quarta-feira, março 28, 2018

Porreirismo

           Numa sequência de auto-gestão pessoal e existencial própria da minha parte, tendo por base a realidade da vida, a partir de vivencialmente me ter habituado a colocar tudo e todos positiva, coerente, sociocultural e existencialmente em causa, a começar e terminar por mim mesmo, cujo qualquer meu processo de aprendizagem de vida e de viver se passou a basear na minha própria vivência prática e/ou na minha contemplativa observação da prática vivência do meio envolvente a mim, tanto mais se com este último referente, influente e consequentemente para com e sobre mim, o que em qualquer dos casos à cautela me levou a tender auto isolar-me e/ou a passivizar-me prática, interactiva e funcionalmente o mais possível. Logo a seguinte história é paradigma do que podia e pode, tal como de resto levava e leva a que eu tende-se e tenda a evitar o mais possível a vida social, ainda que a partir do que reflexiva, contemplativa, meditativa e por si só auto-gestionadamente vou aprendendo de entre minha vivência própria e a minha observação da vivência envolvente a mim, de qualquer modo e em qualquer dos casos com exemplificação na seguinte história, também pode ser uma das portas que me traga ou leve a reentrar na vida social a um nível transversalmente positivo para mim e para o meio envolvente a mim, em qualquer caso a partir de mim e mas com base no exterior a mim e/ou vice-versa. Já agora devendo eu acrescentar que o factor porreirismo do titulo acima, é um factor, mais ou menos, socioculturalmente transversal, aquém e além de meras situações de transito automóvel, como a que está na base do que porreirisitamente se segue:  

           Há já uns anos, numa saída nocturna com um amigo pessoal, estando eu com o meu carro, chegados ao nosso destino estacionei o carro em local de estacionamento paralelo ao sentido da via (rua) urbana, enquanto do outro lado também havia estacionamento automóvel e mas perpendicular ao sentido dessa mesma via (rua). Tudo isto na proximidade de diversos estabelecimentos comerciais, ditos de comes e bebes: restaurantes, cafés, pastelarias, bares. Sendo que antes mesmo de eu e o amigo que me acompanhava entrarmos em qualquer dos estabelecimentos em causa, acabamos por dar de caras com mais dois amigos comuns, que com relação a mim eram mais conhecidos, ainda que enquanto amigos do amigo que me acompanhava, por assim dizer: amigo de amigo, meu amigo é! Cujos esses outros dois amigos saiam precisamente dum dos estabelecimentos comerciais em causa, como seja que os mesmos iam, enquanto nós chegávamos, por isso tendo entre os quatro ficado a conversar uns minutos em plena rua, na proximidade do estacionamento, vulgo a poucos metros de onde eu deixara o meu carro estacionado e com respectiva vista directa para o mesmo.

            Quando eis que precisa e paralelamente a coincidir com a anterior sequência, saiu um senhor dum dos estabelecimentos em causa, cujo esse mesmo senhor estava não só alcoolizado, como mesmo e acima de tudo estava obviamente embriagado, pois que a mais ou menos cada passo em frente dava dois para os lados. Pelo que numa primeira instância sequer me passou pela cabeça que o senhor fosse conduzir um automóvel. Mas no caso não só ia e foi conduzir um automóvel, quanto esse automóvel estava no estacionamento perpendicular à via, precisamente na justa direcção do meu próprio carro estacionado no lado inverso da via e paralelo à mesma. Pelo que quando me apercebi que o senhor ia conduzir o carro estacionado directamente perpendicular ao meu, recordo de ainda ter dito algo como: _ “o melhor será eu tirar o carro dali!”; mas logo e pelo menos um dos amigos disse algo como: _ “não vale a pena tirares o carro, porque esse _ referindo-se ao senhor embriagado _ está habituado a conduzir bêbado, por isso já não bate nem numa parede!”, pelo que tão renitente quanto estupidamente acatei a observação de ao menos um dos meus interlocutores, com dalgum modo aprovação dos restantes. E digo estupidamente, também porque precisamente o senhor embriagado ao arrancar com o seu carro em marcha a trás a fim de sair do estacionamento perpendicular à via, sem fazer a mais mínima mudança de direcção e nem travar, acabou por ir directamente embater no meu carro estacionado no outro lado da via. E como se isso não bastasse, talvez porque o senhor condutor embriagado pensasse que nenhum de nós ali presentes era dono do carro em que batera, logo procurou arrancar já em marcha frontal, só que o seu próprio estado de embriagues não o deixou ter a suficiente reflexa desenvoltura, o que associado ao facto de eu estar muito próximo, me levou a correr e bater-lhe no tejadilho do carro para que o mesmo parasse. E assim foi, o senhor parou e tendo deixado o carro mal estacionado/parado encima da faixa de rodagem, perguntou: _ o que se passava? E eu correspondi-lhe de imediato, com algo como: _ “o estado de bebedeira é assim tanto que nem se aperceba que bateu no carro alheio?!. O senhor resmungou algo, que já não recordo, mas acabou por sair do carro, tendo então eu, o próprio senhor condutor embriagado e mais os meus três amigos, nos dirigido ao meu carro a ver o estrago produzido pela batida. Que a bem da verdade, ao ser o meu carro da altura um rijo Fiat127 Super, com apenas duas portas e tendo a pancada sido precisamente na extremidade (batente) entre onde começava e terminava a porta do condutor, acabou por amolgar, mas não o suficiente como para que por exemplo a porta tivesse deixado de abrir ou de fechar. Mas eu não pude deixar de dizer/perguntar: _ “então e agora como é que se resolve este problema?!”, ao que o senhor embriagado, apesar de todas aquelas testemunhas do ocorrido, aludindo à amolgadura na porta se voltou para mim e disse: _ “isso se calhar já estava assim!”. Não tendo sido algo que eu ouvisse sem de imediato corresponder com: _ “aí o senhor dá uma pancada de todo o tamanho em carro alheio, perante várias testemunhas, dando a entender que não se apercebeu de bater e quando confrontado com a realidade, armado em esperto, ainda me está a tentar desmentir; pois então resolvemos já o problema!”. Cuja esta minha última observação correspondeu a eu pegar no telemóvel para ligar à autoridade policial local (GNR). Só que aqui entraram os meus três amigos e interlocutores originais, dizendo-me mais insistentemente dois deles, referindo-se ao senhor condutor embriagado, que eu conhecia apenas de vista: _ “é pá, deixa lá o tipo, que ele é emigrante e está a dias de ir de novo, se bem recordo, para a Suíça.”, mas até porque entretanto quem tinha uma pancada no carro, derivada da bebedeira alheia era eu, ainda repliquei com argumentos como: _ “pois se assim é, o senhor é que devia ter o cuidado de ser ele a procurar evitar problemas!”. Mas os meus amigos insistiram: _ “deixa-o lá, afinal de contas a amolgadela da porta tão pouco é muito grande e se vais fazer queixa dele lixas-lhe a vida!”. Enfim, um certo complacente e no limite mesmo ridículo ou irracional porreirismo, que inclusive se costuma taxar de porreirismo nacional. A que no caso eu acabei por aceder, desde logo com meu prejuízo material próprio. Mas o pior nem foi o meu prejuízo material derivado da amolgadura no carro, que de resto ficou para enquanto restante vida do carro, pois que o pior veio imediatamente após eu ter deixado o senhor condutor embriagado ir embora, a conduzir no respectivo estado de óbvia embriagues em que estava. 

