quinta-feira, abril 21, 2016

Coração, cabeça e filosofia

Eu que sou um "velho" admirador da filosofia Budista, logo e em sequência das seguintes admiráveis palavras do Dalai Lama: "Esta é a minha religião. Não há necessidade de templos, nem de filosofias complicadas. A nossa própria cabeça, o nosso próprio coração é o nosso templo, a filosofia é a bondade.". Que são palavras que valem por si sós, sem mais. Mas no entanto e para além de eu não ter conseguido e nem querido evitar ser também eu a (com)partilhar essas palavras, na sequência e sob a premissa das mesmas também acresci as minhas seguintes palavras próprias:
Coração, cabeça e filosofia
É tanto mais o coração e a cabeça em associação a uma filosofia simples e de bondade que contam, dependente ou independentemente de religiões, quanto: há pessoas religiosas e não religiosas, em qualquer dos casos excelentes (benévolas) e péssimas (malévolas), com toda uma múltipla infinidade de inerentes e não raro complexas dimensões intermédias.
Em que para mim, o caso concreto das pessoas religiosas que ainda assim são malévolas ou pelo menos tremendamente contraditórias na prática, é tão mais grave ou intrigante quando não coincidente com a bondade e simplicidade dum Deus Bom que professam seguir. E inclusive enquanto tal caindo essas mesmas pessoas em regra no seu primeiro grande pecado (religioso) que é o de não raro se auto arrogarem de ser mais benévolas ou absolutamente melhores do que os demais, desde logo do que os não religiosos, tão só e desde logo por serem religiosas. Sendo ainda que não raro ou mesmo em respectiva regra quando excepcional ou mesmo recorrentemente as pessoas religiosas "pisam ou mesmo ultrapassam o risco" _ por não dizer outra coisa _ de entre benevolência e malvadez, respectivamente costumam recorrer ao templo religioso e/ou à cerimónia religiosa, fazendo umas correspondentes orações pedindo perdão a Deus ou até mesmo sem pedir perdão, em especial nos casos em que se têm como tão benevolamente superiores e/ou intocáveis que jamais admitem ou só muito excepcionalmente admitem "pisar o risco", mas em qualquer caso saem do templo e/ou da cerimónia religiosa, não necessariamente com mais benevolência, mas sim com a arrogância e se for o caso até com a prepotência reforçadas. Isto naturalmente excluindo as expectavelmente maioritárias pessoas religiosas que são de facto benévolas e/ou pelo menos são minimamente conscientes do seu efectivo ou potencial melhor e pior, com todas as intermédias e não raro contraditórias dimensões inerentes, auto gerindo essa sua condição o mais objectiva, racional, positiva e coerentemente possível.
E porque é que eu comecei logo à partida e pela negativa a concentrar-me nas pessoas religiosas? Desde logo porque creio que, de entre as mais diversas religiões, as pessoas religiosas serão a esmagadora maioria a nível global e mas apesar disso ou por vezes até derivado disso o mundo e a sociedade humana em concreto não deixam de ser um recorrente inferno ou pelo menos um pré e pró inferno. Além de que enquanto sendo supostamente os religiosos positiva/benevolamente superiores aos não religiosos, logo negativa/malevolamente não admira tanto ou até de todo a negatividade/maldade dos não religiosos, admirando sim o seu inverso. Ainda que quer religiosos quer não religiosos, sejam louváveis se pela positiva e condenáveis se pela negativa, em qualquer dos casos de equitativo e indiferenciado modo enquanto tais, em especial se em ditos Estados Laicos e de Direito Universal. De qualquer modo e em qualquer caso creio eu com um mínimo de objectividade, que não há exclusividade e salvo erro sequer maior ou menor tendência para a benevolência ou para a maldade só por se ser religioso ou não religioso. Ainda que talvez tenha de admitir que os religiosos terão talvez mais propensão para a transcendência, ainda que isso tanto funcione para o bem (benevolência) quanto para mal (malvadez). Dai e de resto que algumas das mais sublimes acções humanas, como por exemplo universais actos de solidariedade e/ou majestosas obras de Arte, sejam de origem religiosa e/ou executadas por religiosos; mas também algumas das mais execráveis acções humanas, como por exemplo abjectos atentados contra a própria vida humana, sejam de respectiva origem religiosa e/ou praticados por religiosos, por si só as designadas “máfias” humanas no sentido mais corporativo do termo “máfia”, costumam ser elas mesmas compostas por indivíduos religiosos e não raro as suas mais criminosas façanhas, no limite, praticadas em nome de Deus. Tudo sem prejuízo das mais sublimes ou execráveis acções, no fundo da benevolência ou da malvadez dos não religiosos.
Ah! E quando em tudo isto refiro benevolência e malvadez, nem a benevolência tem necessariamente de implicar ou de excluir a extrema angelicalidade ou santidade, nem a respectiva malvadez tem de incluir ou de excluir a extrema demoniacalidade ou satanidade. Pois que pelo meio e tanto mais se com base e em sequência da dita vida normal e corrente do dia-a-dia, em que há tantas e não raro contraditórias dimensões de entre benevolência e malvadez quanto ao menos potencialmente subjacentes a todos e a cada um de nós. E em que tanto a benevolência pode passar por um meramente circunstancial, pontual e modesto acto de solidariedade, quanto a maldade por um mero sentimento de inveja pejorativa _ que neste último caso inclui pessoas que preconceituosa ou prepotentemente na sua ideia se têm como tendo de ser e/ou de possuir mais e melhor que as outra pessoas dum modo geral ou pelo menos do que as outras pessoas que as primeiras têm por serem inferiores a elas próprias; pelo que quando as primeiras não se conseguem impor duma forma natural, directa e universalmente positiva por si mesmas e acima de tudo sobre o próximo, passam então e em muitos casos já malvadamente a desejar o mal ou a decadência alheia, se acaso e se a ocasião se proporcionar dando até alguma traiçoeira achega para com o mal ou pelo menos para com a não positiva progressão alheia; em qualquer caso e indiferenciadamente por parte de pessoas religiosas e não religiosas, mas dalgum modo mais grave se por parte das primeiras, na medida em que enquanto religiosas se têm a si mesmas e/ou se procuram demonstrar pró externa e socialmente como muito positivas e/ou benévolas. Por norma redundando isso em pessoas que têm discursos global e essencialmente contraditórios em si mesmos e/ou ainda existências contraditórias de entre discurso e prática de vida concreta. No caso tudo tanto pior quando as pessoas em causa nem se auto apercebam conscientemente da sua própria contraditória condição e/ou pior ainda se quando a genérica sociedade envolvente pouco mais consciente, positiva e/ou coerente é. O que quando associado a religiosos que se auto assumem como benévola e/ou existencialmente superiores logo à partida e/ou que com uma mera ida ao templo ou à cerimónia religiosa acabam “expiando” os seus próprios pecados, ainda que como já referi algures atrás, muitas vezes e em muitos casos não necessariamente para serem ou se tornarem benevolamente melhores pessoas, mais sim e tão só para continuarem a ser o que e como são _ não raro e como melhor das hipóteses um contraditório/paradoxal misto, do tipo nem pão nem bolo, por genérico e mas também limite exemplo, de entre benevolência (solidariedade/humildade) e malvadez (inveja/arrogância).

