terça-feira, dezembro 25, 2012

Natal, um dia especial

            Para mim um dia Especial é quando por exemplo me reúno com a minha família mais chegada, desde logo quando estou com os meus sobrinhos(*). O que, tal como este mesmo ano, por diversas circunstancias sucede mais vezes fora da época natalícia do que nesta última, pelo que há dias mais Especiais para mim do que o próprio dia de Natal.

           Depois a vida para mim é um acto e/ou um facto continuo, pelo menos de entre o nascimento e a morte de todos e de cada qual; a partir de que para mim cada dia e cada momento são especiais e/ou não, aquém e além do dia de Natal.

           No entanto o dia de Natal, pelo melhor (alegria) e/ou pelo pior (tristeza), não deixa de ser um dia particularmente Especial, desde logo por ao pretender-se que o mesmo seja um dia particularmente alegre e de celebração, não raro para muitos, diria mesmo que para muitíssimos o mesmo é um dia particularmente triste e/ou de lamentação!

           Pelo que para mim pessoalmente que tendo a absorver, por exemplo a alegria e a tristeza envolventes, talvez pró vital, sanitária ou subsistentemente o melhor seja encarar o dia de Natal como um dia  equitativa e/ou normativamente igual a qualquer outro.

           Conclusão de que para mim o dia de Natal, como qualquer outro, não passa dum dia especialmente normal ou normalmente especial, com toda a sua Especialidade e/ou Normalidade própria!

                                                                                                             VB

           (*) ...tudo isto aquém e além de troca de prendas e/ou de oferendas materialistas, que se e quando possível não tem de ser algo exclusivo da época natalícia, salvo se como mais um sociocultural e/ou civilizacional símbolo da e para com a Especial especificidade do dia de Natal!  

domingo, dezembro 23, 2012

Cinismo e hipocrisia social

            Porque escrevo e publico em época natalícia coisas tristes?! Desde logo porque em época natalícia continuam, no limite, a nascer e mas também a morrer pessoas, inclusive neste último caso em acidentes automóvel, aquém e além de licenças de condução!

            Mais e mais dinheiro (lucro), menos e menos humanidade (vida)

            Aquém e além doutros possíveis exemplos, desde logo e para mim há um mais ou menos óbvio paradigma de cinismo e de hipocrisia social, no caso ligado à circulação automóvel.

            Seja que com tantas e imparáveis exigências sociais e dos respectivos Estados ao nível da (pró) segurança automóvel, enquanto exigências que começam ao nível dos fabricantes (automóveis) e terminam no consumidor ou utilizador final (automobilista). Tudo isto envolvendo conhecimentos e regulamentos técnicos, legais e/ou outros, além de natural consciência humana, com todas as respectivas consequências práticas, desde logo enquanto regras social e/ou oficialmente estabelecidas, em nome da segurança! Pergunto eu onde cabem por exemplo securitariamente os veículos cujos condutores não necessitam de licença (formação e exames) de condução?    

            Seja que sem sequer entrar na dimensão dos peões, diria que existem alguns veículos, a começar em bicicletas a pedal, até no limite uns ditos veículos (motorizados) automóveis, cujos respectivos condutores não necessitam de licença(*) _ vulgo exames teóricos e/ou práticos _ de condução, para poderem circular entre todos os restantes veículos que efectivamente necessitam dessa correspondente licença de condução. Ou seja que como se à imagem e semelhança dos segundos e/ou de entre uns e outros, os primeiros não fossem ou não sejam passíveis de sofrer ou de provocar acidentes, incluindo ou excluindo de tudo isto os peões!

            O que sem prejuízo de pessoas que eventualmente sem licença de condução, no entanto conheçam as regras de transito e natural ou excepcionalmente conduzam na prática tão bem ou melhor do que (muitas) outras pessoas com respectiva licença de condução; o facto é que numa determinada localidade, eu pessoalmente assisti a um dito veículo sem necessidade de licença de condução por parte do seu condutor, que circulando numa via (rua) sem prioridade e em que tendo chegado à extremidade dessa mesma via, onde respectivamente se encontrava e encontra um básico sinal de STOP, precisamente a assinalar a perda de prioridade dessa mesma via, no entanto o condutor ou melhor e no caso concreto a condutora(**) do correspondente veiculo sem necessidade de licença de condução, entrou na respectiva via perpendicular com prioridade, como se do seu inverso se trata-se. Ou seja com o veiculo sem necessidade de licença de condução, que circulava numa via (rua) sem prioridade, inclusive com um sinal de STOP a assinalar a correspondente perda de prioridade, no entanto este entrou na correspondente e perpendicular via (rua) com prioridade, como se o sinal se STOP não existisse ou seja sem que o(a) condutora do veiculo sem necessidade de licença de condução tenha reduzido a marcha ou sequer olhado para o lado para ver se vinha algum veiculo a circular, tanto mais assim quanto na via (rua) com prioridade circulavam três veículos, o da extremidade traseira conduzido por mim e na extremidade dianteira circulava um automóvel de aluguer _ vulgo Táxi _ cujo condutor deste último, de entre a relativamente baixa velocidade em que circulava dentro da respectiva localidade e ainda da naturalmente devida atenção ao que se passava à sua frente acabou evitando um acidente (choque) com o dito veiculo sem necessidade de licença de condução, por no mínimo aparente incompetência teórica e prática do(a) condutor(a) deste último. Tudo isto porque é política, social, prática, legal e/ou por si só cínica e hipocritamente possível circularem veículos sem necessidade de licença de condução, de entre veículos cuja correspondente licença de condução é indispensável.

