Para
além de que não escrevo como uma forma de vida, nem sequer de subsistência e
muito menos por objectiva ou voluntária opção própria, logo se eu pode-se
escolher ou ter escolhido entre o esforço, o tempo e a disponibilidade
próprio/as que dedico à necessidade de escrever para tão só necessitar
sobreviver, até por meu princípio sociocultural, familiar e existencial, inclusive como forma de vida ou ao menos de subsistência, seguramente dedicaria o meu tempo, o meu esforço e a minha disponibilidade geral a uma série de coisas distintas à escrita _ por exemplo à carpintaria/marcenaria(!?). Mas de entre o que
por uma múltipla série de motivos e de razões próprio/as e envolventes, acabei
por não ter grandes opções de escolha, além de que no percurso que me trouxe
circunstancial/providencialmente à escrita e nos efeitos e consequências que a escrita tem em e
sobre mim, creio ter auto descoberto uma certa vocação natural própria para
actividades solitárias ou pelo menos sem grandes, contínuos ou interdependentes
contactos pessoais e sociais. De entre o que escrever, mesmo que para tão só
necessitar sobreviver até nem está mal, na medida em que escrever é um acto
solitário em si mesmo e que dependendo da genuinidade do que e como se escreve,
pode que até leve a alguns contactos interpessoais e sociais devidamente adequados/adaptados!
Ainda que e/ou até porque eu escreva precisamente em directa sequência de me ter auto abstraído de mim mesmo
e a partir dai tenha passado a por um lado não poder inter-relacionar-me com o
exterior, porque simplesmente eu deixei de existir enquanto tal, mas por outro lado
e porque precisamente deixei de existir como eu próprio, passei então também a ser
preenchido pelo que externamente mais me tocava ou toca referente, influente e
consequentemente, como por exemplo o que se segue acerca da e sobre a relação
humana e desde logo da minha relação pessoal com o meio ambiente natural. Acerca
do que não posso deixar de escrever, como quem fala com tudo e com todos, desde
logo com Deus e/ou com o Universo, na medida em que necessito expandir a minha
energia Vital própria, mas enquanto auto abstraído de mim mesmo dificilmente o
posso fazer com o que ou com quem mais quer que interactiva ou externamente
seja, pelo que por via da escrita faço-o antes, durante e depois do mais pró existencialmente em,
por e para comigo mesmo, a partir de que ao expor o que e como escrevo ao
exterior, até por em grande medida o que e como escrevo inspirado também no,
pelo e/ou para com o exterior, pode que leve a se não voltar a inter-relacionar-me
natural e genuinamente com o exterior por minha (re)existência própria, pelo
menos pode que leve a que também eu toque referente, influente e consequentemente
algum exterior, duma forma minimamente positiva, até por na medida em que ao
escrever para tão só necessitar sobreviver mais um (in)constante e (im)permanente
presente momento, tão pouco posso deixar de o fazer o mais (pró) positiva,
construtiva, criativa, produtiva, satisfatória, condigna e/ou existencialmente
possível; como de resto espero, creio e necessito assim minimamente seja com o que e como se
segue:
Consciência ambiental
Hoje
mesmo, cometi confessamente uma falta ambiental. Na circunstancia ao queimar umas
tábuas que à partida seria algo que passaria desapercebido não fosse nessa
queimada estar incluído o estrado duma cama, que ao tê-lo eu colocado
erroneamente inteiro sobre o fogo, tanto pior quando após o mesmo guardado
durante anos num local húmido, acabando por fazer mais condensado fumo do que o
à partida esperado e desejado _ ainda que apenas durante alguns breves (+/- dez)
minutos, até porque entretanto retirei o estrado do fogo para o partir em
vários pedaços e assim evitar um fumo inusitadamente condensado, ainda que em
suma não mais do que por exemplo todas as lareiras domésticas cá da terra a
arderem ao mesmo tempo, menos ainda do que as tradicionais queimadas agrícolas e/ou muito menos do que
muitas chaminés industriais, etc., etc., incluindo ou excluindo ainda os
negligente ou criminosamente excepcionais incêndios florestais globais. De
qualquer modo, dado o ponto de saturação a que nós próprios humanos estamos a
levar o planeta que habitamos e de que somos natural parte integrante, no que a
poluição climática em geral e atmosférica em particular respeita, qualquer
pequeno acréscimo de poluição é mais um respectivo grãozinho de areia para a possível desgraça total/final! Além de que até dada esta minha auto consciência ao
respeito e logo sendo eu mesmo ambientalmente exigente comigo próprio, a partir
de que aquém ou além de fazer uma fogueira como a que fiz hoje para queimar
algumas tábuas, mas que pela adição do estrado duma cama acabou por fazer mais
fumo do que o devido ou suposto, ser em si mesma uma falta ambiental
oficialmente instituída e penalizada por lei ou não, no entanto eu mesmo me
auto penitencio confessando o acto em causa, mesmo que entretanto tendo eu
retirado o estrado de madeira que estava causando o fumo mais inusitado, evitando
enquanto tal que o mesmo continuasse a fazer mais fumo do que o minimamente
indispensável ou razoável, como seja genericamente quase imperceptível.
