quinta-feira, abril 21, 2016

Coração, cabeça e filosofia

Eu que sou um "velho" admirador da filosofia Budista, logo e em sequência das seguintes admiráveis palavras do Dalai Lama: "Esta é a minha religião. Não há necessidade de templos, nem de filosofias complicadas. A nossa própria cabeça, o nosso próprio coração é o nosso templo, a filosofia é a bondade.". Que são palavras que valem por si sós, sem mais. Mas no entanto e para além de eu não ter conseguido e nem querido evitar ser também eu a (com)partilhar essas palavras, na sequência e sob a premissa das mesmas também acresci as minhas seguintes palavras próprias:
Coração, cabeça e filosofia
É tanto mais o coração e a cabeça em associação a uma filosofia simples e de bondade que contam, dependente ou independentemente de religiões, quanto: há pessoas religiosas e não religiosas, em qualquer dos casos excelentes (benévolas) e péssimas (malévolas), com toda uma múltipla infinidade de inerentes e não raro complexas dimensões intermédias.
Em que para mim, o caso concreto das pessoas religiosas que ainda assim são malévolas ou pelo menos tremendamente contraditórias na prática, é tão mais grave ou intrigante quando não coincidente com a bondade e simplicidade dum Deus Bom que professam seguir. E inclusive enquanto tal caindo essas mesmas pessoas em regra no seu primeiro grande pecado (religioso) que é o de não raro se auto arrogarem de ser mais benévolas ou absolutamente melhores do que os demais, desde logo do que os não religiosos, tão só e desde logo por serem religiosas. Sendo ainda que não raro ou mesmo em respectiva regra quando excepcional ou mesmo recorrentemente as pessoas religiosas "pisam ou mesmo ultrapassam o risco" _ por não dizer outra coisa _ de entre benevolência e malvadez, respectivamente costumam recorrer ao templo religioso e/ou à cerimónia religiosa, fazendo umas correspondentes orações pedindo perdão a Deus ou até mesmo sem pedir perdão, em especial nos casos em que se têm como tão benevolamente superiores e/ou intocáveis que jamais admitem ou só muito excepcionalmente admitem "pisar o risco", mas em qualquer caso saem do templo e/ou da cerimónia religiosa, não necessariamente com mais benevolência, mas sim com a arrogância e se for o caso até com a prepotência reforçadas. Isto naturalmente excluindo as expectavelmente maioritárias pessoas religiosas que são de facto benévolas e/ou pelo menos são minimamente conscientes do seu efectivo ou potencial melhor e pior, com todas as intermédias e não raro contraditórias dimensões inerentes, auto gerindo essa sua condição o mais objectiva, racional, positiva e coerentemente possível.
E porque é que eu comecei logo à partida e pela negativa a concentrar-me nas pessoas religiosas? Desde logo porque creio que, de entre as mais diversas religiões, as pessoas religiosas serão a esmagadora maioria a nível global e mas apesar disso ou por vezes até derivado disso o mundo e a sociedade humana em concreto não deixam de ser um recorrente inferno ou pelo menos um pré e pró inferno. Além de que enquanto sendo supostamente os religiosos positiva/benevolamente superiores aos não religiosos, logo negativa/malevolamente não admira tanto ou até de todo a negatividade/maldade dos não religiosos, admirando sim o seu inverso. Ainda que quer religiosos quer não religiosos, sejam louváveis se pela positiva e condenáveis se pela negativa, em qualquer dos casos de equitativo e indiferenciado modo enquanto tais, em especial se em ditos Estados Laicos e de Direito Universal. De qualquer modo e em qualquer caso creio eu com um mínimo de objectividade, que não há exclusividade e salvo erro sequer maior ou menor tendência para a benevolência ou para a maldade só por se ser religioso ou não religioso. Ainda que talvez tenha de admitir que os religiosos terão talvez mais propensão para a transcendência, ainda que isso tanto funcione para o bem (benevolência) quanto para mal (malvadez). Dai e de resto que algumas das mais sublimes acções humanas, como por exemplo universais actos de solidariedade e/ou majestosas obras de Arte, sejam de origem religiosa e/ou executadas por religiosos; mas também algumas das mais execráveis acções humanas, como por exemplo abjectos atentados contra a própria vida humana, sejam de respectiva origem religiosa e/ou praticados por religiosos, por si só as designadas “máfias” humanas no sentido mais corporativo do termo “máfia”, costumam ser elas mesmas compostas por indivíduos religiosos e não raro as suas mais criminosas façanhas, no limite, praticadas em nome de Deus. Tudo sem prejuízo das mais sublimes ou execráveis acções, no fundo da benevolência ou da malvadez dos não religiosos.