            Seja que parece-me reiteradamente a mim existir um profundo cinismo e hipocrisia sociais em tudo isto, como em muitas e muitas outras coisas desta e nesta vida e/ou desta e nesta sociedade humana. Que já agora devo referir que dentro das possibilidades e capacidades de cada um, além ainda dos meios materiais, legais, sociais ou outros disponíveis, que respectivamente cada qual adquira e utilize os meios de locomoção própria que ao seu alcance melhor entenda. Mas então e ai assuma-se a autonomia e a mobilidade de cada qual como a prioridade, aquém e além das consequências inerentes; ao invés de se assumir a segurança como a prioridade, numa base e numa sequência em que parece que se exige pró securitariamente demasiado a uns e até comparativamente a estes últimos se exige de menos a outros, parecendo ainda e em qualquer dos casos que tudo mais com fito no lucro material (económico/financeiro), do que nas substanciais mobilidade, autonomia e/ou segurança de todos e de cada qual. Até porque se deixa-se de se permitir a circulação de veículos sem necessidade de licença de condução dos mesmo, estar-se-ia desde logo a perder uma fonte de lucro industrial por via da venda desses veículos com correspondente perda de receitas fiscais dai derivas, devido a pessoas que tendo maior ou menor e mas suficiente poder económico, no entanto por qualquer motivo não podem legalmente ou não conseguem por si sós adquirir uma licença de condução automóvel/motorizada regulamentar com todos os requisitos teóricos e práticos. Sequência de que incluindo ou excluindo os indefesos peões pergunto eu: se quem conduz veículos sem necessidade de licença _ vulgo sem carta _ de condução, como bicicletas a pedal, pequenas motorizadas e/ou artefactos chamados de carros _ vulgo papa reformas, em qualquer dos casos sem significativa protecção própria e de todo mais passíveis de sofrer do que causar grandes danos nos restantes veículos, no entanto se pudessem por exemplo estes mesmos condutores sem licença de condução, conduzir também qualquer veiculo de transporte pesado, veloz e/ou significativamente reforçado, será que a sociedade aceitava tão pacificamente ou de todo quanto aceita o seu inverso? Pelo que o cinismo e a hipocrisia para mim e aqui começam, passam e terminam desde logo no facto de que excepção feita às auto-estradas, de resto e para as restantes vias de circulação automóvel sejam feitas determinadas exigências a uns que não se fazem a outros, como se de entre uns e outros não houvessem ou não hajam os mesmos riscos, no limite de acidente com danos materiais e/ou humanos. Tudo levando a querer que em qualquer dos casos com o fito no lucro económico/financeiro, desde logo e mais uma vez por parte dos Estados através de taxas, contribuições e/ou impostos, aquém e além duma verdadeira, real, efectiva, coerente, objectiva ou absoluta segurança pessoal e humana de todos e de cada qual, na circunstancia existam excepções, que podem chegar a ser escandalosas ao nível da circulação e segurança automóvel, sob licença ou autorização oficial do Estado e/ou da Sociedade enquanto tal. E que enquanto sendo o Estado e/ou a Sociedade humana compostos por todos e por cada um de nós, por vezes e não raro compostos por personalidades ou por entidades que antes de falarem do próximo ou do todo envolvente, como se as respectivas não fizessem parte integrante ou como se estivessem acima do próximo ou do todo envolvente, deviam antes, durante e depois disso olhar para si mesmas, desde logo quando não raro e ao constantemente oportuno e pró adaptativo estilo do politicamente correcto procuram retirar todo o possível proveito próprio, seja de que circunstancias legais ou sociais forem, além de por e para si mesmas só assumirem o mais positivo, projectando no próximo o mais negativo, desde logo projectando-o num indefinido eles, ouvindo-se ainda e em qualquer caso dizer: ...há muita falta de valores! 

            Pelo que precisamente nesta última acepção, tendo por base os tão afamados valores, digo conclusivamente eu que: ponhamos todos e cada um de nós valorativamente a mão na consciência individual própria e colectiva, sendo que enquanto tal, suspeito, muitos não se suportariam individual ou colectivamente a si mesmo(a)s!

            E entretanto vivamos, existamos e/ou subsistamos com todos os incontornáveis riscos inerentes à vida tal como paradoxalmente a conhecemos, no caso também com muito cinismo e hipocrisia humano(a)s e sociais à mistura!

            (*) Confesso desconhecer qualquer taxa ou dados relativo a sinistros, com respectivos danos materiais e/ou vitimas humanas relacionadas com os veículos cujos condutores não necessitam de licença de condução _ vulgo mata velhos ou papa reformas _ e/ou de entre estes e os restantes veículos que necessitam licença de condução, incluindo ou excluindo os próprios peões. Mas aquém e além disso o que está desde logo em causa é o princípio base inerente à existência, aquisição e utilização dos primeiros relativa ou comparativamente aos segundos; como seja e segundo minha responsável interpretação própria, o princípio do lucro, quer inerente à comercialização, quer à utilização de mesmos ditos veículos, em especial se por parte de pessoas que tendo possibilidades materiais (económicas/financeiras) de e para os adquirir, no entanto e por qualquer motivo não tenham possibilidade de adquirir uma licença de condução com devida formação e respectivos exames teórica(o)s e prática(o)s. Desde logo enquanto correspondente lucro (económico/financeiro) para os próprios Estados/Nação, através de taxas fiscais, quer inerentes à comercialização quer à utilização de respectivos veículos, com e sem necessidade de licença de condução, incluindo ainda coimas e/ou outras formas de receita material, sendo que os Estados/Nação são compostos por todos e por cada um de nós, sociedade em geral!