Mas
que já agora ao auto confessar esta minha “pequena” unilateral falha ambiental própria
_ ainda que todos os males ambientais que viessem ao mundo fossem derivados de
lareiras ou de pequenas queimadas domésticas _, tão pouco posso nem quero deixar de
acrescentar que em tempos idos já me vi a mim mesmo enquanto funcionário duma
empresa, ao serviço duma outra empresa, numa situação de múltiplas faltas
ambientais do mesmo género, com várias queimadas por dia e durante vários dias
a nível industrial, por si só à beira duma estrada nacional, onde passando o
mais variado tipo de autoridades oficiais, inclusive autoridades ambientais por perto, no
entanto jamais vi alguma dessas mesmas autoridades sequer tentarem saber o que
se passava. O que me levou a auto concluir que ou existia uma licença oficial
legal para fazer aquelas múltiplas queimadas e as correspondentes autoridades
sabiam disso ou então simplesmente tal acto não é ilegal e como tal eu hoje tão
pouco cometi qualquer falta ambiental, ao menos do ponto de vista legal, ainda
que tão pouco e acima de tudo tenha deixado de cometer essa falta, desde logo perante
a minha auto-consciência ambiental própria _ mesmo que “compensatoriamente” eu
já tenha plantado de facto e materialmente milhares de árvores, mas as virtudes
nem sempre nem por vezes de todo cobrem os inversos defeitos, além de que ressalvando
as devidas distâncias comparativas, não se vai por exemplo matar uma pessoa só porque entretanto se salvaram
dez… pessoas.
Mas
com tudo isto onde eu quero verdadeiramente chegar é à razão de ser mais
profunda subjacente ao mesmo, que no caso é à falta de conscienciosa e harmónica ligação
de entre a humanidade e o meio ambiente natural modo geral e atmosférico/climático
em particular. Em que por exemplo durante séculos ou por si só milénios se pensou
que quer os recursos quer o ambiente naturais eram inesgotáveis e como tal
foi-se humanamente usufruindo, não raro usando e abusando mais ou menos indiscriminadamente. Mas sequência
de que o maior problema ainda é que actualmente já com plena consciência de que
os recursos e a saúde ambiental são de facto esgotáveis, há no entanto uma
genérica cultura vigente que é a cultura económica/financeira que exige não
necessária e em parte sequer absolutamente equilíbrio na relação da humanidade
com a natureza, mas sim o continuo e imparável crescimento económico/financeiro
em si mesmo, com este último por seu turno a exigir mais e mais consumo humano;
respectivamente o consumo humano a exigir mais e mais industrial exploração directa
ou transformadora dos recursos naturais por um lado, com ainda correspondente
agressão dos recursos naturais por derivação dos detritos/resíduos industrias
por outro lado. Tudo isto dependente ou independentemente de leis ou de não
leis e/ou do respectivo respeito ou desrespeito por essas mesmas leis
ambientais, industriais ou outras.
