segunda-feira, março 21, 2016

O paradoxo de exigir perfeição de quem só se espera imperfeição

            Acabei há algumas horas de assistir a uma cena familiar de entre pais e filho no interior do espaço público dum supermercado, que dalgum modo me remeteu para o meu pessoal e colectivo tempo infantil próprio, ainda que de entre o pessoal e o colectivo existam tantas infindas variantes quanto a personalidade e experiência de vida de cada qual, incluindo a família, a comunidade, etc., em que se nasce-se e cresce-se; sendo que no limite e se indo à subtileza dos pormenores dessas variantes, inclui por exemplo que mesmo de entre irmão gémeos a personalidade ou a experiência de vida destes jamais será exactamente igual. A partir de que entrando no meu tempo infantil tenho de dizer que as crianças eram positiva e/ou absolutamente subvalorizadas, como seja em que das crianças pouco ou nada mais se espera para além de que fossem gordinhas e obedientes, dalgum modo que estivessem, mas não fossem aquém e além do que lhes fosse ordenado de cima para baixo e/ou de fora para dentro _ de resto ao meu tempo infantil havia criação e não educação, pois que isso da educação veio posterior e gradualmente. No caso tão gradualmente que passadas mais de três décadas sobre o meu tempo infantil, parece que ainda há (muitas) famílias em que a criação importa mais que a educação, como seja em que manter os próprios filhos organicamente sobreviventes e mas incondicionalmente obedientes é mais que suficiente em certas famílias, como tal em inversa alternativa a filhos (pró)vital e autonomamente plenos. Em que continuando no meu tempo infantil, por exemplo perante acontecimento negativo ou desastroso cuja autoria não fosse imediata, constatável ou absolutamente comprovável pelo colectivo familiar ou social, mas desde que com crianças por perto, em especial quando por exemplo de entre crianças e adultos estavam então socioculturalmente instituídos uns preconceituosos/discriminatórios princípios, meios e fins, como, entre outros, os de que: onde há moços/crianças não se culpam homens/adultos” ou ainda: “o que é que mais se há-de esperar de moços/crianças do que desastres, erros e em suma mal!...”; sequência de que salvo as devidas excepções, de resto por mais que uma criança reivindica-se a sua inocência com relação a algo negativo ou desastroso não seria acreditada e em certos casos até seria alvo de tão mais redobrado castigo quanto mais reivindica-se inocência, pois que mais uma vez e salvo as devidas excepções, de resto a norma geral era mesmo a de que "de crianças moços, não se podia nem devia esperar nada de positivo, vulgo bom...", até porque resumidamente criança não tinha querer, pensar ou sentir próprio, aquém e além da mais orgânica necessidade de subsistência e/ou então que as múltiplas hierarquias superiores/adultas ditassem por si sós, aquém e além da verdadeira realidade infantil, de entre o que salvas excepções que confirmavam a regra, de resto e norma geral: jamais se duvidava da palavra dum adulto face à palavra duma criança, de resto à imagem e semelhança do que sucedia de entre adultos de estatutos sociais ou de género diversos, como no estatuto social duma pessoa rica sobre uma pessoa pobre ou no estatuto de género com o elemento masculino _ salvo seja _ sobre um elemento feminino, etc.. Resumidamente em que, no caso concreto, uma criança devia “respeitinho”, vulgo incondicional obediência aos pais e no limite aos mais velhos/adultos modo geral, com acréscimo de múltiplas dimensões estatutárias hierarquizadas face umas às outras, como por exemplo no estatutário contexto de mais ricos sobre mais pobre, de entre ou sob o que o caso duma criança pobre coincidia com basicamente ser nada e ninguém, por si só, aquém e além de sob uma múltipla infinidade de estatutárias hierarquias superiores. Dito isto passemos à essência prática:

            Como comecei por dizer logo no topo deste relato: esta manhã no interior dum supermercado, enquanto eu apreciava um determinado artigo, mesmo enfrente a mim circulava uma família: mãe, pai e filho. A mãe e o pai caminhavam à frente do filho que os seguia, no caso com o filho a empurrar o carrinho das compras, cujo filho aparentava ter uns sete ou oito anos, do género de estar em idade escolar mas não mais além do primeiro ciclo. Que seguramente em nada disto eu haveria atentado para além dum reflexo momentâneo e muito menos memorizado a presença desta família ali, não fosse o facto de quando no circunstancial momento em que a mesma circulava ali mesmo à minha frente, com o filho a empurrar o carrinho das compras atrás dos pais que seguiam cerca dum metro à sua frente, quando eis que de repente o pai parou para ver algo e alegadamente tendo-se também o filho distraído com algo, este último acabou por não ver o pai parar e embateu no mesmo com o carrinho das compras, desde logo num embate acidental e sem maiores consequências do que um carrinho de compras dirigido lenta e compassadamente por uma pessoa, no caso uma criança que embate noutra pessoa, no caso adulto e pai da própria criança. Só que a reacção do pai foi a de se voltar imediatamente para o filho com a mão no ar e dizendo: _ estava quase em dar-te uma lambada já aqui. O filho reagiu de imediato e de resto com uma expressão bastante humilde e cabisbaixamente submissa dizendo: _ Pai desculpa foi sem querer! Mas o pai impassível continuou: _ larga já o carro, não mexes mais no carro! O filho voltou a insistir: _ Pai, mas desculpa foi sem querer. Mas o pai em conjuntural companhia da sua suposta esposa e eventual respectiva mãe da criança, ainda que no caso do elemento feminino adulto a manter-se sempre passivo e silencioso face aquela situação, ambos os adultos voltaram então costas à criança, suposto filho de ambos, e continuaram simplesmente em frente, como que seguros de que o filho os seguiria, agora com o pai a dirigir o carrinho das compras, enquanto o filho cabisbaixo se deixou ficar uns dois metros para trás, seguindo então os pais, mas já sem a responsabilidade de dirigir o carrinho, encostando-se sim a uma das laterais do corredor de supermercado, caminhando agora com ar envergonhado e algo perdido, como que abobado, em especial para uma criança já algo crescida e que não tinha em absoluto aspecto ou atitude de criança rebelde ou irrequieta, bem mesmo pelo contrário, o que numa primeira instância suscitava solidariedade, tanto mais quando e enquanto ao mesmo tempo com uma das mãos passou a percorrer delicadamente a extremidade da prateleira de supermercado, como que se a acariciar esta última, o que eu interpretei como numa espécie de subconsciente carícia que necessitasse de e para si mesmo. Por mim não soube mais desta família, até porque, de entre nós, cada qual seguiu o seu respectivo caminho, mas de imediato aquela cena remeteu-me dalgum modo para o meu próprio tempo infantil, designadamente em que as crianças não tinham qualquer valor, aquém e além do que os pais ou os adultos lhes quisessem ou lhes conviesse dar-lhes ou impor-lhes, como seja em que o repetido, envergonhado, cabisbaixo, justificativo e humilde pedido de perdão daquela criança ao próprio pai, nem sequer foi alvo da mais ínfima atenção por parte deste último _ seguramente porque este último estava na sua própria “onda”, que no caso nem de perto nem de longe incluía positiva/educativamente o próprio filho, ao menos aquém e além de incondicional obediência deste último para com o próprio pai, por si só com base na vital ou subsistente dependência orgânica do filho face ao/s pai/s.