            (**) Que nesta acepção, ao referir o condutor do veículo sem necessidade de licença de condução no feminino, é porque de facto era uma senhora de significativa idade a conduzir o veículo que cometeu a infracção em causa! No entanto com isto e até talvez por tudo o inerente ao cinismo e à hipocrisia social inerentes, haja também muito quem tenha o género feminino como não sabendo conduzir! Relativamente ao que da minha pessoal parte, enquanto eu do género masculino, auto assumo haverem mulheres a conduzir (muito) melhor do que eu, desde logo dado o facto de que eu só tenho licença para conduzir veículos automóvel ligeiros, enquanto há mulheres que podem conduzir todo e qualquer veiculo automóvel, de mercadorias e/ou de passageiros, inclusive havendo cada vez mais mulheres a fazê-lo na prática, o que por si só, implica que tiveram de corresponder positivamente a provas e a exames teórica(o)s e prática(o)s, quer com relação à aquisição da devida licença de condução quer com relação a serem admitidas em empresas de alta exigência profissional, como por exemplo ao nível do transporte de passageiros e/ou de matérias ditas perigosas (combustíveis e afins) _ salvo que, espero e creio assim não seja, o cinismo e a hipocrisia sociais, se aplicassem dalgum modo também a estes níveis profissionais, designadamente licenciando-se e/ou admitindo-se condutores automóvel profissionais por qualquer outro motivo, que não por natural e/ou objectiva competência teórica e prática para o cargo!? 

sábado, dezembro 15, 2012

Copo meio cheio, copo meio vazio

            Porque confessamente sou inseguro, porque tenho uma vida global e essencialmente instável, porque eu mesmo já fui assim, respectivamente e salvo com trabalho e positividade, sempre com mais trabalho e mais positividade(*), de resto tenho muita dificuldade em lidar (conviver e interagir) com pessoas negativas, que por norma só tendem a ver o lado meio vazio do copo e tanto pior se a projectarem isso no e sobre o próximo. Seja que, no limite, este tipo de pessoas podem ser e fazer 99.9% do que são e fazem positivamente mal, mas em regra por e para si mesmas só (auto) assumem o 0.01% de acerto e no respectivo caso projectam os seus 99.9% de positivo erro ou de positiva carência no próximo e/ou seja ainda que passam o tempo a procurar por exemplo e pela inversa os 0.01% de positivo erro ou de positiva carência alheio(a)s, para ao reconhecerem isso no próximo como que se auto promoverem-se a si mesmas, não necessária ou absolutamente por positivo mérito próprio, mas sim no reconhecimento e enfatização do mais mínimo demérito alheio. Incluindo ainda que muitas vezes o que pensam ou julgam ser positivo mérito próprio e/ou positivo demérito alheio, não passa de seu positivo erro ou carência de perspectiva própria, na medida em que não se baseie(m) em objectivos princípios vitais, universais e/ou técnicos, mas sim na sua própria auto concepção da vida, que nem sempre, nem de todo tem de ser a mais correcta (positiva), por vezes e/ou não raro até bem pelo contrário.

            Mal comparado seja, mas recordaria aqui um exemplo de quando eu cumpria o serviço militar, ao nível da chamada recruta (formação básica e de especialidade), em que um determinado dia, no início dessa mesma recruta, um Sr.º Major, Comandante de Batalhão (de formação), com todo o respectivo batalhão formado em parada e correspondente solenidade do momento, deu azo a um discurso acerca do que e como é ser militar, tendo por base a apresentação, a postura, etc. etc. e nesta mesma sequência eis que a páginas tantas o Sr.º Major em causa, pôs-se a exemplificar na prática, designadamente como se marcha militarmente em formatura, mas como o Sr.º sofria duma qualquer descoordenação motora, marchou com o braço e a perna do mesmo lado ao mesmo tempo, dando correspondente azo a algum tipo de colectivo riso abafado, mas não tão abafado quanto para que o Senhor não se tivesse dado conta do mesmo, emendando o Sr.º Major de imediato a mão, inclusive num tom algo humorado, com as seguintes palavras: ...bom! Posso não estar a fazer bem, mas vocês façam como eu digo, não façam como eu faço!

            Com o anterior não quero em absoluto dizer que aquele Senhor Major militar era uma pessoa negativa ou negativista, que até pela forma inclusive algo humorada como de imediato e de improviso deu resolução aquela situação, em que o próprio se tornou motivo de riso para todo um batalhão militar que lhe era hierarquicamente obediente. Pelo que o que quero dizer e digo é que por vezes há pessoas que elas sim são tão suficientemente negativas e que levando-se a si mesmas tão a sério, acabam projectando a sua negatividade no e sobre o próximo, inclusive auto assumindo-se a si mesmas como (quase) permanentemente correctas e ao próximo como (quase) permanentemente errado, até porque tendem a auto assumirem-se a si como uma espécie de virtuosas, se acaso ao colarem-se ao virtuosismo alheio, à vez que respectiva e inversamente tendem a perspectivar o próximo como incapaz, em especial aquele próximo que não se lhes imponha directa e/ou imediatamente de forma superior, já seja por só procurarem no próximo a ineficácia do mesmo ou já seja por projectarem no próximo a sua própria ineficácia. Seja ainda e mais especificamente que há pessoas que no lugar daquele Senhor Major não só teriam dificuldade em auto assumirem o seu erro prático, como até procurariam projectar no próximo esse erro e/ou a dificuldade em auto assumi-lo, se acaso procurando tudo o que fossem erros alheios, para mandar o próximo positivamente a baixo, como se com isso pudessem tapar ou compensar os seus positivos erros próprios, com respectivo prejuízo do reconhecimento dos positivos acertos alheios e de respectivamente puxar positivamente o próximo para cima, salvo o facto de que ao reconhecerem ou ao colarem-se aos positivos acertos alheios fosse ou seja como uma imediata auto promoção própria, mesmo que sem prática e continua projecção no espaço e no tempo, enquanto não baseada num seu efectivo mérito próprio. Dalgum modo diria que são pessoas que aquém e além do que (inter)pessoal, social, cultural, vivencial ou existencialmente a isso as levou ou leva, em regra tendem a “viver” com base no melhor e o pior alheio e/ou no que correcta ou incorrectamente as mesmas têm como melhor e pior alheio, colando-se ao melhor como se lhes fosse próprio e enfatizando o pior como unilateralmente próprio do outro, dependente ou independentemente dos seus respectivos méritos ou deméritos próprios. Por também dalgum modo definir este tipo de pessoas, diria que são pessoas que não existem concreta e efectivamente com uma personalidade e identidade própria devida e/ou positivamente estruturada, limitando-se a ir subsistente e/ou circunstancialmente na corrente, ainda que e/ou até porque com uma latente noção de certo e de errado, de positivo e de negativo, de eficiente e de ineficiente, em última instância de superior e de inferior.  