Mas
tudo tanto mais alarmante ainda quando por um lado estão os factores culturais menos
evoluídos por parte de quem continua a julgar que os recursos naturais são
infinitos e como tal se acha no direito de usar e abusar; com por outro lado os
factores culturais mais civilizacional, por si só mais económica/financeiramente
evoluídos a exigirem constante e permanente crescimento económico/financeiro
que por inerência exige que se use e abuse dos recursos naturais. Em que por
exemplo e pelo menos até há cerca de meia dúzia de anos atrás não deixava de
ser legal pescar industrialmente, por exemplo todas as toneladas possíveis de duas
ou três espécies de pescado mais económica/financeiramente valorizado nos
mercados humanos, nem que para isso tivesse de entremeio “arrastar-se” e de respectivamente
deitar-se borda fora o triplo, o quadruplo ou quíntuplo de toneladas duma série
doutras espécies de pescado menos valorizado ou mesmo de todo não valorizado
económica/financeiramente nos mercados humanos, mas que entretanto eram
capturadas nas enormes e indiscriminadas redes de pesca industrial _ o que de
resto não sei até que ponto continua ou não a ser assim, porque os interesses
políticos, económicos/financeiros, culturais/civilizacionais inerentemente vigentes
têm sido poderosíssimos na preservação deste tipo de atitudes pró continuo
crescimento económico/financeiro e mas contra a preservação dos recursos
naturais. Mesmo que depois existam leis para multar quem vai pescar uma meia
dúzia de peixes lúdica, desportiva ou subsistentemente com uma cana à beira-rio ou à
beira-mar, para o almoço ou para o jantar. O que se em certa medida não
deixando de fazer sentido estas ultimas leis e eventuais multas, como por
exemplo pró respeito pela época de defeso/procriação das espécies piscatórias
e/ou para regular minimamente o factor piscatório desportivo/pessoal, mas no
entanto e perante os inauditos crimes industrias acima citados, por si só em grandes barcos industriais, a correspondente pesca a cana
é uma mera insignificância _ e eu estou à vontade para falar ou escrever ao
respeito porque até nem sou pescador sequer de cana, mas sempre que naturalmente possível
consumo peixe quer pescado à cana quer pescado industrialmente, por parte de quem efectivamente o faz, mais sensata ou insensatamente do ponto de vista ambiental e por si só Vital. A partir de
onde ainda entram outros factores, como por exemplo quando saem leis que
contrariam a cultura e/ou a tradição sociocultural vigentes desde há muito ou em
alguns aspectos mesmo desde sempre, como designadamente a que acha que os
recursos são inesgotáveis, mas também a que acha que a economia financeira está
acima de tudo, levando a que não só haja forte resistência sociocultural e/ou
tradicional a quais queres leis de protecção da natureza, em que por mais significativos
e consequentes exemplos dessa resistência estão os que como e quando forem as
correspondentes autoridades oficiais a fecharem muitas vezes os olhos quer
aos abusos industriais, porque desde logo não se vai penalizar uma empresa e
menos ainda uma industria que emprega dezenas, milhares ou mesmo dezenas de
milhares de seres humanos e depois se sendo-se minimamente coerente e sensato a
partir do anterior tão pouco se vai multar a torto e a direito o individuo que
vai meramente pescar meia dúzia de peixes à cana para o almoço, para o jantar
ou para comer com os amigos. Base e sequência de que entretanto leva anos,
perdão décadas a mudar mentalidades, culturas, interesses e/ou tradições instituída/os
desde há muito ou desde sempre. E atenção que fui buscar o exemplo da pesca, porque afinal de
contas o Oceano é onde menos imediatamente se vêm os estragos humanos produzidos
no mesmo, mas podia ter ido buscar uma infinidade doutros exemplos; desde à
agricultura intensiva e extensiva e/ou à indústria em geral…
Agora
se a tudo o anterior adicionarmos o imparável crescimento da população humana a
nível global, com todas as pressões tão só pró mera subsistência básica humana,
que tanto pior se pró continuo crescimento económico/financeiro de todos e de
cada qual, imagine-se para onde estamos caminhando! Que até por isso os meros breves
minutos em que hoje por acção pessoal própria produzi mais fumo do que era suposto
à partida, já me foi e é motivo de auto penitente confissão dessa falha ambiental própria. Mas
se quando eu auto considero esta minha “pequena” falha ambiental própria motivo
de auto penitente confissão, no caso publica, então imagine-se a sociedade humana modo geral que por norma vive de costas voltadas para o meio ambiente natural, enquanto tal está ou estará ambientalmente condenada desde há
muito _ aquém e além de leis e/ou de não leis humanas e sua respectiva maior ou
menor aplicação ou não ao correspondente respeito ambiental!...
VB
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