Enquanto algo, malvadez e/ou pelo menos contradições, que eu combato auto gestionadamente a partir do meu próprio íntimo, desde há muito (décadas), ainda que e/ou até por em sequência de ter precisamente auto-assumido a efectiva ou potencial malvadez e/ou contradições própria/s, mas também e acima de tudo envolvente/s de e para mim mesmo, até porque entretanto e à cautela me auto anulei prática, interactiva e funcionalmente a e por mim mesmo, ainda que não desistindo pró positiva, vital e/ou subsistentemente de mim próprio _ o que na sua globalidade auto-identifico como um respectivo processo auto-gestivo significativamente coincidente com a filosofia Budista. Mas a partir do que não deixa de me preocupar e no limite mesmo de me assustar a malvadez e/ou as contradições alheias, por vezes não tanto, nem acima de tudo por parte dos mais explicita ou expectavelmente malvados de quem à partida já se sabe o que esperar, pelo que pessoalmente preocupa-me e/ou assusta-me acima de tudo os pseudo moralista e/ou benevolamente superiores, que na "hora da verdade" são ou podem ser do mais falso, traiçoeiro e/ou malévolo possível, tanto pior ainda se por exemplo utilizando-se de estatutos sociais, políticos, religiosos, etc., médios ou superiores próprios e/ou por colagem a quem os possui!
Tudo isto em sequência duma energia vital/universal e dentro desta também duma ordem natural/divinal que deu origem ao que e como pessoal e humanamente somos, que é algo que em qualquer dos casos nos transcende, ao menos na sua original e básica essência, pelo melhor e para o bem ou pelo pior e para o mal. Mas ainda que a nossa humana existência tenha uma original e uma básica essência que nos transcende, com potencialidades no limite vital ou fatalmente antagónicas, no entanto apesar de e/ou até por isso, o facto é que a mesma e ao concreto nível humano também implica o factor racional, que respectivamente inclui um mínimo e mas também muito consequente livre arbítrio que acaba por nos conceder uma tão auto determinada quanto decisiva palavra e/ou acção própria com relação ao que e como somos ou deixamos de individual e colectivamente ser na prática concreta e continua do dia-a-dia, dependente ou independentemente do que vital/universal e natural/divinalmente nos transcende. Ainda que isso sim, desejavelmente com base no que e para com o que nos transcende pelo e para com o seu melhor, mesmo que na prática nem sempre nem em muitos caso seja assim de todo _ como de resto recorrentemente constatável! Seja que muito resumidamente quero com isto dizer que há de facto uma energia vital/universal e uma ordem natural/divinal que nos transcendem em muito e que como tais devem ser respeitadas, consideradas e tão desejavelmente veneradas pela vertente benévola quanto respectivamente suprimidas pela vertente malévola, em qualquer caso dependente ou independentemente de religiões ou de não religiões. Admitindo no entanto e desde logo eu que as religiões facilitam, devem mesmo facilitar ou melhor ainda viabilizar o processo pela e para com a vertente benévola, desde logo ao estarem as diversas religiões associadas a uma mensagem benévola e/ou pró benevolamente transcendente; ainda que até por isso e mas no limite inversamente a isso, como seja dependente da interpretação que todos e cada qual façamos da mensagem religiosa, essencialmente metafórica e como tal dada ao mais diverso tipo de interpretações, no limite de entre benévolas e malévolas, com todas as não raro contraditórias/paradoxais dimensões intermédias. De entre o que também pode suceder e não raro sucede de facto é que a transcendente ou pró transcendentemente benévola mensagem religiosa no intimo de muitos de nós, individual, conjuntural ou colectivamente se poder metamorfosear em malévola, sendo que a linha existencial que separa a benevolência da malvadez é uma linha tremendamente ténue, delicada, frágil e/ou subtil, permanentemente aberta a ser transposta num ou noutro sentido (benévolo ou malévolo). E em que não querendo nem sequer necessitando entrar aqui em questões mais abrangentemente genéricas relacionadas com o que pode chegar a ser a controvérsia ou mesmo a maldosa perversidade subjacente ao/s próprios factor/es religiosos, como por mais colectivos exemplos em "santas inquisições" e/ou em auto proclamados "Estados" de base dita religiosa, entre outros, mas em qualquer dos casos altamente violentos, atentatórios da paz, do equilíbrio, da sanidade e da própria vida humana. Logo vou-me restringir a um muito particular e micro caso concreto para dizer que vi com os meus próprios olhos, nos idos anos oitenta do passado século XX, um senhor muito bem vestido e além doutros sinais de abastança também com um grandessíssimo crucifixo e respectivo cordão de ouro pendurados ao pescoço, agredir violenta, brutal e irracionalmente um indigente dentro dum estabelecimento comercial publico só porque o indigente lhe foi pedir uma esmola. Cuja dita agressão, segundo se apurou imediatamente no local, sucedeu em sequência do senhor, no mínimo muito aparentemente religioso e abastado, se ter sentido incomodamente ofendido pelo acto de solidária solicitação do indigente dentro dum espaço comercial público em que o próprio dono do espaço ia permitindo ao (re)conhecido indigente por ali deambular, pelo menos em alguns momentos do dia, mas que cujo cliente aparentemente religioso e abastado interpretou que nem naquele e supostamente nem em mais espaço comercial publico algum deveria ser incomodado por um indigente. E eu pessoalmente não discuto e muito menos julgo o facto do senhor aparentemente muito religioso e abastado querer estar descansado e sem indigentes perturbações num espaço comercial público em que de resto e dalgum modo o mesmo estava a pagar para ali estar; mas dai a agredir de forma imediata, violenta, brutal e irracionalmente física o indigente, vai uma distância imensa. Crendo respectivamente eu, na prática pouco religioso, que antes do mais e como de resto sucedia com muitos outros clientes daquele espaço comercial publico, que também ao senhor no mínimo muito aparentemente religioso e abastado, teria bastado dizer ao indigente que não lhe dava esmola e/ou em última instância reclamar com e/ou da gerência do espaço comercial público em causa, em que há altura eu era funcionário, pela presença do respectivo indigente no mesmo. A partir de que ao menos naquele extremo caso concreto, como estou seguro em muito outros equivalentes, tanto mais e pior se em contextos mais íntimos e/ou privados, um senhor no mínimo aparentemente muito religioso e abastado, na sua pseudo superioridade moral, cair precisa e radicalmente no inverso desta última. Sendo ainda que religiosidade para muito “boa gente” equivale essencial e não raro exclusivamente a um efectivo: "venha a mim e seja feito à minha vontade"; aquém e além de retoricamente: "venha a nós e seja feito à vossa vontade". Ainda que tudo isso seja eu, um meramente humildade ou mesmo insignificante (pró) racional a dizê-lo!
Sequência de que como é comum em mim, não posso ou pelo menos não quero deixar ainda de me incluir em tudo isto, não só por o estar a escrever enquanto tal, mas também enquanto expondo a minha própria condição por dentro e/ou de entre o mesmo. Perante e para com o que o simples facto de o estar a escrever já implica que há muito me auto apercebi das minhas benévolas ou malévolas potencialidades pessoais, humanas, vitais e universais próprias. A partir de que entre ter-me apercebido disso e o facto de estar a escrever ao respeito inclui toda uma história, que no caso concreto é a minha história de vida própria, que não cabe descritivamente no presente contexto, ainda que e/ou até porque a mesma contenha tanto de prática e objectivamente desinteressante, quanto até por isso de interpretativa e subjectivamente interessante, em qualquer dos casos pelo efectivo ou potencial melhor e pior inerente. Mas no e para o presente caso concreto posso e quiçá devo mesmo dizer, talvez um pouco ao estilo de confissão religiosa, mas na circunstancia em vez de sigilosamente perante um pároco fazendo-o sim de forma responsável e consequentemente aberta perante quem ao mesmo aceda, o seguinte:
_ No meu pessoal caso concreto comecei pró objectiva/racionalmente a aperceber-me bastante cedo, a partir da própria infância, das minhas próprias potencialidades benévolas e malévolas, com todas as suas multiplamente infindas dimensões intermédias, independentemente de antes, durante ou após tomada de consciência religiosa, de respectiva prática do culto religioso e de correspondente fé religiosa, em que no mínimo e em qualquer dos casos dei comigo a por recorrentes vezes cair em contradição discursiva ou prática e/ou de entre discurso e prática, designadamente em sequência da ténue linha que separa todos os paradoxos vitais ou existenciais dum modo geral, tanto mais ainda assim se a partir de objectiva ignorância racional e intelectual, associada a pseudo superioridade moral/religiosa. Sequência de que sem excluir de todo a pró benévola transcendência subjacente à metafórica mensagem a respectivamente à subjectiva fé religiosa, por mim mesmo auto decidi racionalmente assumir todos os efectivos ou potenciais paradoxos inerentes à vida e por inerência a mim mesmo, de e para mim próprio, isso sim fazendo-o da forma mais racional, auto determinada, livre, responsável e consequentemente possível e até por isso pró benevola, vital ou sobreviventemente, segundo vou entendendo e interpretando introspectiva, circunspectiva, contemplativa, meditativa, reflexiva e conscientemente as causas, os efeitos e as consequência inerentes, em sequência da vida prática e concreta do dia-a-dia, em associação ou dissociação ainda às mais diversas teorias intelectuais designadamente por via literária, já sejam essas teorias por exemplo de base mais religiosa ou mais cientifica, por si só e por norma com religião e ciência desencontradas de entre si, sem excluir de tudo isto a vertente artística. De entre e/ou de onde de resto e depois resulta por exemplo esta minha, por si só, pró vital, sanitária, subsistente e mas se tanto quanto possível e até por isso também pró positiva/benevolentemente transcendente necessidade de escrever, como no caso concreto o presente. Na circunstancia independentemente de prático ou até absoluto culto religioso, mas tão pouco ignorando toda a transcendência vital, universal e/ou divinal subjacente ao simples facto de eu aqui estar a escrever e enquanto tal a ser o que e como sou. Designadamente e no limite, de entre o efectivo ou potencial melhor e pior subjacente à própria vida e por inerência à nossa subsequente existência humana; mas também de entre tudo o que original e essencialmente nos transcende em termos vitais/universais e naturais/divinais, mais tudo o que e como nós decidimos ou deixamos de decidir auto determinada, livre e como tal racional, responsável e consequentemente ser. O que no que a mim respeita, é o que e como se pode constatar, também e/ou acima de tudo pelo que e como aqui escrevo, sendo que tenho nesta minha expressão escrita a minha maior, melhor quando não mesmo única forma de expressão e de existência própria. A partir de que, se for esse o caso, decidam também vós, restantes religiosos e/ou não religiosos, se na circunstancia eu próprio sou mais benévolo ou mais malévolo, mais consciente ou mais inconsciente e mais responsável ou mais irresponsável por mim mesmo e logo com relação à própria vida e por inerência a todos e cada de vós meus semelhantes. Sendo que por mim mesmo não vos julgo, até porque em qualquer caso e duma ou doutra forma sou apenas e tão só mais um de entre vós, ainda que como melhor ou pior das hipóteses e se por possível ou necessário acaso, até auto defensivamente, confrontar-vos-ei objectiva, racional, factual e na respectiva medida do possível também e no que de mim depender sempre (pró) benévola e transcendentemente!
VB