            Que como refiro logo ao inicio do presente, eu mesmo já fui tão negativo assim, não raro projectando a minha negatividade no próximo, desde logo procurando reconhecer e enfatizar os erros alheios e/ou colando-me ao virtuosismo alheio para me sentir algo ou alguém que positivamente eu mesmo não era ou não sou por mérito próprio. E talvez por tudo isso, num respectivo processo em que procuro por mérito próprio aproximar-me ou equivaler-me tanto quanto literalmente possível aos mais positivamente virtuosos, ainda que a partir de eu ter sido e/ou ser (ainda!...) muito positivamente ineficaz, o facto é que não raro me toca ter de intermediamente lidar (conviver e interagir) com pessoas essencialmente inseguras e negativistas, perante e para com as quais eu mesmo tenho de ser tão positivo quanto literalmente me seja possível, enquanto no meu próprio processo pró virtuosismo ou pelo menos pró auto subsistente. O que não é globalmente fácil, por vezes e em certas circunstancias chega até a ser-me (quase) desesperante, mas que enquanto sendo essa dificuldade e/ou (quase) desespero, pró vital, universal e/ou técnica parte integrante do processo, acaba por ser também equitativamente aliciante.

            Dalgum modo diria que auto navego de entre o copo meio cheio (positividade) e o copo meio vazio (negatividade); após já ter tocado e dum ou doutro modo continuar a tocar por dentro e/ou por fora quer uma dimensão quer outra. De entre o que me resta, não só esperar, como até tudo fazer para retomar e se tanto quanto possível preservar indefinidamente a virtuosa perspectiva própria e envolvente do copo meio cheio, até por conhecer bem a ineficiente perspectiva própria e envolvente do copo meio vazio!   

                                                                                              VB 

            (*) Por exemplo e de momento trabalho ao mais básico nível da plantação de árvores, como prática e concretamente seja a abrir covas à base de trabalho braçal para plantar as árvores, incluindo a plantação destas últimas enquanto tais, isto numa empresa de prestação de serviços agro-florestais.

            Nesta mesma anterior sequência poder-se-á perguntar o que e como é que é para mim um trabalho positivo e/ou virtuoso a este nível de plantação de árvores?

            Desde logo que, até por há uns anos atrás eu já ter trabalhado nesta área, tenho uma mínima e/ou quiçá significativa noção do que e como é plantar (bem) árvores. Mas dependente ou independentemente dessa noção ou não, por exemplo ao ser este um trabalho essencialmente físico, duma unilateral perspectiva própria um bom trabalho a este respeito seria aquele em que eu sai-se o menos cansado e/ou dorido ao final de cada dia ou seja em que rapidamente eu tenderia semi objectiva ou intuitivamente a procurar as formas mais fáceis e/ou cómodas de trabalhar, aquém ou além das árvores ficarem bem ou mal plantadas em e por si sós, incluindo ou excluindo ainda uma minha maior ou menor consciência disso _ que no limite desta acepção, não as plantar seria a melhor solução. Pelo que duma perspectiva mais pró vital e universalmente multilateral, aquém e além do terreno ser mais fácil ou mais difícil de cavar; das árvores estarem em melhores ou em piores condições para serem plantadas; do meu patrão, dos proprietários dos terrenos a plantar ou dos meus companheiros de trabalho, etc., etc., serem mais ou menos positivos ou negativos, comodistas ou esforçados e afins; por mim mesmo procuro através de quem sabe e/ou do que o próprio trabalho me possa ensinar em e por si só, o que e como é a melhor forma de plantar uma árvore em natural e objectivo proveito desta última e a partir dai as próprias árvores tornam-se para mim o mais importante. Assim sendo mais importante do que eu, do que o meu patrão, do que os proprietários dos terrenos a plantar, do que os meus companheiros, chefes e encarregados se os houver, são e estão acima de tudo as próprias árvores; seja ainda que sem deixar em absoluto de levar em linha de conta as ordens e/ou orientações de patrões, de encarregados, de chefes e/ou as considerações de colegas, em qualquer caso procuro fazer o que até em toda esta global e múltipla sequência a minha respectiva consciência me dita enquanto com base no que me seja ensinado e/ou eu aprenda no relativo ao objectivo do trabalho em causa que é a plantação de árvores, com estas últimas como o factor fundamental. Seja ainda que se no caso enquanto plantador de árvores eu fizer o meu trabalho tão bem feito quanto vital, universal e/ou tecnicamente devido, só por certo isso ser-me-á útil a mim(**), ao meu patrão, aos proprietários dos terrenos a plantar, aos meus colegas e assim sucessivamente até ao infinito, no fundo será algo positivamente útil à humanidade e/ou à própria vida universal. Cujo respectivo virtuosismo está ou estará no equilíbrio de entre os mais diversos interesses, factores e/ou intervenientes em causa, no caso tendo as próprias árvores como base central e/ou fundamental. Tudo o mais são ou serão comodismos, egoísmos, unilateralismos, interesses mesquinhos, por si só negativismos que pouco ou nada têm ou terão a ver com vital ou universal virtuosismo; o que no caso concreto e por mim mesmo falando, virtuosismo coincide com fazer um trabalho que seja o mais vital e universalmente continuo, eficiente e competente possível, na circunstancia tendo por base a plantação de árvores _ vulgo (re)florestação. E que se quando a minha consciência ao respeito for violada, sem uma positivamente plausível e/ou fundamentada justificação para tal, reservo-me em permanência o respectivo direito de por exemplo e justificativamente me (auto) retirar; já e se pela inversa for eu e/ou a minha consciência a estar positiva, vital e/ou universalmente errado(a), não só aceito, como até agradeço ser positivamente corrigido; a partir de que pró positiva e/ou virtuosamente, pouco ou nada mais me resta que em qualquer circunstancia e perante quem quer seja, desde logo perante a minha consciência, é procurar fazer o que e como pessoal, humana, vital e universalmente melhor me seja possível _ o que no meu caso, não raro é algo essencialmente esforçado e sofrível, enquanto a partir ou de dentro dum positivo desencontro comigo mesmo e com a própria vida, ainda que creio também o suficientemente empenhado, enquanto pró positivo reencontro comigo mesmo e com a própria vida, que como pior das hipóteses enquanto pró positiva ou subsistente equivalência ao que e a quem mais vital e universalmente me inspira ou me motiva, a começar e a terminar na e pela minha própria família! De e para com o que em primeira, intermédia ou última instância se inclui pró vital, sanitária ou subsistentemente, também, o presente. 

