segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Decadente ciclo vicioso

            Nem de perto, nem de longe quero julgar o todo por mim próprio ou pela minha experiência de proximidade. Mas no caso também por mim e pela minha experiência de proximidade, que de resto me confere a legitimidade de conhecimento próprio e/ou próximo, sem natural prejuízo de quem discordar, tão pouco quero deixar de dizer/escrever o seguinte acerca da desequilibrada ligação humana com o meio ambiente natural. Seja que no caso, também, com base em mim e na minha experiência de proximidade própria digo que:

            _ Por si só derivado de acção humana, está cientificamente comprovada a contínua e não raro perniciosa alteração climática. Sendo que o “cientificamente comprovado” é muito importe, porque desde logo quando a humanidade tem um interesse próprio, que até logo à partida pode deixar todas as dúvidas com relação aos perniciosos efeitos desse unilateral interesse humano na vida em geral, por si só na vida ambiental e planetária, mas desde que não haja uma lei política/judicial, inclusive derivada de parecer científico, como seja havendo um designado “vazio legal” e logo a humanidade avança para com a satisfação do seu unilateral interesse próprio inerente, se acaso tão mais vorazmente quanto na suspeita que a cautelar ou impeditiva lei política/judicial surja a qualquer momento _ sendo ainda que mesmo após constituição de leis políticas/judiciais em nome do todo humano/vital/planetário, ao menos parte da humanidade avança até mesmo ao arrepio da lei em seu unilateral interesse próprio, incluindo ou excluindo ainda que por vezes e certas leis políticas/sociais são só para “inglês ver”(*) e/ou mal instituídas em si mesmas, enfim o rol da complexa ou complicada existência humana é mais ou menos infinito, não raro como no caso concreto às custas do mais vasto bem ambiental, vital ou planetário e por isso a prazo também humano. Mas de entre o que regressando às alterações climáticas, por minha experiencia própria e de proximidade, inclusive em parte confirmada cientificamente, as temperaturas climatéricas têm vindo a subir continuamente no tempo, tão só nos últimos quatro anos têm sido sucessivamente batidos os recordes de temperaturas mais altas face ao ano anterior e/ou desde que há medição cientifica dessas mesmas temperaturas médias e/ou absolutas, em especial no Inverno. O que por seu turno leva a uma, aqui sim, minha constatação própria, que é o facto de cada vez menos se notar a diferencia entre Inverno e Primavera, sendo que no corrente ano de 2016, creio mesmo que quando chegar a Primavera no calendário, já estaremos no final da Primavera climática real. Seja que no presente momento, em finais de Fevereiro, já todas as flores campestres/silvestres estão em final de ciclo vital e a Primavera no calendário só se inicia a 21 do próximo mês de Março. O que por seu turno me leva a notar também que há já cerca de um mês a esta parte que, aos menos, os pardais que fazem ninho no telhado cá de casa, carregam pastos e penas para a execução desse mesmo ninho, levando-me a pressupor que o mesmo se passará com a generalidade da restante passarada silvestre. Crendo ainda eu que isto derivado precisamente ao genérico aumento das temperaturas médias e à cada vez mais quase ausência de Inverno climático propriamente dito _ quer ao nível de precipitação quer de tempo verdadeira e continua/consistentemente frio, ao menos na minha região e vastos arredores. Tudo isto, ao menos parcialmente também sob parecer cientifico humano, derivado da própria acção humano no ambiente climático, designadamente por via da poluição atmosférica.

            Ou seja por perniciosa acção no ambiente climático, que leva ao aumento médio das temperaturas climáticas globais e por seu turno, ao menos segundo minha observação própria e/ou de proximidade, levando também ao antecipar da época de nidificação das aves silvestres, no entanto e como se tudo isto não bastasse, ainda ontem mesmo (20-02-2016) caçadores humanos disparavam as suas armas obstinadamente, creio eu que contra aves como tordos e/ou afins _ ao que acresce que por minha própria experiencia de caça em tempos idos, sei por A+B que há muito quem dispare sobre tudo o que naturalmente mexa(**), quer seja legal ou ilegal e humanamente aproveitável ou não. Mas que restringindo-nos aqui à faceta legal de ainda se caçar em finais de Fevereiro, quando ao menos algumas aves já começam a nidificar, me parece a mim um múltiplo crime ambiental humano, a adicionar ao crime ambiental humano sobre o clima que leva ao aumento médio das temperaturas climáticas globais, com consequência sobre a época de nidificação avícola.  