            Como seja que a partir daí, até por numa base auto-gestiva da minha parte, em sequência de me ter habituado a colocar tudo e todos sociocultural e existencialmente em causa, a começar e terminar por mim mesmo, cuja minha verdadeira aprendizagem da vida e de viver se processava e ainda processa com base na mais crua, dura e quente ou fria realidade da própria vida, com tudo o que objectiva e subjectivamente isso seja ou signifique, designadamente de entre mim e o meio envolvente a mim, também respectivamente e ao menos numa primeira instância, devo agora confessar que à altura e naquelas circunstancias fui mais que suficientemente simplista, ingénuo, por si só ridícula e irracionalmente porreirista _ vulgo porreiristamente correcto _ ao ter deixado o senhor condutor embriagado seguir viagem sem ter eu chamado a autoridade policial e/ou então sem eu tomar alguma medida própria, como por exemplo forçar o senhor a ir para casa de táxi, em troca de eu não chamar a autoridade policial. Pois que se num primeiro momento, enquanto eu instado pelos meus três amigos/interlocutores originais em associação a minha torpeza interpessoal e social, acabei por deixar o senhor condutor embriagado seguir viagem, tão pouco foi necessário mais do que um dois ou três minutos após para que eu caísse numa realidade mental/consciente própria, que foi auto colocar-me a hipótese do senhor condutor embriagado acabar por poder ter algum acidente no percurso até sua casa, para onde alegadamente seguiu viagem sob efeito do álcool. Pior ainda se esse possível acidente tivesse graves consequências pessoais e humanas para o próprio, mas infinita e diria mesmo indescritivelmente pior ainda era a hipóteses do senhor ser causador dum possível acidente que envolvesse graves consequências para terceiros, no limite para uma família inteira, o que como todo/as duma ou doutra forma sabemos já tem acontecido, em absoluto mais do que o devido. A partir de que, vivendo o senhor embriagado a cerca de dez minutos em carro em velocidade normal/legal, a partir do local de onde eu o deixara seguir viagem, também e enquanto não passou pelo menos uma hora, sem que eu visse passar a autoridade policial e/ou as autoridades sanitárias, em qualquer dos casos assinalando marcha de emergência, com possibilidade disso suceder derivado a possível ou efectivo acidente automóvel provocado pelo condutor embriagado em causa, também durante pelo menos essa primeira hora consecutiva foi como se repetidas injecções de gelo me percorressem as veias, a espinha dorsal e/ou sem que a minha cabeça conseguisse pensar em algo mais ou melhor _ que neste último caso bem mesmo pelo contrário, quanto mais promissoramente animador era o ambiente envolvente a mim naquela momento, tanto mais mal eu me sentia comigo mesmo.

            Felizmente que nessa mesma noite nada mais de anormal se passou, desde logo ao nível de trânsito local. Mas o mesmo senhor condutor embriagado que eu, porreiro, deixara insensatamente seguir viagem naquela noite em que o mesmo batera no meu carro, salvo erro, cerca de meio ano após, acabou esse mesmo senhor condutor por falecer num respectivo acidente automóvel, no mesmo percurso de entre a sua residência e o local de onde naquela prévia noite eu o deixara seguir viagem. Que sem prejuízo da infelicidade do próprio, tão pouco posso deixar de acima de tudo dizer: felizmente que, mesmo já não me envolvendo directa ou indirectamente a mim, nesta segunda ocasião o senhor tão pouco embateu em nenhum outro veiculo com seus respectivo/s ocupante/s. Levando-me conclusivamente a crer que o meu absurdo porreirismo de uns meses antes não aqueceu, nem arrefeceu para o violentamente triste destino final daquele senhor; salvo que se na primeira ocasião eu tivesse de facto assumido a anti-porreiraça medida, mais drástica, que teria sido eu chamar a autoridade policial, em directa sequência daquele senhor ter embatido no meu carro por inerência do seu óbvio estado de embriagues, quiçá uns meses após o mesmo eventualmente estivesse com a carta de condução legalmente apreendida e como tal não teria falecido no posterior acidente em que de facto faleceu!? Ainda que isso tão pouco fosse garantia do senhor mais tarde ou mais cedo acabar mesmo por falecer de acidente automóvel, eventualmente numa posterior ocasião face aquela em que efectivamente faleceu com até possível envolvimento doutros veículos e seus respectivos ocupantes; como de resto todos que conduzimos estamos sujeitos a que nos aconteça, bater noutros ou ser batidos por outros, só que uns procuramos o mais possível evitar a concretização de tal possibilidade, enquanto outros parece que procuram antecipar o mais possível essa mesma concretização, cujo pior mesmo é quando isso envolve terceiros, no limite mesmo inocentes famílias inteiras, onde então o porreirismo só sabe pseudo-benévola e moralmente lamentar a sorte ou no caso o azar dos acidentados!   