Ah! E quando em tudo isto refiro benevolência e malvadez, nem a benevolência tem necessariamente de implicar ou de excluir a extrema angelicalidade ou santidade, nem a respectiva malvadez tem de incluir ou de excluir a extrema demoniacalidade ou satanidade. Pois que pelo meio e tanto mais se com base e em sequência da dita vida normal e corrente do dia-a-dia, em que há tantas e não raro contraditórias dimensões de entre benevolência e malvadez quanto ao menos potencialmente subjacentes a todos e a cada um de nós. E em que tanto a benevolência pode passar por um meramente circunstancial, pontual e modesto acto de solidariedade, quanto a maldade por um mero sentimento de inveja pejorativa _ que neste último caso inclui pessoas que preconceituosa ou prepotentemente na sua ideia se têm como tendo de ser e/ou de possuir mais e melhor que as outra pessoas dum modo geral ou pelo menos do que as outras pessoas que as primeiras têm por serem inferiores a elas próprias; pelo que quando as primeiras não se conseguem impor duma forma natural, directa e universalmente positiva por si mesmas e acima de tudo sobre o próximo, passam então e em muitos casos já malvadamente a desejar o mal ou a decadência alheia, se acaso e se a ocasião se proporcionar dando até alguma traiçoeira achega para com o mal ou pelo menos para com a não positiva progressão alheia; em qualquer caso e indiferenciadamente por parte de pessoas religiosas e não religiosas, mas dalgum modo mais grave se por parte das primeiras, na medida em que enquanto religiosas se têm a si mesmas e/ou se procuram demonstrar pró externa e socialmente como muito positivas e/ou benévolas. Por norma redundando isso em pessoas que têm discursos global e essencialmente contraditórios em si mesmos e/ou ainda existências contraditórias de entre discurso e prática de vida concreta. No caso tudo tanto pior quando as pessoas em causa nem se auto apercebam conscientemente da sua própria contraditória condição e/ou pior ainda se quando a genérica sociedade envolvente pouco mais consciente, positiva e/ou coerente é. O que quando associado a religiosos que se auto assumem como benévola e/ou existencialmente superiores logo à partida e/ou que com uma mera ida ao templo ou à cerimónia religiosa acabam “expiando” os seus próprios pecados, ainda que como já referi algures atrás, muitas vezes e em muitos casos não necessariamente para serem ou se tornarem benevolamente melhores pessoas, mais sim e tão só para continuarem a ser o que e como são _ não raro e como melhor das hipóteses um contraditório/paradoxal misto, do tipo nem pão nem bolo, por genérico e mas também limite exemplo, de entre benevolência (solidariedade/humildade) e malvadez (inveja/arrogância).

Enquanto algo, malvadez e/ou pelo menos contradições, que eu combato auto gestionadamente a partir do meu próprio íntimo, desde há muito (décadas), ainda que e/ou até por em sequência de ter precisamente auto-assumido a efectiva ou potencial malvadez e/ou contradições própria/s, mas também e acima de tudo envolvente/s de e para mim mesmo, até porque entretanto e à cautela me auto anulei prática, interactiva e funcionalmente a e por mim mesmo, ainda que não desistindo pró positiva, vital e/ou subsistentemente de mim próprio _ o que na sua globalidade auto-identifico como um respectivo processo auto-gestivo significativamente coincidente com a filosofia Budista. Mas a partir do que não deixa de me preocupar e no limite mesmo de me assustar a malvadez e/ou as contradições alheias, por vezes não tanto, nem acima de tudo por parte dos mais explicita ou expectavelmente malvados de quem à partida já se sabe o que esperar, pelo que pessoalmente preocupa-me e/ou assusta-me acima de tudo os pseudo moralista e/ou benevolamente superiores, que na "hora da verdade" são ou podem ser do mais falso, traiçoeiro e/ou malévolo possível, tanto pior ainda se por exemplo utilizando-se de estatutos sociais, políticos, religiosos, etc., médios ou superiores próprios e/ou por colagem a quem os possui!
