quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Anómalia

           É-me tremendamente difícil ou mesmo impossível qualificar um acto como o recente triplo e de todo macabro homicídio da esposa, da filha e da neta, por parte do respectivo marido, pai e avô, em Beja. Bem sei que o ser humano, a minha própria humanidade é capaz dos maiores actos de benevolência mas também das maiores barbaridades, inclusive como potencialidades universais, num e noutro sentido. Mas objectivamente é sempre muito difícil, senão mesmo impossível qualificar um acto como o aqui em causa.

            No entanto apesar de e/ou até por tudo, como por exemplo do que imagino deve ter saído na imprensa escrita ou deve ter sido debatido radiofónica e televisivamente, além de boca em boca, mas com base no pouco que ouvi ao respeito, que incluiu o que uma pessoa do meu ciclo relacional me contou e/ou o que na hora do almoço de ontem ouvi a um dos criminologistas que periodicamente dão o seu parecer a respeito destes assuntos em programas televisivos, por mim mesmo apetece-me tão somente perguntar:

            _ De que tipo de superioridade ou quiçá de inferioridade ética, moral ou qualquer outra padece quem comete um acto criminoso como a aqui em causa e continua como se nada fosse!?

            _ Já do ponto de vista da intervenção televisiva do criminologista de serviço, creio que na RTP1, ontem 14, de que de resto só ouvi poucas palavras mas que segundo me deu a entender o mesmo deixando claro que tal não justificaria em absoluto tal acto tresloucado, mas que ainda assim dito acto poderia derivar do complicado contexto social em que vivemos (...); levando-me a auto entender que o senhor (criminoso) poderia ter cometido tal acto, por exemplo como um acto de compaixão, pró protecção familiar dos males sociais!!!
            Aliás nesta última acepção parece-me que a dita crise económica, financeira ou social começa a servir de desculpa para tudo e para mais alguma coisa, individual ou colectiva, negativamente falando!

            Mas que dadas as circunstâncias em que ao menos numa primeira instância como tudo se parece ter passado, designadamente creio até à semelhança de casos idênticos, por norma creio que o criminoso costuma suicidar-se após cometer o crime, desde logo se tendo por base os argumentos de suposta base social em causa e de pró compaixão para com os ente queridos relativamente à adversidade social, mas nesta mesma sequência creio eu ainda que o criminoso gostaria eventualmente de acompanhar a família no seu acto de compaixão; salvo que não fosse um acto de tanta compaixão assim, até dada a forma no mínimo tortuosa como os crimes foram cometidos e/ou então que o criminoso fosse ou seja ética, moral, por si só tão vital e universalmente superior que cá ficasse para redimir não só os seus actos como os efectivos ou eventuais males sociais em vida _ ainda que ao menos eu não conheço Super Homens, a esse nível.

            Não quero, nem posso explorar este assunto para além do meu entendimento, até porque tal como eu há milhões de pessoas com a sua perspectiva e opinião própria ao respeito, além de que há os respectivos especialistas forenses e/ou outros com competência para analisar e tirar as devidas conclusões ao respeito, pelo que tão só quero dar expressão à minha respectiva perspectiva e opinião própria ao respeito, que no fundo e conclusivamente passa por me ser objectiva ou absolutamente impossível entender um acto como o aqui em causa _ salvo ao nível duma profunda anomalia existencial por parte de quem o comete, aquém e além de qualquer eventual anomalia existencial por parte de quem é vitima do mesmo!

                                                                                                                16-02-2012

            Após ter escrito e postado o transacto texto no Blog, acabei por subsequentemente ver e ouvir nas noticias da noite, salvo erro uma psicóloga e um ex. agente de investigação criminal a falarem sobre este caso de triplo homicídio, com contornos muito próprios ou mesmo sui generis, enquanto tendo ditos especialistas na matéria coincidido com a substancial globalidade do que eu mesmo escrevi ao respeito, inclusive com o ex. agente de investigação criminal a falar mesmo em anomalia no relativo ao presumível autor dos triplo homicídio; sequência que me chegou a fazer pensar retirar este meu texto, em si mesmo sob titulo Anómalo do Blog; desde logo enquanto eu um zé ninguém, o que pode dar a sensação que andei a copiar o que outros, desde logo especialistas na matéria pensam e dizem ao respeito. Mas creio que em boa hora, decidi deixar ficar, pois afinal de contas o que e como escrevi, foi não só de minha natural e espontânea iniciativa própria, como ainda antes de sequer ter ouvido falar ao respeito do homicídio em causa, mais do residualmente a alguém do meu ciclo relacional ou familiar próprio, além dumas brevíssimas e intermitentes palavras na televisão. Pelo que cada qual que pense aquilo que muito bem entenda ao respeito, mas eu sou eu e o que é meu é meu. No caso e como algo que modéstia ou imodéstia à parte eu tenho vindo crescentemente a constatar que terei um relativo ou significativo senso comum, com tudo o que isso possa ser, significar ou implicar, pelo melhor e pelo pior, para o bem ou para o mal, como regra geral tudo o mais da e na vida.  

2 comentários:

  1. Trata-se de um (monstro) que é desculpável perante a psicologia...mas parece que foi encontrado morto hoje na prisão....não posso afirmar se é verdade
    MF

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    1. Após quase ter esquecido este texto, mas ao vir hoje fazer uma visita a este meu Blog, acabei por conferir que alguém leu recentemente o mesmo, sequência de que eu próprio senti curiosidade em relê-lo. Conclusão de que se fosse hoje corrigir-lhe-ia alguns pormenores, mas de momento não o farei, mantendo-o como de origem; apenas acrescento este comentário como sequência do outro e até agora único comentário ao mesmo, para no caso dizer: ...afinal o homicida como obviamente esperado não era mesmo um "Super Homem", nem sequer cá ficou para "redimir" o que quer que fosse; no caso diria que ...suicidamente... se limitou a confirmar ainda mais a profunda "anomalia" ...homicida... de que padecia e/ou que eu pessoal e subsequentemente lhe atribui!

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