quarta-feira, março 29, 2017

Circulo vicioso

            Chegamos humanamente a um ponto anti-natura, em que até em nome de preservar a natureza se destrói um pouco mais a natureza.

            Estamos em finais de Março, respectivo início de Primavera com a vegetação silvestre em pleno fulgor e as mais diversas espécies animais silvestres em plena fase de procriação. Como seja uma fase do ano em que pelo menos por esta última vertente de procriação animal silvestre se devia mexer o menos possível com a respectiva vertente vegetal silvestre. Mas aquém e além das por si só naturalmente legitimas necessidades de básica subsistência humana, a que se adiciona a mais ou menos naturalmente legitima ou ilegítima necessidade de continuo e progressivo crescimento económico-financeiro humano, também tanto quanto respectivamente possível se exige continua e/ou mesmo crescente produtividade agrícola/industrial, mesmo que e/ou até por isso sob e sobre muitos aspectos, em especial ao nível de práticas agrícolas mais agressivas/intensivas, que vão desde a sobre exploração dos solos, passando pela incorrecta manipulação dos solos em terrenos altamente acidentados e como tal sujeitos a rápida erosão, até à utilização de compostos químicos para forçar a produtividade, em qualquer dos casos a resultarem contra a natureza selvagem e/ou contra o natural equilíbrio vital; de entre o que há também e cada vez mais um factor que, ao menos parcialmente, é em si mesmo contraditório, enquanto da parte humana face à vida natural selvagem. Sendo esse factor o de em nome de auto protecção humana face à praga de respectiva origem humana que são os recorrentes e até crescentes incêndios florestais ano atrás ano, se irem por sistemático exemplo fazendo aceiros e/ou faixas corta-fogo dentro dos terrenos agrícolas ou silvestres de propriedade privada e/ou do próprio Estado, precisamente para procurar evitar o risco de incêndio ou de pelo menos minimizar os efeitos destes últimos. Isto mais ou menos ao longo de toda a Primavera, como prevenção para os incêndios no Verão.

            Seja que em nome de auto evitar ou pelo menos de minimizar a massiva e indiscriminada destruição derivada dos incêndios florestais, por esmagadora regra sob a por si só negligente ou criminosa mão humana, a mesma respectiva humanidade acaba por, na circunstancia, com demolidoras máquinas agrícolas destruir saberá Deus que quantidade e variedade de criações animais silvestres!? Isto quando eu mesmo já tive oportunidade de assistir a ninhos de perdiz com ovos e a correspondente ave trucidado/as por máquinas agrícolas, na execução dos ditos aceiros ou corta-fogos. E que se falo concretamente em perdizes é porque ainda por cima este é o tipo de ave silvestre que cinegética/legalmente, por nosso unilateral e directo interesse humano próprio, temos como a proteger a todo o custo, pelo que imagine-se com relação a todas as restantes espécies animais silvestres que humanamente ignoramos ou se acaso até abominamos!...

            Ao que há que adicionar ainda os sistémicos ou massivos actos poluidores/destruidores do meio natural pela parte humana; cuja sistémica vertente poluidora/destruidora humana do meio natural a derivar até das acções individuais de cada um de nós, enquanto a mais massiva vertente dos actos poluidores/destruidores humanos do meio natural a derivar essencial ou mesmo exclusivamente dos sistemas industriais, em alguns casos de grandes industrias que até por isso têm grande poder financeiro e que como tal ou para tal também proporcionam muitos empregos humanos, logo têm muito peso económico, político e social, como designadamente para não raro saírem relativa quando não mesmo totalmente incólumes e/ou branqueadas política, social e juridicamente dos seus negligentes ou mesmo criminosos actos poluidores sobre a natureza selvagem, até porque para a genérica e/ou comum mente humana isso de proteger ou de destruir a natureza selvagem pouco ou nada importa perante a economia, a finança e (mais) alguns respectivos empregos humanos, mesmo que a humanidade seja duma ou doutra incontornável forma parte integrante, derivada e/ou dependente da natureza, dita de, selvagem! Que já agora e em toda esta última sequência, talvez seja conveniente clarificar que não sou contra grandes industrias, suas respectivas grandes riquezas e muitos/múltiplos empregos; o que sou sim e claramente é contra lucros económico-financeiros a todo o custo, como por destacado e transversal exemplo à custa da massiva destruição do meio ambiente natural, designadamente por via de sistemáticas e/ou massivas descargas poluidoras, por norma altamente fatais para o meio ambiente natural (aquático, terrestre e climático), se acaso para tão só se evitar custos e/ou aumentar unilaterais lucros económico-financeiros em detrimento de devido acondicionamento, tratamento e/ou reciclagem de resíduos, no caso industriais, cujo esse devido acondicionamento, tratamento e/ou reciclagem até poderia dar azo a mais alguns empregos humanos, com beneficio climático e natural em geral, isso caso não fosse o lucro económico-financeiro pelo próprio lucro económico-financeiro o mais importante de tudo na dinâmica sociocultural, politica e civilizacional global, actual. 