               (**) No caso e por mim mesmo falando, ser-me-á e/ou é-me útil desde logo ao nível da minha auto exigente, quando não mesmo idealista e perfeccionista consciência própria; ainda que e/ou até porque eu esteja muito mais próximo da frustração do que de qualquer efectiva concretização idealista e/ou perfeccionista!

domingo, dezembro 09, 2012

Trabalho

            Toda a minha vida ouvi falar de trabalho, em regra numa perspectiva muito mais esforçada e artificial do que natural e espontânea.

             Por norma sempre ouvi falar em trabalhadores e em não trabalhadores, em quem gosta de trabalhar e em quem não gosta de trabalhar, em quem trabalha e em quem não trabalha, em quem trabalha muito e em quem trabalha pouco, em quem trabalha mais e quem trabalha menos, em quem trabalha bem e quem trabalha mal, por si só em trabalho e em não trabalho e/ou no que é ou deixa de ser trabalho. No fundo numa base dualista ou maniqueísta como a própria vida no seu estado mais puro e bruto, ainda que humanamente possa e quiçá até deva ser algo racional, intelectual e culturalmente mais equilibrado e digno.

            Desde logo e por mim mesmo falando, numa sucessão por assim dizer descendente, o trabalho ideal seria ou será por exemplo um trabalho criativo que dependa de cada qual em e por si só, ainda que isso possa depender também da colaboração (do trabalho) doutras pessoas, com estas últimas por si só motivadas ou vocacionadas para o trabalho ou para a actividade criativa em causa, aquém e além de depender de quem externo ao próprio criador, consuma o resultado desse mesmo trabalho criativo.

            Depois, ainda numa base de trabalho autónomo ou independente com relação ao exterior, ainda que naturalmente com colaboração ou com clientela externa(s) para o mesmo, eu adicionaria aqui as actividades ditas liberais ou por conta própria, como por respectivo exemplo das actividades ligadas ao sector da justiça (advocacia), da medicina privada, do comercio, etc., etc. 

            Sendo que no caso destes dois últimos parágrafos, já fosse ou seja por vocação ou por falta de vocação, por formação ou por deformação, por experiência ou por inexperiência, etc., etc., o facto é que por mim mesmo falando, jamais me consegui encontrar em e com qualquer das actividades em causa, em e sob muitos aspectos até bem longe disso.

            A partir do que restam(-me) as ditas actividades dependentes de terceiros, em que eu começaria por adicionar as actividades públicas directamente ligadas ao sector Oficial do Estado, que em regra exigem umas determinadas competências e oferecem uma série de correspondentes garantias, desde logo de estabilidade laboral/profissional, social e de vida. Havendo paralelamente uma infinidade de actividades ditas de Privadas, que ora exigem determinadas competências e oferecem correspondentes garantias, ora se limitam a exigir humildade, se acaso subserviência e oferecem a mais básica e imediata subsistência, com mais ou menos riscos laborais e/ou até de vida pelo meio.

            Que nesta ultima acepção, quer relativa ao sector público do Estado, quer ao sector Privado, em qualquer dos casos eu jamais me senti ou constatei com objectivas e concretas competências próprias para concorrer aos mesmos com base nessas mesmas competências e suas respectivas contrapartidas; pelo que por mim mesmo falando, restou-me então o factor humildade, por vezes e até certo limite inclusive o factor subserviente. Base e sequência de que posso afirmar categoricamente que dentro das actividades dependentes, prefiro actividades em que com base nas minhas inatas capacidades próprias e/ou com alguma mínima formação que me seja ministrada para tal, me sejam conferidas responsabilidades com relação a determinados objectivos, a que eu posso ou não conclusivamente corresponder, mas em que eu fale básica e essencialmente por mim mesmo e/ou então prefiro ainda actividades com um patrão, com  um chefe ou com um encarregado permanentemente presentes, que assumam a gestão e/ou orientação do serviço a prestar. Desde logo e no caso um patrão, um chefe ou um encarregado que sejam por si sós técnica, prática e objectivamente competentes e/ou experientes na área de actividade em causa; se tanto quanto possível que sejam tão duros e exigentes com relação aos princípios, meios e fins a executar quando justos e imparciais com relação aos seus subordinados. No caso enquanto actividades e tudo o que as envolve, onde se pode e deve aprender quer com relação às mesmas quer com relação à vida enquanto tal.