VB 

Nota: Tudo o anterior ocorreu-me em directa sequência duma situação actualmente vigente, acerca da que até pela sua ainda parcial vigência actual a não devo expor aqui, mas que por exemplo da minha parte está, positivamente, nos antípodas do porreirismo descrito acima. Seja que se actualmente estou a ser "porreiro" é por confrontar as pessoas positiva e construtivamente, ao invés de as deixar errar sucessiva e/ou agravadamente, sem que em qualquer dos casos eu faça ou diga consequentemente o que quer que seja, por receio de "magoar" ou "prejudicar" outréns, quando não raro essa/es outréns já se estão a prejudicar a si mesma/os, com consequentes reflexos no exterior, no caso concreto em e sobre mim.                   

terça-feira, março 27, 2018

Objectivo tocar/chocar, (pró) positiva/reflexivamente...

Antes de mais, como introdutória síntese de tudo o que escreverei de seguida, vou transcrever uma frase que não recordo se escutei ou se li, há já muito (anos), mas que de qualquer forma e tal como à altura, na respectiva medida em quea mesma continue a fazer sentido para mim e assim contextualmente se justifique, como no presente momento, também a repetirei vezes sem conta, desde logo pelo seu impacto sob e sobre muitos aspectos coincidente com a realidade concreta da contemporaneamente corrente existência humana a nível planetário, cuja essa frase foi e é: _ "a humanidade é o cancro do planeta". Face ao que não querendo ser dramático e muito menos profeta da desgraça, da minha parte e muito resumidamente a essa frase começo por acrescentar que há tumores _ vulgo cancros _ tão benignos e malignos quanto curáveis e incuráveis, restando saber até que ponto o planetário cancro humano é ou será genérica e conclusivamente mais benigno ou mais maligno e curável ou incurável!? Sendo que no que da minha parte depende e depender, em nome do e para com o mais vitalmente transversal e intemporal bem planetário e/ou universal, logo também para o (meu) próprio bem pessoal e humano, procurarei tal como desde há muito (décadas) a esta parte auto-gestionada e objectivamente procuro ser um tumor humano benigno e/ou curável.

A partir de que ainda que não seja simples, nem fácil escrever acerca de assuntos como o que segue, que no fundo é acerca das alterações climáticas e da genérica degradação ambiental global, inclusive no que as alterações climáticas e a genérica degradação ambiental global se confundem, interligam e influenciam, com as suas respectivas causas e consequências, que mais que intuíveis, são também em grande comprovável medida de origem humana; logo respectivamente e quiçá com acréscimo nada fácil, nem simples é ainda eu escrevê-lo da mera perspectiva pessoal e extra cientifica em que e como eu o faço; salvo que, ao menos, com base no (meu) senso comum eu tenha desde sempre sentido, intuído ou antecipado coisas que na actualidade redundam precisamente no que se designa como constatáveis alterações climáticas e genericamente crescente degradação ambiental global; só que também durante esmagadora parte da minha vida, como seja desde genericamente sempre e até ao presente momento esses meus sentimentos, essas minhas intuições e/ou constatações tenham estado e em grande medida continuem a estar ao arrepio do genérico contexto sociocultural, civilizacional e existencial humano corrente e envolvente. Pelo que também durante esmagadora parte da minha vida, tanto mais se a um nível meramente pessoal e em especial se a partir dos meus princípios socioculturais, familiares e existenciais essencialmente humildes e obedientes, me vi dalgum modo relegado para mera insignificância própria face ao meio envolvente e a espaços até mesmo opressivamente relegado para o (auto) silenciamento, vulgo para a introversão, do meu inerente pensar. sentir, intuir e/ou constatar próprio. Só que como cada vez mais a realidade me vem dando razão, também cada vez mais erguerei a minha voz, regra geral e tal como no presente momento via escrita, mas se quando acaso também cada vez mais o farei de viva voz perante quem quer que e onde indefinidamente seja, para designadamente dizer que:

Com base na correspondente temática das alterações climáticas e da genérica destruição do meio ambiental global, aqui em causa, incluindo todas as necessárias matizações descritivas na medida em que estão quantitativamente muitos e qualitativamente diversos, incluindo subtis, complexos e/ou contraditórios factores em jogo, se pode respectiva e subsequentemente (d)escrever todo um mundo de causas, efeitos e consequências, que desde logo eu gostaria e de resto espero algum dia vir a desenvolver um mais ou menos longo e (pró) descritivamente prático ou documental raciocínio ao respeito, mesmo que e/ou até porque com mera base na minha experiência própria e/ou na minha observação do meio envolvente. Mas para já e sem incontornável garantia do anterior, oferece-se-me por si só e de momento dizer que quando a generalidade do zé pequenino ou pelintra, como eu, está ou esteja em substancial medida predisposto a subjugar-se a qualquer tipo de pseudo superior interesse, como designadamente o mais genérico interesse sociocultural de básico fundamento materialista/consumista, ainda que pela parte do zé pequenino tão só em nome de sobreviver um pouco mais e/ou de se viver cada vez um pouco melhor, mesmo que em qualquer dos casos às custas da destruição do planeta, até porque o tão só sobreviver um pouco mais e/ou viver cada vez um pouco melhor numa sociedade/civilização de fundamento essencialmente materialista/consumista, só pode coincidir com sobreviver um pouco mais e/ou viver cada vez um pouco melhor às respectivas custas de hipotecar o futuro próprio e/ou das futuras gerações humanas. Sendo que conheço eu muitos zés ninguéns e/ou pelintras, no masculino e no feminino _ vulgo comuns e genéricos humanos _ equivalentes a mim que quando não estão, refira-se por genérica norma legitimamente, a fazer pela sua mais básica subsistência pessoal ou familiar própria, de resto e até para alegadamente compensar a dureza da subsistência pessoal ou familiar própria, o que regra geral mais querem é comer e beber, vulgo consumir o mais quantitativa e qualitativamente possível _ ao nível materialista bem entendido _ de qualquer modo sem se importarem uma pevide com isso das alterações climáticas ou da degradação do meio ambiente natural, se acaso até bem pelo contrário, inclusive e no limite consumindo ainda um pouco ou mesmo muito e crescentemente mais com receio que o mundo se acabe no momento seguinte _ como seja sustentando cada qual o cilindro materialista/consumista global e se acaso ainda se achando cada qual muito inteligente, muito na moda e/ou muito sociocultural e civilizacionalmente bem integrado, o que nestes dois últimos casos até talvez ou mesmo seguramente tenham(os) razão, mas já ao nível da mais transversal inteligência humana, vital ou universal!!!???

