terça-feira, outubro 23, 2012

A Nu

              Inclusive de entre escrever para tão só necessitar sobreviver e sobreviver em e por si só, reitero que ando com pouco tempo ou disponibilidade espacial, temporal e física para (auto) rever, corrigir e complementar o que, apesar de ou até por tudo, não consigo natural e espontânea e impulsiva ou compulsivamente evitar de escrever. Mas em que não conseguindo evitar escrever e subsequentemente publicar o que escrevo, com vossa licença e/ou perdão, se acaso e sem naturalmente alterar a sua essência, vou revendo, corrigindo e complementando o que e como escrevo em primeira instância, mesmo após publicado. Pelo que sem prejuízo do seguinte enquanto tal, reservo-me o direito de o rever, corrigir ou complementar segundo natural e espontânea ou objectiva e recorrente necessidade de o fazer ou não!? 

            Cresci com a culpa católica, de Jesus Cristo ter morrido para remissão dos meus próprios pecados; cresci com a culpa de ser eu, quando a individualidade valia pouco ou nem era conveniente; cresci com a culpa de ser pobre, porque isso era coisa de gente que não se podia valer por si só _ com todos os riscos inerentes! Sendo que nesta última acepção, de gente pobre não se valer por si só, o facto é que por mim próprio fracassei ao fundamental nível interpessoal, social e curricular escolar, em recorrente, oportuna e pró afirmativa alternativa procurei apostar no factor sócio-desportivo de índole física, mas aquém e além das minhas potencialidades técnicas ou outras para tal, o próprio físico falhou organicamente; o que em associação a tudo o resto, como por global exemplo, um contínuo fracasso pessoal e existencial modo geral, excepção feita para a mais básica auto subsistência, me levou a odiar-me a mim mesmo, neste caso com ressalva para o que e/ou quem externamente a mim, me suscitava algo de vitalmente positivo.

            Mas, entretanto e precisamente com base no que e/ou em quem me inspirava algo de vitalmente positivo, fiz ou tenho feito o que para mim foi ou tem sido um imenso, por vezes até mesmo um incomensurável esforço pró positivo e objectivo. Mas de entre o que a espaços e/ou em determinadas circunstâncias foi e é como se a minha vida não valesse por si só e enquanto tal foi ou é como se eu tivesse de (re)inventar uma vida própria, com tendência a refugiar-me numa realidade paralela, no limite numa realidade esquizofrénica, autista e/ou maniqueísta, por exemplo com base no que as outras pessoas ou o culto sociocultural envolvente espere de mim ou ao menos com base no que e como eu próprio penso que o exterior espera de mim, na media em que deixei de esperar o que quer que fosse de mim e por mim próprio. Resultado de que por exemplo há dois fins-de-semana atrás, como algo que há muito não sucedia, até porque sinceramente o havia auto assumido como algo que em tempos idos chegou a ser recorrente em mim, no caso fiz uso duma mentira, que só não digo ter sido uma mentira inocente porque, ainda que a mesma não envolvesse outras pessoas nem algo de transcendente importância, no entanto não acredito em mentiras inocentes, desde logo quando no presente caso a minha mentira me remete para uma realidade paralela, aquém e além de qualquer realidade objectiva e factual, sem esquecer que se a mentira em causa chegasse ou chegar a ser descoberta, com tudo o dai derivado, como no limite podendo levar à quebra de confiança doutras pessoas, na minha própria pessoa!

            Tudo com base numa inocente mentira, que enquanto tal não é tão inocente assim! Na circunstancia mentira para tão só evitar ter de estar a justificar coisas pessoais que não me apeteceu justificar, ainda que duma forma, que não vem agora ao caso, tenha sido eu próprio a criar essa necessidade de justificação perante o exterior, que tanto pior ainda quando num meu acesso de carência de autoconfiança, de auto estima ou por si só de positividade e de objectividade própria, acabei por me justificar, por assim dizer, duma forma personalizada e se por possível acaso (auto) valorizante, ainda que com base numa mentira _ acerca do que nem há necessidade de estar a fazer grandes especificações ao respeito, porque tudo o inerente é suficiente ou mesmo demasiado mesquinho e ridículo, para dever ir descritivamente mais além ao respeito. No caso tudo isto após anos dum meu esforço pró positividade, objectividade e sinceridade própria, por e para comigo mesmo e respectivamente perante e para com o exterior, a um ponto em que ironicamente por vezes as outras pessoas chegam a não acreditar em mim, precisamente por eu estar a ser sincero e objectivo! Em especial quando eu faço uso duma sinceridade e objectividade que não é muito comum, como por exemplo ao auto assumir inclusive o efectivo ou potencial pior de mim mesmo, para além do que é comum fazer-se. Sendo que pela inversa há verdades, especialmente positivas que eu nem me atrevo a contar, por um lado porque o que em regra as pessoas conhecem de mim tem aparentemente pouco ou nada que ver com essas verdades e depois porque as mesmas servem acima de tudo para alimentar positivamente o meu próprio Ego, especial e precisamente quando a minha corrente normalidade própria o não alimenta!  

            Mas de entre o que o facto é que com uma “pequena” e “inocente” mentira pode-se estragar anos de não raro sacrificado esforço pró objectividade e sinceridade própria. Com todas as consequências inerentes a essa degradação, como por reiterado e destacado exemplo, a perda de confiança por parte do exterior em mim, na subsequente melhor das respectivas hipóteses com pró positiva e objectiva auto flagelação, reflexão e austeridade da e pela minha parte. Sendo que inclusive senti necessidade de imediatamente à altura escrever o presente e de agora à posterior também o dever expor ao exterior, para precisamente me libertar do peso dessa mesma mentira, em especial após anos de esforço, senão directamente contra esta última, ao menos ou ao mais em prol da _ vulgo _ verdade ou realidade dos factos.   

            Global sequência, que com todas as suas causas, efeitos e consequências enquanto sub e sobresequentemente inerentes à minha vida desde globalmente sempre e até ao presente momento, que por não menos destacado exemplo inclui esta minha pró vital, sanitária ou subsistente necessidade de escrever; sendo que no que e como eu escrevo, tanto mais ou menos que uma realidade objectiva e concreta ou subjectiva e paralela _ sem lugar a mentiras ou a verdades, mas tão só com lugar a Ser e/ou a Estar enquanto tal _ aqui sou e estou eu mesmo, essencialmente, a Nu!

                                                                                              VB    



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