sexta-feira, abril 08, 2016

Complicações

            Por inerência de recorrentes elogios democráticos à ditadura de Salazar, sendo que desde logo uma das substancias diferenças entre democracia e ditadura é que em verdadeira democracia é permitido falar das ditaduras e dos ditadores, se acaso elogiando-a/os, enquanto em efectiva ditadura não é permitido falar das democracias e nem dos democratas, muito menos elogiá-la/os.

            Sequência de que se há algo de que eu não gosto mesmo nada é de ditadores, sejam eles de que índole (política, social, cultural, ideológica, religiosa, civil, militar, etc.,) seja, até porque se outros motivos não houvessem, desde logo e por si só há o facto de os ditadores exigirem ser tolerados na sua própria intolerância. Mesmo que perante certas e determinadas circunstancias de grave desestruturação e/ou de decadente anarquia social, eu até seja forçado a entender a existência de (alguns pró estruturantes) ditadores e de seus respectivos regimes ditatoriais. O que por exemplo no caso concreto de Portugal e da ditadura salazarista versos a recorrente convulsão social pré salazarista e o recorrente oportunismo social pós salazarista, me leve a entender minimamente a ditadura salazarista, no entanto e em qualquer caso com recorrente injustiça social(*) antes, durante e após o salazarismo, me leve a concluir também e acima de tudo que somos uma sociedade nacional interna globalmente complicada. Seja que sem prejuízo das imensas riquezas nacionais em efectivo ou em potencia, temos como mínimo uma imensa pobreza e/ou pelo menos debilidade que é por si só a nossa significativamente complicada sociedade nacional interna. Em que salvo sempre as devidas positivas excepções, de resto é genericamente composta de vaidades, de pretensiosismos, de preconceitos, de artificialismos, de invejas, de mesquinhezes e quiçá acima de tudo de contradições. Em que por exemplo neste último caso das contradições, poderia dar uma infinidade de exemplos, mas com base em algo que li recentemente resumiria dizendo que ao mesmo tempo que somos um País auto(**) e extra tido como dos mais seguros da Europa e/ou até do Mundo, no entanto temos uma das mais altas, senão mesmo a percentualmente mais alta taxa de reclusão a nível Europeu, ao mesmo tempo que internamente nos queixamos de que os pequenos, médios e grandes “malfeitores” _ vulgo delinquentes _ não terminam de ser presos. Enfim, uma coisa tremendamente difícil de entender, tão só a este nível da segurança, mas com extensão à saúde, à educação e à sociedade modo geral.

            Ah! E claro que eu enquanto mero individuo, tanto mais se individuo na mais elementar base social e ainda auto confessamente medíocre sob e sobre muitos positivos aspectos não me excluo de toda a genérica complicação social envolvente. Ainda que inclusive enquanto auto reconhecidamente assumindo-me eu próprio efectiva ou potencialmente como complicado e/ou pelo menos como subalterno à global complicação social envolvente, mesmo que contra “ventos e marés”, também me esforce permanentemente por transcender isso pró positivamente. Sequência de que, até enquanto eu mero individuo e ainda mais se auto reconhecidamente medíocre sob e sobre diversos positivos aspectos, o problema não está em que se eu mesmo consigo concretizar na prática o meu pró positivo esforço ou não(?!) _ inclusive como meio e forma de evitar ditadores e respectivas ditaduras, com ainda eventualmente subsequentes revoluções pró libertárias, com todas as intermédias e não raro inconciliáveis contradições inerentes. Até porque se falhando eu o meu pró positivo objectivo, respectivamente o grande ou o essencialmente único prejudicado sou eu, já se concretizando esse meu positivo objectivo, o respectivo benefício será transversal/universalmente também sempre do todo social, ao menos na sempre modesta medida que a mim individualmente me cabe perante e para com o todo envolvente. A partir de que o grande problema está em que, salvo sempre as maiores ou menores devidas positivas excepções de facto, de resto a generalidade social envolvente não faz esse pró positivo esforço e que em muitos casos bem mesmo pelo contrário, limitando-se por exemplo e essencialmente a oportunismos unilateralistas/corporativistas de circunstancia, incluindo ou excluindo as vaidades, os pretensiosismos, os preconceitos, os artificialismos, as invejas, as mesquinhezes e as contradições várias e/ou vãs. Auto colocando-nos, social e colectivamente, enquanto tal à recorrente mercê de ditadores e de ditaduras, com ainda eventualmente subsequentes e inversas revoluções libertárias, num ciclo que no caso nacional interno parece ser eterno e/ou indefinido, especialmente enquanto recorrentes merecedores de algo ou de alguém que nos governe e dirija, por si só de forma opressiva/repressivamente ditatorial, não será por acaso que a ditadura de Salazar durou quase meio século e as saudades ou referências da mesma continuam a ser uma, senão mesmo a nossa maior referência interna, inclusive com retroactiva extensão a pelos menos dois séculos atrás, enquanto referência que senão é positiva é pelo menos comparativa, mas que enquanto tal nos mantêm, merecedoramente, muito próximos da respectiva ditadura salazarista ou de qualquer outra contemporânea ou eventualmente futura _ desde logo ao nível de recorrentes intervenções de “resgate externo”, mais ou menos, ditatoriais enquanto tais!...                                                                                              
            (*) Sem esquecer que aquém e além dos humildemente neutros e/ou dos universalmente positivos casos, que podem ou não ser justamente reconhecidos como tais quer em democracia quer em ditadura, de resto e no que a injustiça social em concreto respeita, desta última faz parte integrante o facto de que muito/as do/as oportunamente beneficiário/as das liberdades ditas democráticas, se acaso com dito/s beneficiário/as enquanto institucionais/circunstancias partes integrantes das liberdades democráticas, acabem ironicamente sendo também oportuno/as beneficiário/as das opressões ditatoriais, quando mais uma vez e não raro com o/as mesmo/as dito/as beneficiário/as como institucionais/circunstancias partes integrantes das inversas opressões ditatoriais e assim sucessivamente até ao infinito.

