terça-feira, outubro 30, 2018

Deus queira que eu em engane... ainda que lamentavelmente tema que não!

A vida e o mundo jamais deixaram de ser um genérico lugar de constante e permanente risco, por mais que por norma não sejamos ou não queiramos ser conscientes disso, mas o facto é que por si só viver é o que mais mata e/ou por mais especifico exemplo o simples e comum andar da estrada é uma verdadeira "roleta russa". Mas claro que depois a forma como todos e cada um de nós andamos na vida e na estrada faz com que o genérico risco inerente passe a ser mais ou menos inusitado do que a genérica norma. E desde há um tempo que o próprio mundo e/ou sociedade humana global se vem a tornar um crescentemente inusitado e perigoso risco!

Não gosto, não tenho por habito, nem sequer quero imiscuir-me na política interna doutros países que não Portugal _ que de resto até mesmo em Portugal sou por genérica norma própria muito politicamente neutral e até mesmo passivo.

Mas! Em excepcionais casos internos e/ou externos que neste último caso toquem duma ou doutra directa ou indirecta e mas efectiva e consequente forma a política e a vida interna de Portugal, tão pouco consigo e no limite do possível sequer quero deixar de expressar a minha perspectiva ao respeito, como de resto se pode constatar por outras coisas que já por aqui publiquei. E de momento a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do influentemente grande país lusófono e inclusive mundial que é o Brasil, é respectivamente um desses casos. Sendo que vou escrever pós eleitoralmente, logo sem qualquer minha consciente ou subconscientemente pretensa veleidade de procurar influenciar o voto de quem quer que seja no Brasil, o que de resto neste meu mero caso pessoal seria não só ridículo como mesmo absolutamente inconsequente. Pelo que ao fazê-lo pós eleitoralmente, é com a minha legitima preocupação própria, não só relativa à eleição do senhor Bolsonaro em concreto, como mais tudo o que, intra e extra Brasil, previamente levou a essa eleição.

A partir de que não vou ou pelo menos creio e pretendo não ir escrever duma mera perspectiva ideológica de esquerda ou de direita política. Pois que no que e como de mim depender falo-ei acima de tudo duma perspectiva o mais objectiva possível segundo o que sempre fui ouvindo, lendo e vendo acerca da política brasileira e desta última eleição presidencial muito em concreto. O que como tal e no seu todo daria para escrever algo muito mais extenso e complexo do que o que vou fazer. Mas isso implicaria escrever algo que não caberia no presente contexto, além de que em certos aspectos teria de (re)aceder a dados que de momento não disponho e/ou que em muitos casos já esqueci em objectivo, ainda que não tenha esquecido a global e substancial essência dos mesmos. E um desses dados é que nem de perto nem de longe a corrupção política, económico-financeira e social brasileira começou com o PT e o seu respectivo líder histórico Lula da Silva _ sem natural prejuízo de que também com o PT e com Lula assim tenha sido _ além ainda de que (quase) seguramente a corrupção no Brasil tão pouco terminará com a saída do PT da presidência e/ou ainda com a respectiva prisão de Lula. E com isto não pretendo, nem sequer me cabe em absoluto defender o PT ou Lula da Silva, se acaso bem pelo contrário.

Mas a partir de que o que resulta para mim estranho é que para os próprios brasileiros pareça que a descoberta da "pólvora" que é a corrupção política, económico-financeira e social interna no Brasil terá começado com o PT e com Lula na presidência e respectivamente vá-a terminar com o PT fora da presidência e inclusive com Lula preso, precisamente por corrupção. Cujo nesta mesma sequência resulta ainda para mim muito estranho que se fale quase exclusivamente no PT e em Lula da Silva ou em Dilma Rousseff como maus e/ou corruptos presidentes, enquanto tal também decisivos contribuintes para a actual, dita de caótica, situação política, económica e social do Brasil, como se um tal de senhor Michel Temer não existisse em absoluto, quando tem sido precisamente sob comando presidencial deste último que o Brasil tem vivido os últimos (caóticos) anos de presidência política. Enfim, para alguém que está de fora como eu e que como tal não tenho directo interesse na política interna do Brasil, mas que também por isso consigo ou creio conseguir raciocinar um pouco mais fria e distantemente, isso sim com o indirecto interesse de que a política interna dum país imenso e de entre outros aspectos desde logo política, social, económica e/ou ecologicamente influente a nível lusófono e global como o Brasil não possa deixar de me tocar de forma, mais ou menos directa ou indirectamente, consequente. Até porque se para o bem ou para o mal havia muita(o)s brasileira(o)s a escapar do Brasil, desde logo para Portugal devido à política do PT de Lula e de Dilma, mas ultimamente também devido à inusitada presidência Temer, ainda que este último pareça ser impolutamente invisível e/ou inexistente, o que como mínimo e/ou melhor das hipóteses é para mim interpretativamente muito curioso(!?). Mas o não menos facto é que se a própria pré-eleição do senhor Bolsonaro já estava a trazer muita(o)s outra(o)s brasileira(o)s para Portugal, me leva a crer que a sua pós-eleição, na respectiva medida da aceitação portuguesa da(o)s mesma(o)s, trará ainda muita(o)s mais brasileira(o)s para Portugal. Sequência de que pouco ou nada me interessa se o senhor Bolsonaro é de extrema direita, de extrema esquerda ou de qualquer outra extrema, até porque os extremos costumam tocar-se e confundir-se de entre si, pelo que e mais uma vez, de entre a minha (melhor e pior) percepção própria, acumulada ao longo do tempo, dalgum modo desde sempre, acerca do Brasil, adicionado ao que tenho lido, ouvido e visto no presente tempo corrente, digo muito directamente que sem prejuízo dos alegados ou efectivos prévios pecados públicos, privados ou semi-públicos e privados de muitos outros... (Lula's da Silva, Dilma's Rousseff, Collor's de Mello, etc., etc., etc.)..., creio ser motivo para lamentar a actual eleição democrática do senhor Bolsonaro _ inclusive por conter uma forte corrente popular muito mais negativista anti-PT do que pró positivamente isto ou aquilo outro, aquém e além ainda de dogmáticas/subjectivas profissões de fé de muitos e de selectivos/corporativos interesses de diversos outros, segundo consigo percepcionar.

