sábado, outubro 06, 2012

Margarida Marante

           Não vou aqui tecer grandes considerações pessoais e muito menos juízos de valor, no caso vou acima de tudo expressar grosso modo o significado desta mulher, com extensão às mulheres da altura, inclusive às de equivalente nível e estatuto a Margarida Marante _ que na circunstancia entrevistava profissional e logo como mínimo aparentemente de igual para igual, não só elementos do género masculino, como ainda e acima de tudo os distantes mas também permanentemente omnipresentes e omnipotentes deuses da governação, por si só os máximos representantes das mais diversas autoridades nacionais nas suas múltiplas vertentes políticas, sociais, culturais, securitárias, etc., que há altura estavam esmagadora e em muitos casos mesmo literalmente assentes em elementos masculinos.

            No caso para dizer que ao ter eu nascido do género masculino, no final dos anos sessenta, como seja em pleno culto machista/paternalista e opressivo/repressivo, tudo tanto mais assim se quando e enquanto também em plena e semi analfabeta província rural. Como seja em que tão só enquanto criança e tanto mais se criança pobre devendo eu muito mais que positivo respeito, mesmo incondicional obediência a uma infinidade de hierarquias superiores (pai, mãe, mais velho, mais rico, social e politicamente reconhecido, etc., etc., etc.). Em que por exemplo e para mim a classe política e tanto mais se classe política de topo eram uns seres muitíssimo distantes, ainda que e/ou até porque omnipresente e omnipotentemente consequentes, em regra ou mesmo em absoluto pelo masculino. Desde logo num contexto sociocultural em que salvo as devidas excepções e intermédias variantes, por si só e em regra o género feminino devia obediência ao género masculino. E eu que enquanto criança pobre, derivada de meio sociocultural rural, humilde e semianalfabeto, inicialmente sem genérico acesso a realidades extra locais, nem sequer via televisão a que só passei a ter acesso por volta dos sete ou oito anos de idade, de entre o que mesmo enquanto pertencendo eu ao género masculino acabava devendo, não raro, incondicional obediência, directa ou indirecta, a (quase) tudo e todos.  

            Tudo isto numa global sequência de causas, efeitos e consequências prática(o)s que não cabem descritivamente no presente contexto, nem o objectivo é esse. Pelo que o que pretendo dizer é precisamente que na anterior sequência, mas em dissonância com a mesma se deu aquilo que se vulgarizou designar por “Revolução dos Cravos” _ vulgo revolução pró democrática. Em que designadamente os direitos entre pessoas, desde logo e no caso concreto entre géneros feminino e masculino passaram a ser “iguais”, mas em que tendo-me apanhado dita revolução aos meus cinco anos de idade e num contexto rural onde a dita evolução (pró) democrática chegava muito lenta e não raro contraditoriamente, inclusive via democratização dos meios de comunicação social, concretamente via rádio e televisão. 

            Tendo sido precisamente via revolucionário acesso ao mágico meio televisivo que entre outras, tomei conhecimento da existência de mulheres que pela sua beleza, inteligência, cultura, coragem e não sei o que semi descritiva ou indescritivamente mais me fascinavam, se acaso por inclusive esmagarem a (minha) prepotência masculina, como por destacado exemplo na pessoa, mulher e profissional Margarida Marante. 

            Por tudo isso, precisamente aquém ou além de considerações pessoais ou de juízos de valor, se o género feminino por si só já naturalmente me fascinava e se acaso até esmagava dalguma forma, então este superior, mediático ou até para mim virtual género de mulher, que no momento e contexto em que e como entrou referente, influente e consequentemente na minha vida, acabou marcando a minha existência duma forma decisiva que creio, espero e por si só tudo faço e farei para que seja essencialmente pela positiva, desde logo para que seja duma forma universalista e/ou pró realidade universal inerente à devida igualdade de direitos de entre todos e cada qual, no caso e desde logo de entre géneros! 

            Conclusiva e reiteradamente, aquém e além de considerações pessoais ou de juízos de valor, isso sim com a dignidade pessoal, humana, vital e universal que me é possível e/ou minimamente exigida, em honra e memória de Margarida Marante, ao menos segundo a minha original tomada de consciência da sua respectiva existência, com correspondente extensão a todas as mulheres devida, natural e positivamente emancipadas.   

                                                                                    VB
          Nota: Este foi um texto escrito e aqui postado, em qualquer dos casos tão natural e espontânea quanto improvisadamente numa mesa de café, que pelo melhor e pelo pior deve valer como tal!  
         

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