No caso
para dizer que ao ter eu nascido do género masculino, no final dos anos
sessenta, como seja em pleno culto machista/paternalista e
opressivo/repressivo, tudo tanto mais assim se quando e enquanto também em plena
e semi analfabeta província rural. Como seja em que tão só enquanto criança
e tanto mais se criança pobre devendo eu muito mais que positivo respeito,
mesmo incondicional obediência a uma infinidade de hierarquias superiores (pai,
mãe, mais velho, mais rico, social e politicamente reconhecido, etc., etc.,
etc.). Em que por exemplo e para mim a classe política e tanto mais se classe
política de topo eram uns seres muitíssimo distantes, ainda que e/ou até porque
omnipresente e omnipotentemente consequentes, em regra ou mesmo em absoluto
pelo masculino. Desde logo num contexto sociocultural em que salvo as devidas
excepções e intermédias variantes, por si só e em regra o género feminino devia
obediência ao género masculino. E eu que enquanto criança pobre, derivada de meio sociocultural rural, humilde e semianalfabeto, inicialmente sem genérico acesso a realidades extra locais, nem sequer via televisão a que só passei a ter acesso por volta dos sete ou oito anos de idade, de entre o que mesmo enquanto pertencendo eu ao género masculino acabava devendo, não raro, incondicional obediência, directa ou indirecta, a (quase) tudo e todos.
Tudo isto
numa global sequência de causas, efeitos e consequências prática(o)s que não
cabem descritivamente no presente contexto, nem o objectivo é
esse. Pelo que o que pretendo dizer é precisamente que na anterior sequência,
mas em dissonância com a mesma se deu aquilo que se vulgarizou designar por
“Revolução dos Cravos” _ vulgo revolução pró democrática. Em que designadamente
os direitos entre pessoas, desde logo e no caso concreto entre géneros feminino
e masculino passaram a ser “iguais”, mas em que tendo-me apanhado dita
revolução aos meus cinco anos de idade e num contexto rural onde a dita
evolução (pró) democrática chegava muito lenta e não raro contraditoriamente, inclusive via
democratização dos meios de comunicação social, concretamente via rádio e
televisão.
Tendo sido
precisamente via revolucionário acesso ao mágico meio televisivo que entre
outras, tomei conhecimento da existência de mulheres que pela sua beleza,
inteligência, cultura, coragem e não sei o que semi descritiva ou
indescritivamente mais me fascinavam, se acaso por inclusive esmagarem a
(minha) prepotência masculina, como por destacado exemplo na pessoa, mulher e
profissional Margarida Marante.
Por tudo
isso, precisamente aquém ou além de considerações pessoais ou de juízos de
valor, se o género feminino por si só já naturalmente me fascinava e se acaso até esmagava dalguma forma, então este superior, mediático ou até para mim virtual género de mulher, que no momento e contexto em que e como entrou referente, influente e
consequentemente na minha vida, acabou marcando a minha existência duma forma
decisiva que creio, espero e por si só tudo faço e farei para que seja essencialmente pela
positiva, desde logo para que seja duma forma universalista e/ou pró
realidade universal inerente à devida igualdade de direitos de entre todos e
cada qual, no caso e desde logo de entre géneros!
Conclusiva e reiteradamente, aquém e além de considerações pessoais ou de juízos de valor, isso sim com a dignidade pessoal, humana, vital e universal que me é possível e/ou minimamente exigida, em honra e memória de Margarida Marante, ao menos segundo a minha original tomada de consciência da sua respectiva existência, com correspondente extensão a todas as mulheres devida, natural e positivamente emancipadas.
VB
Nota: Este foi um texto escrito e aqui postado, em
qualquer dos casos tão natural e espontânea quanto improvisadamente numa mesa
de café, que pelo melhor e pelo pior deve valer como tal!
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