Desde logo a partir da eleição do senhor Bolsonaro, com todo o pró-eleitoral processo discursivo e ideológico que lhe está subjacente, creio poder dizer com, mais ou menos, antecipada convicção que independentemente do que o senhor Bolsonaro faça ou deixe de fazer directa/institucionalmente por si só, enquanto Presidente do Brasil, um coisa está desde já e no mínimo potencialmente legitimada pelo seu discurso ideológico e eleitoralista que é a violência, no limite, a violência letal por parte dos seus apoiantes mais ideológica, política, económica e socialmente radicais, designadamente contra todo o tipo de movimentos político-sociais e civis, por mais vital e universalmente legítimos/benévolos que estes últimos sejam, desde que não coincidam precisamente com o senhor Bolsonaro e sua respectiva presidência/ideologia. O que por exemplo e gravosamente inclui, quase por certo, o acelerar e ampliar da devastação da Amazónia enquanto grande ecossistema, por si só a maior reserva natural, de entre fauna e flora a nível global, com correspondentemente generalizado prejuízo global. Desde logo devido ao senhor Bolsonaro (parecer) ser explicitamente muito mais anti-ecológico e respectivamente muito mais pró economia liberal selvagem(*), ironicamente, neste último caso, contra a mais virgem natureza selvagem da Amazónia. Incluindo-se nesta sequência um expectável extermínio e/ou pelo menos uma generalizada opressão, expulsão e desenraizamento de populações indígenas da Amazónia _ senão por institucional ordem directa e explicita do senhor Presidente Bolsonaro, pelo menos e desde logo por legitimação do seu discurso ideológico e eleitoralista de base pró violenta, anti-ecológica e liberal selvagem favorável a vastos, insaciáveis, indiscriminados e no limite selvaticamente criminosos interesses económico-financeiros na exploração de todos os recursos naturais Globais e da Amazónia muito em concreto. Tudo tão potencial e/ou efectivamente pior se a confirmar-se o genérico armamento popular ou pelo menos e desde logo o armamento de facções populares mais favoráveis ao senhor Bolsonaro, em qualquer caso com o demagógico e digo eu lunático argumento da auto defesa de cada qual. O que vindo dum ex.oficial militar como o senhor Bolsonaro acaba sendo mais uma das suas infindáveis incoerências e/ou incompatibilidades discursivas, na medida em que com o seu discurso pró genérico e auto defensivo armamento popular, o senhor enquanto presidente está a assumir a impotência do Estado na mais básica defesa da segurança pública interna, como tal instituindo uma espécie de far west, em que cada qual que se passará a defender à sua "bela" e própria consciência armada _ que em muitos casos, segundo rezam as realidades populares armadas equivalentes por outras latitudes, a auto defesa própria em muitos casos será mais ofensiva e menos meramente defensiva.

O que sem ir muito mais longe e tão só a confirmar-se o anterior, me leva ainda a pressupor que o discurso anti-violência no Brasil por parte do senhor Bolsonaro poderá até paradoxalmente resultar em muita e múltipla mais violência, aquém e além da criminosa e indiscriminada violência urbana, mais comum e já existente, por irónica curiosidade em nome da luta contra esta última ter-se também feito eleger o senhor Bolsonaro.

Enfim quiçá o mundo ou a própria vida sejam um lugar lamentavelmente estranho por si sós, até porque no actual e crescentemente convulsivo estágio da existência humana a nível global não sei bem qual a positiva alternativa aos senhores Bolsonaros deste mundo e desta vida, mas no caso e Deus queira que eu me engane com relação ao que nos reserva o futuro lusófono e global, face a neste momento (também) o Brasil me parecer encarnar/concretizar essa lamentável estranheza na mais plena perfeição!

VB

(*)... aliás aqui está mais um motivo de estranheza para mim, na medida em que o senhor Bolsonaro tem um discurso tão conservador quanto liberal selvagem, difícil de entender/conciliar enquanto tal, levando-me a concluir que mesmo que as suas intenções base possam ser e sejam positiva e hipoteticamente as melhores, no entanto estaremos eventualmente perante mais um desvairado pró caótico do que perante a positiva solução do que quer que seja _ estranho mundo e perigosa humanidade este(a), com um reiterado e conclusivo: Deus queira que eu, positivamente, me engane!

Ah! E já agora quanto ao senhor Fernando Haddad candidato eleitoral derrotado, simplesmente reconheço que a maioria do povo brasileiro votante não o quisesse para presidente, pelos motivos e razões que fossem. VB