quarta-feira, maio 16, 2018

Inocência infantil, ingenuidade juvenil, responsabilidade adulta...

Por minha original natureza própria, eu não gostava de futebol, nem de ver e nem de jogar. Mas pelo influente peso que o futebol tem na sociedade, o que se à altura da minha infância e juventude sucedia essencialmente ao nível masculino, com o passar do tempo tal influente peso foi-se até estendo transversalmente a toda a sociedade, inclusive unissexual. Sequência que de entre esse influente peso do futebol na sociedade, associado a uma minha, desde globalmente sempre, dificuldade de integração sócio-cultural, como por destacado exemplo ao nível da minha idade infanto-juvenil, relativamente ao fundamental e marcante contexto interpessoal, social e curricular escolar. Conjuntural sequência de cujo respectivo facto é que logo a partir da minha infância, para me sentir minimamente integrado socialmente modo geral e ao nível masculino em particular, mesmo que a iniciais duras penas, foi na prática do futebol que circunstancialmente fui encontrando essa mínima integração. A subsequente ponto que com o passar do tempo e das respectivas circunstancias levou a que a prática e a teoria do futebol, associadas à adepta simpatia por um clube, se tornou não só na minha maior e melhor forma de integração social, como até uma espécie de culto de vida própria em si mesmo e para mim. Pelo meio posso dizer que cheguei a sentir algum prazer, essencialmente interpessoal e social, mas também auto-didáctico na prática do futebol, ainda que tal jamais me tenha chegado a ser algo plenamente natural, ainda que por uma minha circunstancialmente crescente dependência da sua prática, esta me tenha inclusive chegado a ser algo "asfixiantemente" obsessiva, logo também por isso sofrível e dadas determinadas circunstancias até degradante e decadente para mim. Inclusive e numa base mais descritiva do paradoxo em causa, enquanto subjacente a mim, diria e digo que apesar de nomeadamente eu jamais ter jogado futebol federado e mas ter chegado a treinar num clube da primeira divisão de juniores, tudo de entre por natureza original própria eu não gostar de ver ou de jogar futebol, versos o facto de ter chegado a ser futebol-dependente, a ponto de não poder "asfixiantemente" passar sem ver e/ou sem jogar futebol, com mais tudo o que está de entre todo o paradoxo inerente enquanto da minha parte, incluindo congénitas fragilidades físicas que muito precocemente me limitaram e conclusivamente me impediram de continuar a jogar futebol, o facto é que pelo meio cheguei a ter uma auto-didáctica evolução técnica, que ao menos enquanto pude praticar futebol, mais ou menos incondicionalmente, inclusive com extensão à vida em geral, me serviu concretamente como literal positiva compensação face à minha positiva impotência interpessoal, social e curricular escolar, em que neste último caso acabei por fracassar redundantemente, a ponto de por si só traumática/depressivamente logo após eu ter sido forçado a deixar de jogar futebol, por limitações físicas próprias, com consequências em toda esta global sequência a ponto de, não só momentânea e circunstancialmente, como mesmo profunda e muito consequentemente eu ter chegado a sentir que não servia em absoluto para o que quer que positivamente fosse, aquém e além de para por exemplo algo esforçado, sofrível, rudimentar, no limite mesmo degradante e decadente; sequência a partir de que, apesar de e/ou até por tudo, durante décadas consecutivas e dalgum residual modo ainda actualmente salvou-se-me a noção/recordação de em directa sequência do nível de evolução técnico-futebolística própria que cheguei auto didacticamente a alcançar e que mesmo ao arrepio da minha original natureza própria tinha indefinidas potencialidades para continuar a evoluir, me ter servido para ao menos também potencialmente eu sentir que não fui e/ou não serei um literalmente positivo incapaz da e na vida. Sendo ainda que de entre tudo isso entrou circunstancial/providencialmente um outro factor que foi fundamental para mim, que foi o facto de, mesmo durante significativo tempo sem minha objectiva noção disso, eu ter passado a sentir tanto ou mais prazer de ler acerca de futebol, do que ou quanto praticá-lo. Seja ainda que quando jamais terminei de me encontrar plenamente no e com o contexto interpessoal, social e curricular escolar, designadamente com o prazer ou pelo menos com a necessidade de ler pela via escolar, curiosa e ironicamente encontrei esse prazer ou pelo menos essa necessidade por via do meu circunstancialmente crescente, se acaso mesmo apaixonado e pró dependente interesse pelo futebol; designadamente deixando de no limite comer, durante o horário do dia escolar, para poder adquirir jornais e revistas de futebol, logo a partir da infância e juventude. Curiosidade e ironia esta última que necessito referir aqui, porque por exemplo da mesma derivou duma ou doutra circunstancial/providencial posterior forma, também, esta minha subsequente necessidade/faculdade de escrever, inclusive como pró descompressivo modo de sobreviver a todo o meu subjacente desencontro com o genérico contexto sócio-cultural envolvente e mas também comigo mesmo e respectivamente com a própria vida.

