29-01-2012
Ouvi ontem à noite no programa televisivo Herman 2012(*), o Dr. º Moita Flores, ex. inspector criminal da Polícia Judiciária, há muito escritor e actual presidente da Câmara Municipal de Santarém e que eu admiro em, sob e sobre muitos aspectos, a defender as touradas, aquém e além de como tradição ou factor cultural, desde logo como factor económico do qual dependem muitas famílias, inclusive os próprios touros e/ou ainda parte do culto equestre nacional. Global sequência com o que não posso deixar de concordar.
Mas por outro lado também já li criticas precisamente ao Dr. º Moita Flores enquanto defensor das touradas, enquanto criticas por parte de determinadas correntes de defesa dos animais, da natureza ou da vida, designadamente numa publicação intitulada Biosofia, mais concretamente ainda por parte do Professor universitário e (também) escritor Paulo Borges, que dalgum modo começo já a admirar e com que tão pouco posso deixar de ao menos parcialmente concordar, mais que não seja como direito do mesmo ou de quem mais quer que seja, incluído o Dr. º Moita Flores e no caso concreto eu próprio, em expressarmos a nossa respectiva opinião ou convicção ao respeito.
Que por mim mesmo, dalgum modo de entre o Dr. º Moita Flores e o Professor Paulo Borges diria que: a vida, a própria vida natural e animal é violenta em si mesma, sob e sobre muitos aspectos, desde logo os animais gladiam-se, matam-se e comem-se de entre si, quase invariavelmente de forma violenta, brutal, cruel ou nojenta para a pseudo civilizada concepção humana, ainda que e/ou até por enquanto com o próprio Ser humano no topo da cadeia; inclusive com o Ser humano a matar de múltiplas diversas formas, com diversos princípios, meios e para com múltiplos diversos fins. De entre o que de base e a mim não me choca por si só a dor, o sofrimento e a morte, como no caso concreto do touro à mão humana; o problema pode estar e entrar em quando o próprio e racional/intelectual animal humano que em regra procura o melhor, designadamente o mais prazenteiro e o mais cómodo para si mesmo, acabe fazendo isso em dependência da dor ou do incomodo alheio, já seja doutro ser humano ou doutro ser vivo (animal) _ o que em certos casos e circunstancias me chega a fazer duvidar duma verdadeira ou universal racionalidade, inteligência e intelectualidade humana!?
Mais uma vez e inclusive até como já referi atrás, bem sei que na natureza em ultima instância os animais se matam de entre si, desde logo enquanto dependendo a vida duns da respectiva vida dos outros, inclusive com o Ser humano no topo da cadeia. Só que como também refiro atrás, sendo o Ser humano um Ser auto designado de racional e inteligente, que por um lado não se limita a matar outros seres vivos para tão só sobreviver, como em regra o fazem os restantes animais; pelo que para não me alongar demasiado com relação a um assunto como este que filosofica ou pelo menos ideologicamente tem muito o que se lhe diga, por exemplo e por mim mesmo e de momento limitar-me-ia a dizer que no caso do Ser humano, quiçá o ritual religioso de agradecer a Deus e/ou se para os ateus por uma qualquer outra forma, mesmo que inexpressiva para o exterior e mas verdadeiramente sentida em cada qual, de agradecer ao Universo pela comida sobre a mesa ou pelo sacrifício da vida doutro ser vivente em favor da nossa própria vida humana, pode-se ou possa fazer muita diferença!? Pelo que o grande problema relativo a este assunto pode estar e não raro está em quando o Ser humano, não raro se acha o centro do universo e/ou incondicionalmente acima de todos e de cada um dos restantes seres viventes, fazendo por exemplo com que a pseudo luta de igual para igual dum Ser humano com um touro numa arena, possa chegar a ser ridícula, porque não há efectiva e não raro absoluta igualdade _ salvo se e quando colocando-se o Ser humano à altura existencial do touro, o que de facto e em regra não sucede, até porque desde logo o Ser humano têm-se a si mesmo como racional e inteligente, enquanto mesmo Ser humano tendo o touro como irracional e não inteligente, de entre o que na tourada apeada e/ou dita de à espanhola possa chegar a haver uma certa equitativa aproximação entre Homem e Animal, não será por acaso que recorrentemente morrem ou pelo menos ficam gravemente feridos toureiros em Espanha _ não porque eu deseje que morram ou fiquem feridos, no caso concreto os toureiros, mas para quem vai massacrar e matar espectacular/publicamente um outro ser vivente, no caso um touro, com pseudo ou efectivo heroísmo humano, terá como mínimo de existir algum hipotético e por vezes concretizado risco vital ou de integridade humana!