Com ressalva das devidas excepções que estarão mais ou menos perto ou longe da norma, de resto digo eu: triste bovinada humana esta que sequer é capaz de se colocar em causa a si mesma, nem mesmo quando se está a auto destruir a si própria, senão directa, pelo menos indirectamente através da destruição do próprio planeta, por via do cego consumismo materialista e da respectiva cega destruição de todos os recurso naturais globais, mais das vezes ou mesmo por norma em nome dum global ciclo de riqueza material controlada por cada vez menos indivíduos humanos. Ainda que uma maior e mais equitativa (re)distribuição desse global ciclo de riqueza material global, enquanto da mera perspectiva materialista/consumista seja ainda pior para o próprio planeta do que essa mesma riqueza concentrada em cada vez menos humanos; é que ao menos neste último caso sendo cada vez quantitativamente menos os com grande capacidade materialista/consumista, também são quantitativamente menos a consumirem em grandes quantidades; salvo que aqui nasça outro grande problema que é se e/ou quando estes últimos cada vez quantitativamente menos e mas com cada vez quantitativamente maior poder material/consumista e respectivo poder politico/social, sejam os grandes respectivos mentores e/ou pelo menos os grandes interessados em duma ou doutra manipuladora forma preservar e até aumentar o sociocultural e civilizacional ciclo materialista/consumista, colocando duma ou doutra forma a restante e não raro bovina humanidade ao seu serviço, mas ainda assim e salvo o pleonasmo, quanto menos resta para os quantitativamente maioritários restantes mais estes últimos necessitam consumir o pouco que resta dos primeiros. Enfim, duma ou doutra forma, enquanto instituído como genericamente fundamental culto humano globalizado, o ciclo materialista/consumista parece ser infinito, salva a finitude material e multifacetada/vitalmente interdependente do próprio planeta.

Resumida momentânea conclusão de que não por desespero e nem por pessimismo, mas sim por precaução e por realismo, tendo por base tudo o escrito imediatamente atrás, por acrescida derivação da minha vivencial experiência, da minha observação do meio envolvente ou da interacção com este último, incluindo o que diz a história humana e/ou ainda por minha inata perspectiva própria, neste último caso baseada essencialmente no (meu) senso comum digo eu que: não num futuro próximo ou remoto, mas já com base no presente momento da história humana e planetária ou vice-versa, enquanto com o ser humano como dono e senhor do planeta, respectivamente a própria humanidade e a restante interdependente biodiversidade vital planetária só terão futuro a médio ou longo prazo, pelo menos de alguns séculos mais, se por exemplo e por respectiva inerência de com todas as consequências dai derivas a própria humanidade tiver a capacidade, a coragem, por si só a inteligente/racional dignidade de se (auto)colocar o mais generalizada e transversalmente em causa a si mesma(*), no caso concreto com base na sua (nossa) actual, tal como desde há muito e parece que cada vez mais voracidade materialista/consumista, enquanto esta como grande norma sociocultural e civilizacional humana global vigente; pois que a meu ver e sentir, tudo o que mais resta é um qualquer grande cataclismo natural e/ou humano, como respectivamente seja que as próprias alterações climáticas, com sub ou sobrejacente generalizada degradação ambiental global e/ou então que até também pelo anterior algum globalmente grande e generalizado conflito humano, que em qualquer dos casos dizime(m) massivamente, pelo menos, uns largos milhões, quiçá "idealmente" de entre um a dois terços da humanidade, tendo por base o nível quantitativo e qualitativo humano já actual _ e não, não me estou a auto propor como um dizimador, mas tão só a assumir-me como um mero ser humano mais a ser potencialmente dizimado como à partida comummente qualquer outro _ em nome de que os restantes humanos e/ou naturais seres viventes que cá fiquem tenham ainda alguma possibilidade de futuro. É que no momento actual em que ao nível quantitativo a população humana já ultrapassava o sete (7) mil milhões de almas e continua a crescer imparavelmente a nível global, com o ainda adicional problema humano desse crescimento populacional suceder de forma desequilibra entre diversas latitudes e culturas humanas globais, como seja ainda em que ao nível qualitativo uns lutam para mera e basicamente sobreviver apenas mais um momento, outros lutam por viver cada vez um pouco """melhor""" e outros para ser cada vez mais ricos e poderosos, em qualquer dos casos e salvo as devidas excepções, que na circunstancia são mesmo excepções, de resto e numa base essencialmente materialista/consumista fazendo-o (quase) todos e cada qual a que custo seja, desde logo a que custo seja para o próprio planeta comum a todos, neste último caso aquém e além de raças, de credos e/ou de ideologias humana/os, mas incluindo sim todas as múltiplas espécies viventes, que duma ou doutra natural forma são interdependentes umas das outras, conformando como tal toda a interligada e multi-diversificada vida global, de que deriva e depende a (minha) própria e por si só multifacetada humanidade. Em suma por vivencial experiência própria, em associação ou dissociação à minha mínima observação do histórico ou contemporâneo meio envolvente, cheguei ou vou chegando à respectiva conclusão de que ou temos a reiterada capacidade individual e genericamente humana de nos colocar-mos a todos e a cada um de nós em causa, já seja sociocultural e civilizacionalmente de cima para baixo, de baixo para cima, transversalmente de entre todos e cada qual ou por si só e acima de tudo da parte de cada qual por e para consigo mesmo, em qualquer caso a partir desta nossa contemporânea voracidade materialista/consumista, designadamente auto questionando-nos acerca do que, como, porque e para que consumimos, por si só e/ou face às limitações materiais do próprio Planeta e da Natural bio-diversidade planetária; pois que de resto o que, salvo o pleonasmo, cada vez mais nos resta é mesmo estarmos todos sacrificadamente condenados às nossas próprias, pseudo inteligentes e racionais, mãos humanas, por via de destruirmos o próprio planeta, desde logo consumindo e/ou destruindo toda a multi-diversificada e interdependente vida contida no mesmo, em qualquer intermédio caso achando-nos alegre e materialista/consumistamente muito espertos!