Tudo isto em sequência duma energia vital/universal e dentro desta também duma ordem natural/divinal que deu origem ao que e como pessoal e humanamente somos, que é algo que em qualquer dos casos nos transcende, ao menos na sua original e básica essência, pelo melhor e para o bem ou pelo pior e para o mal. Mas ainda que a nossa humana existência tenha uma original e uma básica essência que nos transcende, com potencialidades no limite vital ou fatalmente antagónicas, no entanto apesar de e/ou até por isso, o facto é que a mesma e ao concreto nível humano também implica o factor racional, que respectivamente inclui um mínimo e mas também muito consequente livre arbítrio que acaba por nos conceder uma tão auto determinada quanto decisiva palavra e/ou acção própria com relação ao que e como somos ou deixamos de individual e colectivamente ser na prática concreta e continua do dia-a-dia, dependente ou independentemente do que vital/universal e natural/divinalmente nos transcende. Ainda que isso sim, desejavelmente com base no que e para com o que nos transcende pelo e para com o seu melhor, mesmo que na prática nem sempre nem em muitos caso seja assim de todo _ como de resto recorrentemente constatável! Seja que muito resumidamente quero com isto dizer que há de facto uma energia vital/universal e uma ordem natural/divinal que nos transcendem em muito e que como tais devem ser respeitadas, consideradas e tão desejavelmente veneradas pela vertente benévola quanto respectivamente suprimidas pela vertente malévola, em qualquer caso dependente ou independentemente de religiões ou de não religiões. Admitindo no entanto e desde logo eu que as religiões facilitam, devem mesmo facilitar ou melhor ainda viabilizar o processo pela e para com a vertente benévola, desde logo ao estarem as diversas religiões associadas a uma mensagem benévola e/ou pró benevolamente transcendente; ainda que até por isso e mas no limite inversamente a isso, como seja dependente da interpretação que todos e cada qual façamos da mensagem religiosa, essencialmente metafórica e como tal dada ao mais diverso tipo de interpretações, no limite de entre benévolas e malévolas, com todas as não raro contraditórias/paradoxais dimensões intermédias. De entre o que também pode suceder e não raro sucede de facto é que a transcendente ou pró transcendentemente benévola mensagem religiosa no intimo de muitos de nós, individual, conjuntural ou colectivamente se poder metamorfosear em malévola, sendo que a linha existencial que separa a benevolência da malvadez é uma linha tremendamente ténue, delicada, frágil e/ou subtil, permanentemente aberta a ser transposta num ou noutro sentido (benévolo ou malévolo). E em que não querendo nem sequer necessitando entrar aqui em questões mais abrangentemente genéricas relacionadas com o que pode chegar a ser a controvérsia ou mesmo a maldosa perversidade subjacente ao/s próprios factor/es religiosos, como por mais colectivos exemplos em "santas inquisições" e/ou em auto proclamados "Estados" de base dita religiosa, entre outros, mas em qualquer dos casos altamente violentos, atentatórios da paz, do equilíbrio, da sanidade e da própria vida humana. Logo vou-me restringir a um muito particular e micro caso concreto para dizer que vi com os meus próprios olhos, nos idos anos oitenta do passado século XX, um senhor muito bem vestido e além doutros sinais de abastança também com um grandessíssimo crucifixo e respectivo cordão de ouro pendurados ao pescoço, agredir violenta, brutal e irracionalmente um indigente dentro dum estabelecimento comercial publico só porque o indigente lhe foi pedir uma esmola. Cuja dita agressão, segundo se apurou imediatamente no local, sucedeu em sequência do senhor, no mínimo muito aparentemente religioso e abastado, se ter sentido incomodamente ofendido pelo acto de solidária solicitação do indigente dentro dum espaço comercial público em que o próprio dono do espaço ia permitindo ao (re)conhecido indigente por ali deambular, pelo menos em alguns momentos do dia, mas que cujo cliente aparentemente religioso e abastado interpretou que nem naquele e supostamente nem em mais espaço comercial publico algum deveria ser incomodado por um indigente. E eu pessoalmente não discuto e muito menos julgo o facto do senhor aparentemente muito religioso e abastado querer estar descansado e sem indigentes perturbações num espaço comercial público em que de resto e dalgum modo o mesmo estava a pagar para ali estar; mas dai a agredir de forma imediata, violenta, brutal e irracionalmente física o indigente, vai uma distância imensa. Crendo respectivamente eu, na prática pouco religioso, que antes do mais e como de resto sucedia com muitos outros clientes daquele espaço comercial publico, que também ao senhor no mínimo muito aparentemente religioso e abastado, teria bastado dizer ao indigente que não lhe dava esmola e/ou em última instância reclamar com e/ou da gerência do espaço comercial público em causa, em que há altura eu era funcionário, pela presença do respectivo indigente no mesmo. A partir de que ao menos naquele extremo caso concreto, como estou seguro em muito outros equivalentes, tanto mais e pior se em contextos mais íntimos e/ou privados, um senhor no mínimo aparentemente muito religioso e abastado, na sua pseudo superioridade moral, cair precisa e radicalmente no inverso desta última. Sendo ainda que religiosidade para muito “boa gente” equivale essencial e não raro exclusivamente a um efectivo: "venha a mim e seja feito à minha vontade"; aquém e além de retoricamente: "venha a nós e seja feito à vossa vontade". Ainda que tudo isso seja eu, um meramente humildade ou mesmo insignificante (pró) racional a dizê-lo!