            Enfim, incluindo ou excluindo esta última acepção de sistemáticos e/ou massivos actos poluidores de nível industrial, além doutros como a não raro indiscriminada e não menos industrial exploração dos mais diversos recursos naturais, com consequências como a de crescente destruição e até já pré extinção de todas as florestas virgens, que são climática e planetariamente vitais; enquanto ainda departamento industrial este, que ao mesmo tem de se adicionar também  o próprio fenómeno incendiário que se tornou e é ele mesmo uma industria por si só, no caso uma industria que move milhões desde logo em prevenção e combate aos respectivos incêndios ou quando não raro em posteriores negócios de madeira e/ou em especulativa gestão de terrenos queimada/os; querendo eu com isto dizer que tão só com base e em sequência do cautelar e preventivamente menos mau fenómeno dos aceiros e/ou corta-fogos_ vulgo mal menor ou mal necessário de origem humana que consiste em faixas de terra lavrada em redor e/ou a atravessar propriedades agrícolas e terrenos silvestres _ pró combate aos massivos e indiscriminadamente destrutivos incêndios florestais, enquanto também estes últimos por esmagadora regra de correspondentemente acidental, negligente ou criminosa origem humana; me leva em respectivo resumo final a concluir com significativa convicção que a humanidade entrou desde há muito, quiçá desde globalmente sempre numa dinâmica directa ou indirectamente contra a natureza selvagem que em si mesmo é um ciclo vicioso, a que ao menos planetariamente a própria humanidade (auto) sobreviverá ou não, segundo alguma vez e se ainda a tempo se (re)encontrar respeitosa, considerável, equilibrada e sustentadamente com a natureza Mãe ou não!?

            VB

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Na contextual base pró ambiental global em que escrevi o anterior, por responsáveis e consequentes palavras próprias, tão pouco posso ou quero deixar de posterior e complementarmente ao mesmo adicionar o que também ocasionalmente acabei de descobrir agora (02-04-2017) acerca da perspectiva humana aos mais altos níveis político, económico, financeiro, social e até militar global, através de palavras alheias, na circunstancia de João Camargo que desconhecia até ao momento. mas antes de passar à partilha das palavras de João Camargo, por via de correspondente link, permita-se-me ainda acrescentar mais algumas minhas intermédias palavras próprias a respeito que são as seguintes 

_ Li recentemente algures que Vladimir Putin terá dito algo como: _ "...as alterações climáticas não derivam da acção humana!". Mas como não cheguei a aprofundar o assunto, tão pouco quero levar à letra as alegadas anteriores palavras de Vladimir Putin enquanto veiculadas por intermédias vias, ao estilo "diz que disse". Mas de qualquer modo, quer pelo que conheço do próprio Sr.º Putin, quer pelo que e como conheço doutras equitativas individualidades como  Sr.º Donald Trump, que pensam ou pelo menos que lhes interessa transmitir a ideia de que sequer existem alterações climáticas e/ou então de que as mesmas não têm (também e/ou acima de tudo) origem humana; a partir de que quero dizer que é necessário ser-se muito ignorante e/ou então reaccionarioriamente interesseiro, como para se negar o vital e universalmente óbvio logo à partida, pois que nem é necessário ser-se muito letrado e/ou inteligente para se saber que na vida, tal como a conhecemos, tudo tem as suas causas, efeitos e consequências. Pelo que a própria existência humana, tão só da primária perspectiva biológica sem mais já tem as suas incontornáveis causas, efeitos e consequências, designadamente sobre o clima e o meio natural envolvente modo geral; logo tanto mais ainda quando e por quanto a humanidade é a única espécie terrestre em continuas vias de quantitativa expansão, que inclusive até por isso todas as restantes espécies naturais estão em regressão; mas como se tudo isso não bastasse, a humanidade ainda tem qualitativamente inéditas capacidades transformadoras, no limite para o bem ou para o mal próprio e colectivo global; que logo e como tal é básica, simples e absolutamente impensável que a humanidade seja meramente inconsequente por si só e no caso concreto com relação ao clima e ao meio ambiente natural modo geral, independentemente do qualitativo a quantitativo maior ou menos grau dessa consequência!

Mas para não ficarem só as minhas humildes palavras ao respeito, deixo então também e finalmente o seguinte link, com as já acima aludidas palavras de João Camargo, o que com todos os genéricos retroactivos humanos e mesmo que com algumas intermediamente circunstanciais alterações de personalidades na administração Trump em especifico, de resto o que se segue é minimamente esclarecedor do humano contexto geo-politico, económico-financeiro, sociocultural e até por isso anti-natural global actual:

http://www.sabado.pt/opiniao/convidados/joao-camargo/detalhe/oleogarquia--a-alianca-trump-putin-explicada