VB

Complementos:

(*)... o que eu acho pouco ou nada provável, até porque se eu mesmo pudesse ter evitado colocar-me sistematicamente em causa a mim mesmo tê-o-ia evitado, mas ao ter crescido numa base existencial própria e em grande medida envolvente essencialmente instável, indefinida, incoerente, insegura, desestruturada, em suma vitalmente frágil, acabou levando-me a colocar tudo e todos em causa, a começar e terminar por mim mesmo; a partir de que posso afirmar que cada qual auto colocar-se em causa a si mesmo, incluindo ou excluindo o meio envolvente, pode implicar e, salvo a imodéstia, da minha experiencial perspectiva própria implica mesmo um colossal e/ou revolucionário esforço mental e cultural por parte de cada qual, com correspondentes riscos ao nível de possível perdição identitária própria e no limite até de perdição vital, para em muitos casos com positivos ou vitalmente profícuos resultados apenas a médio-longo prazo; isto quando e enquanto a grande norma sociocultural e civilizacional vigente, para além de materialista/consumista e unilateralista/corporativistamente egoísta é em grande medida também imediatista e/ou com exigência de profícuos resultados para o curto-prazo _ tudo numa vertigem em que mais das vezes parece que somos meros seres irracionais e/ou como disse o Poeta (Fernando Pessoa): "O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não.", in http://www.citador.pt/textos/o-homem-e-um-animal-irracional-fernando-pessoa. O que, digo eu, pode não ser literalmente assim, mas em muito significativa e substantiva medida é seguramente também como disse Fernando Pessoa, pois que salvo ao nível do mais básico instinto de subsistência que a humanidade comparte com os restantes seres viventes, de resto e por exemplo com extensão a muitos outros sectores materialistas/consumistas, repare-se na irracional vertigem materialista ou consumista humana associada designadamente às novas tecnologias, muito em voga, em que (quase) todos nos sentimos tentados a seguir, vulgo a adquirir, os últimos avanços em hardware e software, que basicamente são constantes e permanentes ou pelo menos com novidades a muito curtos ciclos temporais, em alguns casos ao nível de meros meses dentro duma mesma marca e/ou dum mesmo segmento de artigos electrónicos. Mesmo que mais das vezes com esses avanços a funcionarem pouco ou nada mais que como mera cosmética ou retórica de marketing por parte da industria transformadora e do comercio electrónica/o, pró correspondente aquisição materialista/consumista por parte do grande público, na justa medida desses mesmos continuamente efectivos ou pelo menos aparentes avanços, que ainda quando adquiridos pelo grande público, mais das vezes e em muitos casos a servirem para pouco muito ou nada que para sustentar o ego de mera vaidade pessoal e/ou de status social de cada qual, sem qualquer substantiva ou funcional utilidade prática, de maior. Que por um micro exemplo, enquanto gostando eu de fotografia, mas excluindo-me e mim mesmo pelo melhor e pior, digo que conheço pessoas a fotografar qualitativa, vulgo, substantiva e artisticamente muito melhor com básicos equipamentos (Compactos de 10 ou 12 megapixels) e se acaso até com equipamentos ditos de analógicos ou de fotografia química, do que outras pessoas fotografando com equipamentos Top (CSC ou Reflex, de entre 24 e 50... megapixels, além doutros múltiplos atributos tecnológicos), se acaso de ultima geração, sem já falar em todo o correspondente hardware e software necessário; ainda que aqui deva introduzir a intermédia ressalva de que tão pouco estou totalmente contra quem legitima e materialmente podendo, por respectiva inerência adquira equipamentos topo de gama, sejam fotográficos ou quais queres outros em qualquer outra área de actividade humana; agora que ao acelerado ritmo a que, ao menos aparentemente, evoluem esses equipamentos, pretender-se estar permanentemente na materialista/consumista aquisitiva vanguarda dessa evolução, pior se sem substantiva justificação profissional e/ou artística para tal, me leva como mínimo a duvidar da genérica sanidade mental humana inerente, desde a exploração das matérias-primas originais, passando por todas as transformações técnico-industriais e de transporte para com respectiva concepção e comercialização desses equipamentos, até naturalmente ao respectivo consumidor final. Enquanto tal sustentando tudo isso o vertiginoso ciclo materialista/consumista, com respectiva exploração e degradação de todos os recursos naturais, desde a extracção de matérias-primas originais até à respectiva produção de resíduos industrias, sustentando crescentes desequilíbrios ambientais, com ainda mais todos os respectivos desequilíbrios, por si só, civilizacionais ou existenciais humanos inerentes. De entre o que só consigo encontrar uma salutar salvaguarda, ainda assim meramente hipotética, para esta vigente e até mesmo crescente vertigem materialista/consumista humana, cujo essa salvaguarda é a de que esta vertigem evolucionista/transformista e materialista/consumista faça parte integrante dum dinamismo vital/universal, que incluindo e mas também transcendendo a própria humanidade, acabe por eventualmente contribuir para a planetária salvação humana e até por isso para salvação da interdependente biodiversidade natural e climática global, ao menos por alguns séculos mais. Inclusive enquanto salvaguarda esta última derivada do continuo dinamismo evolutivo da própria vida, dalgum eventual modo a coincidir com o contínuo dinamismo evolutivo da própria humanidade e das suas respectivas tecnologias, pelo menos onde essa evolução seja efectiva por si só e/ou face ao mais transversal bem vital/universal,  humano e extra humano. Devendo no entanto e de qualquer modo, em toda esta sequência, (re)lembrar-mo-nos de que todas e cada uma das prévias dimensões socioculturais e civilizacionais humanas, desde sempre e até ao presente momento, duma ou doutra forma e mais cedo ou mais tarde ruíram pela base, o que ao menos em parte imagino e entendo humildemente eu que devido a (também) se terem fechado demasiadamente em níveis socioculturais e civilizacionais, por si só político-ideológicos, religiosos e/ou genericamente existenciais muito herméticos, como uma espécie de verdade absoluta e definitiva, sem abertura a outras dimensionais perspectivas socioculturais/civilizacionais; no respectivo limite, fechando-se cada dimensão sociocultural e civilizacional em si mesma, no seu respectivo espaço e tempo, como tal em efectivos ou potenciais níveis vital/universalmente injustos, até porque a própria vida tal como a conhecemos e vivemos é multifacetada e está permanentemente em aberto, pelo melhor e pelo pior e para o bem ou para o mal. Ainda que para não me alongar indefinidamente, talvez deva concluir dizendo que a partir daqui, incluindo tudo o já descoberto e/ou feito e mas também tudo o infinitamente mais por descobrir e por fazer, pela (minha) própria humanidade, poder-se-á imaginar que nem todas as enciclopédias e mais todos os tratados já escrita/os e/ou a escrever chegarão para descrever tudo o que está em causa, ainda que o possam indiciar ou mesmo comprovar sob e sobre diversos aspectos!
                    