            (**) Que não raro os auto elogios costumam ser a face inversa da subestima. Com esta última e os respectivos inversos auto elogios como uma das grandes normas nacionais internas. Cuja uma das mais concretas expressões internas é uma espécie de, a meu ver um ridículo, pedantismo, do género andar-se recorrentemente a perguntar aos forasteiros, vulgo extra nacionais o que acham de Portugal, muitas vezes e no limite mal estes últimos acabam de chegar pela primeira vez a Portugal. Enquanto nós de e para nós mesmos internamente, imagino que com inevitáveis reflexos no exterior, regra geral e em especial ao nível dos meios de comunicação social, mesmo que vindo-se a evoluir muito lenta e gradualmente pela positiva a este nível, no entanto e de resto pró auto estima nacional própria ficamo-nos, mais uma vez a meu ver ridiculamente, pelos meramente pré e/ou semi-sucessos futebolísticos e dentro do mediático futebol, essencialmente ainda nos últimos anos, pelos unilaterais sucessos de Cristiano Ronaldo. Ao mesmo inverso tempo que subestimamos, subvalorizamos, ignoramos, etc., uma infinidade de inclusive efectivos positivos sucessos internos a muitos outros níveis, desde logo multi-desportivos, mas também multi-sociais e/ou existenciais modo geral. Enfim somos de facto uma sociedade e um “povo” mesmo complicados. O que até talvez seja extensível à humanidade modo geral, ainda que com mais agravantes nuns casos do que noutros. A partir de que não sei decifrar objectivamente até que ponto o caso nacional interno é mais ou menos grave que qualquer outro e/ou mesmo do que a normal general?! Mas até por reflexo em mim mesmo, que é complicado não tenho dúvida alguma. Por exemplo muitas das designadas frontalidades e/ou mesmo agressividades explicitas e directas ou implícitas e indirectas, mas não raro traiçoeiras e escorrediças que sempre conheci e conheço estão mais baseadas em preconceitos, em invejas, em ressentimentos, em sobrestimas próprias e/ou subestimas alheias, em intrigas "subterrâneas" de unilateral versão, etc., do que própria e não raro absolutamente em dados concretos próprios, bilaterais ou multilaterais. O que leva sempre de todo mais a complicações do que a simplificações vitais ou existenciais modo geral. E no caso concreto a melhor forma que eu encontrei de lidar com tudo isso foi auto assumi-lo de e para mim mesmo, inclusive e acima de tudo pelo seu pior, mas a parir de que auto gerindo-o introspectiva/circunspectivamente da forma mais pró positiva possível em e por mim próprio, desde logo e até pelo imenso paradoxo quando não mesmo conflito interno inerente, interferindo eu o menos prática, interactiva, funcional e/ou absolutamente possível com o exterior e mas até por isso não pude por s só deixar de algum dia começar a escrever para tão só necessitar sobreviver, nem posso ainda pró vital, sanitária ou subsistentemente deixar de como no presente caso escrever coisas como esta. Em que então sim ao expor-me como e enquanto tal acabo por interferir com o exterior, mas no caso com um exterior que esteja disponível a ler-me e não por eu mesmo me impor directa, objectiva, prática e/ou (inter)activamente a esse mesmo exterior. Em qualquer caso espero que da minha parte simplificando dalguma significativa ou pelo menos mínima forma as múltiplas complicações inerentes!...

                                                                                                VB

terça-feira, abril 05, 2016

Sentido de pertença

            Auto reconhecendo muito honesta e objectivamente que não sou propriamente um intelectual, bem longe disso. De resto se há coisa que muito prezo é a preservação e cultura da máxima simplicidade e naturalidade possível, ainda que dentro e a partir duma existência própria e envolvente significativamente complicada/s. Sequência de entre o que seguramente não escrevo é para mentes simplistas e/ou populistas, desde logo por tudo o que algum dia me trouxe natural e espontaneamente a escrever, numa primeira instância para tão só necessitar sobreviver e continuamente como uma pró vital, sanitária e/ou subsistente forma de expressão e de existência própria, por dentro ou por inerência das respectivas complicações próprias e envolventes e/ou de entre umas e outras destas últimas, mas em qualquer caso para com a maior, mais positiva e universal simplificação existencial própria e pró envolvente possível. A partir de que quando digo que seguramente não escrevo para mentes simplistas e/ou populistas, isso deve-se a que por um lado escrevo em sequência de ter auto assumido de e para mim mesmo o efectivo ou potencial melhor e pior subjacente à própria vida, procurando preservar e cultivar o melhor, para até enquanto tal suprimir e anular o pior inerente. Tudo isto a partir da maior ingenuidade e mas para com a maior objectividade racional possível. Mas também e até nesta última sequência porque por outro inerente lado não me interessa um “povo”, de que eu mesmo sou parte integrante, enquanto “povo” como massa amorfa composta por indivíduos permanentemente predispostos a deixar-se levar por qualquer demagogo e/ou respectiva demagogia que lhe/s prometa o “céu”. Até porque o “céu” e o “inferno” estão antes, durante e depois do mais no intimo de todos e de cada um de nós, aquém e além de onde e em quem mais quer que seja. Pelo que interessa-me de todo mais indivíduos (masculinos e femininos) humanos, o mais plenamente possível conscientes das suas (nossas) potencialidades pelo melhor e pelo pior e para o bem e para o mal, que até por isso podem e devem ser mais responsável e consequentemente livres; do que indivíduos global ou essencialmente dependentes de, por assim dizer, elites que falam, agem e/ou governam em nome do “povo” ou da “nação”e enquanto tal desses mesmos indivíduos, mas não raro ao invés dos mesmos. Logo com a respectivamente maior e mais consciente/esclarecida autonomia possível, para que precisamente cada qualquer escolha o mais livre, responsável e consequentemente possível o caminho próprio e/ou de vida a seguir. Isso sim e sempre o mais literalmente possível em favor do Universal bem colectivo. Em vez de indivíduos permanente e essencialmente pendentes de ser governados ou dirigidos de fora para dentro e de cima para baixo, por norma em nome do próprio colectivo, vulgo “povo” ou “nação”, mas muitas vezes sabe “Deus” e/ou o “Diabo” em nome e em favor de verdadeira e efectivamente o quê ou quem(!?), mas que não raro é à efectiva margem ou ao concreto invés do próprio “povo”, da “nação” e/ou do Universal bem colectivo. A partir de que quanto mais vital e universalmente esclarecido for cada individuo acerca das suas capacidades e/ou potencialidades próprias e respectivamente envolventes, no limite positivas e negativas e para o bem ou para o mal, tanto mais se pode auto gerir a si por si mesmo face ao colectivo e desejavelmente para com este último, que em si mesmo inclui cada individuo. Até porque o próprio colectivo, que à partida e diria mesmo que vital ou fatalmente deve estar hierarquicamente organizado, acaba também por si só e na sua hierárquica organização estar este último tão mais permeável a ser autor e/ou vitima de demagogos e de demagogias quanto menos Vital e Universalmente esclarecidos forem e estiverem qualitativa e quantitativamente os indivíduos que o compõem. Sendo que eu escrevo precisamente, também, por via e em sequência da minha auto-gestiva tomada de consciência individual e colectiva própria, no limite de entre o efectivo ou potencial melhor e pior inerentes, com toda a multiplamente parcial ou genérica infinidade de intermédias dimensões. Pelo que, salvo a imodéstia, não escrevo nem posso mesmo escrever para mentes simplistas ou populistas, salvo se para qualquer destas últimas passarem a transcender, desejavelmente pela positiva e pró colectiva ou por si só Universalmente, o seu simplismo e/ou populismo!... 
      
            Sentido de pertença
  
           Tomando como base inspiradora o debate televisivo acabado de acontecer no programa “Prós e Contras”, do canal 1 da televisão publica nacional RTP, sob a dupla interrogativa de que se por um lado Portugal corre o risco de sofrer um ataque terrorista em sequência do contemporâneo terrorismo transfronteiriço(?) e de se por outro lado se pode confiar defensivamente nas Forças Armadas nacionais face a esse mesmo terrorismo(?). Para com o que no caso e para além do actual Ministro da Defesa nacional: Azeredo Lopes; do ex. Ministro de Administração Interna: Figueiredo Lopes; da professora Universitária, com especialidade em relações internacionais: Livia Franco; e ainda do chefe do Estado Maior das Forças Armadas: Pina Monteiro, como convidados centrais, de resto toda a plateia era composta por militares das mais diversas patentes e respectivos ramos militares.

