Não
sendo eu _ que escrevo o presente _ empresário, doutor ou sequer profissional do
que quer que seja, no fundo sendo eu nada
e ninguém, no entanto e/ou até talvez
por isso, ainda que indirecta e virtualmente através do presente devo dizer ao
Dr.º António Borges que:
Por um lado
não posso discordar de todo da sua perspectiva, porque alguma razão vital, universal,
social, económica ou qualquer outra a mesma deve conter, de resto e com ressalva para as quantitativa e qualitativamente maiores ou menores excepções, desde logo concordo com o Senhor Doutor, pela vertente de que de facto durante anos ou mesmo durante as duas últimas décadas, andamos regra
geral e transversalmente a viver em bicos
de pés ou seja de facto acima das nossas
possibilidades e que agora tenha-mos sacrificadamente de assentar os pés devidamente no
chão, não tenho a mais ínfima dúvida.
Mas a
partir daqui tenho e devo dizer também que:
Por outro
lado, a Vida não começa nem termina na faculdade do Sr.º Doutor, nem respectivamente
no seu Curso, nem na sua Sabedoria, nem nos seus conhecimentos Técnicos, nem muito
menos ainda na sua opinião. Além que não me vai dizer que significativa ou que até enquanto tal maioritária responsabilidade da situação “critica” e “austera”
em que estamos mergulhados não é também e/ou acima de tudo de pessoas que
estudaram nas melhores faculdades, que tiraram os melhores cursos, que têm os
melhores conhecimentos técnicos e afins, como por exemplo e desde logo
banqueiros e economistas em geral, que enquanto grandes elites gestoras do próprio País, não só não conseguiram prever e precaver
a situação actual, como até e acima de tudo enquanto médias ou superiores
elites políticas, sociais, económicas, financeiras e afins contribuíram duma ou
doutra decisiva forma para a mesma “crise”, desde logo em muitos casos
sustentando ou patrocinando, por exemplo, via crédito barato e (quase ) ao desbarato, o respectivo viver em bicos de pés ou acima das nossas capacidades, no caso concreto a nível nacional mas com pré, pró e pós repercussões internacionais modo geral, tudo com o mercantil e/ou liberal fito no lucro, vezes o lucro, mais
o lucro, vezes o lucro até ao infinito ou pelo menos até à "crise"!...
E que
inclusive para mesmas ditas elites liderarem agora o processo de (pseudo) saída
da “crise” e da “austeridade” actual, têm de contar com a ajuda do Estado ou
com a ajuda Internacional via Estado, em qualquer caso com sacrifício da população em geral, tudo como se nada fosse com essas
mesmas elites que em qualquer caso parecem ser sempre donas da razão, se acaso
de toda, qualquer e indiscutível razão!
Enfim quero
eu reiteradamente dizer que a vida não começa nem termina na sua faculdade, no
seu curso, nem sequer nos bons cursos
de muita outra gente junta, neste último caso incluindo ou excluindo o Senhor Doutor. Pelo que
salvo a imodéstia e o atrevimento, talvez fosse por si só bom ou pelo menos
algo melhor o Senhor Doutor António Borges moderar um pouco o tom e as
expressões que profere, porque a sua razão é apenas e tão só a sua razão, pois
que há seguramente muitas outras razões, convergentes ou divergentes com a sua e
mas desde logo aquém e além da sua! E que em muitos casos as razões de muita
outra gente, não têm de ser ou de estar vital e universalmente mais certas ou
erradas que sua, creio eu que em última instância são ou serão tão só diversas
da sua, que de resto parece-me a mim que a própria vida tal como (terrenamente)
a conhecemos, está por si só composta de diversidade e depende inclusive da
interactividade dessa mesma respectiva diversidade!
De
resto só de há relativamente poucos anos a esta parte se pode dizer que há uma geração ou pelo menos uma vasta faixa populacional em Portugal com
formação média ou superior, coisa que até há uns respectivos poucos anos atrás era privilégio duns
quantos natural ou circunstancialmente eleitos _ que em muitos casos não
incluía, nem ainda inclui significativa parte da própria classe empresarial e muito menos da classe laboral intermédia e de base! Pelo que só
por isso há uma imensa diversidade entre o Senhor Doutor e uma (ainda!) muitíssimo
vasta maioria nacional _ que enquanto esta última liderada a partir do topo também ou
acima de tudo por doutas e superiores entidades, nem assim e/ou até por isso
deixou de cair em “crise” e em “austeridade”!
E que já agora quando em Portugal se pedem sacrifícios ao povo, às famílias, ao todo comunitário interno, por um lado e demasiado frequentemente o resultado desses sacrifícios não coincide com o proposto ou prometido à partida como justificação para os sacrifícios, que não raro até bem pelo contrário; além de que por outro lado, mesmo que o resultado fosse ou seja o positivamente desejado, anunciado ou prometido, até pelos antecedentes de sempre, não é de todo garantido que esses resultados sejam repartidos equitativamente por todos, pelo colectivo _ inclusive mesmo enquanto sob liderança de doutas elites! Ao estilo de quando a coisa dá lucro é minha e é para mim, já quando dá prejuízo é nossa e é para a gente pagar em conjunto.
Enfim os motivos para desconfiarmos ou desacreditarmos uns nos outros: as elites no povo; os governos nos governados; os ricos nos pobres; os políticos da sociedade civil; etc., etc., com todos os seus respectivos inversos, continua a ser algo com forte razão de ser, neste efectivamente belo e formoso País à beira mar plantado.
Finalmente até enquanto eu nada e ninguém e/ou com base nas minhas humildes e obedientes origens socioculturais, familiares e existenciais, que eu não terminei de transcender positivamente, desde logo nem me deveria estar a referir e/ou se acaso muito menos a dirigir a alguém como o Senhor Doutor, mas que enquanto fazendo-o eu de facto, por inerência não sei se e até que ponto esta minha perspectiva é vital e universalmente melhor ou pior, mais ou menos consequentemente valida, etc., que a sua, no entanto pelo melhor e pelo pior, a mesma aqui está e fica, dependente ou independente de convergente ou de divergente da e com a sua própria perspectiva, Senhor Doutor António Borges.
Grato pela
atenção, com pedido de perdão por qualquer inconveniente:
VB
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