Nem
de propósito, escrevi o seguinte texto na manhã de ontem (01-06), sem sequer
imaginar que também na tarde de ontem iria dar de caras com o recorrente peditório do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) à porta
das grandes superfícies comerciais. Pelo que não poderia haver melhor dia para
escrever algo relacionado com solidariedade, inclusive quando soube-o já hoje
(02-06) via comunicação social que mais uma vez Portugal foi global e generosamente
solidário com o peditório do BACF em causa.
Solidariedade
Solidariedade
Ouço muitas
vezes, inclusive nos meios de comunicação social, aludir elogiosa e
saudosamente à solidariedade do antigamente.
Mas por mim
digo que, independentemente dos motivos e razões de e para tal, dispenso uma
solidariedade baseada na opressiva/repressiva miséria de todo um povo como
antigamente, que nem por isso ou até por isso dita solidariedade conseguiu
evitar muitas traições, muitos conflitos, muitíssima inveja, muita
descriminação entre indivíduos ou entre classes sociais, etc., etc., etc. No
caso com pena e lamento meus pelo facto de que as pessoas só tendam a recordar
o que lhes é agradável e interessante ou interessado _ comigo naturalmente
incluído, salvo que eu esforço-me por recordar o melhor e o pior, inclusive e
desde logo de mim mesmo.
Sendo que salvo as devidas excepções
que não o sejam e/ou que até se aproveitem ilegitimamente disso, o facto é que
até somos um povo globalmente solidário. Mas que para se ser natural e
correntemente reconhecido como tal, parece ser necessário regressar a uma
solidariedade baseada na mais oprimente e reprimente miséria, desde logo
material, que em alternativa a contarmos autonomamente connosco para connosco
mesmos e solidariamente para com o próximo, tenhamos de contar dependente/caridosamente
com o outro para connosco e obrigatoriamente connosco para com o outro _ dalgum
modo à imagem e semelhança do que se passa com o próprio País relativamente à
dita Troika! Em que tendo o país entrado em rotura _ vulgo miséria _ económica/financeira,
passou a necessitar contar com a solidariedade da troika, em troca da
respectiva obrigatoriedade do país para com a troika, como seja com muito
significativa quebra da autonomia nacional própria.
Pelo que solidariedade sim, mas uma
solidariedade consciente, uma solidariedade convicta, uma solidariedade
voluntária, uma solidariedade genuína, uma solidariedade desinteressada _ pelo
menos aquém e além do próprio prazer de se ser solidário _ que puxe o próximo
positivamente para cima em vez de o manter caridosamente em baixo; pois que sem
prejuízo das devidas e positivas excepções ao nível do antigamente, no entanto
e de novo uma solidariedade genérica e essencialmente forçada pelas miseráveis e
opressivas/repressivas circunstancias de todo um povo, não muito obrigado!
VB
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