            A partir de que eu poderia aqui abordar reflexivamente o princípio e o resultado geral do debate e/ou ainda as duas questões base que inclusive foram colocadas ao país via aplicação digital (paxvoice), acerca do risco de atentado terrorista em Portugal(?) e cerca de se se pode ou não confiar defensivamente nas Forças Armadas nacionais(?). De entre o que talvez não podendo deixar de abordar reflexivamente tudo isso, desde logo ao resumido nível de redutoramente se centrar um debate acerca de terrorismo internacional e do combate a este último exclusiva ou pelo menos essencialmente nas Forças de Defesa e não antes, durante e depois nas Forças de Segurança, possa até chegar a ser algo ridículo para a produção do programa Prós e Contras. No entanto a partir de que tendo-se centrado esse debate nas forças de Defesa militares, por mim pessoalmente prefiro abordar o princípio e o fim inerentes a esta emissão do programa Prós e Contras sob a perspectiva do sentido de pertença individual a um todo colectivo, no caso ao colectivo nacional, aquém e além de pertença por exemplo a uma família, a um grupo profissional ou social, etc., além de incontornavelmente sempre pertencente ao próprio universo, independentemente das diversas e múltiplas partes inerentes.  

            Sequência de devo começar por dizer que na Natureza nada é absolutamente seguro, logo tão pouco assim é na sociedade humana, bastando dizer que um dos actos mais perigosos que regular e comummente se cometem é por exemplo sair a conduzir para a estrada, sem sequer falar nos diversos perigos naturais e/ou nas mais negativamente abjectas acções humanas, de resto não será por acaso que são necessárias Forças de Segura e de Defesa, por si só de entre humanos. Logo com base num dito e em si mesmo profundamente abjecto terrorismo transfronteiriço, altamente irracional, aleatório, de estrutura ideológica/teológica única, mas com grupos operacionais independentes uns dos outros, com muito significativas capacidades de comunicação e de financiamento, etc., etc., e que por si só tem como alvo todo o Ocidente em que se integra Portugal e seus (nossos) valores políticos, sociais, culturais, etc., claro que enquanto tal nenhum País Ocidental, incluindo naturalmente Portugal estará de todo livre de sofrer um atentado terrorista do género transfronteiriço, inclusive enquanto no contexto democrático Ocidental actual. A partir de que resta esperar que precisamente as Forças de Segurança, isso sim e em grande medida associadas às Formas de Defesa, nacionais e internacionais, estejam à altura de tanto quanto literalmente possível evitar um dito ataque terrorista, no caso concreto em Portugal; o que como por recorrentes vezes foi referido pelos diversos intervenientes no debate televisivo: _ “nas presentes circunstâncias as ditas Forças de Segurança e/ou de Defesa devem incluir todos e cada um de nós cidadãos comuns, individual e colectiva ou civil e institucionalmente”.

            Mas entretanto e tanto mais se em sociedades democráticas como as Ocidentais em que prevalece a liberdade individual e colectiva, e que precisamente também por isso são atacadas por terroristas de índole fundamentalista/totalitarista. O respectivo combate Ocidental ao terrorismo fundamentalista/totalitarista de base Islâmica, pode ser algo tão mais difícil quando e enquanto preservando-se os valores democráticos Ocidentais que precisamente os terroristas atacam, sem colocar estes mesmo valores Ocidentais paradoxalmente em causa por dentro do próprio Ocidente em nome do combate ao terrorismo fundamentalista/totalitarista. Sendo que a partir daqui começo a chegar ao ponto do que me está a trazer a escrever o presente que é ao facto de que tendo eu nascido ainda sob um regime politico/social ditatorial, apesar de entretanto instaurada um dita liberdade democrática ter eu no entanto e ainda assim crescido sob forte influência da prévia ditadura, tanto mais se no contexto sociocultural, familiar, comunitário e regional provinciano, rural e semi-analfabeto em que eu nasci e cresci. O que no seu global conjunto me levou, de resto me está a levar continuamente a um esforço de adaptação à realidade democrática, como seja a viver livremente de forma responsável, coerente e positiva _ o que se já não é fácil modo geral, posso garantir que será algo mais complicado e difícil para alguém com uma origem e corrente vivência genericamente muito básica, sob muitos aspectos mesmo rudimentar e pejada de contradições designadamente de entre o pré e o pós revolução (pró) democrática. Em que depois entram incontornavelmente especificidades como a minha personalidade, mais a minha experiência interpessoal, social, cultural, familiar e existencial modo geral, incluindo um meu marcante fracasso interpessoal, social e curricular escolar em efectivo, adicionado dum meu auto reconhecidamente constante e permanente desencontro profissional, sociocultural e existencial próprio. Enfim quero eu dizer que se normalmente em democrático regime de liberdades individuais e colectivas, em que não raro e se acaso com relativa facilidade se pode cair em unilateralismos, egoísmos, corporativismos, liberalismos, libertinagens, etc., vário/as e logo a que quem quer que seja e no caso concreto eu mesmo jamais estive ou estou ao menos potencialmente imune, no entanto até para não cair nessas tentações, tanto mais ou menos quanto tendo eu sido educado, desde logo familiarmente mais com base na divida de incondicional obediência do que de positivo respeito, desde logo aos próprios pais e a partir dai a toda uma infinidade de múltiplas hierarquias ou estatutos superiores, em que talvez o “virtuoso” meio-termo estivesse em eu me ter dedicado profissional/existencialmente, por exemplo e por si só a uma carreira militar, militarizada e/ou na genericamente hierarquizada estrutura do Estado. No entanto já fosse porque eu sempre senti que esta última hipótese não me era algo natural e por outro até complementar lado eu não estaria à devida altura da mesma, mas tão pouco jamais me consegui impor ou afirmar positiva, autónoma, livremente no que mais quer que profissional ou existencialmente seja, logo o facto é que dalgum modo a minha genérica existência, como melhor das hipóteses, jamais deixou de ser ou de estar à altura do que potencialmente era na minha mais remota origem (nascimento, infância e juventude), como seja algo significativa/substancialmente vazio, desestruturado, volátil e afins. Como seja ainda algo que sem as devidas referências, influências e respectivas acções envolventes me poderia e pode em permanência levar por qualquer caminho, no limite positivo ou negativo e de vida ou de morte. Ainda que a ter-me auto apercebido semi-objectiva e subjectivamente disso, em minha plena adolescência, logo e precisamente até por muitas referências, influências e acções externas a mim minimamente positivas, com que felizmente eu sempre empatizei, incluindo aqui desde logo a própria e positivamente inspiradora força da vida natural, até por exemplo às mais sublimes formas de Arte de base humana _ que enquanto formas de Arte, a meu ver e sentir, tem de estar objectiva e realista ou subjectiva e abstractamente baseadas na própria realidade e/ou energia vital universal. Ainda que ao não terminar eu de me impor ou de me afirmar duma qualquer positiva, coerente e concreta forma, por si só coincidente com a minha natureza própria em natural associação com a natureza da própria vida universal, acabo por me ir colocando sempre numa posição de vulnerabilidade/debilidade face às vertentes mais lúgubres e negativas da vida. Sequência em que não terminando jamais de me conformar com a minha impotência face à vertente mais positiva da vida e respectivamente com a minha debilidade face à vertente mais negativa da vida, como que ainda no meu processo de adolescência acabei por entrar em processo de auto gestão, numa base que era e é: se não conseguindo eu ser positivo perante e para com o que ou a quem mais quer que seja, então também tudo faria e farei todo o possível para não o ser pela negativa. Seja que acabei por me auto anular prática, interactiva e funcionalmente, salvo se na medida do possível e em último recurso como um acto (auto) defensivo ou de pró subsistência básica e imediata. No fundo e em última instancia estava e estou predisposto a sucumbir no e ao meu positivo e natural desencontro comigo mesmo e com a própria vida, isto tomando ainda em substancial conta o facto de ter aprendido a confiar no meu natural instinto de vida ou pelo menos de subsistência, quer com relação às efectivas ou potencias ameaças externas, quer com relação às minhas próprias fases mais pró desesperantes, angustiantes e afins, inerentes. Inclusive porque enquanto com base e em sequência do que e de quem me inspirasse natural e vitalmente pela positiva ou que por si só e acima de tudo me suscitasse algum tipo de Amor, a começar e terminar pela própria família, para com o que ou quem eu devia e devo ser o mais positivamente responsável e consequente possível, desde logo como respectivo meio e forma de honrar tudo e todos o/s que me inspira/m positivamente e/ou por si só Amor. Sequência de que também sempre me disse que “por mais e maior que seja a dor subjacente a todo o processo existencial modo geral e/ou ao meu processo inexistencial próprio, no entanto suportar e/ou sobreviver o mais condigna, positiva e/ou absolutamente possível essa dor seria e no caso é o mínimo exigível”. De entre o que por exemplo e após mais de três décadas de acima de tudo resiliente e mas também tanto quanto literalmente possível pró positiva, construtiva, criativa, produtiva, satisfatória e condigna auto gestão própria, como não me canso nem posso deixar de contextualmente dizer, nasceu circunstancial/circunstancialmente acto espontâneo esta minha forma de expressão e de existência escrita, até porque enquanto em auto gestão que exige essencialmente introspecção, circunspecção, contemplação, reflexão, meditação e em suma isolamento senão absoluto pelo menos interior, eu naturalmente não tinha nem tenho muito com quem conversar. Ainda que quer as referências e influências externas, positivas e negativas, quer a por si só positiva e negativa potencialidade da energia vital subjacente a mim, continuavam e continuam natural e incontornavelmente activas enquanto tais e no caso concreto em mim. Pelo que ter começado a escrever, numa primeira instancia como quem fala com tudo e com todos, ainda que sem falar com o que ou com quem quer que seja em concreto, dalgum resumido e/ou mais subjectivo modo como quem fala com Deus, me foi desde logo providencial para ao inicio em ciclo fechado de e para comigo mesmo necessitar sobreviver a mais um (in)constante e (im)permanente presente momento, além de como uma continuamente pró vital, sanitária ou subsistente forma de expressão e de existência própria, como mais uma vez constatável pelo presente, neste ultimo caso e por assim dizer já numa segunda instância em que passei também a expor-me com base e em sequência do que, como, porque e para que escrevo.

