segunda-feira, julho 24, 2017

...Curiosidade...

             "O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não."

Fernando Pessoa

                Pegando na frase imediatamente acima do genial Fernando Pessoa e trasladando-a para uma dimensão, não de entre os outros animais e o ser humano, mas para a própria humanidade por si só, isso sim de entre diversos tempos, épocas e dimensões mentais/culturais humano/as.

            Por exemplo sei eu que ainda vivi um pouco, cerca de pelo menos uma década desse tempo, mas tanto mais se referido pelos meus pais, sendo que ainda recentemente a minha mãe falou nisso precisamente a propósito dos incêndios florestais, como seja que no respectivo tempo dito jovem ou mais plenamente activo dos meus pais, tanto mais se dos meus avós e por ai fora com relação ao passado, em que reinava o analfabetismo e nem se fala em Protecção Civil; em Bombeiros; muito menos em SIRESP’s; em grandes Tecnologias; em Helicópteros; em Aviões; em Rádios e Televisões, etc., etc., a falar insistentemente à prior, durante e após, no assunto incêndios florestais, pró prevenção e combate a estes últimos, curiosamente também não haviam ou praticamente não haviam incêndios florestais.

            Claro! Bem certo era também que à altura, dos meus pais, dos meus avós e por ai historicamente afora, quase toda a gente dependia subsistente ou vitalmente do que a terra dava e como tal (quase) literalmente todo o espaço agrícola e/ou florestal estava cuidado, vulgo explorado, pelo ser humano e enquanto tal limpo de combustível orgânico natural, neste último caso em especial ao próprio nível florestal. Além ainda de que ao nível regional (Alentejo) dos maus pais e dos meus avós nem sequer havia muita floresta, digna desse nome. Mas por exemplo e em compensação havia uma vasta e intensa cultura cerealífera altamente combustível em si mesma. Sendo ainda que à altura 99,9% dos homens fumava, inclusive durante a ceifa e a debulha do cereal, como respectivamente seja entre milhares de hectares de terreno pleno de cereal e/ou de subsequentes milhares de toneladas de pés de cereal ceifados empilhados em ditas medas, com a subsequente palha dai derivada. Sem esquecer tão pouco que com frequência se cozinhava com incontornável recurso a fogo em pleno campo cerealífero e/ou em espaço de debulha do cereal. Tudo em pleno Verão, quente e seco, de entre combustível natural altamente volátil, mas em qualquer caso sem ocorrência de incêndios, ao curioso invés dos dias de hoje e da cultura vigente em que imagino que fumar e/ou foguear em áreas cerealíferas e/ou florestais, durante o Verão, será algo altamente restrito ou mesmo proibido, no entanto ao nível dos incêndios é o que e como todos sabemos!  

            Sendo, também ainda, claro, que a partir daqui múltiplas reflexões se podem fazer e eventuais múltiplas conclusões retirar, o que em qualquer caso não é o meu imediato propósito, até porque para isso seria necessário eu fazer o que já muita, dita de devidamente qualificada, gente faz desde há muito e continuamente que é estudar o fenómeno a fundo, ainda que para além de por um lado eu mesmo não ter a devida qualificação para estudar o fenómeno, também por outro lado e como mais um motivo de reflexão e de eventual conclusão, é que na prática esses estudos parecem não servir absolutamente para nada, se acaso até bem pelo contrário _ até porque ditos estudos são mais um dos múltiplos recursos ditos de prevenção e de combate a incêndios florestais, com no entanto cada vez mais e mais graves incêndios florestais. Pelo que da minha parte e no presente caso, pegando na frase de Fernando Pessoa logo a abrir, o que pretendo é deixar mais um motivo de reflexão, na circunstancia de entre uma passada dimensão humana analfabeta, tecnologicamente rudimentar e económico-financeira quase miserável, mas em que praticamente não haviam incêndios florestais; versos uma presente dimensão humana altamente escolarizada, tecnologicamente avançada e económico-financeiramente abastada sob e sobre diversos aspectos, designadamente no aspecto de prevenção e combate a incêndios florestais em que recorrentemente se despendem milhões, mas sem que tudo isso impeça que os incêndios florestais se sucedam imparavelmente ano após ano, se acaso em múltiplo crescente número, intensidade e extensão.