              Resumo de que o decadente ciclo vicioso que é por si só a acção humana no e sobre o ambiente natural (fauna, flora e clima) me parece a mim imparável, pelo menos até terminar por levar à própria e directa ou indirecta decadência humana dai derivada como um todo e a mais curto, médio ou longo prazo, por já não dizer que assim é continuamente desde há muito e cada vez mais aceleradamente. E não com isto não estou nem pretendo estar a ser profeta da desgraça; estou ou pretendo estar sim a apenas alertar para a mais ou menos óbvia (con)sequência dos factos e logo para a tanto quanto possível positiva reversão destes últimos, que aqui sim me parece pessimistamente que tal não venha a ocorrer por própria e massivamente consciente/sensata acção humana.

            Que já agora e só a terminar este concreto raciocínio, devo ainda dizer que comecei a caçar quando inclusive nem sequer tinha idade legal para tal, mas rapidamente me apercebi que a caça tal como humanamente praticada não me interessava, nem me interessa sob e sobre muitos aspectos e formas, pelo que me auto afastei o mais literalmente possível dessa dimensão humana, ao menos para evitar ser mais um a contribuir para a desgraça ambiental geral. Não necessariamente porque a caça da perspectiva humana tenha de ser invariavelmente confundida com a desgraça ambiental geral, mas muitas das práticas, modalidades e/ou teorias acerca desta última sim que contribuem para a desgraça ambiental geral, de resto como muitas outras múltiplas facetas, modalidade de acção, com base em meras teorias humanas. De resto não duvido que de entre os caçadores haja quem ame verdadeiramente a natureza, mas sei eu por observação (visão, audição e constatação) própria que a maior e melhor ligação de muitos humanos têm com a natureza é essencial e acima de tudo por via da caça ou seja por via do que podem retirar materialmente da natureza, no caso também por via da caça, e não por qualquer outro tipo de ligação com a natureza selvagem, em especial sem ser duma perspectiva de retirar materialmente algo desta última e em unilateral interesse humano. De resto estou mesmo certo e seguro que determinadas pessoas (caçadores) humanos amam mais as suas armas de caça e o que podem fazer com elas do que amam a própria natureza enquanto tal, dependente ou independentemente de ser-se caçador implicar amor ou desamor pela natureza. Seja ainda que sei eu haver pessoas, cultural/vivencialmente, incapazes de retirar mero proveito espiritual da natureza, pois que para as mesmas tem de haver sempre um interesse material, palpável, económico ou qualquer outro equivalente pelo meio ou mesmo acima de tudo, por exemplo como me disse alguém (um caçador) há algum relativo tempo atrás: _ “se não for para ir à caça, dar uns tiros, o que é que mais vou fazer para o campo?!”… “eu gosto do campo por causa da caça!(***). O que digo eu que é uma perspectiva profundamente redutora do campo, por si só do ambiente natural modo geral. Mas, em parte, é também esta a humanidade que lamentável, mesquinha, unilateralista, corporativista e decadentemente temos e somos!