            Sequência de que não tendo eu conseguido esquecer a cena em questão, com base naquela família, naquele supermercado, me levou ainda a interpretar um pouco mais a atitude daquele pai sobre o próprio filho, como já referido atrás, tomando por base a minha própria infância para onde por si só a cena daquela família me remeteu enquanto tal. No caso levando-me a interpretar a atitude do pai como se este espera-se perfeição por parte do filho, designadamente como se este último jamais pode-se ou deve-se chocar com o carrinho no próprio pai, que por si só parou repentinamente à frente do filho e em que se o filho não reparou na repentina paragem do pai, o facto é o que o pai também não levou minimamente em conta que o filho vinha logo atrás com o carrinho das compras. O que também à imagem e semelhança do meu tempo infantil, me levou ainda a concluir na incondicional razão do pai (mais velho, adulto) sobre o filho (mais novo, criança) e respectiva incondicional obediência deste último sob o pai, dado que para aquele pai e naquelas circunstancias parece que só o filho errou e segundo tudo indicou como que com um erro sem qualquer margem para desculpas. Ainda que se o pai confiou inicialmente no filho para o deixar dirigir o carrinho das compras, mas depois não perdoa ou sequer atenta no pedido de perdão do filho face ao mais mínimo erro em sequência da direcção desse mesmo carrinho por parte do filho, como se do filho não se pudesse esperar algo mais ou melhor do que a imperfeição dum "imperdoávelerro como aquele de chocar acidentalmente com o carrinho contra o pai, mesmo que com comparticipação do próprio pai para com esse mesmo erro do filho; me leva ainda e mais uma vez em consonância com o meu próprio tempo infantil a concluir tudo como um imenso e disfuncional paradoxo dos pais/adultos sobre os filhos/crianças, que era e parece em certos casos continuar indefinidamente a ser o de que se exigia/exige perfeição de quem, como as crianças, ao mesmo tempo não se esperava/espera algo mais ou melhor que imperdoável imperfeição. Como que se no caso aqui em questão o pai dissesse ao filho: deixei-te dirigir o carrinho das compras porque supus que tu (filho) serias perfeito a ponto de não cometer um erro imperdoável, a partir de que tendes imperfeitamente cometido esse erro imperdoável, o menor castigo possível é não voltares a dirigir o carrinho das compras, porque de ti (filho/criança), enquanto tal e para o caso, só se pode esperar imperdoável imperfeição. Genérica base e sequência esta que assumia e/ou assume particular relevância ao nível rural, provinciano e de pró subserviência a uma infinidade de estatutos superiores, como nos casos do estatuto maternal/paternal de pais sobre filhos, do estatuto etário de mais velhos sobre mais novos, do estatuto social de mais ricos sobre mais pobres e assim sucessivamente, sendo que os estatutos em causa não têm de estar necessária e naturalmente errados enquanto tais, agora muitas vezes e em muitos casos os princípios, os meios, os objectivos inerentes aos mesmos e a forma como os mesmos são exercidos na prática é que podem ser errados e estar positivamente em causa; especialmente enquanto estes últimos derivados de quase meio século de ditadura política e social em que eu mesmo ainda nasci e comecei a crescer, estando eu presentemente com idade para por exemplo ser pai (também) de filhos com a idade daquela criança de hoje de manhã no supermercado _ mas que em absoluto não sou.