            Mas entretanto e aqui está a base do que eu quero dizer com tudo isto e que passa pelo facto de que sempre me fui sentindo e/ou continuamente me tenho vindo a sentir um misto de nada e de ninguém próprio e concreto, ainda que até por isso sentindo-me como que um misto de tudo e todos indefinida e potencialmente. Em qualquer dos casos pelo potencialmente melhor e pelo pior e para o bem ou para o mal, ainda que até por mim mesmo, por honra a todas as minhas melhores referências e influências de vida, por si só pelas pessoas que dalguma forma eu amo ou me amam a mim, procurando eu ser ou agir efectivamente sempre pelo melhor e para o bem, e que se ou quando não o conseguindo pelo menos tentando abandonar-me passiva e abnegadamente ao que e/ou a quem na essência me inspire um mínimo de positividade, legitimidade e por si só dignidade vital; mesmo que em actividades que organicamente não tenham que ver com a minha natureza própria, até por isso praticando eu genericamente actividades muito rudimentares em si mesmas ou a níveis muito rudimentares dentro das mesmas, como por exemplo actividades de índole físico e/ou aos níveis mais fisiológicos dentro das mesmas, numa base qualificativamente indefinida da minha parte e em regra por conta doutréns ou sob tutela alheia. Sendo esta a base da minha existência desde globalmente sempre e em especial desde que entrei em processo de auto gestão há já mais de três décadas atrás. E agora sim tudo isto começa a encaixar com o debate desta noite no programa Prós e Contras da RTP1, acerca do risco de ataque de terrorismo transnacional em Portugal e da respectiva capacidade ou incapacidade de Defesa Nacional face a esse mesmo terrorismo, cujos pontos de contacto estão na medida em que se por um lado e no meu inerente processo de auto gestão, não tendo eu sido nem continue a ser propriamente egoísta, egocêntrico, corporativista, libertino ou no limite negativo de facto, por outro lado tão pouco tenho sido propriamente altruísta, excêntrico, colectivista, regrado ou no limite positivo em efectivo. Por assim dizer como que tenho estado e estou auto reconhecidamente numa espécie de “banho-maria” de entre todos os paradoxos vitais/existenciais possíveis e imaginários, pelo melhor e pelo pior e para o bem ou para o mal. Não porque regra geral qualquer outra pessoa e/ou instituição humana, tal como por si só toda a vida modo geral não esteja/mos precisamente de entre todos os respectivos paradoxos inerentes; só que uns estão duma forma mais equilibrada, estável, objectiva e definida, enquanto outros estão ou estamos duma inversa forma mais desequilibrada, instável, subjectiva ou indefinida, mas em qualquer dos casos numa base e duma perspectiva mais positiva ou negativa e/ou activa ou passiva. Em que no meu caso concreto, ao estar auto reconhecidamente mais da parte desequilibrada, instável, subjectiva e indefinida, também duma perspectiva auto gestiva me auto coloquei cautelarmente a um nível mais correntemente passivo do que activo próprio, salvo se ao nível auto defensivo e/ou de subsistência básica e imediata, além de que sempre com os olhos, a mente e o espírito colocados nas mais positivas referências, influências e/ou efectivos exemplos de vida. Mais concretamente e regra geral sentindo-me uma espécie de permanente “ilha” no meio do imenso colectivo social nacional, inclusive familiar e por inerente limite universal, como que se não pertencendo eu em efectivo a algo ou a alguém em concreto, mas tão pouco deixando de pertencer a tudo e a todos em potencia. Salvo que, mais uma vez e como eu disse atrás, quando em situações limite de auto defesa e/ou de subsistência pessoal, mas também de auto defesa e/ou de subsistência familiar, social, cultural, no caso nacional ou vital modo geral, como que se reacende mais activamente um meu sentido de pertença, desde logo a mim mesmo, mas também a uma família, a uma sociedade, a uma cultura, a uma nação e acima de tudo a uma vida Universal. O que faz com que por exemplo e no caso concreto sob efectivo ou potencial risco de directo ou indirecto ataque terrorista, desde logo a mim por mim mesmo ou por via de tudo aquilo a que apesar de e/ou até por tudo eu não deixo de pertencer, logo até mesmo eu que me auto remeti a uma condição de genérico inexistente próprio e inclusive por isso sou também um genérico pacifista, no entanto me sinto pertençamente identificado com as necessidades de auto defesa própria e colectiva, com tudo o que a mesma implique e que esteja ao meu respectivo alcance para com a mesma.

            O que em conclusão e num meu mundo interior significativamente vazio e/ou desestruturado de diversas auto reconhecidas formas, por si só inerente ao meu processo de auto gestão(*) derivado a ter deixado de confiar positiva e não raro absolutamente em mim mesmo duma forma significativamente profunda desde a minha juventude e/ou mesmo infância; isto ainda numa genérica dimensão sociocultural envolvente muito volátil sob e sobre muitos aspectos, desde logo segundo os interesses dos mais diversos intervenientes individuais e colectivos ou civis e oficiais; em que por exemplo grande parte dos indivíduos têm existências globalmente instáveis e indefinidas, em que grande parte das famílias se dissolvem ou se arrastam sofrivelmente, em que empresas abrem e fecham como “cogumelos”, em que os governos nacionais vão e vêm ao sabor das circunstancias ou das conveniências de cada momento, etc.; sem sequer incluir aqui os excepcionais casos mais negativos, como aos níveis de delinquência geral e/ou terrorista em particular; tudo isto por si só num Mundo que como um todo depende de equilíbrios muitos subtis, no limite de entre vida e morte, em que nós humanos estamos pelo melhor e pelo pior e para o bem ou para o mal no topo de tudo o que é objectivamente conhecido em termos de vida tal como a reconhecemos, incluindo para o caso concreto e em tudo isto o factor militar humano, como a derradeira força a que se recorre em sequência de grave crise e/ou ameaça ao, no caso, colectivo nacional e internacional Ocidental, isto em circunstancias ditas “normais”, designadamente aquém e além dos excepcionais casos em que a força militar se impõe por si só, mais uma vez pelo melhor e pelo pior e para o bem ou para o mal. De entre o que o facto e por si só no caso concreto nacional de Portugal não deixou de ser um factor de orgulho ficar uma vez mais a saber que as forças militares nacionais estão, apesar de toda as quantitativas limitações materiais e humanas, de entre as qualitativamente melhores do mundo, nas mais diversas facetas inerentes, que podem ir e vão da protecção civil até à própria defesa nacional e internacional, cujo apesar de e/ou até pela própria natureza interna essencialmente rígida e/ou pouco democrática da hierarquia militar, mas que enquanto institucionalmente ao serviço da democracia e da paz, não deixa ou pelo menos a mim e na presente(**) noite não deixou de me inspirar um referente factor de coesão, no caso nacional, com extensão internacional e universal. Inclusive enquanto integrando e desenvolvendo o colectivo militar a/s melhor/es facetas de cada individuo, salvo seja como uma espécie de individualismo ao serviço do todo colectivo. Só me restando enquanto tal desejar que dita força militar seja sempre pelo melhor e para o bem do futuro colectivo nacional, internacional, mundial, por si só humano e vital modo geral, enquanto global colectivo a que em qualquer dos casos e dum ou doutro universal modo não posso deixar de pertencer como tal, inclusive enquanto, porquanto e para quanto escrevo o presente!