Mas olhe quem, naturalmente lendo tudo o transacto, chegou até aqui, tão pouco dê muita ou mesmo nenhuma importância ao mesmo, pois que afinal de contas, tal como sempre, continuo a não passar dum pelintra, dum zé ninguém, dum não cientista que não sabe o que diz/escreve, enfim um mero individuo humano nascido e criado na parvalheira rural, descendente duma família das mais humildes e obedientes de entre as mais humildes e obedientes, a partir duma base sociocultural e existencial original altamente estratificada e mesmo opressiva/repressiva, tudo num pequeno e se acaso por si só globalmente insignificante território nacional à beira mar plantado no extremo ocidental do continente europeu _ neste último caso com ressalva para quando os à partida mais pequenos e insignificantes acabem por poder fazer e por vezes fazendo mesmo em efectivo a, positiva ou negativa, que sempre se deseja positiva diferença de entre e/ou face aos maiores e mais significantes; mas mais especificamente ainda e já como minha história própria, sem ironias nem falsas modéstias, enquanto sendo eu auto reconhecida e confessamente um multiplamente redundante fracassado aos mais práticos e vinculativos níveis: interpessoal, social e curricular escolar; desportivo; profissional; em suma sociocultural e existencial geral; com apenas excepcional ressalva para esta minha pró positiva e vital auto resistência a tão múltiplo e sequencialmente redundante fracasso próprio; face ao que sem querer justificar este último com influências externas, no entanto tão pouco posso deixar de ao menos referir que, incluindo na sua respectiva devida e inversa proporção, esta minha e enquanto tal continuamente bem sucedida resistência a mesmo dito de múltiplo redundante fracasso próprio, com meu correspondente esforço de resistência inerente, em qualquer dos casos a suceder (também) por proporcional respectiva inerência dalgumas múltiplas e diversas influências externas a mim, por mais significativas ou residuais e mas em qualquer caso consequentes que estas me tenham sido e/ou sejam; isso sim comigo auto-gestionada, auto-critica e auto-exigentemente a renegar as piores dessas influências, em especial na medida em que em efectivo ou em potência eu mesmo me identifique com as respectivas, designadamente ao nível das mais incoerentes, da mais mesquinhas, das mais irracional ou perversamente gananciosas, por si só das mais objectiva, prática e funcionalmente cegas para a mais efectiva ou potencial multi-pluralidade da vida, no também efectivo ou potencial melhor e pior desta última, designadamente no que essa multi-pluralidade e seus efectivos ou potencias antagonismos tenha/m que ver com cada um de nós humanos; versos escolhendo eu as que creio serem as melhores referências e influências envolventes, em especial no que e como também em efectivo ou em potência eu me identifique com as mesmas, que como tais e/ou ao menos da minha perspectiva só podem ser positiva e globalmente coerentes de entre o paradoxo vital/existencial base e/ou ainda enquanto incluindo estas últimas transversais necessidades, preocupações e respectivas acções pró vital/universalmente globais e logo como tal também humanistas/naturalistas, como seja que se acaso não deixando de implicar o eu individuo, o eu família, o eu cultura, o eu profissão, o eu ideologia, o eu credo, o eu civilização, o eu regional, o eu nacional, por si só o eu humano, também está e vai muito aquém e além disso, até porque com toda a infinidade de efectivas ou possíveis intermédias dimensões, no limite inclui o literal inverso de todos e/ou de cada um desses meus efectivos ou potenciais eus pessoais e humanos inerentes, além de também todos os vitais/universais eus extra humanos _ cujo o (eu) individuo humano será tão mais vital/universalmente inteligente, quanto consiga considerar e respeitar todos os restantes eus humanos, além de todas e quais queres outras formas de vida (eus) extra humana/os, mesmo os de que inclusive e se acaso no limite (eu) me necessite defender pessoal ou humanamente, o que ao nível da vida extra humana implica toda a múltipla biodiversidade vital/natural, mas em que duma ou doutra forma, nesta última, eu mesmo pessoal e humanamente também me integro e de que dependo. De entre o que do mal, o menos que no meu individual caso me sinto ou mesmo constato, acima de tudo, um contínuo aprendiz da vida e de viver, sem especializações pré definidas e balizadas, mas sim com a minimamente necessária ou indispensável abertura à multiplicidade, diversidade, variedade, por si só infinidade de factores subjacente a cada (in)constante e (im)permanente presente momento, com seu efectivo ou potencial e especifico ou genérico melhor e pior inerente, em todo e qualquer lugar. A partir de que sem absoluto prejuízo de, desejavelmente pelo melhor e para o bem, eu continuar a desenvolver raciocínio nesta mesma base e sequência, no entanto e de momento deixo o presente e o transacto tal como se apresentam, ao correspondentemente reflexivo e/ou prático critério de cada qual, perante e para com o todo Vital/Universal, de que de resto neste último caso todos e cada um de nós seres viventes, humanos e extra humanos, somos interdependentes partes integrantes, pelo melhor e pelo pior e para o bem ou para o mal, ainda que, ao menos a nível planetário/terreno, com a preponderantemente esmagadora e decisiva (última) palavra/acção para o individuo e correspondente colectivo humano ou vice-versa! VB    