            Digo eu afirmativamente por mim mesmo a partir daqui que, segundo os casos, haverá diversas formas de educar os próprios filhos (pró) positiva, autónoma, responsável e consequentemente para a vida, mas a forma inerente ao caso a que aqui aludo não é seguramente uma dessas formas, porque a mesma leva desde logo e acima de tudo à cega e incondicional humilhação do próprio filho, tanto mais e pior se em publico, sem ainda a mais mínima correcção ou chamada de atenção pela positiva por parte do pai, inclusive sem que o pai atende-se o mais mínimo aos humildes e diria mesmo submissos pedidos de desculpa/perdão por parte do próprio filho, tudo ainda com impassível ou quiçá também submissa atitude maternal. Sem em qualquer caso esquecer a parcial responsabilidade do próprio pai para com o acidental facto do filho lhe ter acidental e inconsequentemente tocado com  o carrinho das compras. A partir de que salvo a personalidade do próprio individuo, no caso infantil, em associação à mais globalmente diversa e conjuntural sequência das circunstancias da vida intra e extra familiares, de resto e à partida com base em atitudes como as do pai aqui em causa, não se pode esperar ter positiva e/ou autonomamente grandes cidadãos e acima de tudo positivamente grandes seres humanos adultos. Sequência de que enquanto tal e como melhor das hipóteses ter-se-á cidadão/seres humanos essencialmente subservientes, obedientes e rudes, em detrimento de cidadãos/seres humanos positivamente críticos, humildes e civilizados. Tudo como que num interminável e sequencial ciclo vicioso que parece querer perdurar em muitos contextos socioculturais e familiares, mesmo após já mais de quatro décadas de vivência e educação dita de civilizacionalmente democrática, ainda que esta última directa e referencialmente derivada de outras mais de quatro contrastada(*) décadas de ditadura que reiteradamente em resumo final esta última incluía o imenso e disfuncional paradoxo dos pais/adultos sobre os filhos/crianças, que era e como reflecte o caso aqui em questão parece continuar indefinidamente a ser o de resumidamente se exigir semi-implícita ou explicita perfeição de quem, como das crianças, só se espera imperfeição. Até porque toda a gente erra, tanto mais se uma criança que está em fase de aprender objectivamente tudo acerca da vida, pelo que quando um pai não perdoa nem corrige o mais ínfimamente o filho pela positiva, inclusive aqui para o caso e em certa medida devendo o próprio pai compartilhar responsabilidade face ao erro filho/criança, mas não faz e pelo contrário até tem uma reacção que eu diria em grande medida irracional, então é porque dessa criança o pai espera ou exige o impossível, como seja constante e permanente perfeição _ o que para o caso passava pela hipótese do filho jamais lhe poder ter embatido acidentalmente com o carrinho de compras do supermercado. Pelo que só restou a este pai e a todos os equivalentes passar/em a esperar permanente imperfeição do/s próprio/s filho/s criança/s e por isso se não confiando o próprio pai (pró) positiva ou perfeitamente no filho ainda criança, como no presente caso em questão, acabou retirando-lhe inclusive de forma algo violenta e nada didáctica a por parte do filho voluntária e prazerosa responsabilidade de dirigir o carrinho das compras de supermercado. Levando a criança a uma espécie de pró positiva e autónoma inanição própria face à vida e/ou por si só face ao/s próprio/s pai/s, como no caso da criança aqui em causa que ao menos momentaneamente ficou dalgum substancial modo abatida e a caminhar sozinha, acariciando as frias prateleiras de supermercado. 

Ah! E sendo claro que as crianças, até enquanto dependentes dos pais e muito modelarmente plásticas em si mesmas, também em grande medida esquecem e relevam o que as magoa, mas há limites... desde logo limites para que as negativas ou pelo menos retorcidas consequências do paradoxo aqui em causa não se revelarem a mais curto, médio ou longo prazo na própria vida adolescente e adulta derivada duma qualquer criança, por si só, face aos próprios pais e em resumo final face à própria Vida modo geral e enquanto tal.

                                                                                              VB

(*) Estando eu também em crer que se passou do oito (8) para o oitenta (80) no que por concreto exemplo a educação infantil respeita, na medida em que face às minhas origens infantis, sob muitos aspectos mo tempo actual parece ter-se passado da sub valorização para a sobre valorização infantil/juvenil, em alguns casos com consequências não menos nefastas, ainda que diversas às relacionadas como caso descrito atrás. Mas enfim, isso é por si só assunto para um outro eventual futuro texto!!!

sexta-feira, março 18, 2016

Auto subestima, com subsequente auto desenraizamento, ironicamente como (pró) positiva forma de homenagem a alguém de positiva excepção


