quarta-feira, janeiro 16, 2013

Renegação & Responsabilidade

            Além da responsabilidade básica inerente à minha actividade laboral/profissional actual, que como regra em mim, respectiva actividade essencialmente de básica índole física e ao serviço doutrem; em que precisamente enquanto ao serviço doutrem, na passada semana o patrão da minha actual actividade encarregou-me duma pequena responsabilidade suplementar com relação à base (física) da mesma. E que da minha parte, até por, modéstia à parte, a dita responsabilidade suplementar não ser nada de extraordinário, transcendente ou inacessível às minhas capacidades, não reneguei a mesma em absoluto. Mas perante a respectiva posterior possibilidade de me serem encarregadas responsabilidades maiores por parte do meu actual patrão, como por exemplo objectivas responsabilidade equivalentes às de alguns dos meus colegas de trabalho, de imediato me disse de mim para mim mesmo, como se(*) o dissesse para com o patrão: alguém como eu, na casa dos quarenta, sem profissão, nem trabalho e/ou emprego certa(o)s, segura(o)s ou definida(o)s; sem ser casado e/ou ter filhos; dalgum modo sem vida pessoal, social e/ou profissional própria, das duas uma: ou tenho uma grande falha estrutural ou um profundo conflito interior própria(o)s. E no caso concreto, auto assumo como mínimo este último, designadamente um muito significativo conflito interno próprio, sendo que em regra e sem lamentos ou regozijos, a auto gestão deste último, me consome espaço, tempo, energia e/ou disponibilidade interior e pessoal modo geral, designadamente para com a vida interpessoal, humana, social e/ou genericamente activa e funcional do e no dia a dia prático e objectivo.

            Pelo que se acaso tendo e devendo eu agradecer a eventual positiva confiança por outrens depositada em mim, para com determinadas responsabilidades, enquanto responsabilidades às quais eu possa não conseguir corresponder positiva ou plenamente, também respectivamente terei ou deverei pedir perdão por falhar com relação a essas responsabilidades caso as assuma e/ou ainda se por renegar essas mesmas responsabilidades logo à partida, neste último caso, até por em sequência de (já) mais de quatro décadas de existência, eu saber mais ou menos objectivamente e de antemão, não poder corresponder em pleno a certas responsabilidades potencial ou aparentemente à minha altura(1), mas efectiva e objectivamente fora(2) do meu alcance, senão no imediato e momentaneamente, pelo menos a prazo e continuadamente, tanto mais assim quando e por quanto essas responsabilidades envolvam outras pessoas (interesses, perspectivas, critérios, necessidades, por si só falhas ou conflitos, etc.), aquém e além de mim por mim mesmo. Tudo isto, em especial, quando e como se eu não existisse enquanto personalidade, identidade e/ou vida própria, até porque devido a uma série de causas, efeitos e consequências (inter)pessoais, humanas, socioculturais, familiares e afins me habituei essencialmente a abstrair-me de mim mesmo e/ou de muita da realidade intrínseca e/ou envolvente a mim, mas que não deixando eu de existir de todo, na sequência tendendo semi objectiva e subjectivamente a absorver ou a assumir e respectivamente a processar em mim as melhores e piores referências e influências externas, em qualquer caso como se de mim mesmo se tratasse, enquanto por positiva insegurança ou por prática inexistência própria(s) tendendo a identificar-me com o positivamente pior e a procurar equivaler-me ao positivamente melhor, em qualquer dos casos envolventes a mim.

            Seja que até talvez porque só rara e pontualmente me senti integrando em algo Maior, como seja naquilo a que Vinicius de Moraes(**) designou de Grande Vida e a que eu mesmo uso chamar de Vida Universal; respectivamente e em regra sempre me senti impotente e/ou mesmo esmagado quer pelo melhor quer pelo pior inerente à vida. Sequência de que em regra e talvez como melhor das hipóteses, na minha relativa pequenez humana e tanto infinitamente mais se pequenez individual, restou-me então submeter-me à mais básica e imediata auto subsistência, no fundo reduzi-me ao que e como eu podia objectivamente dominar, como seja (quase) nada, ainda que e/ou até porque sem tirar de todo os olhos e/ou os sentidos da Grande Vida e da pró integração na mesma, desde logo pelo e para com o seu melhor _ seja e/ou signifique isso o que quer que seja e/ou signifique pessoal, humana, vital e universalmente!

            Sendo ainda que e/ou até porque com tudo isto eu não esteja a renegar responsabilidades em absoluto, inclusive porque desde logo e como constatável auto assumo a responsabilidade da minha inerente existência enquanto tal _ o que de resto e salvo a presunção, creio (já) não ser nada pouco, até por ser (quase) tudo em e para mim!

                                                                              VB (13-01-2013)(***)

            (*) Bem sei ou pelo menos imagino que esta é uma perspectiva esquizofrénica, afinal de contas o patrão do meu actual trabalho encarregou-me (apenas) do que, quando e como me encarregou e nada mais!

            (1)(2) Pelo meu recorrente voluntarismo, a minha abnegada entrega ou o meu passivo abandono, que não raro de forma esforçada e/ou sofrível e em qualquer dos casos a níveis de vida e/ou laborais/profissionais muito básicos e primários, pode chegar a dar uma imagem de mim e de minhas potenciais capacidades, que a níveis um pouco mais sublimes e/ou a médio e longo prazo não funciona como contínua ou coerentemente devido, inclusive porque a minha disponibilidade interior não é toda a que e como poderia ou deveria ser, pelo menos com relação a toda e a qualquer indiscriminada actividade vital e/ou laboral/profissional; até porque quando escrevo coisas como esta paralelamente à prática de actividades laborais/profissionais que não têm em absoluto que ver com escrita e muito menos com uma escrita intra e extra reflexiva, como esta que apesar de e/ou até por tudo vou executando, por si só de forma pró vital, sanitária ou subsistente!   

            (**) Que ao referir Vinicius de Moraes, como todos os Grandes Seres Humanos que em regra falam por toda a humanidade, diria que Vinicius disse em poucos palavras algo com que eu me identifico desde globalmente sempre, mas para o qual eu não havia encontrado objectiva e muito menos tão genial definição como Vinicius encontrou, quando este diz(disse): ..."A minha Pátria é a Humanidade" _ no caso, apesar de e/ou até pelas minhas origens territoriais (nacionais, regionais, locais, sociais, culturais, linguísticas, vivenciais e/ou existenciais próprias modo geral).  

            (***) Escrito originalmente no passado Domingo (13) e publicado apenas hoje, subsequente, Quarta-feira (16), basicamente pelos mesmos motivos inerentes ao anterior texto (Resultado).   

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