gente”, mas sim por mim que durante algum tempo da minha vida até fui dalguma mínima forma, social ou transversalmente aberto como ele, mas que também de há já longo tempo a esta parte tendo a fechar-me muito em e sobre mim mesmo, não possuindo (quase) literalmente vida social. Pelo que prefiro dizer que fui ao funeral dum jovem conhecido, que quando se proporcionou foi amigo e que faleceu em sequência dum fatídico acidente de moto.

            O que enquanto funeral muito concorrido, precisamente em sequência da relativamente vasta vida social do falecido, a nível local e regional, por inerência com a presença de muitas pessoas minhas conhecidas. O que após uma minha mais aguda e consecutiva fase de auto isolamento social de há mais dum ano a esta parte e ainda vigente, diria que ontem foi um dia estranho e cansativo para mim. Estranho desde logo pelo meu relativamente longo e algo intenso auto isolamento de mais dum último ano consecutivo, seja que salvo raras e pontuais excepções interpessoais e sociais, de resto e por norma tudo ao invés de qualquer tipo, nível ou forma de vida interpessoal e social. Esgotante porque _ percebi-o entretanto ao ter reflectido natural e espontaneamente ao respeito e na respectiva na sequência com conclusão de que _ os meus conhecidos presentes eram muitos e alguns já havia anos ou mesmo décadas que eu não os via ou com os mesmos não contactava, incluindo amizades de infância e de adolescência, com estas últimas como das fases mais inseguras e mas também indelevelmente marcantes da minha vida. Sequência de que tanto mais se continuando eu a ter ainda uma vida significativamente instável, insegura, indefinida e/ou desestruturada, desde logo socialmente, acabo por tender a reviver o passado e/ou a agir como no passado, em especial se perante essas mesmas pessoas; ou seja como se eu tivesse de agradar ou de corresponder às mesmas, dalguma forma não necessariamente natural e espontânea, mas sim duma forma que leve as pessoas a aceitarem-me para além duma minha significativa ou mesmo profunda insegurança própria, que me vem da infância e que se agudizou na adolescência.

            O que na sua globalidade me cansa, me faz tender a sair de mim e da minha não raro natural tristeza(*) intrínseca e respectiva tendência introspectiva ou circunspectiva, para ao invés disso procurar dar o melhor ou mais alegre e extrovertido de mim, no caso duma forma mais esforçada e sofrida do que natural e espontânea, perante e para com o exterior.

            Do mal, o menos que apesar de tudo isso, desde logo do pesaroso contexto em que tal sucedeu, não deixei de ficar satisfeito por rever muitas dessas pessoas, com uma ou outra muito em especial, alguma até familiar, desde logo e acima de tudo enquanto inerentes à minha infância e adolescência em concreto.

            Enquanto entretanto acabei ou acabo por me reencontrar comigo mesmo, nisto que e como escrevo, em sequência de reflectir introspectiva ou circunspectivamente, acerca da minha vida pessoal, familiar e social, consoante a mesma se me apresenta na realidade. Esperando que algum dia isso me leve a (re)encontrar-me também com o exterior, desde logo com o próximo da forma mais genuína, natural e espontânea possível _ o que ainda não terminou de suceder de forma sólida e definitivamente coerente até ao presente momento!...

            Em qualquer caso e acima de tudo em memória do falecido _ que só não nomeio aqui publicamente no Blogger, porque não sei se tal seria bem ou de todo aceite pela família do mesmo. O que apesar disso creio não impede o presente de ser de facto em sua positiva memória.

            (*) Uma tristeza intrínseca, não necessária ou absolutamente só por esta minha condição existencial própria, por assim dizer interpessoal e socialmente disfuncional, derivada duma minha insegurança própria quer perante o melhor, quer perante o pior exterior. Seja que o exterior também tem a sua significativa quota de responsabilidade, até porque se por si só todo o exterior fosse bom, como por destacado exemplo se fosse universalmente justo ou estivesse bem, como por se social exemplo estivesse transversalmente feliz e a minha alegria ou felicidade própria já estaria(m) mais de noventa e nove por cento garantida(s). Ainda que no que depender de mim e por mim mesmo, até em nome das pessoas que gostaram ou gostam de mim e/ou de quem eu gostei e gosto, incluídas necessariamente as amizades de infância e de adolescência, continuarei (pró) positiva e vitalmente em frente!...

                                                                                          Victor Barão

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