Por norma nós os designados cidadãos comuns e/ou anónimos, até para colmatar dalguma forma as nossas fraquezas, as nossas debilidades ou os nossos fracassos pessoais/existenciais própria/os, regra geral temos respectiva tendência para dalguma forma nos colarmos aos nossos ídolos de expressão publica de sucesso. E mas ironicamente no caso concreto eu vou aludir ao meu vital e publicamente bem sucedido patrício regional Nicolau Breyner, recentemente falecido, como minha pró positiva homenagem póstuma ao mesmo, ainda que e/ou até porque a partir da minha auto subestima pessoal, familiar, sociocultural e em suma existencial própria. Ah! Claro que eu não gosto de me auto assumir como tal, auto subestimadamente. Mas já que um misto de circunstancias próprias e envolventes me trouxe a tal auto subestima própria, até acabo por, se possível, preferir ascender positiva e genuinamente, mesmo que a partir do mais profundo abismo vital/existencial próprio e/ou envolvente, ao invés de por exemplo ter uma existência baseada em meras aparências externas e/ou em artificialismos substancialmente ocos _ que salvo a possível extrapolação, creio inclusive que ditas aparências externas e/ou artificialismos substancialmente ocos estarão na origem e na essência de muitas desgraças humanas e desde logo do muito recorrentemente contemporâneo caso de desgraças económicas e financeiras em concreto. De entre o que eu sempre preferi auto assumir-me positiva e substancialmente por baixo, desde logo mergulhando auto gestionadamente fundo na minha positiva e não raro mesmo absoluta auto subestima própria, ainda que com propósito na minha positiva e substancialmente genuína ascensão pessoal e existencial própria, sempre perante e para com a Vida enquanto tal _ em que mesmo quando estou pessoal ou socialmente sozinho, sinto-me no mínimo acompanhado pela minha consciência individual e mas em qualquer caso sempre acompanhado pela consciência Universal.  

            Auto subestima, com subsequente auto desenraizamento, ironicamente como (pró) positiva forma de homenagem a alguém de positiva excepção

            Com o que se segue não pretendo fazer uma análise das causas, efeitos e consequências inerentes ao mesmo, mas sim e acima de tudo com base no mesmo pretendo na medida do possível prestar e minha homenagem pessoal própria, no caso concreto a alguém que foi e enquanto tal será eternamente o positivo inverso do que se segue. Sendo que o que se segue é o auto assumir duma minha positiva subestima pessoal/existencial própria, derivada duma combinação de factores intrínsecos e extrínsecos a mim. Ainda que o simples facto de eu estar a escrever o presente, implique por si só a minha pró positiva auto subsistência na e à minha subestima própria, não raro e sob muitos aspectos enquanto comigo baseado no que e em quem me inspira positivamente a tal auto subsistência. Mas passemos então à essência:  

            _ Numa vida, num mundo e numa sociedade humana altamente competitiva/os, além de recorrentemente hostis e traiçoeira/os, se não se possuir raízes socioculturais, familiares e existenciais coerentemente fortes, aquém e além duma identidade própria devidamente sólida e definida, de resto equivale a estar-se positiva, vital ou existencialmente condenado logo à partida, como seja que na melhor das hipóteses está-se condenado a uma existência subsistentemente esforçada, sofrível, quando não mesmo precária, degradante e decadente.

            E eu pessoalmente que nasci e cresci num país que genericamente se auto subestima(va) a si mesmo; que dentro desse mesmo país nasci e cresci ainda numa das províncias rurais que ora se auto subestima ora é subestimada pelo resto do por si só auto subestimado país _ de resto como disse um ex. ministro dum governo nacional: _ “abaixo de Lisboa ou do Tejo não há nada, nem escolas, nem hospitais, ..., nada”; que dentro dessa província rural, a sul do Tejo, nasci e cresci ainda numa família que genericamente sempre se auto subestimou a si mesma; mas como se tudo isto não bastasse e aquém ou além do mesmo, por diversos motivos e razões, como por exemplo um meu redundantemente positivo desencontro comigo mesmo e com as minhas raízes desde a minha infância e/ou juventude, eu próprio jamais terminei de sair duma genérica e redundante auto subestima, não raro consubstanciada por respectiva e recorrente auto desvalorização própria, numa espécie de global e redundante defeito nacional, sociocultural, regional, familiar e em ultima instância pessoal próprio. Que por exemplo ao nível de auto subestima nacional não será por acaso que tanto se alude a qualquer figura publica de sucesso, com corrente expressão máxima em Cristiano Ronaldo (CR7) como motivo de auto estima nacional, ainda que como bem se sabe também recorrentemente se ignore e subestime uma infinidade doutros valores pessoais e humanos nacionais de menor expressão publica ou pelo menos sem o suporte e o Amém de certos estratos sociais e dos próprios meios mediáticos em concreto e/ou ainda duma outra muito diversa e quase inversa perspectiva desde globalmente sempre sucede, como a quando da visita duma qualquer destacada personalidade ou figura pública estrangeira de nível mundial em que ainda mal a mesma põe pé em Portugal pela primeira vez e em alguns casos logo à chegada ao aeroporto haver de imediato jornalistas a perguntar o que a personalidade ou figura pública em causa acha de Portugal, como que mendigando uma palavras bonitas acerca da pátria, inclusive por despropositada, inusitada ou extemporânea antecipação. Do mal, o menos que há cada vez mais “CR’s7” aos mais diversos níveis desportivos, culturais, científicos, empresariais e existenciais a nível nacional dum modo geral com repercussão internacional/global, talvez por isso levando a que cada vez menos se mendigue umas palavrinhas de apreço pela pátria a entidades pessoais/institucionais externas, em especial se de forma despropositada, inusitada ou extemporânea. Como que ainda numa espécie de redundante ciclo que se auto sustenta e completa em e por si só, salvo sempre as devidas positivas excepções, que até enquanto tais são também positivamente preciosas excepções, que espero e desejo eu ainda que estas últimas se tornem cada vez mais a positiva norma em detrimento da excepção, como no exemplar e público caso do recém-falecido Nicolau Breyner, de entre alguns outros e tudo leva a crer que cada vez mais exemplos, independentemente de públicos ou anónimos.

