quarta-feira, dezembro 23, 2015

A “realidade” e a "ideologia"

            Na perspectiva ZEN: a realidade é apenas aquilo que é, sem mais nem menos. Ainda que a realidade _ ao menos, terrena e sob acção humana _  possa ser sempre diferente daquilo que é!

            Por A+B interpreto eu que referindo-se por um lado à realidade liberal/capitalista-mercantilista global versos a ideologia socialista/comunista nacional, em qualquer dos casos actuais, disse recentemente o Sr. Presidente da Republica Aníbal Cavaco Silva basicamente o seguinte: _ “As ideologias (socialista/comunista) podem funcionar por algum tempo, mas mais tarde ou mais cedo a realidade (liberal/capitalista-mercantilista) acaba por se impor.”

            E enquanto tal, por um lado, eu até concordo com o Sr. Presidente da Republica, desde logo e como mínimo porque e quando o processo de globalização se sobrepõe por exemplo a nacionalismos fechados em e sobre si mesmos, inclusive já escrevi algo ao respeito anteriormente. Mas também como tal e por outro lado não posso deixar de discordar do Sr. Presidente da Republica, enquanto da sua perspectiva de ideologia vs realidade e/ou vice-versa. E discordo porque as ideologias são em si mesmas e como mínimo potenciais produtoras de realidade quotidiana concreta _ boa ou má, melhor ou pior _ como de resto se pode histórica e/ou correntemente constatar em sequências dos mais diversos exemplos ideológicos: fascistas, comunistas, socialistas, social-democratas, liberais/capitalistas-mercantilistas, etc., etc., etc.. A partir de que imagine-se que a ideologia associada à globalização era socialista/comunista, logo segundo a perspectiva do Sr. Presidente da Republica esta passava a ser a realidade que também segundo a perspectiva do Sr. Presidente da Republica esta última realidade se sobrepõe a qualquer ideologia; que então e como tal, contradizendo-se o Sr. Presidente da Republica em e por si só, desde logo na medida em que a ideologia liberal/capitalista-mercantilista presentemente associada à globalização passaria a ser a ideologia que por si só teria de se subjugar à realidade socialista/comunista nacional _ ou ainda hipoteticamente a qualquer outra desde que não a correntemente liberal/capitalista-mercantilista globalizante. Bem sei que é algo complicada a forma como o estou a descrever, mas quando a perspectiva do Sr. Presidente da Republica parece ser ela mesma algo complicada, já que a própria realidade produzida pelo Sr. Presidente enquanto tal, teve e tem ela mesma por base algum tipo e/ou nível ideológico, ainda que a pessoa do Sr. Presidente separe realidade e ideologia em favor da primeira e desfavor da segunda, logo e tanto mais se na minha humilde e/ou deficiente capacidade de raciocínio e/ou de explanação deste último, tão pouco se pode esperar mais ou maior simplicidade _ de resto até tive de fazer uma profunda (auto) revisão à versão original que aqui publiquei, pois que a mesma até mais que complicada, era mesmo algo trapalhona e quase ilegível em alguns aspectos, pelo que mantendo a essência original, espero que a presente esteja melhor, ao menos estou-me a esforçar por isso. O que por si só implica uma real mutação de entre a realidade que era e a realidade que é, ainda que dentro da mesma base ideológica que é a minha e que explicitarei mais à frente, mas também podia ser de entre duas ideologias diversas ou até inversas. Seja que a realidade é imutável em si mesma, porque a mesma é o que e como é e ponto. Mas em grande medida (humana, terrena e tridimensional) se possa (quase) sempre mudar de realidade a partir do sentido potencial/ideológico para com o sentido prático/real e vice-versa de entre uma realidade e outra, dependente ou independentemente ainda de se dentro e a partir duma mesma base ideológica ou não. Salvo que para a pessoa do Sr. Presidente da Republica, ainda em vigência, parece que a realidade de base ideológica que lhe convém é só realidade ideologicamente inamovível, já a efectiva ou potencial realidade de base ideológica que não lhe convém é só ideologia realmente inconcretizável. Irónica, por não dizer profundamente incoerente, esta perspectiva de quem se diz democrata e inclusive representa ao mais alto nível um Estado dito democrático _ o que de resto se aplica a qualquer outro político, seja qual for a sua base ideológica, tanto mais se já tendo representado ou mais ainda que venha a representar o Estado ao mais alto nível, no caso exigindo-se-lhe coerência.   
