sexta-feira, outubro 26, 2012

Razoável & Irrazoável - I

           Aquém e além de entidades oficiais, como sindicatos, associações e/ou empresas directamente ligado(a)s ao ramo da Construção Civil (CC), ultimamente tenho também ouvido diversas pessoas que eu mesmo conheço a defenderem a tese de que a construção faz mexer a economia e desde logo o mercado de emprego, mais que qualquer outro factor sócio/económico. Algo com o que eu tenho de concordar e de resto com o que me identifico, ao menos com base no respectivo paradigma sócio/económico em que temos vivido e com base no qual evoluímos nas últimas décadas, tanto mais quanto num país como o nosso em grande medida carente do mais diverso tipo de infraestruturas em especial após meio século de conservadorismo.

            Mas a partir de que se podem e devem colocar diversos problemas ou diversas questões, desde logo no relativo a que se todas ou mesmo grande parte das infraestruturas entre tanto executadas seriam as mais necessárias ou se sequer seriam necessárias enquanto tais e/ou nos moldes em que e como foram executadas? Como por exemplo auto estradas construídas, aparentemente com base em especulativas projecções pró futuro e não em necessidades concretas e objectivas, sem sequer incluir aqui as em qualquer caso escandalosas, eu diria mesmo pecaminosas e crónicas derrapagens orçamentais inerentes. Tendo ainda por outro e não menos ou até mais substancial lado o facto de que o próprio planeta Terra tem limitações, não só ao nível de mais ou menos massiva e indiscriminada ocupação de espaços naturais, agrícolas ou outros, no caso, em prol da actividade de CC, bem como ao nível dos recursos naturais necessários a essa mesma CC, por exemplo até que ponto a crescente carência de areia nas praias, não tem directamente a ver (também ou acima de tudo) com a massiva extracção de areias do leito dos rios e seus afluentes, para fins de CC?!  

            Quero eu com tudo isto dizer que pelo melhor e pelo pior, para o bem ou para o mal, a coisa não tem de ser tão linear e absoluta assim, quer a favor quer contra o factor sócio/económico da CC ou de qualquer outro legitimamente instituído. Da minha perspectiva parece-me é que havia de ter-se tido e de ter-se continuamente mais bom senso ao respeito desde sempre, desde logo e de todo em todo com menos interesses mais ou menos unilateralistas e obscuros pelo meio, além de que parece-me a mim, ainda que sendo eu nada e ninguém ao respeito, mas também com base numa CC em significativa parte a viver à base de orçamentos inflaccionados duzentos, trezetos ou mais por cento (200%, 300% ou mais %) e com quem como a gestão do Estado se predisponha a pagar essa inflacção, no caso até mesmo um zé ninguém como eu se sente à altura de opinar ao respeito, além de que ao menos humanamente tão pouco deixo de pensar dalgum mínimo modo ao mesmo respectivo respeito, para na circunstância dizer que uma economia ou sociedade dependente essencialmente dum só sector, como no caso da CC, designadamente para a criação de emprego, é uma economia e uma sociedade condenada ao fracasso a mais ou menos curto, médio ou longo prazo _ pelo menos enquanto numa sociedade nacional, inserida numa sociedade e respectiva economia ditas de competitivas e globalizadas, a um nível tecnologicamente elevado e diversificado.

            Seja que devia-se diversificar o tecido económico e social o mais possível, por exemplo aos níveis: agrícola; piscatório; dos serviços; do turístico; da cultura; desde logo quando há cada vez mais doutores e engenheiros, em muitos casos altamente qualificados e competentes, aos mais diversos níveis, devia apostar-se também e forte no nível tecnológico, cientifico, etc., etc.. Pois que já seja pelo basicamente abordado atrás com relação ao sector da CC, em associação a uma infinidade de directa ou indirectamente relacionados erros ao nível de gestão política(*); económica; financeira; de ordenamento territorial; ambiental; social; de construção propriamente dita, tudo inerente ao sector da CC; parece-me a mim que este estaria mais ou menos condenado, ao menos enquanto também, como por assim dizer, a espinha dorsal sócio/económica que o mesmo vinha a ser nas últimas décadas, tanto mais se num País pobre e com diversas limitações, até territoriais como o nosso _ ainda que erros idênticos e ao mesmo nível se tenham efectivado em outras paragens políticas, sociais e geográficas, etc., extra nacionais próprias(**).

            A partir de que ainda que e/ou até porque haja permanentemente muito a fazer ao nível da CC, não só no relativo a obras novas verdadeira e efectivamente estruturantes e/ou com base em objectivas necessidade reais; como também e/ou acima de tudo ao nível de recuperação de edifícios públicos e particulares antigos, que por exemplo e desde logo ao nível do Estado chega a ser escandaloso que se deixem degradar edifícios, inclusive de inestimável valor histórico/arquitectónico e/ou ainda de prática utilidade dos mesmos, como por exemplo ao nível de esquadras de policia(**) e afins, para designadamente se construírem por exemplo auto estradas, que quem quer que seja saberá dizer objectivamente para o que servem e/ou ainda por exemplo edifícios públicos pró culturais, que sendo necessários, não raro é muito discutível quer a funcionalidade, quer os custos dos mesmos, como por exemplo a Casa da Música no Porto  que para além dos seus elevados custos, inclusive alguns artistas, contra sensualmente, se queixam de não possuir boa acústica. O que enquanto tal e se ao mesmo adicionarmos as inevitáveis, crónicas e não raro escandalosas derrapagens orçamentais, em especial ao nível das Obras Públicas, como mínimo acaba por ser tudo muito, eu diria mesmo muitíssimo questionável ao longo de anos, tendo por base o por si só útil e necessário sector da CC.

            Pelo que CC, claro que e necessariamente sim. Mas no caso uma CC com pés e cabeça e/ou com razoável utilidade e não com base na irrazoabilidade em que a mesma tem vivido nas últimas décadas _ ainda que em grande parte não por responsabilidade da própria, que se acaso e por si só se limita a defender os seus unilaterais interesses, pelo que também e acima de tudo com respectiva e acrescida responsabilidade dos seus interlocutores, desde logo dos seus contractuantes, especialmente ao nível do Estado, que inclusive também legisla ao respectivo respeito e não raro exige, via legal, ao particular ou ao privado aquilo que o próprio Estado muitas vezes e de muitas formas não cumpre, entre outros também ao nível da CC aplicada às respectivas Obras Públicas!

                                                                                              VB 

            (*) A este nível acrescentarei uma sequela deste Razoável & Irrazoável, na medida em que é algo extenso, particular e concreto o que escrevi ao respeito, para o poder e quiçá até dever expor como algo semi independente em e por si só, o que farei na imediata sequência do presente, no caso sob titulo de Razoável & Irrazoável - II.       

            (**) ...em associação a uma noticia radiofónica relativa à crise económica e social _ salvo erro _ na Galiza (Espanha) tendo por base central a própria crise na CC local, tal como em Portugal e noutras partes do globo, respectivamente esquadras de policia, que eu não quis deixar de referir em concreto, desde logo porque uma das pessoas que  no seu conjunto me inspirou a escrever tudo o presente e/ou transacto, foi um meu amigo que é agente policial, designadamente por já mais duma vez esse meu amigo me ter referido que: com estagnação do sector da CC, foi e é uma série de subsectores (carpintaria, ferragens, alumínios, inclusive restauração, etc.,etc.,) que também estagnaram; o que associado ao facto de que efectivamente algumas esquadras ou quartéis das forças de segurança do Estado estarem em decadência física/estrutural, não pude deixar de o referir muito em concreto.                


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