            Sendo ainda que no relativo ao que deveria ser uma mais ou menos continuamente natural e espontânea auto estima desde logo e acima de tudo pessoal, humana, vital e universal por parte de todos e de cada qual, logo e periféricos extremos da mais natural e espontânea auto estima, com que de resto e salvo excepciona anomalia se nasce logo à partida, cujo um desses periféricos extremos na subestima já aludida atrás e de resto global base do que aqui escrevo, está também ainda no extremo inverso a sobrestima, nalguns casos a ponto de que da parte de que quem se sobrestima, até pela negativa terem esses alguéns de ser mais que qualquer outra pessoa, em especial ao nível da vitimação, em que o seu mal é ou tem de ser sempre o pouco maior que o do/a outro/a…, como que a querer dizer: se eu não estivesse mal e/ou se o azar da vida não me (nos) atingisse a mim (nós) mais que ti (vós) e eu seria sempre mais e melhor que tu (vós)! O que salvo os inconvenientes inerentes, como por exemplo o de quem se sobrestima, recorrente cair ou pelo menos correr o permanente risco de na melhor das hipóteses cair em ridículo e no máximo poder mesmo cair em desgraça, de resto a sobrestima até também costuma funcionar relativamente bem enquanto pró positiva projecção, ao menos se quem faz o culto inerente for conseguindo ter ou encontrar um mínimo de bom senso e de equilíbrio de entre sobrestima e a realidade concreta da vida, mas desde logo e em qualquer caso sendo quem se sobrestima muitas vezes vitimas de si mesmo/as, ainda que se tanto quanto possível projectando a sua desgraça no exterior ou como vitimação do exterior. No caso ao inverso de quem se subestima, na medida em que este/as ultimo/as, por mais efectivos ou potencias positivos méritos que tenham, por norma não os auto reconhecem e se acaso até os projectam no exterior, valorizando mais ou menos consubstanciada ou inusitadamente este último. Mas enfim, coincidente ou dissidentemente com relação a mim, deixo qualquer possível desenvolvimento deste assunto para especialistas como sociólogos, psicólogos, psiquiatras, antropólogos e afins. Pois que por mim limito-me a deixar a minha superficial auto perspectiva pessoal ao respeito, inclusive a partir da minha genericamente inversa ou contrastada subestima própria, face a quem se sobrestima e mas acima de tudo face a quem razoável, sustentada, consubstanciada e/ou por si só de forma natural e espontânea vence positivamente na vida, como no caso concreto do alentejano Nicolau Breyner, na positiva inversa base do que aqui escrevo em sequência da minha auto subestima própria. Já agora minha auto subestima própria de que comecei a ouvir falar ainda na minha infância e juventude, como seja quando eu não tinha sequer qualquer objectiva consciência da mesma e por vezes até me auto perguntava ao que se estaria referindo quem/s recorrentemente me dizia/m que eu me subestimava, o que me era tanto mais intrigante quanto muitas vezes essas pessoas eram muito distintas e quem em muitos casos sequer se conheciam de entre si. O que me levava a concluir que as mesmas teriam a sua devida e consubstanciada razão, ainda que eu não soubesse ou reconhecesse imediata e objectivamente como e porquê?! Mas o que isso suscitava de intrigante e auto interrogativamente em mim, desde logo a partir das circunstâncias de vida real que levam a tal, acabou por me levar a auto concluir e a reconhecer não só a minha própria subestima inerente, como em grande medida as causas e consequências da mesma.