            No fim da linha eu colocaria e coloco, as por e para mim (mais) dispensáveis, actividades ditas de públicas ou privadas, que não exijam muito mais ou muito melhor que humildade e/ou do que subserviência, sem grandes ou quais queres qualificações, nem respectivas garantias ou regalias. Tanto pior quando não haja um patrão, um chefe ou um encarregado permanentemente presentes e/ou competentes, cuja respectiva ausência presencial e qualificada dum superior hierárquico, por norma levem o subordinado a funcionar (trabalhar) mais ou menos em vão, tendo por base os mais nobres princípios, meios e fins da actividade a executar e/ou que entre eventuais diversos subordinados, cada qual procure fazer (trabalhar) à sua maneira ou sobre os restantes iguais e/ou ainda em que alguns destes tendam a encostar-se ou a aproveitar-se injusta e espertamente do trabalho dos outros e/ou ainda em que cada qual assuma para si os méritos dum trabalho colectivo e projecte no próximo os deméritos desses mesmo trabalho colectivo, inclusive aquém e além dos respectivos méritos e/ou deméritos corresponderem também e essencialmente ou não a si individuo fulano de tal _ em qualquer dos casos com todos os riscos de trabalho sujo (incompetente) ou de conflitos entre os diversos intervenientes _, numa espécie de regabofe ou de ambiente laboral pesado (conflituoso), em que no final ou resulta um (incompetente) trabalho da trampa, com a conclusiva responsabilidade final a recair em e sobre todos e cada um dos subordinados em causa ou então com um trabalho final mais ou menos competente ou incompetente, em que terminam subordinada e inqualificadamente todos vistos por igual, aquém e além de com mais ou menos esforço e/ou competência duns com relação a outros!

            Enfim diria que na prática já apanhei um pouco de tudo isto ao longo da minha vida e mais concretamente ainda ao longo da minha experiência laboral/profissional, essencialmente inqualificada e humilde ou subordinada, com alguma que outra auto didáctica tentativa de me (re)encontrar criativa, autónoma e/ou independentemente comigo mesmo, perante e para com o exterior. Em qualquer caso posso e devo garantir que me esforcei, diria mesmo que, salvo a presunção, por vezes me esforcei inclusive ao nível de todos os meus limites físicos, psíquicos, mentais, emocionais, anímicos, espirituais e/ou por si só vitais e existenciais. Até talvez por isso e em qualquer caso o refiro mais ou menos competente ou incompetentemente enquanto tal. Mas acima de tudo e na circunstancia refiro-o como uma minha forma de expressão e de existência própria, que só depende de mim mesmo e pela qual respondo responsável e consequentemente em e por mim próprio, aquém e além do que ou de quem mais ou menos quer que seja.

            Pelo que, com mais ou com menos trabalho, como melhor ou como pior trabalhador, se acaso e no limite como trabalhador ou como não trabalhador, além de com mais ou menos justiça e competência e/ou seus respectivos inversos, entre uma e outra actividade laboral/profissional inqualificada, subordinada e de subsistência básica e imediata, com alguma que outra tentativa de autodeterminação pelo meio e/ou à vez, me subscrevo responsável, consequente e conclusivamente:

                                                                                   VB      

domingo, dezembro 02, 2012

Culpa(do)

            Ontem (01-12-2012) à noite, vi-me envolvido num acidente automóvel.

            Circulando eu na rua duma determinada localidade, parei junto a uma passadeira para dar respectiva e devida passagem a dois peões, quando o veículo que circulava imediatamente atrás de mim não tendo parado veio naturalmente embater na traseira do meu próprio automóvel. O condutor do outro veiculo assumiu de imediato a culpa de não se ter apercebido da minha paragem junto à passadeira e enquanto tal tendo vindo embater na traseira do meu carro. A partir de que assumi-mos de entre nós condutores acidentados fazer a declaração amigável de acidente automóvel, inclusive após a circunstancial presença de dois corpos policiais locais, que deram a assistência que lhes competia e/ou que acharam devida às circunstancias, designadamente controlando o transito no local do acidente, respectivamente identificando-nos, tirando algumas fotos e referências do acidente e ainda orientando a nossa saída da via para uma faixa lateral de modo a que não impedisse-mos a natural circulação automóvel no local do acidente, a partir de que auto assumimos de entre nós condutores acidentados por mutuo acordo que resolveríamos a situação amigavelmente, dando lugar à retirada do corpo policial.   

            Sequência de que demos andamento a todos os amigáveis trâmites burocráticos no local, como preenchimento escrito da declaração amigável de acidente automóvel, incluindo a comunicação do acidente via telefone às respectivas seguradoras, até como solicitação da assistência em viagem para transporte dos veículos acidentados e dos passageiros dos respectivos. Seja que salvo o acidente em si mesmo, tendo tudo o resto corrido por assim dizer: bem! Mas eis que ainda assim algo me tem vindo a inquietar desde então, inclusive adormeci a noite passada com uma estranha sensação de mal-estar e esta mesma manhã, do dia após o acidente, como que ainda acordei com a mesma estranha sensação de mal-estar em sequência de mesmo dito acidente. Tudo isto apesar de não ter havido vitimas (feridos) a lamentar, de todo o factor amigável de entre nós condutores acidentados e de tudo o mais após o acidente ter decorrido, por assim dizer, com positiva normalidade. Pelo que ao menos durante a noite de ontem, imediatamente após o acidente e antes de ter adormecido, auto concedi a minha sensação de mal-estar própria em sequência de por si só um acidente automóvel, mesmo que com danos materiais ou seja sem danos pessoais e humanos, ser sempre algo chato, incómodo e contraproducente a vários níveis _ desde logo e por mim mesmo falando, aquém e além do incomodo do acidente em si mesmo, pelo menos por alguns dias ou mesmo semanas, eu ter por exemplo de ficar sem transporte próprio para me deslocar entre casa e o local de trabalho, sendo este último sazonal e de circunstancia ou seja de aproveitar ao mais possível!