            Enfim, apesar da minha humilde e em muitos aspectos até ignorante condição existencial própria por si só e/ou face ao Sr. Presidente Republica, mas desde logo e em qualquer caso acima de tudo face à mais pura, dura, vasta, complexa, subtil, multifacetada e complexa realidade da própria Vida, quer-me no entanto e enquanto tal parecer que como mínimo o Sr. Presidente da Republica se esqueceu que o que o mesmo por si só advogou como “realidade”, subentenda-se liberal/capitalista-mercantilista global actual, face à também pelo mesmo advogada “ideologia”, subentenda-se socialista/comunista nacional actual, não só são ambas ideologias como também são realidades e/ou vice-versa, em si mesmas, na medida em que a ideologia produz realidade e respectivamente a realidade deriva da ideologia _ aquém e além de que a realidade produzida a partir dumas ideologias, por norma suscita ela mesma diversas ideologias para com diversas realidades face às primeiras e/ou vice-versa e assim sucessivamente até ao infinito. Em que a maior ou menor realidade concreta que as ideologias produzem depende essencialmente destas últimas passarem mais ou menos à prática, com destaque para essa prática precisamente a partir e/ou através do nível político em que por si só a pessoa do Sr. Presidente da Republica se move desde há muito e enquanto tal com grande protagonismo, pois que a dois mandatos como Presidente da Republica, se adicionam das prévias maiorias absolutas como Primeiro-Ministro, o que independentemente dos maiores ou menores méritos reais inerentes, mas em qualquer dos casos a partir duma base ideológica, pelo menos supostamente Social-democrata. Pelo que salvo que a pessoa do Sr. Presidente só considere como ideologia o socialismo e/ou o comunismo, de resto parece-me estar realmente errado e/ou confundido face à realidade e à ideologia de per e/ou de entre si. E em que se indo para alguns dos exemplos historicamente mais radicais ao nível dos reais resultados das ideologias políticas, por exemplo como bem sabemos quer a ideologia socialista  na sua versão comunista, quer a ideologia socialista na sua versão fascista, entre outras equitativas..., não nos conduziram por si sós realmente a bom porto, mas também não é de todo em todo e até por isso menos verdade que a presente ideologia liberal/capitalista-mercantilista, pseudo social-democrata, em que se baseia o corrente processo de globalização, ainda que a um nível mais soft que as primeiras descritas acima, também nos tem conduzido e continua conduzindo a um crescente nível de reais injustiças políticas, económicas, financeiras, sociais e em suma vitais/existências, cuja derradeira conclusão real final, de base ideológica, está ainda por se ver!!!
            Pelo que em conclusão final desta minha humilde reflexão própria, creio eu que o Sr. Presidente da Republica Portuguesa, como de resto me parece ser-lhe relativamente comum, falou duma perspectiva de verdade absoluta, a partir da sua própria realidade e/ou da sua perspectiva de realidade, aquém e além da realidade alheia e/ou das mais diversas perspectivas de realidade existentes em efectivo ou em potência, mas em qualquer dos casos e por norma com uma ideologia associada. 
            Ah! Já agora eu penso e escrevo ou pelo menos pretendo fazê-lo duma perspectiva ideologicamente humanista/universalista, até talvez por isso e apesar da minha humilde e quase, quase real inexistência própria face à mais vasta realidade Vital/Universal, no entanto gosto e/ou melhor necessito confrontar publicamente as mais altas entidades, no caso institucionais, como o Sr. Presidente da Republica, até porque a posição institucional de Presidente da República marca a Nação e por inerência todos e cada um de nós cidadãos, duma ou doutra e no limite melhor ou pior forma, segundo cada qual e a respectiva personalidade que represente, no caso concreto, a República Portuguesa, enquanto esta última aquela a que eu mesmo natural e originalmente pertenço e por isso a que mais directa, natural, consequentemente me toca, desde logo segundo quem ideológica e/ou realmente a dirige, mesmo que e/ou até porque num contexto global e/ou globalizante que transcende a Republica Nacional de diversas formas e que já agora eu gostaria fosse um contexto Universal e/ou universalizante.
                                                                                              VB