A partir de
que para mim todos os partidos e ideologias têm a sua razão de ser e de
existir, até porque todos são compostos por pessoas, o que em si mesmo justifica
e legitima essa sua existência _ salvo que se todas e cada uma das pessoas fosse(m) tão complexas e plenas quanto devido, quiçá a existência de partidos e de ideologias, politico(a)s, ficasse muito atenuada ou mesmo esvaziada!
Incluindo que antes,
durante e depois dos partidos e/ou das próprias ideologias políticas, estão os
colectivos regionais, nacionais, por si só humanos, vitais e universais; sendo
que não raro os partidos e as ideologias despendem tanto ou mais tempo e energia a
rebelarem-se uns contra os outros, do que a procurarem entender-se, a encontrar
pontos de encontro e de compromisso, em nome do universal bem comum.
E se alguma
coisa de admirável as múltiplas manifestações de hoje tiveram, a nível nacional, com ressalva para as devidas excepções, foi o facto de ao menos aparentemente
terem sido transversais, senão política e ideologicamente, pelo menos e/ou
talvez acima de tudo socialmente.
Confesso
que não participei activamente em nenhuma das manifestações em causa, não
porque eu fosse contra as mesmas, na essência até bem pelo contrário. Pelo que
os meus motivos têm essencialmente a ver com o facto de por um lado eu
pessoalmente não ser muito activo a estes níveis, além de que teria de me
deslocar dezenas de quilómetros para participar nas respectivas, sendo que cada vez mais venho a evitar visitar sequer familiares chegados e queridos que vivem em noutras zonas do país, porque estou
desempregado, porque as minhas intermitências laborais são significativamente
precárias, tudo num tempo social que é em si mesmo de “austeridade” geral, o que na sua globalidade e se por um lado é motivo para
também eu me manifestar, por outro lado e no meu caso é também motivo para me
abster de o fazer, ao menos na rua.
Sendo ainda que para além de tudo o mais, em especial para
quem teria de se deslocar vários quilómetros, como eu, para me juntar às
colectivas manifestações de rua, tenho ainda o motivo de sentir à
partida e em alguns casos acabar mesmo por concluir à chegada que as
manifestações de rua não raro têm base numa motivação mais negativista contra algo, do
que positivamente em favor de algo _ tudo isto aquém e além duns sempre potencialmente presentes e ditos “arruaceiros” que só servem mesmo para perturbar ou inquinar até o que à partida tem ou deve ter um princípio e um fundamento positivo..
Depois e por outro lado, especialmente em manifestações socialmente transversais e ao menos parcialmente espontâneas como as de hoje, o nível de diversidade e
complexidade dos motivos e razões de cada qual para se manifestar são tantos, podendo ir desde quem tem filhos e perdeu o emprego, a casa e afins,
até aos que tendo e mantendo emprego, se acaso relativamente bem remunerado "apenas" perderam parte do salário e algum que outro subsídio ou regalia social, até aos que se
manifestam mesmo só pela ideologia política, etc., etc.. Pelo que ao menos para mim, sem um
desígnio ou desígnios comuns e colectivos de partida bem claros, definidos e pró positivos, de resto prefiro
manter-me na expectativa ou na retaguarda. Ainda que se acaso compreendendo e solidarizando-me com quem se manifesta, desde logo com base em legítimos e fundamentados
motivos e razões, acima de tudo se fazendo-o pacificamente e pela positiva, como
aqui devo fazer destacar, me pareceu ter em conclusão sido o global e
fundamental princípio e fim das manifestações
de hoje 15 Setembro de 2012.
Pelo que
mesmo sem a minha participação prática e activa, deixo aqui a minha
solidariedade com a globalidade e essência das manifestações de hoje. Inclusive
através desta que é por si só uma ou mesmo a minha maior e melhor, desde logo e
por si só responsável, consequente e tanto quando literalmente me é possível
também e acima de tudo pró positiva forma de manifestação própria.
Sem
esquecer que também eu estou desempregado, que também me tenho sentido
injustiçado de diversas formas ao longo da minha vida, designadamente com base
e em sequência das práticas políticas e mas também sociais que aqui nos
trouxeram _ no caso aquém e além das minhas efectivas ou eventuais injustiças próprias e/ou de eu ter merecido
duma ou doutra forma as injustiças envolventes sobre mim, inclusive como mais um forte motivo para eu não me manifestar por manifestar enquanto tal, a favor ou contra o que ou quem quer que seja, por exemplo enquanto não tiver uma mínima e positivamente estruturada segurança própria. Ainda que sob e
sobre muitos aspectos tenho tantos motivos e razões para me sentir indignado ou
mesmo revoltado quanto a maioria da sociedade, tendo por base a situações
política, económica, financeira, social e até cultural em que nos encontramos,
com tudo o que nos trouxe à mesma e que da mesma possa derivar para com e sobre
nós!?
Numa
análise final, acrescentaria tão só que durante anos eu me
disse de mim para mim mesmo e/ou àqueles que me eram e são mais próximos: “...por enquanto (em tempo de vacas gordas) comem uns poucos
ou uns tantos, ainda que quando (em tempo de vacas magras) tocar a pagar, pagam
todos e/ou quiçá acima de tudo pagam e pagarão os que nem agora (em tempo de
vacas gordas) comem...” _ a confirmação está ai!
Mas de todo
pior que a “crise” e que a “austeridade”, que em parte até podem ter um fundamento natural, pior mesmo é e está a injustiça, desde logo a injustiça que por si
só trouxe artificialmente à "crise" e à "austeridade" actuais.
Em conclusão só posso esperar, desejar e necessitar que as manifestações de hoje 15 de Setembro de
2012 em Portugal, sejam sinónimo duma pró positiva, justa e universal mudança de paradigma político, económico, financeiro, social e cultural, no
caso concreto a nível nacional, mas por globalizada inerência também a nível
internacional e global _ seja e implique isso o que quer que seja e/ou implique!?
VB
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