            Mas mesmo assim o meu mal-estar persistiu, aquém e além de eu já ter assimilado a globalidade dos inconvenientes dum acidente automóvel, só com danos materiais, sendo que quando chego à conclusão certa acerca dum meu mal-estar próprio, em regra o mesmo passa ou fica muito atenuado, a partir de que se ainda esta mesma manhã ao acordar o meu mal-estar interior persistia é porque algo mais havia a desvendar ao respeito, aquém e além do inconveniente do acidente em e por si só. Pelo que até talvez após uma noite de sono, em sequência da persistência do meu inerente mal-estar, como que também após acordar acabei como que natural e espontaneamente remetido para algo mais profundo e complexo. No caso e como não raro acabei remetido para a minha infância, para os meus primórdios vitais ou existências próprios e ai sim como que se fez luz sobre o meu mal-estar em causa, designadamente levando-me ou trazendo-me ao presente, como quem descobriu a pólvora! Concretamente para dizer que tive e tenho de chegar à conclusão de que no caso concreto, apesar de e/ou até pelo condutor do outro veiculo envolvido em acidente automóvel comigo ter assumido a devida responsabilidade pelo acidente, inclusive tendo a companhia de seguros do outro senhor condutor de pagar os danos no meu carro e o outro respectivo condutor de pagar os danos no seu próprio automóvel, no entanto não consegui evitar sentir-me culpado por ter estado naquele local, naquele momento e naquelas circunstancias. Designadamente se eu não existisse, se eu não tivesse carro ou se ao menos eu não tivesse estado ali naquele momento e naqueles circunstancias aquele acidente em concreto não teria sucedido. Claro que o mesmo se pode aplicar e de resto se aplica inclusive aos peões que estavam a atravessar a passadeira naquele momento e tanto mais ainda se ao condutor do outro automóvel, enquanto tendo sido este último o efectivo e auto assumido responsável _ vulgo culpado _ do acidente em causa. O problema é que por princípio sociocultural, familiar e/ou vivencial próprio, me habituei desde globalmente sempre a ser perspectivado e/ou a perspectivar-me a mim mesmo como o grande culpado(*), como o que está(va) (quase) sempre errado, como o que devia ser ou deixar de ser, de fazer ou deixar de fazer, de ter ou deixar de ter algo distinto; como seja o que em regra raramente é(ra) ou deixa(va) de ser, faz(ia) ou deixa(va) de fazer, tem(tinha) ou deixa(va) de ter o que, como, quando e quanto devia.  

            Designadamente na minha pequena localidade de origem, em que todas as pessoas se conheciam e conhecem pelo nome próprio, para alguns eu não passava e quiçá ainda hoje não passe do coisinho! Inclusive quando mais que respeito se devia mesmo obediência (respeitinho) aos mais velhos, na base da hierarquia etária do mais velho sobre o mais novo, o que em si mesmo faz todo o vital ou universal sentido, em especial quando o mais velho consegue empatizar com o mais novo e encaminhá-lo pró positivamente na e para a vida, no entanto com base na hierarquia social do mais rico sobre o mais pobre ou da(o)s senhora(e)s fulana(o)s de tal sobre a(o)s coisinha(o)s como eu, por exemplo nesta última acepção e na minha condição pessoal, familiar e social originalmente na base de todas e de mais uma das hierarquias instituídas inclusive opressiva/repressivamente, por exemplo eu enquanto infantil/juvenil, estava obrigado por dever sociocultural, desde logo sob designação de coisinho, a fazer uns ditos mandados _ vulgo levar recados ou prestar serviços _ a(o)s senhora(e)s fulana(o)s de tal, como por exemplo a alguém mais rico, mais velho, mais socialmente estabelecido etc., quando por exemplo os meus pais enquanto adultos mais velhos e enquanto tal etariamente superiores e mas de condição social inferior, designadamente perante infantis/juvenis etariamente inferiores, mas socialmente superiores, por um lado e à partida nem os meus pais/familiares em regra podiam sequer pedir e muito menos exigir mandados aos infantis/juvenis de condição social superior, além de que em regra tendo ainda os meus pais/familiares de tratar esses mesmos infantis/juvenis socialmente superiores pelo nome próprio e/ou delicada e educadamente por menina(o)s!

            Enfim o transacto parágrafo, funciona como ponta dum tão maior ou menor iceberg quanto toda a minha existência, com tudo o que lhe é e está (inter)pessoal, familiar, social, cultural, humana, vital ou universalmente inerente, pretendendo o mesmo ilustrar muito leve e superficialmente a minha inferior condição sociocultural e/ou existencial original, talvez com a agravante de enquanto tal os meus pais/familiares se terem duma ou doutra, semi objectiva ou subjectiva, forma auto assumido a si mesmos como inferiores, inclusive com a mudança de paradigma sociocultural de opressivo/repressivo, para um paradigma dito de liberdade democrática, tendo-se auto apresentado os meus pais/familiares como não (livres ou democráticos) exemplos próprios para nós filhos/descendentes, tendo ou devendo nós filhos/descendentes de ser e de fazer algo diverso ou até inverso aos próprios pais/familiares ascendentes, se é que segundo próprias palavras paternais/familiares nós filhos/descendentes queríamos ser algo ou alguém na vida! No fundo tendo passado os pais/familiares ascendentes para os ombros dos filhos/descendentes a responsabilidade pela própria vida destes últimos e/ou até por isso de pró positivo (livre, autónomo e/ou afirmativo) resgate dos primeiros (ascendentes). O que inclusive por carência de melhores ou mais próximas referências de vida, enquanto tendo-se auto excluído expressamente os meus próprios pais/familiares de e para tal, me levou a reverenciar ou a venerar as pessoas e/ou as famílias que me eram hierarquicamente superiores, já fosse ao nível etário, social ou qualquer outro, por vezes e em alguns casos até acima de tudo aquelas que me remetiam à subserviente e inominável condição de coisinho _ ainda que e/ou até porque eu não gostasse, nem na medida do possível quisesse remeter qualquer outro alguém para essa mesma subserviente e/ou inominável condição. Tudo isto e por mim mesmo falando, aquando e/ou a partir da minha existência infantil/juvenil, em que por exemplo eu necessitava de referências e/ou mesmo duma tutela, desde logo paternal/familiar objectiva, afirmativa e coerente. Sem natural e acima de tudo deixar de (auto)assumir e (re)lembrar que por mim mesmo, salvo ao nível duma básica, não raro esforçada, sofrível, quando não mesmo degradante e decadente e/ou como melhor das hipóteses inconformada existência, de e para com o que por paradigmático exemplo escrever me é pró vital, sanitária ou subsistentemente providencial, de resto tão pouco consegui afirmar-me e/ou impor-me positivamente na, perante e para com a própria vida. Dai que não raro e em especial quando esta minha (auto)subsistente existência afecte duma ou doutra menos positiva forma outras pessoas, eu não possa deixar de me sentir responsavelmente culpado por isso _ aquém e além das responsabilidades e/ou culpas alheias.    