                                                                                              VB

(*) Escrevo muito ou mesmo essencialmente na primeira pessoa, não por egocentrismo, até porque isso acresce muita responsabilidade ao que muito consequentemente escrevo, além de que por norma faço-o numa base muito auto critica. Pelo que faço-o acima de tudo e na sua essência como uma prática inevitabilidade derivada do meu longo processo de auto gestão própria, o que de resto e enquanto tal confere a devida ou pelo menos mínima legitimidade ao mesmo (por mim escrito). 

(**) O transacto texto foi escrito acto espontâneo e imediato, após o debate televisivo em causa na noite de ontem (04/04/2016). Ainda que eu só o tenha auto revisto na manhã e partilhado aqui no blogue na respectiva tarde de hoje (05/04/2016). 

Nota: Como complementar nota, não quero deixar de dizer que pessoalmente jamais deixei de sentir os reflexos efeitos de qualquer tipo de terrorismo e deste tipo de terrorismo auto proclamado de islâmico e transfronteiriço, seja em que parte do Mundo for, por mais geográfica ou culturalmente longínqua que ela seja, em que o terrorismo se tenha feito sentir, se esteja ou se venha a fazer sentir em concreto. Agora é claro que, por exemplo a minha necessidade de auto defesa pessoal, nacional, cultural ou existencial própria fica de todo em todo mais consequentemente activa quando essa ameaça ou concretização terrorista se aproxima ou é mais próxima de mim, como está a suceder ao nível Europeu, com necessária repercussão sobre Portugal enquanto País Europeu e parte integrante da respectiva sociedade/civilização Ocidental modo geral, com esta última como expresso e já concretizado alvo do terrorismo, dito islâmico, em causa. Seja que o terrorismo preocupa-me naturalmente mais quando está ou se aproxima de mim, mas isso não implica em absoluto que eu seja insensível ao terrorismo quando ele está ou se faz sentir mais longe de mim. Por exemplo antes ou paralelamente a este terrorismo dito islâmico e transfronteiriço, já a mim me afligiam os por si só bárbaros actos terroristas cometidos em certas comunidades islâmicas com relação ao género feminino, em que por si os machos matam ou mutilam barbaramente as próprias esposas e/ou inclusive as suas próprias filhas crianças, não raro por uma mera suspeita de violação dos preceitos ou preconceitos islâmicos e socioculturais inerentes. De resto e em suma só os insensíveis, ignorantes, inconscientes, inconsequentes e/ou egocêntricos é que pode ficar totalmente indiferentes a algo como o terrorismo, desde que este não lhes toque directamente em efectivo ou em potencia, se acaso tornando-se os próprios um pouco mais potencialmente terroristas em si mesmo do que é potencialmente comum todos e a cada um de nós modo geral. VB    

sexta-feira, abril 01, 2016

A ponta dum imenso iceberg

Mitos, lendas e teorias há muito/as, das mais variadas origens e para os mais variados gostos, ideias e/ou cultos acerca da origem e da finalidade da Vida. Mas a realidade concreta é que nós humanos desconhecemos em objectivo a origem e o propósito da nossa própria existência e menos ainda da existência da vida enquanto tal. E nesse aspecto somos apenas mais um animal como qualquer outro. De resto e como melhor das hipóteses somos apenas o topo duma interdependente cadeia alimentar que duma ou doutra forma inclui todos os restantes seres viventes. Mas por exemplo com mais ou menos religião (fé) e/ou ciência (objectividade) humana, sendo que tal como a própria vida quer a fé religiosa quer a objectividade ciência estão pejadas de no limite fatais contradições em si mesmas, tanto mais e pior se de entre uma e outra, o facto é que a vida continua a ser básica e essencialmente um Mistério para a própria humanidade, que enquanto tal (mistério) pode ou não continuar a incluir a humanidade de futuro, aquém e além da acção ou da inacção humana enquanto tal. Salvo que de entre o que já é objectivamente conhecido e o que continua um objectivo mistério para a humanidade em termos vitais/universais modo geral, o facto é que incluindo o senso comum e experiência prática de vida, existe por assim dizer (também) uma característica humana que é a noção ou a consciência de bem e de mal ou no limite a consciência de vida e de morte própria e envolvente. A partir de que muitas coisas se podem e/ou devem fazer, como por exemplo e no caso concreto escrever, tal como eu aqui faço, desejável e necessariamente em prol do bem e/ou da própria vida! Sequencial base em que, salvo a imodéstia e mas espero que em efectivo prol do bem e da vida, entra a substancia do que aqui me trouxe e que é a seguinte foto:



O conteúdo da foto acima, segundo retirado da realidade concreta inerente, apenas e tão só retrata uma pequena ave morta numa estrada de terra batida de origem humana para a circulação de veículos automóvel.

            O que após minha experiência própria de mais de duas décadas a conduzir veículos automóvel, de entre o que mais dum terço dessas duas décadas a conduzir diariamente várias horas por dia em actividade laboral/profissional, posso enquanto tal e com 99,9% de certeza concluir que a ave retratada na foto acima terá sido morta por um veículo automóvel em circulação. Tanto mais ainda assim quanto este tipo de pequena ave silvestre costuma pousar nas respectivas plantas silvestres junto das estradas, mas por norma só levantando voo quando os veículos automóvel já estão muito próximos, tanto pior quanto costuma ainda este tipo de pequena ave levantar voo, como que num movimento semi-circular em que por exemplo para se afastarem da estrada, costumam no entanto e numa primeira instancia levantar em direcção à estada e só depois inverter a direcção, no sentido de dentro para fora da estrada. O que não raro costuma ser fatal para este tipo de ave face à circulação automóvel, tanto mais se em estradas com as bermas muito próximas da faixa de rodagem automóvel, como por exemplo neste tipo de relativamente estreitas estradas de terra batida. Podendo-se talvez e enquanto tal dizer que há uma natural incompatibilidade de entre este tipo de ave silvestre e o transito automóvel de origem humana. Com imediata e implacável vantagem para a circulação automóvel humana, versos respectivo fatal prejuízo para o tipo de ave em causa. Sendo ainda que eu sei isto de experiência própria porque, mesmo provocando-me isso uma forte irritação comigo mesmo e/ou com as circunstancias que a isso me levavam, o facto é que eu próprio matei involuntariamente diversas aves deste tipo enquanto comigo ao volante automóvel, diariamente durante anos.