De resto este como outros, são assuntos de essência universal ou pelo menos ideológica, cujo radicalismos num ou noutro unilateral sentido, designada e unilateralmente a favor ou contra as touradas, não faz grande ou mesmo qualquer sentido!...
… por exemplo a corrente eléctrica que me permite estar agora a escrever e a disponibilizar o presente ao exterior electronicamente deriva de dois pólos antagónicos (positivo e negativo) que quando se encontram ou chocam de frente repelem-se violentamente um ao outro; mas que na sua complementaridade universal, associada à inteligência humana para entender e pôr em prática essa complementaridade, da mesma acaba por nascer a luz _ corrente eléctrica!
Que só para terminar, diria e digo ainda que por mim já gostei ou pelo menos pensei que gostava muito de touradas; já senti ou pelo menos pensei que sentia repulsa pelas mesmas; agora é-me ou pelo menos penso que as respectivas me são significativa ou globalmente indiferentes _ > (03/10/2016) e no caso da tourada dita de à portuguesa em que os riscos vitais humanos são (quase) literalmente nulos, numa arte (tourada) que se diz nobre de entre humano e animal (touro) mas em que básica e (quase) literalmente só o touro sofre as consequências dessa arte, em qualquer caso violenta, a mim chega a afigurar-se-me como uma arte humanamente ridícula e pseudo heróica; resumindo, por mim e desde há pelo menos duas décadas e meia em que já não existiam touradas, também poderiam deixar de existir definitivamente e em absoluto, mesmo sem eu lutar objectiva e activamente contra as mesmas, pois que no meu caso basta-me simplesmente não frequentar recintos tauromáquicos e nem assistir sequer televisivamente a touradas; como neste último caso por exemplo fazia na minha infância por correspondente influência sociocultural, que à altura e tanto mais se ao nível rural em que nasci e cresci era uma influência muito restrita e fechada em e sobre si mesma, versos uma minha posterior abertura de horizontes e tomada de consciência muito mais vital/universalmente ampla, desde logo por inerência duma dita de democrática abertura sociocultural, por si só nacional e mas duma ou doutra forma também da minha parte pessoal ao Mundo e acima de tudo à Vida.
VB
(*) Posteriormente fiquei na dúvida de se foi no programa Herman 2012 ou se no programa Nico à Noite que vi e ouvi o Dr.º Moita Flores(?) _ mesmo que pelo pouco tempo passado entre tê-lo visto e ouvido e de na sequência ter escrito o anterior. É que por norma fico com a subjectiva essência das coisas ou da vida, ainda que em regra não fixe a objectividade prática dessas mesmas coisas ou da vida. Talvez por isso, enquanto estudante eu tivesse uma tremenda dificuldade, por não dizer mesmo incapacidade de e para ao nível da disciplina de História fixar a trilogia entre quem historicamente fez, o que fez e quando fez; ainda que eu gostasse muito da disciplina em causa e de inclusive ter aprendido muito(!...) com a mesma acerca da vida e que se mais não aprendi foi porque não consegui levar a minha condição de estudante mais longe.
Nota: Reparo que este post, talvez por ser o primeiro do Blog, volta e meia é revisitado. O que de resto me fez vir reler o respectivo, para no caso chegar à conclusão de que o mesmo continha uma série de básicos erros ortográficos, além de que se fosse agora e mesmo que mantendo a substancial base inerente ao mesmo, só por certo escreve-lo-ia duma outra forma. Mas no caso e para além duma mínima correcção dos erros ortográficos mais grosseiros, no relativo à sua substancial essência prefiro mantê-lo na sua espontânea base original. Ao que acrescento tão só uma citação que ouço desde há muito e que pelo menos em parte assumo cada vez mais por e para mim mesmo, que é basicamente a seguinte: _ Quanto mais conheço a (minha) racional humanidade, mais gosto dos animais irracionais!
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