            De entre o que por mim mesmo falando, o facto é que salvo ao nível duma básica, não raro esforçado, sofrível, quando não até mesmo degradante e decadente, mas também e quiçá acima de tudo inconformada auto subsistência, que por exemplo me permite ou mesmo me exige estar aqui e agora a escrever o presente, de resto tenho de confessar o meu mais pleno e redundante fracasso (inter)pessoal, social, humano, vital e/ou universal próprio. Respectiva e necessariamente com repercussões na e sobre a minha restante família ascendente com mais todos os que lhes são inerentes, como por exemplo meus familiares etariamente lineares a mim e inclusive já com descendentes destes últimos, enquanto tal etariamente inferiores a mim. O que se em qualquer dos casos e por um lado me confere forças e motivação para continuar positiva ou absolutamente em frente, mas por outro lado confere-me uma responsabilidade com a qual frequentemente me custa a poder; ainda que o resultado de entre uma coisa e outra seja significativa e/ou substancialmente aliciante, perante e para com a própria vida. 

            Mas, global sequência em que não posso deixar de me sentir responsável _ vulgo culpado _ de e por existir, se acaso por fazer outras pessoas serem ou sentirem-se culpadas em sequência da minha existência, como por exemplo no relativo ao acidente automóvel de ontem, quando a minha mais remota e até talvez por isso mais marcante referência de mim mesmo é precisamente a de que eu estava sempre errado e/ou era sempre culpado, salvo se sob tutela dum hierarquia superior e/ou se sob obediência a essa mesma hierarquia superior, que por norma esta última exercia a sua tutela ou imposição sobre a hierarquia inferior com rédea curta e/ou mão de ferro, até porque em regra todo o paradigma sociocultural inerente às minhas origens era opressivo/repressivo, além de que quando perante um acontecimento negativo, em que não se pode-se comprovar directa, imediata e objectivamente a sua autoria, por quase invariável norma as culpas recaiam sobre as hierarquias inferiores presentes ou próximas, designadamente ao nível da hierarquia etária havia o sociocultural dito de que: onde há moços (crianças ou juvenis) não se culpam homens (adultos, tanto mais de hierarquia social superior). Ainda que depois aqui entrassem outros factores, não raro cíclica e continuamente contraditórios e/ou injustos, como desde logo quando por exemplo a hierarquia etária poderia ser ou estar inferiorizada perante hierarquia social e como tal o hierarquicamente mais novo nem sempre deve-se respeito e/ou obediência ao hierarquicamente mais velho, desde que este último fosse inferior ao primeiro ao nível da hierarquia social, enquanto esta última sobre a hierarquia etária. O quê é difícil de perceber? Pior era e/ou é de viver. Tudo isto ainda ao nível pré democrático ou como posterior reflexo do pré democrático; pois que com a revolucionária imposição duma dita liberdade individual democrática, pelo menos a meu ver, sentir e viver próprio o que resultou foi uma imensa, quase constante e permanente contradição de causas, efeitos e consequências, designadamente sociais _ que talvez os tempos de crise e de austeridade actuais possam trazer ao de cima mais do que nunca, aquém e além de que a dita crise e austeridade actuais já sejam por si sós resultado e reflexo dessa mesma e imensa contradição.

            A partir daqui haverá seguramente quem já tenha escrito ou possa escrever muito mais e muito melhor ao respeito do que eu mesmo. Pelo que por mim limito-me a expressar o que penso e o que sinto em sequência do que e de como vou vivendo no (in)constante e (im)permanente presente momento, com tudo o que e como está pré, pró e pós inerente ao mesmo! E naturalmente que até por e para comigo mesmo, espero, desejo, necessito e no que de mim depender tudo faço e farei para que o porvir seja um pouco pessoal, humana, vital e universalmente melhor do que o passado e o próprio presente. Desde logo e salvo a modéstia e/ou a imodéstia, como paradigmaticamente, ao procurar auto sobreviver o mais pró positiva, vital e universalmente possível em e a mim mesmo e a muito do que e de quem me rodeia!

            A partir de que perdoe-se-me ou agradeça-se-me por esta minha existência!

                                                                                               VB  

            (*) Atenção que curiosa, irónica ou quiçá coerentemente com o meu genérico culto social de origem, com mais ou menos posteriores reflexos deste último, o facto é que cheguei a sentir-me reconhecido ou valorizado pelo exterior, em especial quando me auto anulei prática e activamente como e enquanto identidade própria, designadamente remetendo-me a uma existência o mais passiva e/ou obediente possível, aquém e além de qualquer minha pró positiva humildade, por exemplo com esta minha presente expressão (escrita) própria de entre uma coisa e outra.

            Legenda cromática: escrito a preto está a essência base do que e como eu necessitava comunicar; escrito a cinzento está o que dalguma forma poderia ser dispensado da essência base, mas que eu não quis deixar de manter anexo à mesma, enquanto tendo-o originalmente escrito dentro da mesma; por fim escrito a castanho, tal como o presente, está o que em regra escrevo como complementação de e para com alguns factores da essência base e/ou inerentes à mesma.