domingo, junho 02, 2013

Solidariedade

            Nem de propósito, escrevi o seguinte texto na manhã de ontem (01-06), sem sequer imaginar que também na tarde de ontem iria dar de caras com o recorrente peditório do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) à porta das grandes superfícies comerciais. Pelo que não poderia haver melhor dia para escrever algo relacionado com solidariedade, inclusive quando soube-o já hoje (02-06) via comunicação social que mais uma vez Portugal foi global e generosamente solidário com o peditório do BACF em causa.

            Solidariedade

            Ouço muitas vezes, inclusive nos meios de comunicação social, aludir elogiosa e saudosamente à solidariedade do antigamente.

            Mas por mim digo que, independentemente dos motivos e razões de e para tal, dispenso uma solidariedade baseada na opressiva/repressiva miséria de todo um povo como antigamente, que nem por isso ou até por isso dita solidariedade conseguiu evitar muitas traições, muitos conflitos, muitíssima inveja, muita descriminação entre indivíduos ou entre classes sociais, etc., etc., etc. No caso com pena e lamento meus pelo facto de que as pessoas só tendam a recordar o que lhes é agradável e interessante ou interessado _ comigo naturalmente incluído, salvo que eu esforço-me por recordar o melhor e o pior, inclusive e desde logo de mim mesmo.  

            Sendo que salvo as devidas excepções que não o sejam e/ou que até se aproveitem ilegitimamente disso, o facto é que até somos um povo globalmente solidário. Mas que para se ser natural e correntemente reconhecido como tal, parece ser necessário regressar a uma solidariedade baseada na mais oprimente e reprimente miséria, desde logo material, que em alternativa a contarmos autonomamente connosco para connosco mesmos e solidariamente para com o próximo, tenhamos de contar dependente/caridosamente com o outro para connosco e obrigatoriamente connosco para com o outro _ dalgum modo à imagem e semelhança do que se passa com o próprio País relativamente à dita Troika! Em que tendo o país entrado em rotura _ vulgo miséria _ económica/financeira, passou a necessitar contar com a solidariedade da troika, em troca da respectiva obrigatoriedade do país para com a troika, como seja com muito significativa quebra da autonomia nacional própria.

            Pelo que solidariedade sim, mas uma solidariedade consciente, uma solidariedade convicta, uma solidariedade voluntária, uma solidariedade genuína, uma solidariedade desinteressada _ pelo menos aquém e além do próprio prazer de se ser solidário _ que puxe o próximo positivamente para cima em vez de o manter caridosamente em baixo; pois que sem prejuízo das devidas e positivas excepções ao nível do antigamente, no entanto e de novo uma solidariedade genérica e essencialmente forçada pelas miseráveis e opressivas/repressivas circunstancias de todo um povo, não muito obrigado!

                                                                                       VB 

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