Sequência de que como é comum em mim, não posso ou pelo menos não quero deixar ainda de me incluir em tudo isto, não só por o estar a escrever enquanto tal, mas também enquanto expondo a minha própria condição por dentro e/ou de entre o mesmo. Perante e para com o que o simples facto de o estar a escrever já implica que há muito me auto apercebi das minhas benévolas ou malévolas potencialidades pessoais, humanas, vitais e universais próprias. A partir de que entre ter-me apercebido disso e o facto de estar a escrever ao respeito inclui toda uma história, que no caso concreto é a minha história de vida própria, que não cabe descritivamente no presente contexto, ainda que e/ou até porque a mesma contenha tanto de prática e objectivamente desinteressante, quanto até por isso de interpretativa e subjectivamente interessante, em qualquer dos casos pelo efectivo ou potencial melhor e pior inerente. Mas no e para o presente caso concreto posso e quiçá devo mesmo dizer, talvez um pouco ao estilo de confissão religiosa, mas na circunstancia em vez de sigilosamente perante um pároco fazendo-o sim de forma responsável e consequentemente aberta perante quem ao mesmo aceda, o seguinte:
_ No meu pessoal caso concreto comecei pró objectiva/racionalmente a aperceber-me bastante cedo, a partir da própria infância, das minhas próprias potencialidades benévolas e malévolas, com todas as suas multiplamente infindas dimensões intermédias, independentemente de antes, durante ou após tomada de consciência religiosa, de respectiva prática do culto religioso e de correspondente fé religiosa, em que no mínimo e em qualquer dos casos dei comigo a por recorrentes vezes cair em contradição discursiva ou prática e/ou de entre discurso e prática, designadamente em sequência da ténue linha que separa todos os paradoxos vitais ou existenciais dum modo geral, tanto mais ainda assim se a partir de objectiva ignorância racional e intelectual, associada a pseudo superioridade moral/religiosa. Sequência de que sem excluir de todo a pró benévola transcendência subjacente à metafórica mensagem a respectivamente à subjectiva fé religiosa, por mim mesmo auto decidi racionalmente assumir todos os efectivos ou potenciais paradoxos inerentes à vida e por inerência a mim mesmo, de e para mim próprio, isso sim fazendo-o da forma mais racional, auto determinada, livre, responsável e consequentemente possível e até por isso pró benevola, vital ou sobreviventemente, segundo vou entendendo e interpretando introspectiva, circunspectiva, contemplativa, meditativa, reflexiva e conscientemente as causas, os efeitos e as consequência inerentes, em sequência da vida prática e concreta do dia-a-dia, em associação ou dissociação ainda às mais diversas teorias intelectuais designadamente por via literária, já sejam essas teorias por exemplo de base mais religiosa ou mais cientifica, por si só e por norma com religião e ciência desencontradas de entre si, sem excluir de tudo isto a vertente artística. De entre e/ou de onde de resto e depois resulta por exemplo esta minha, por si só, pró vital, sanitária, subsistente e mas se tanto quanto possível e até por isso também pró positiva/benevolentemente transcendente necessidade de escrever, como no caso concreto o presente. Na circunstancia independentemente de prático ou até absoluto culto religioso, mas tão pouco ignorando toda a transcendência vital, universal e/ou divinal subjacente ao simples facto de eu aqui estar a escrever e enquanto tal a ser o que e como sou. Designadamente e no limite, de entre o efectivo ou potencial melhor e pior subjacente à própria vida e por inerência à nossa subsequente existência humana; mas também de entre tudo o que original e essencialmente nos transcende em termos vitais/universais e naturais/divinais, mais tudo o que e como nós decidimos ou deixamos de decidir auto determinada, livre e como tal racional, responsável e consequentemente ser. O que no que a mim respeita, é o que e como se pode constatar, também e/ou acima de tudo pelo que e como aqui escrevo, sendo que tenho nesta minha expressão escrita a minha maior, melhor quando não mesmo única forma de expressão e de existência própria. A partir de que, se for esse o caso, decidam também vós, restantes religiosos e/ou não religiosos, se na circunstancia eu próprio sou mais benévolo ou mais malévolo, mais consciente ou mais inconsciente e mais responsável ou mais irresponsável por mim mesmo e logo com relação à própria vida e por inerência a todos e cada de vós meus semelhantes. Sendo que por mim mesmo não vos julgo, até porque em qualquer caso e duma ou doutra forma sou apenas e tão só mais um de entre vós, ainda que como melhor ou pior das hipóteses e se por possível ou necessário acaso, até auto defensivamente, confrontar-vos-ei objectiva, racional, factual e na respectiva medida do possível também e no que de mim depender sempre (pró) benévola e transcendentemente!
VB

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