Seja que a tudo o anterior, primeiro parágrafo, está subjacente toda a história da minha própria vida, que tendo prática e objectivamente pouco que contar, tem no entanto e até por isso interpretativa e subjectivamente muito o que se lhe diga. De todo o modo qualquer mais exaustiva descrição ao respeito e na sequência não cabe no presente contexto, em especial quando este se quer o mais sucinto possível, enquanto aludindo acima de tudo à evolutiva influência do futebol na sociedade, a partir da minha perspectiva própria ao respeito, no caso concreto por directa sequência do que ontem (15-05-2018) se passou na Academia do Sporting Club de Portugal(SCP) _ https://www.dn.pt/i/9343765.html _ sem prejuízo doutras façanhas mais ou menos graves, imputáveis a outros clubes e seus respectivos adeptos. Para com o que começo por dizer que:

_ Como já referido atrás, ainda que por minha original natureza própria eu não gostasse de ver nem de jogar futebol, no entanto para além da envolvente influência social pró futebol, a que por diversos motivos e razões eu não consegui resistir, até bem mesmo pelo contrário, para que na circunstancia eu aderisse à prática, à teoria e/ou ao seguimento do futebol como adepto, a partir da inocência infantil e/ou ingenuidade juvenil, foi ainda necessário eu auto-convencer-me de mim para mim mesmo que a prática desportiva modo geral era e é salutarmente benéfica para o corpo e para a mente, além de que a prática desportiva de actividades interactivamente colectivas como o futebol, era e é também salutarmente boa para a vertente interpessoal e social de cada qual, com respectivamente conjuntural extensão ao todo social. Por exemplo recordo que ao nível da básica prática de futebol de rua, enquanto eu infantil-juvenil, em que sendo nós próprios ao mesmo tempo praticantes e árbitros dessa prática, chegava-mos a discutir de entre pares, a existência ou inexistência desta ou daquela outra falta no jogo por parte duns ou de outros, mas por exemplo da minha parte não me sentindo bem com essas discussões, em causa própria, rapidamente percebi de mim para mim mesmo que perante dúvidas ou choques de perspectivas o melhor era dar a razão ao adversário e se eu queria vencer ou ser melhor para a próxima, salvo a redundância, o respectivo melhor seria procurar evoluir técnica, táctica e físicamente, aquém e além de que enquanto tal e naquele contexto o melhor mesmo nem era ganhar ou perder e/ou ainda ganhar por ganhar, mas sim interagir pessoal e socialmente com o máximo de natural prazer possível pela por si só interpessoal e social prática desportiva-futebolística inerente.  Sendo que estou a falar na universal prática do desporto pelo desporto, no caso do futebol pelo futebol e não na prática do desporto ou do futebol como veiculo de, no limite, ideologias radicais e/ou ainda veiculo de negócios multimilionários, no limite, desvirtuantes da essência desportiva.

_ Sequência ainda de que quando eu como adepto, pelo primeira vez assisti a um jogo de equipas profissionais, no caso ao nível dum Amora-Benfica, sob adulta companhia e patrocinado convite do meu tio Manuel..., lá pelo início da década de oitenta do passado século XX, tanto mais para uma criança como eu que provinha da província rural mais remota, uma das primeiras coisas que me impressionou foi a grande massa humana assistente, ali presente ao vivo e comigo como parte integrante, de resto do jogo em si mesmo acabei até por ficar com relativamente poucas recordações. Mas a partir de que outra coisa que me impressionou foi a significativa presença de agentes da autoridade, se bem recordo agentes da GNR, muitos a cavalo, o que mais uma vez para uma criança proveniente da província rural mais remota e até por isso também, humilde e obediente, tanto mais se não tendo passado ainda muito tempo após uma prévia ditadura política em que as autoridades policiais mais que fontes de positivo respeito eram mesmo fontes de imponente medo,  cujo na também minha respectiva inocências infantil cheguei a sentir-me mais intimidado pela presença das autoridades do que pela condensada massa popular; enfim, pelo melhor e pelo pior, eram outros tempos. Cujo nesta última acepção, por exemplo se aceitavam melhor ou mais naturalmente as derrotas desportivo-futebolísticas do que se aceitam actualmente as derrotas económico-futebolísticas e/ou ideológico-futebolísticas. 