            Como seja que, no caso, relativamente a incêndios florestais(*): não será que os antigos humanos, tão mais analfabetos e de existência rudimentar quanto mais para trás no tempo, sabiam precisamente o que deviam saber; enquanto os actuais humanos altamente escolarizados, tecnologicamente apetrechados e de existência significativamente sofisticada, afinal não o sabem.

           Tudo isto sem tão pouco da minha parte pretender fazer a apologia do analfabetismo e da rudimentaridade sem mais, até porque nestes últimos casos não raro se confundia o substancial positivo respeito que se merece, com a incondicional obediência que se impõe. Ainda que nos muito crescentemente alfabetizados e sofisticados tempos que correm, também não raro se confunda a substancial sabedoria de fundo ou a natural vocação, com a mera informação corrente ou a conveniente formação de circunstância!

                                                                                              Victor Barão  

           (*)... com extensão a diversas áreas da vida natural dum modo geral, de que neste último caso a própria humanidade é parte integrante, descendente e dependente, mas que recorrente e em muitos aspectos até crescentemente trata negligente e/ou ostensivamente tão mal.

segunda-feira, julho 03, 2017

Pior o trato que a doença

             Tudo o que se segue foi escrito espontaneamente, com apenas uma breve e superficial auto revisão, o que valendo como tal é assim:

             Por minha natureza original própria jamais fui pessoa de resposta pronta em absoluto e/ou adequada às circunstâncias; pior se a isso se adicionar os meus princípios socioculturais, familiares e existenciais originais, essencialmente humildes e obedientes a partir dum envolvente contexto opressivo/repressivo; mas em qualquer dos casos, do mal, o menos, que pró positiva e descompressivamente escrevo, porque senão mais tarde ou mais cedo e duma ou doutra acabaria por implodir em e por mim mesmo face aos meus silêncios, inclusive em subsequência dos mais rudes atropelos envolventes por si sós ou sobre mim.

            A partir de que num misto de minha natureza própria e vivência prática, confesso que por exemplo acorrer aos serviços médicos, me é algo tremendamente incómodo quer social quer processualmente e que como tal eu evito tanto quanto literalmente possível. Porque não raro me sinto absurdamente atropelado pelo sistema administrativo inerente. Sequência de entre o que por exemplo uma coisa é eu mesmo evitar recorrer aos serviços médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e outra coisa é que até por tudo o anterior, quando regra geral e em última instância acorro a esses mesmos serviços médicos, isso se possa tornar um martírio, desde logo administrativo, que se acaso me deixa tão ou mais intimamente doente do que a própria doença fisionómica que me leva a acorrer a esses mesmos serviços médicos do SNS.

            O que se de entre outros possíveis exemplos, se acaso ainda mais rudes e grosseiros, por si só vou referir a minha última e de resto ainda corrente experiência a este nível de minha acorrência aos serviços médicos, com algum intermédio e agastante martírio administrativo inerente. Como concretamente seja que no dia 24-03-2017 procurei marcar consulta médica, por assim dizer de rotina, que os respectivos serviços administrativos do Centro de Saúde, na sede de concelho local, marcaram para o dia 29-06-2017 ou seja três meses e cinco dias após a data da marcação. O que com base nos meus princípios humildes ou obedientes originais não é bom nem mau é tão só algo com que tenho de me conformar e a que tenho de me submeter face à todo poderosa máquina administrativa do Estado, no caso concreto do Serviço Nacional de Saúde. Mas como se isso não basta-se, curiosamente por prévia experiência própria e/ou derivada doutras pessoas que me são próximas, no próprio dia 24-03-2017 em que a consulta foi marcada para o respectivo dia 29-06-2017, cheguei a imediata e antecipadamente dizer a alguém que quase certamente dita consulta acabaria por ser adiada, o que para mal dos meus pecados que só não acerto nos números do Euromilhões _ onde confesso que só jogar residualmente _, o facto é que no dia 28-06-2017 à tarde, um meu familiar próximo recebeu em casa uma chamada telefónica a confirmar o administrativo adiamento da consulta em causa, com a correspondente promessa administrativa de que voltaria a ser contactado para confirmar remarcação da consulta em causa. Algo que de resto já havia sucedido outra ocasião sem qualquer posterior remarcação por iniciativa dos serviços administrativos inerentes. Pelo que a minha fé, por não dizer convicção de que essa nova remarcação jamais voltaria a ser confirmada eventualmente estaria ao breve passo se eu mesmo não procurar por mim próprio, essa correspondente remarcação. Confessando aqui que não fosse a minha emergente necessidade de consulta médica e já seja por minha natureza própria algo avessa a recorrer aos serviços médicos, tanto pior se por adição deste tipo de situações administrativas e nem tão cedo eu voltaria a por mim mesmo acorrer aos serviços médicos em absoluto e do Estado em particular _ independentemente da maior ou menor excelência dos próprios serviços médicos e técnicos de saúde inerentes _ de resto já cheguei a em mais duma ocasião estar cerca duma década e até acima duma década consecutivo sem acorrer a estes mesmos serviços.