            Sendo que entretanto na minha auto subestima pessoal, pré ou pós adicionada de mais ou menos colectiva subestima regional e até nacional própria, por exemplo e como no regional caso do Nicolau Breyner desconfio sempre que qualquer provinciano/a patrício/a que transcenda positivamente a subestima regional, contenha esse/a patrício/a 100% de raízes originalmente regionais e/ou pelo menos que não esteja dalgum modo ligado a outro alguém extra regional e curiosamente acabei por descobrir que no caso concreto o pai do Nicolau Breyner tinha origem no norte nacional, mais concretamente em Gondomar. Claro que isso por si só não explica o sucesso Vital e no caso concreto também público do Nicolau Breyner, dado que a última palavra depende sempre do próprio indivíduo bem sucedido na vida dum modo geral, independentemente de publica ou anonimamente. Além de que não tem de ser sempre e nem necessariamente assim, com uma ou mais “costela/s” extra regionais ou até nacionais por parte de quem é mais positivamente bem sucedido na vida do que o comum, incluindo que o próprio Nicolau Breyner é ele próprio um Alentejano enquanto nascido e criado; agora eu e na minha própria genérica auto subestima em parte cultural e em parte experiencial própria é que por correspondente defeito próprio tão pouco consigo evitar procurar essa/s possíveis raiz/es e/ou costela/s, no caso extra regionais em quem de base e origem regional termina bem sucedido modo geral, no limite ao nível nacional ou mesmo internacional, em que o caso do Nicolau Breyner e ao menos por via do seu pai não deixou de me conceder alguma, auto subestimada, razão. De entre o que trago aqui à coação o exemplo do Nicolau Breyner, porque por um lado e precisamente ao ser uma personalidade de sucesso público e vital, acaba por ser reconhecido/a por todos quer regional quer nacionalmente, além de que por outro lado e apesar de por parte de alguém como eu que me auto confesso em auto e extra subestima e/ou mesmo desvalorização própria desde globalmente sempre, salvo esta minha presente forma de expressão escrita que por si só nasceu de forma natural e espontânea como circunstancial/providencial meio e forma de auto subsistir também na e à minha redundante auto e extra subestima e/ou desvalorização própria, ao ter eu começado originalmente a escrever acto espontâneo para tão só necessitar sobreviver mais um constante e permanente presente momento em e a mim mesmo, aquém e além de no e ao meio envolvente, já lá vão mais de duas décadas; logo ao continuar ainda a escrever pró vital, sanitária ou subsistentemente(*) espero que com isto que escrevo e que em si mesmo é a minha maior, melhor quando não mesmo única forma de expressão e de existência própria, poder também no caso concreto estar a prestar a minha possível e sempre modestamente positiva homenagem pessoal própria ao ser humano e no caso concreto ao alentejano de genérico sucesso Vital e público que foi e enquanto tal continuará a ser Nicolau Breyner.