                                                                                              VB

(*) Por exemplo na era, em pleno Séc. XXI, em que tanto se fala de protecção Ambiental, havendo cimeiras ao mais alto nível político internacional pró Ambiente, em que há Ministérios de Ambiente nos diversos governos nacionais, em que se gastam milhões em estações de tratamento de resíduos, em que há muitas respectivas leis pró Ambientais, em que por si só se multa um singelo cidadão por fazer uma simples figueira no próprio quintal, etc., etc., etc., mas ao mesmo tempo há industrias que mais ou menos sistemática, descarada, directa e por si só impunemente despejam resíduos industriais altamente destrutivos do meio Ambiente natural, como por exemplo sucede no rio Tejo. Tudo em nome do lucro económico/financeiro, no caso concreto dessas mesmas empresas e suas administrações, se acaso cínica, hipócrita e no limite chantagiantemente escudadas no argumento de que produzem emprego, no caso concreto num País como Portugal com escassez deste último. Do mal, o menos que do outro lado, também em nome do lucro económico/financeiro ou pelo menos em nome da própria subsistência mais básica estão os pescadores do Tejo, que começaram a dar visibilidade publica e pró judicial ao caso da sistemática poluição industrial do Tejo. Ainda que para uma humanidade devidamente sensata, consciente, racional, inteligente e vitalmente culta devia em qualquer caso ser uma prioridade manter o Ambiente natural o mais limpo e saudável possível, aquém e além de interesses económico/financeiros ou outros de mero e unilateral interesse humano, pois que muitos interesses humanos são meramente humanos sem mais, ainda que com variantes como a de diversa ou mesmo oposta forma desses mesmos interesses de entre uns humanos e outros, enquanto a utilidade do Ambiente natural é absolutamente transversal a toda a humanidade. Mas como a utilidade Ambiental para o ser humano é dum interesse mais imediatamente indirecto e/ou subjectivo para a não raro imediatista e materialista humanidade, logo o interesse humano no meio Ambiente natural é algo que fica genericamente em segundo, terceiro, quarto, quinto ou indefinido plano, face à qualquer mais directo e imediatamente palpável interesse materialista, mesmo que às custas do mais vitalmente transversal meio Ambiente natural. A partir de que seja qual for o desfecho deste caso dos pescadores do Tejo versos industrias poluidoras do rio, como muitos outros idênticos, uma coisa é certa e que é o facto de que as leis, as regras, os rigores, etc., pró Ambientais do mero ponto de vista humano não são bem, nem todo o tempo para todos e que salvo hajam directos interesses humanos de entre meio, em que uns desses interesses até coincidam minimamente com a preservação do meio Ambiente natural, de resto este último parece não importar em absoluto para a própria humanidade, mesmo que mais tarde ou mais cedo e duma ou doutra forma a humanidade acabe por pagar caro, não necessária ou essencialmente nas instituições políticas ou judiciais humanas, mas sim através do próprio Ambiente natural, as respectivas agressões que faz a este último; só que como regra geral a humanidade tem vistas curtas e interesses tão imediatistas quando egoístas, unilateralistas e corporativistas, respectiva sequência de entre o que o meio Ambiente natural por si só vale pouco para grande parte da humanidade e não vale mesmo absolutamente nada para significativa parte dessa mesma humanidade _ salvo pelo unilateral proveito que a humanidade retira do mesmo, já seja pelo que a humanidade colhe como matéria-prima do e no meio Ambiente natural ou pelo que respectivamente a humanidade despeja residualmente e indiscriminadamente no meio Ambiente natural. O que em qualquer dos casos e ao respectivo crescente nível de conhecimento cientifico acerca da acção humana sobre o meio Ambiente natural com correspondente risco para a própria existência humana, pode chegar a pressupor e que para mim pressupõe de facto um imenso crime não político/judicial, mas sim Vital/Universal da humanidade face ao meio Ambiente natural de que neste ultimo caso a própria humanidade é parte integrante e (inter)dependente.   

(**) Neste ponto quem me conhece, se acaso até para interessadamente desviar as atenção do essencial dirá: pois essa ou uma dessas pessoas é ou será o teu pai. Ao que eu tenho de acrescentar que sim, o meu pai foi um caçador inveterado durante décadas, que inclusive chegava a caçar extra temporada legal e por isso também chegou a ser apanhado e sancionado legalmente. Mas ao que aqui me refiro ultrapassa em muito o meu pai ou apenas meia dúzia de elementos humanos, caçadores, que de resto e na maioria dos casos até respeitam ou respeitarão a época legal de caça, mas que depois dentro desta última e ao menos tomando por base o tempo em que eu convivi com o meio, imagino que continuem a usar a abusar de certas práticas menos ambiental ou até legalmente correctas, incluído o próprio regime legal que rege o sector da caça que não raro me parece ele mesmo abusivo do meio ambiente natural, como por exemplo no final de Fevereiro ainda se andar legalmente aos tiros, creio eu que contra os tordos, incluindo ainda que há sempre quem dispare, nem que seja só por disparar sobre outras aves extra legalmente. Tudo isto quando o próprio aquecimento climático global está a levar, ao menos, algumas aves a nidificar cada vez mais cedo. Pelo que eu pessoalmente não sou propriamente contra a caça, da perspectiva humana, sou sim contra ou como mínimo tenho muitas reservas com relação a muitas práticas humanas dentro do factor caça da própria perspectiva humana, de resto numa humanidade sob e sobre muitos aspectos cega para a mais vasta multiplicidade de dimensões vitais, aquém e além de imediatos e unilaterais interesses humanos, que não raro até meramente pessoais ou corporativos dentro da própria humanidade, tudo aquém e além da mais vasta e interactiva multiplicidade vital/natural. Ah! E finalmente, pelo menos que eu saiba, o meu pai não caça legal ou ilegalmente há já mais de uma década.    

(**) Eu por exemplo nasci, cresci e vivo no campo. No entanto não é necessário ser tempo de praia, nem sequer de ir à praia para eu gostar do mar e de, na medida do possível, me interessar pelo que se passa no e com o mar por si só ou tanto mais se sob acção humana.   

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