            Mas como no presente momento estou de facto a necessitar acorrer a tais serviços médicos, inclusive com alguma crescente emergência, que só não procurei concretizar mais cedo com base numa modalidade administrativa dos serviços inerentes, salvo erro designada de consulta do dia, em que se vai de madrugada para a porta do Centro de Saúde marcar lugar para a respectiva consulta do dia, porque a minha situação patológica do momento apesar de crescentemente incomoda ainda ia dando para suportar e depois porque tinha a consulta pré marcada com antecedência de mais de três meses para o dia 29-06-2017, ainda que como dalguma forma por mim previamente antecipado esta última tenha mesmo sido administrativamente adiada no prévio dia 28-06-2017. 

            Sequência de que sendo 28-06-2017 uma Quarta-feira, dia de adiamento da consulta do imediato posterior dia 29-06-2017 Quinta-feira, a que ainda se adicionava o subsequente dia 30-06-2017 Sexta-feira, em qualquer dos casos como dias úteis da semana, ainda fiz um compasso de espera face à promessa administrativa de ver a minha consulta entretanto desmarcada de novo remarcada por um destes mesmos dias, só que tal não sucedeu em absoluto. Pelo que para além de concretização dum outro acto administrativo necessário não só às consultas no Centro de Saúde local, como também para com uma minha outra consulta no caso na especialidade de ortopedia no Hospital Central Regional na sede distrital local para o já imediato dia 05-07-2017; respectivamente por qualquer dos actos administrativos em causa deverem ser tratados com a mesma funcionária administrativa subjacente às marcações, desmarcações e remarcações de consulta médica no que a mim respeita, ser a mesma a tratar do acto administrativo extra marcação de consultas, mas necessário para com concretização destas últimas, tendo por base a minha condição (não) remuneratória actual. O facto é que chegado ao Centro de Saúde, feitos os devidos e comuns cumprimentos de bom dia entre mim e a administrativa em causa, mesmo sendo-me devido pela parte desta última uma palavra acerca da remarcação de consulta entretanto desmarcada cerca de cinco dias antes, no entanto tratado o acto administrativo extra marcação ou remarcação de consultas, que no caso incluía da minha parte a entrega dum determinado documento, a respectiva única palavras que recebi da administrativa em causa foi “entregue”. Seja que tive de ser eu a falar na consulta entretanto desmarcada e até então não remarcada. Ao que para mim absurdamente me foi correspondido com relação à desmarcação da consulta de dia 29-06-2017: _ “pois a doutora avisou-me já a fim da tarde, de dia 28-06-2017, como tal não tive tempo de remarcar nova consulta”, ainda que entretanto e por isso absurdamente face ao argumento utilizado, tenham havido mais dois dias úteis em que a consulta poderia ter sido remarcada e não foi, como concretamente fossem os imediatamente subsequentes dias 29-06-2017 Quinta-feira, como próprio dia da consulta entretanto desmarcada e mais o respectivo dia 30-06-2017 Sexta-feira, por já não falar naquele mesmo momento com minha presença pessoal neste mesmo dia 03-07-2017 Segunda-feira em que se não tenho sido eu a falar na consulta desmarcada, até por prévia experiência adicionada de tal não ter sido referido em momento algum por iniciativa da própria administrativa, tudo leva a crer que dita consulta não seria remarcada nem perante a minha própria presença pessoal.