            Nicolau Breyner que enquanto tal e dependente ou independentemente duma série doutras excepcionais entidades nacionais e/ou alentejanas mais ou menos publicas ou anónimas, por si só contribuiu para que eu sinta um pouco menos de subestima, ao menos e parcialmente enquanto Alentejano. Ainda que e/ou até porque eu não goste que a minha genérica auto estima própria dependa do exterior, mas devido a que por uma multiplicidade de motivos e de razões próprio/as e envolventes, eu por mim mesmo continue a sentir-me um genérico e redundante auto subestimado e/ou até desenraizado pessoal, sociocultural, familiar, regional e existencial modo geral. Logo sem grandes motivos para auto estima e valorização própria, salvo se por esta minha auto resistente subsistência de entre o que positiva/valorativamente me suscitam entidades pessoais/existenciais como Nicolau Breyner, versos o que eu mesmo positiva/valorativamente não termino de conseguir ser e/ou de significar em e por mim próprio, respectivamente perante e para quem mais quer que seja; ao menos aquém e além do que e como no presente caso eu pró vital, sanitária ou subsistentemente escrevo, enquanto subestimado e/ou desenraizado que semi-objectiva ou instintivamente insiste/o em subsistir o mais e o melhor (positiva e vitalmente) possível em e a tal facto, como imodesta ou auto estimadamente creio com expressão prática no presente caso concreto!

          Final e ironicamente diria e digo que: tão só por estar a escrever isto a partir de dentro das minhas raízes pessoais, familiares, socioculturais, regionais, nacionais e em suma existenciais próprias modo geral, que por diversos motivos e razões próprio/as e envolventes me habituei a auto subestimar e como tal a sentir-me desenraizado das mesmas e no limite até de mim próprio, já é no entanto suficiente motivo para eu ter mínima e/ou devida estima em mim mesmo enquanto tal, desde logo para sentir a correspondente devida confiança de me expor ao nível que aqui o faço, tanto mais se em pró positiva, vital e universal homenagem a um alentejano, um serpense e por si só a um ser humano, Nicolau Breyner, de positiva excepção a diversos níveis públicos e acima de tudo Vitais.  
  
                                                                                              VB


(*) Que no que toca a subestima regional/provinciana e a alguns motivos, inclusive externos, para com essa mesma subestima, por exemplo a partir de onde assinalei o texto com (*), posso e devo dizer que precisamente o sinal (*) no texto marca a última vez em que havia guardado o que ia escrevendo, sendo que entretanto com o texto basicamente terminado e mas não guardado a partir de (*), acabou por suceder um designado “pico energético” _ vulgo corte de corrente eléctrica _ enquanto algo recorrente desde há anos por estas bandas de onde sou originário e residente desde globalmente sempre. Como seja que em sequência de dito “pico energético”, com correspondente corte de corrente eléctrica acabei por perder tudo o que havia escrito a partir de (*), tendo de voltar a reescrevê-lo, sendo que custa-me muito ter de reescrever o que numa primeira instância escrevo de forma absolutamente espontânea. Ou seja que o que escrevo espontaneamente costuma requerer revisão, correcção e/ou complementação, ainda que contenha a substancial essência do que me levou espontaneamente ao mesmo, a partir do que reescrevê-lo equivale para a mim a, por assim dizer, comida requentada, como seja que já me exige um esforço de rememoração aquém e além da espontaneidade original O que não é exactamente a mesma coisa. Mas acima de tudo refiro isto para dizer que já vivi no Algarve e na região de Lisboa e em nenhum dos casos conheci os ditos “picos energéticos” como aqui na minha extrema região alentejana, inclusive “picos energéticos” diários durante meses seguidos e globalmente de há anos a esta parte. Sendo que entretanto eu mesmo já enviei um E-mail à EDP a expor o assunto, relativamente ao que fui correspondido com a solicitação de mais pormenores por parte da EDP, o que dentro das minhas capacidades e conhecimentos, quer via E-mail quer via telefone forneci todas as informações que pela EDP me foram solicitadas ao respeito. E coincidentemente ou não algumas semanas após a minha comunicação, os “picos energéticos” deixaram de ocorrer, ao menos diariamente, mas como no caso concreto de hoje não desapareceram em absoluto. Pelo que se e quando localmente não nos auto subestimamos, ao menos parece que externamente algo ou alguém nos subestima, pior se quando à subestima externa se adiciona a auto subestima própria e/ou vice-versa. VB