quinta-feira, março 22, 2018

Ditadura do individuo vs direitos e deveres do individuo

Independentemente do que me interessa a mim pessoal-individualmente, recordo-me no entanto de até há cerca de entre duas a três décadas atrás, ano após ano, durante o Outono e o Inverno choverem dias e noites consecutivo/as, de respectiva e recorrentemente os cursos de água naturais (regatos, barrancos, ribeiras, rios) transbordarem por todos os lados e tudo isso ser aceite por todos e por cada qual como algo natural, como a superior vontade de Deus ou da Natureza, não raro até com admiração e alegria, desde que não havendo prejuízos humanos de maior ou em absoluto; isto mesmo quando ao nível das minhas origens rurais bastante humildes e até materialmente pobres, as respectivas habitações humanas não tivessem muitas condições de protecção face ao ambiente/clima natural: vento, sol, chuva, calor ou frio.

Enquanto de há cerca de entre duas a três décadas a esta parte, em que vindo continua e crescentemente a chover cada vez menos, dalguma irónica forma coincidente com a genérica mentalidade sociocultural humana que tendo cada vez melhores condições de habitabilidade, designadamente de protecção face aos elementos naturais, também curiosamente cada vez mais, como mínimo dispensa e como máximo mesmo abomina, ao menos o elemento climático natural que é chuva; de entre o que como melhor das hipóteses se encontram a/os que querem mais ou menos chuva segundo o unilateral ou corporativo interesse de cada qual; concretamente havendo quem não queira (mais) chuva porque no seu quintal não necessita de (mais) chuva; havendo ainda quem julgue a falta ou não falta de chuva pelo seu próprio poço, como seja que num dia e sem ver o seu próprio poço, mas imaginando-o cheio passe de imediato a mal dizer a chuva que alegadamente já chega e até sobra, ainda que no dia seguinte ao constatar que afinal o seu próprio poço ainda não está cheio, acabe dizendo que afinal ainda não choveu o suficiente, mas como se isso não bastasse e no ainda imediato dia seguinte, por outro respectivo interesse qualquer que nada tendo que ver com chuva ou para com o que esta seja um incómodo, volte esquizofrenicamente de novo a mal dizer a chuva. Em qualquer dos casos pressupondo tudo isso que até a própria natureza climática tem de ser e estar quantitativa e qualitativamente à literal justa medida de cada qual, individualmente.

Mas não se pense que a pretensa ditadura do individuo, na circunstância face aos elementos naturais, começa ou termina no querer ou deixar de querer chuva, pois que mais uma vez aquém e além da minha vontade própria, expondo outro derivante exemplo dessa ditadura do individuo, recordo-me ainda eu de também há cerca de duas a três décadas atrás haver muita mais quantidade e variedade de aves silvestres, até porque havia mais o que e onde as mesmas se alimentarem, em que por concreto exemplo recordo-me de ao pôr do sol na Primavera e no Verão, dos idos anos setenta e oitenta do pretérito séc. XX, passarem múltiplos bandos tão só de pardais vindos de se alimentar em campos cerealíferos para se abrigarem nos eucaliptos da estrada, o que já não sucede na actualidade; além ainda de há décadas atrás haverem mais ninhos de pardal em quatro ou cinco eucaliptos seguindo, como seja ao longo de cem ou duzentos metros consecutivos do que actualmente se encontram em dezenas, mesmo centenas de eucaliptos e ao longo de quilómetros. Mas talvez porque a muito menor quantidade e diversidade de aves silvestres tendem a concentrar-se no também cada vez menor espaço, onde encontram comida, além de porque acima de tudo a minha própria humanidade se fecha cada vez mais num nível sociocultural e civilizacional em que cada vez menos cabem quais queres factores naturais, também respectivamente a minha própria humanidade continua a achar que não só há quantitativa/diversificadamente muitíssimas aves silvestres, quanto que até as haverá em demasia; daí que na medida do humanamente possível se apartem todas e quais queres outras formas de vida naturais da própria dimensão existencial humana, no limite mesmo matando-se todas e quais queres outras formas de vida, não só e nem essencialmente como legítimo meio e forma de básica subsistência humana, mas sim por crescente aversão humana a quais queres outras formas de vida naturais extra humanas, incluindo a ditadura do consumismo materialista/economicista humano, aquém e além da mais básica e legítima subsistência humana. Sendo que conheço eu indivíduos humanos _ masculinos e femininos _ para quem (quase) tudo o que é natural é dispensável, só viável à distância, atrás de grades, de vitrinas e/ou como objectivo de exploração e consumo económico-materialista. Cada vez mais, sem uma perspectiva de integração cultural e espiritual humana na natureza original; isto apesar dos crescentes movimentos e/ou organismos humanos, no limite profissionais e/ou institucionais, em pró defesa da natureza; mas isso é uma outra coisa, ainda mínima, que por si só deriva da crescentemente consequente consciência dalguns poucos humanos face aos tão qualitativa quanto quantitativamente múltiplos nefastos efeitos humanos sobre a natureza; também muito por inerência da ditadura, oh perdão, da liberdade individual, num respectivo contexto geral humano, essencialmente materialista/consumista, em que aquém e além de deveres, cada qual se acha acima de tudo com direito a tudo e mais uma coisa, legitima ou ilegitimamente.