_ E não, com o imediatamente anterior, não pretendo fazer a apologia de que antes é quer a bom, bem longe disso e sob muitos aspectos até bem mesmo pelo contrário, inclusive se assim não fosse eu não estaria agora aqui a escrever o presente, sendo que circunstancial/providencialmente depois de tudo e apesar de ou até por tudo o já escrito até ao momento, com mais tudo o que lhe está pré, pró e pós inerente da minha parte e do meio envolvente a mim, já na minha responsável e consequente vida adulta a escrita acabou, inclusive contra todas as expectativas de partida, impondo-se-me como minha maior, melhor, quando não mesmo única forma de expressão e de existência própria. Pelo que o que acima de tudo quero resumidamente dizer com tudo isto é que lamento profundamente que os discursos de certos dirigentes desportivos, pior se de Clubes de topo, tenham chegado ao baixo, pró conflituoso, estridente, inflamado e no limite mesmo ofensivo nível a que já chegaram; daí directa ou pelo menos indirectamente derivando também o que ontem mesmo se passou na Academia do SCP, por parte de adeptos face aos atletas e restante equipa técnica do próprio SCP; tal como de resto já outras vezes tem lamentavelmente sucedido de entre adeptos de clubes rivais com violência física, no limite mesmo com consequências ao nível de mortes. Tudo numa espécie de crescente bola de neve em que uma coisas leva a outra e outra a outra. Pelo que apesar de eu seguir cada vez menos assídua e actualizadamente o mundo do futebol, dalgum modo como que regressando cada vez mais à minha natureza original, o facto também é que no entanto e pelo meio aprendi a apreciar e a respeitar positivamente o futebol, com destaque para a própria prática desportiva (competitiva/profissional ou lúdica/amadora) dum modo geral, como para poder deixar de ficar indignado, chocado e em última instância até revoltado com a crescente, irracional e parece que já organizada violência no futebol/desporto.

_ Como ainda seja que ao invés de como eu pró salutarmente auto-concebia a prática e/ou o adepto seguimento da actividade futebolístico-desportiva, tendo por base a minha inocência infantil e/ou ingenuidade juvenil, tanto mais se enquanto eu de humilde ou mesmo de obediente origem e cultura provincial rural; vejo-me agora enquanto responsável e consequente adulto na contingência de ter de lamentar profundamente o que se está a passar ao nível, no caso concreto do futebol e mas também do desporto interno modo geral, acima de tudo o dito de futebol-desporto profissional ou de alto nível, que como tal e sob diversos aspectos é cada vez menos uma salutar referência para quem quer que seja, a começar e terminar por e para com as, mais ou menos, inocentes infâncias e/ou ingénuas juventudes actuais. Sendo que no caso concreto eu tenho adorados e adoráveis sobrinhos, inclusive e para o caso concreto, adeptos do SCP, que gostaria em absoluto não tivessem de viver, mesmo que de fora, a todos os títulos lamentáveis circunstancias como as presente.

_ Ah! E mas muito concretamente ainda, se dependesse de mim terminava duma literal vez por todas com essa aberração que são as designadas claques clubísticas organizadas, essencialmente constituídas por gente abovinada, que quando em respectiva manada necessitam constantemente de "pastores" _ vulgo musculadas forças policias _ e se acaso literalmente de cães para se poder controlar a bovinada. No fundo pura, dura e agressiva indignidade humana. Por exemplo nunca mais esquecerei o sucedido, salvo erro num jogo entre o Sporting Clube de Portugal e o Futebol Clube do Porto, em que os adeptos duma das equipas, na ânsia de ofenderem os jogadores da equipa adversária, se acabaram massivamente debruçando num varandim do estádio, levando dito varandim a ceder e com isso a fazer, se bem recordo, algum morto e seguramente diversos feridos, de entre ligeiros, médios e graves, sendo que no rescaldo do momento um dos próprios protagonistas que sobreviveu com ferimentos ligeiros culpava a policia por esta última não estar naquele local e naquele momento para evitar aquela tragédia; disse logo eu na altura a reitero indefinidamente que, como se a polícia pudesse estar em todo o lado e na divida proporção, tanto mais quando naquelas circunstancias o que acima de tudo aquele adepto sobrevivente estava a passar era uma declaração de inépcia a si mesmo e a todos os seus pares que naquele momento irracionalmente o acompanharam, pois que antes, durante e após o ocorrido deviam ser aqueles mesmos adeptos a saber medir as consequências do seus actos e a respectivamente assumir as correspondentes responsabilidades próprias inerentes. Incluindo, a partir daí, adeptos que já entretanto já se mataram de entre si, como no caso de benfiquistas sobre sportinguistas. Em qualquer caso sendo claro que onde há muita gente junta, tanto mais se em contexto competitivo podem sempre ocorrer incidentes e até por isso em determinados casos, como em competições de futebol, seja exigida logo à partida a preventiva presença de corpos policiais e/ou de segurança modo geral, agora que seja recorrentemente necessário todo um "batalhão" de corpos especiais das forças de segurança com a (quase) exclusiva dedicação a controlar a irracionalidade dum bando de mentes bovinas, salva a ofensa para os bovinos propriamente ditos. É duma crescente, lamentável, irresponsável e indignificante lástima humana, a que no caso a própria racional, sensata, equilibrada e condigna responsabilidade humana tem de colocar cobro a mais curto, médio ou longo prazo, sob pena de caso contrário a própria sociedade dum modo geral se passar a confundir, senão activa, pelo menos passivamente com a bovinada inerente _ que desde já e em directa sequência do sucedido ontem em Alcochete é a própria imagem do País, ao menos do País dito de desportivo, que fica positiva e condignamente em causa!       

VB