            Sendo que ao falar eu no assunto, para além da na circunstância absurda justificação administrativa para a não remarcação da consulta entretanto desmarcada, me foi acrescidamente comunicado que nova consulta só seria possível para Outubro próximo ou seja para outros três meses de intervalo de entre marcação e concretização de nova consulta, isto se esta última, por motivo médico ou administrativo, não voltasse a ser adiada na devida altura da mesma. Mas aqui e antes mesmo da administrativa me dizer qual seria o dia de Outubro para a nova consulta fui eu mesmo que me adiantei dizendo: _ pois neste caso e se a doutora estiver disponível amanhã 04-06-2017, será amanhã mesmo que virei à consulta. Ao que até pelo que creio regulamentar procedimento administrativo me foi inquirido acerca do motivo para com uma emergente consulta do dia ao que após eu corresponder a ta questão administrativa, me foi imediata correspondência administrativa confirmado que assim a consulta ficaria para o imediato dia seguinte, amanhã 04-07-2017, desde que fosse bem cedo marcar lugar porque alegadamente e como se eu na o soubesse ou não tivesse já passado por isso há pessoas que vão para a porta do centro antes das seis da manhã

            Que da minha perspectiva, como se tudo o anterior não fosse já suficientemente doentio em si mesmo aquém e além das minhas próprias patologias, o que mais doente me deixou ou costuma deixar é a minha não imediata reacção a este tipo de situações, designada e muito simplesmente contrapondo argumentos no caso da absurda justificação para a não marcação de nova consulta por iniciativa dos próprios e devidos serviços administrativos correspondentes; como também por após dita desmarcação, sem subsequente remarcação por iniciativa dos próprios serviços administrativos correspondentes, quando já havia decorrido tempo suficiente para essa remarcação e quando por minha iniciativa referir essa remarcação, a mesma só seria administrativamente viável para outros três meses após; a que acresce o motivo da minha emergente necessidade de consulta o mais imediato possível, ainda assim e mesmo sendo o meu justificativo motivo para emergente consulta do dia aceite, me seja comunicado que então a consulta ficaria para o imediato dia seguinte desde que para tal eu fosse, vá bem cedo marcar lugar para a porta do Centro de Saúde. Como seja que nestes casos se junta por assim dizer a minha natureza própria pouca propicia a respostas imediatas, com os meus humildes e mesmo obedientes princípios originais, em qualquer dos casos como que bloqueando-me qualquer correspondência em especial se em meu favor próprio. Mesmo que imediatamente após eu fique a arder por dentro, já não tanto pelos absurdos e/ou se acaso mesmo ofensas exteriores para comigo, mas sim pela minha inércia perante esses mesmos absurdos e/ou ofensas. Ainda que e/ou até porque pró positiva, descompressiva e/ou por si só sanitariamente, como no presente caso concreto, eu escreva ao respeito e na sequência.

            Porque entretanto de entre a minha natureza própria essencialmente introversiva; mais os meus princípios socioculturais, familiares e existenciais originais essencialmente humildes e obedientes; versos a não raro ofensiva ou pelo menos algo controversa atitude de diversos meios envolventes, acabe por haver uma significativa descompensação em minha contra. Que no caso é uma descompensação tão mais significativa ou mesmo forte quanto já trabalhei algumas vezes no atendimento ao público no sector comercial privado, numa base de “o cliente tem sempre razão”, não raro ao invés do atendimento público na respectiva administração pública em que se acaso esta última tem sempre razão face ao utente. De entre o que eu só me defendo directamente face ao exterior em última instância ou então pró positiva/descompressivamente de e por mim mesmo por via desta minha posterior e reflexiva expressão escrita. Em qualquer dos casos de entre o meu aparente conformismo, inclusive face aos mais insensatos e se acaso mesmo ofensivos absurdos envolventes por si sós e para comigo, versos o meu efectivo inconformismo, desde logo de e por comigo mesmo em directa sequência desses absurdos envolventes e para comigo.
   
           O que em global conclusão, se ao nível dos serviços de saúde, segundo a minha perspectiva e/ou os casos, redunda em ser tão mau ou pior o trato administrativo que a própria doença!

                                                                                              VB