Enfim, digo eu, que: mande Deus todos os Santos e mais todos os Anjos e/ou que a mande Natureza o que ou quem mais quer que universalmente seja a inventariar: quando, onde, como e em que exacta quantidade e qualidade cada individuo humano _ masculino e feminino _ quer ou deixa de querer, no caso concreto chuva, aves silvestres e/ou genericamente o que mais natural seja, porque o que está a dar é a visão, o interesse, a vontade, a perspectiva, o querer, o desejar, no limite o impor de cada qual, que como de diversas formas se constata é cada vez mais anti-natura. Isto mesmo quando eu pessoalmente defendo a liberdade individual, mas crendo também eu que liberdade individual não pode nem deve ser sinónimo de unilateral vontade ou querer de cada qual, sem mais. Até porque cada qual costuma ter outros entes, humanos e extra humanos, do outro lado _ incluindo que a própria humanidade é parte integrante e dependente da natural multi-diversidade vital envolvente.

Mas que já agora e a terminar não deixo de expressar o que quero ou o que aceito eu, que no fundo é o que Deus, a Natureza, o Universo e/ou o esmagador Colectivo humano quiserem ou permitirem, o que no presente caso concreto implica esta minha pró vital, sanitária ou subsistente expressão própria, face às múltiplas e não raro profundamente incoerentes, antagónicas, paradoxais ou mesmo inconciliáveis vontades humanas, mais das vezes num só individuo relativamente à própria natureza e/ou ao mais vasto colectivo humano, vital e universal! E em que para não parecer que com esta última alusão estou a auto desresponsabilizar-me face à vida e/ou por si só face ao que aqui escrevo, também conclusivamente acrescento que por exemplo esta minha expressão própria e respectiva divulgação da mesma aqui e agora é em última análise de minha responsabilidade individual própria, com os meus correspondentes direitos e deveres inerentes!

VB

terça-feira, março 20, 2018

Viciosa insanidade humana

Está _ reiteradamente _ em vésperas de chegar uma nova Primavera, o que devia ser e é mesmo mais uma cíclica oportunidade de vital renovação/procriação da fauna e flora natural. Só que como se já não bastasse e sobrasse toda uma vertiginosa ganância materialista/consumista humana, que sob e sobre diversos aspectos deixa cada vez menos espaço e tempo à biodiversidade natural; pelo meio ainda se introduzem acrescidamente insanos fenómenos de origem humana, como por concreto exemplo são os incêndios florestais. Sendo que se os incêndios florestais, tanto mais se ao absoluta e sistematicamente louco nível a que qualitativa e quantitativamente surgem ano após ano, à negligente ou criminosa e mas em qualquer caso insana mão humana, já destroem massivamente tudo o que é fauna e flora natural à sua passagem _ incluindo ou excluindo os directos prejuízos humanos propriamente ditos daí derivados.

Respectivamente, como uma espécie de mal menor, pró preventivamente prévio aos incêndios florestais, está por exemplo a execução duns ditos aceiros, como sejam faixas de terreno lavrado ao longo de todo o perímetro das propriedades agrícolas ou naturais, se acaso ainda com ditas faixas de terreno lavrado a atravessar entre-cruzadamente essas mesmas propriedades agrícolas e/ou por si só terrenos naturais, já sejam em qualquer dos casos privada/os ou publica/os. Enquanto ditos aceiros a serem executados em início e/ou ao longo da própria Primavera, como seja quando precisamente quer mamíferos quer  acima de tudo aves silvestres nidificam e procriam. Pelo que incluindo o por si só anti-natural dispêndio material e energético subjacente à execução de ditos aceiros, escusado será dizer que nos milhares de quilómetros de aceiros concretizados ao longo do País, serão certamente incontáveis os ninhos de múltiplas aves ou de diversos seres silvestres a serem destruídos, sendo que eu mesmo já vi perdizes serem trucidadas no ninho por máquinas agrícolas, enquanto com estas últimas em concretização de ditos aceiros, isto quando a perdiz é uma ave silvestre, interessada e convenientemente, "protegida" pelo ser humano; agora imagine-se as restantes aves e/ou espécies animais silvestres que não aquecem nem arrefecem o ser humano para coisa alguma e/ou pior se o ser humano até as abominar... incluindo que o mais genérico culto humano é dominadoramente materialista, consumista e possessivo, mais concretamente ainda é um culto de morte, de possessivo aprisionamento e/ou de adulteração da vida natural, designadamente ao nível de adulteração com por exemplo curiosa, perversa ou interessada introdução humana de espécies, animais ou vegetais, invasoras em territórios que não lhes eram originalmente naturais, cujas espécies invasoras não raro destruem a natural multi-diversidade, animal ou vegetal, endémica de determinada região global; como seja que salvas as devidas excepções e sem prejuízo da mais basicamente orgânica subsistência humana,  não há em paralelo ou acima de tudo um culto humano de alimento espiritual baseado na observação e na auscultação da multi-diversificada vida natural original e/ou numa equilibrada e verdadeiramente inteligente integração humana nesta e com esta última.

A partir de que sem absoluto prejuízo dos específicos ditos aceiros, tão compreensível e legitimamente necessários nas insanas circunstancias incendiárias em causa, digo também eu que: a genericamente insana tendência destrutiva humana face ao meio ambiente natural _ de que neste último caso ironicamente deriva e depende a própria humanidade _ não tem limites, nem quantitativos nem qualitativos, pois que até para prevenir um mal maior de origem humana, como são os massivamente destrutivos incêndios florestais, se acaba fazendo uso dum mal menor que é a execução dos ditos aceiros pró prevenção incendiária, com execução desses aceiros no inicio e/ou durante significativa parte da Primavera, como seja em que o genérico ciclo humano face à multi-diversidade vital natural é duma ou doutra lamentável forma destrutiva/insanamente vicioso e não construtiva/salutarmente virtuoso.

Global sequência que é insamente lamentável para a própria humanidade, senão de forma óbvia no imediato, ao menos é-o e/ou se-lo-á acrescida e crescentemente óbvio a mais curto, médio ou longo prazo!...

VB