            A partir de que não deixando jamais de ser o conteúdo da foto apenas e tão só uma pequena ave morta numa estrada de terra batida para circulação automóvel, no entanto acaba também por ser muito mais do que isso. Desde logo e como mínimo é sinónimo de que a progressiva civilização humana é sob e sobre muitos aspectos incompatível com a natureza silvestre, desde logo com a natureza avícola de pequeno porte como no retratado caso concreto, mas não só. E isto tão só ainda com base e em sequência da circulação automóvel de origem e direcção humana. Para com o que basta pensar nas centenas de milhar de quilómetros de estradas, desde estradas de terra batida como a da foto, passando por EN’s (estradas nacionais), por IC’s (itinerários complementares) e por IP’s (itinerários principais), até auto-estradas, tão somente num relativamente pequeno país como Portugal. Logo levando a pensar no quanto isso implica com a vida natural silvestre, não só pelo espaço conquistado a esta último por via da construção viária de origem humana, mas também pelas implicações da circulação automóvel inerente. Ah! E não, com isto não estou a defender que a humanidade deixe de ser aquilo que e como é, o que com todas as suas causas e consequências pelo melhor e para o bem ou pelo pior e para o mal, desde logo da própria humanidade, inclui por concreto exemplo o transito automóvel de base humana. Com tudo o que isso implica tão só ao nível do transito automóvel sem por exemplo incluir também aqui acções químicas, entre muitas outras por parte da progressista humanidade para com a sua continua e não raro artificial auto progressão própria (humana), ainda que e/ou até porque muito frequentemente às custas da qualitativa e quantitativa regressão da vida natural silvestre. Enquanto tal, com semi-previsíveis e imprevisíveis consequências negativas a médio e longo prazo para a própria humanidade. Até porque, tal como a própria humanidade, possuindo a vida natural silvestre à partida e em bruto tantas potencialidades positivas quanto negativas, o facto é que quer a vida natural silvestre quer respectivamente a humanidade dependem dum determinado e efectivo equilíbrio próprio e mútuo, desde logo de entre as suas diversas e em muitos casos inversas potencialidades. De entre o que possuindo a humanidade a supremacia da racionalidade e da consciência face a e/ou sobre toda a restante vida natural silvestre e por si só terrena não é respectivamente menos factual verdade que se a humanidade não auto gerir minimamente bem, com um indispensável nível de equilíbrio próprio e face ao meio envolvente, acabará por ser também sempre a própria humanidade a pagar duma ou doutra forma a “factura” das suas acções negativas ou inacções positivas face à vida natural silvestre de que duma ou doutra forma depende a própria humanidade. Sendo que na natureza todas as espécies e/ou formas de vida dependem duma ou doutra forma umas das outras, desde a mais microscópica bactéria, passando pelo mais pequeno insecto, até ao mais enorme mamífero, com o no caso racional humano no topo da cadeia. Só que como a humanidade inventou formas artificiais de se sustentar, sem necessitar própria ou pelo menos directamente da natureza selvagem, como por exemplo criando artificialmente as suas próprias (humanas) fontes de alimento quer animal quer vegetal; logo para a generalidade da humanidade é como se a natureza selvagem fosse ou seja mera “paisagem”, não raro descartável, desprezável, ignorável ou dispensável, aquém e além de algo meramente engraçado e visitável de tempos a tempos.

            Mas global sequência de que não vou por certo ser eu a dizer objectivamente, muito menos à prior, até que ponto as acções ou inacções humanas face à vida natural silvestre podem ou não trazer consequências positivas ou negativas para a própria humanidade. Ainda que para mim que nasci e cresci em contexto rural e logo em contacto directo ou próximo com a natureza silvestre que, salvo excepcional momento e/ou circunstancias, de resto e enquanto tal esta última jamais foi algo meramente descartável, desprezável, ignorável ou dispensável para mim; que inclusive e sob muitos aspectos até bem pelo contrário, designadamente e tão só do ponto de vista espiritual a natureza silvestre (animal e vegetal) sempre foi uma positiva/vital inspiração para mim, como por exemplo contra todas as expectativas com o pé de erva silvestre a crescer na pequena fissura no asfalto escaldante, em alusão à força da vida em especial quando na nossa própria vida tudo parece vitalmente descambar, incluindo quiçá mais sublimemente o canto das aves que quer atentando-se mais ou menos objectivamente no mesmo, este acaba sendo sempre algo fundamental à vida e ao bem-estar espiritual humano. Tudo aquém e além do mais básico ciclo de subsistência orgânica que inclui a interdependência alimentar duns seres relativamente a outros e/ou ainda da própria flora, com a humanidade no topo da respectiva cadeia. Isto mesmo que numa excepcional determinada fase e sequência da minha vida e adolescência em concreto, inclusive porque por um lado e há altura eu contava com a biodiversidade natural como uma dado adquirido e por assim dizer inesgotável, enquanto por outro lado e até por influência sociocultural envolvente adicionada de confessa e arrogante inconsciência da minha parte, eu não tenha tratado a biodiversidade natural animal e avícola em concreto, da melhor das formas, que sob muitos aspectos até bem pelo contrário, como por exemplo por preconceito negativo face a umas espécies (repteis; canídeos silvestres _ raposas; rapaces _ aves carnívoras; etc.,) no fundo tudo o que fossem espécies não natural ou culturalmente consumíveis pelo ser humano e/ou então que fizessem “concorrência” a este último face precisamente às restantes espécies animais consumíveis também pelo ser humano (mamíferos roedores _ lebres, coelhos…; aves _ abetardas, perdizes e toda uma série de pequenas aves; etc.) que no primeiro caso eu matava só porque sim e neste último caso cheguei a caçar de forma quase obstinada e/ou em concorrência com equitativos pares, como se não houvesse amanhã e a partir de determinado ponto sem mais aproveitamento do que a simples e vertiginosa obstinação de caçar/matar mais e mais. Isto pelo menos até que por mim mesmo me apercebi que as minhas acções ou inacções pessoais associadas à restante humanidade ou pelo menos ao restante meio sociocultural envolvente estavam a afectar a natureza silvestre nem sempre nem por vezes de todo pela melhor das formas e para com os melhores objectivos, sequência em que cheguei a sentir-me profundamente chocado comigo mesmo, aquém e além de com o restante meio sociocultural e humano envolvente. A partir de que então a minha consciência vital me bateu tão forte, diria mesmo que tão mais forte quanto todos os disparates entretanto por mim pessoal e humanamente cometidos, que ao menos de forma voluntária, objectiva ou directa parei simplesmente de matar o que quer que pertence-se à fauna e flora natural silvestre, salvo naturalmente se em involuntária, subjectiva ou colateral sequência da minha própria existência e natureza humana em que duma ou doutra forma e num ou noutro momento não posso semi-voluntária ou involuntariamente evitar pisar ou arrancar uma planta e/ou matar alguma forma de vida animal, em qualquer dos casos silvestres, mas procurando sempre evitá-lo o mais objectiva e/ou literalmente possível. Sequência de que desde então como que me sinto ou mesmo constato uma espécie de “outsider” de e num global contexto sociocultural humano envolvente que como melhor das hipóteses ignora e como tal não se intromete muito directamente com a natureza silvestre e mas que como pior das hipóteses tem interesses designada e pró desmesuradamente materialistas/consumistas, de entre o que para além de actividades humanas directamente predatórias do meio ambiente natural silvestre, como na melhor das hipóteses uma série de industrias humanas incompatíveis com o meio ambiente natural, inclusive com algum destaque se encontra o transito automóvel com tudo o que está directa ou indirectamente associado ao mesmo, por já não falar numa série de actividades humanas mais ou menos (i)legitimas, mas em qualquer caso e regra geral sempre com interesses materialistas/consumistas associados e que duma ou doutra directa ou indirecta forma acabam sendo alta e/ou conclusivamente prejudiciais/destrutivos do e sobre o meio ambiente natural silvestre (fauna flora, incluindo o clima atmosférico).  

            Pelo que a pequena ave silvestre morta na estrada de terra batida, quase seguramente em sequência de ter sido atropelada por um veiculo automóvel de origem e direcção humana, retratada na foto acima, sendo apenas e tão só isso mesmo: uma pequena ave silvestre morta numa estrada de terra batida, acaba no entanto sendo e/ou significando algo (muito) mais extenso, profundo e complexo que isso. Desde logo acaba significando a relação e/ou a não relação humana com a natureza silvestre envolvente, designadamente com um resultado, regra geral, altamente destrutivo do meio ambiente natural envolvente, já seja por directa ou indirecta acção ou inacção humana. Resumida sequência final de que a pequena ave morta retratada na foto acaba sendo e/ou pelo menos significando (também) a ponta dum imenso iceberg, que é a própria semi-objectiva ou subjectiva influência humana no meio natural silvestre, não raro uma influência negativa/destrutiva, isso sim com cada vez mais objectiva consciência humana desse facto e por isso também dalguma positiva/construtiva forma reversível pela própria humanidade, mas por enquanto também (ainda…) sem um fim à vista enquanto negativo/destrutivo resultado da genericamente respectiva negativa acção ou positiva inacção humana face ao meio natural silvestre.

                                                                                              VB