sexta-feira, janeiro 16, 2015

Irónico

É irónico que tendo morrido indescritivelmente mais pessoas nos atentados de Nova York, de Madrid e em muitos outros pontos do globo, em qualquer dos casos às mãos dos radicais islâmicos e mas repentinamente parece que uma determinada publicação, por si só símbolo da liberdade democrática esteja a ter não só mais eco em si mesma, como até mais repercussões no status democrático ocidental e pró futuro do que qualquer um outro atentado anterior e eventual ou seguramente futuro em qualquer outra parte do mundo às mãos dos mesmos ditos radicais islâmicos.

É caso para ironicamente dar os parabéns a esses mesmos radicais, na medida em que parece que finalmente acertaram no alvo certo da sua luta de entre outras coisas contra toda e qualquer forma de liberdade democrática. A partir de que só cabe equitativamente esperar que tenham acertado em cheio também no alvo do que os vai fazer engolir o seu próprio radicalismo!...

A partir de que gostando-se e simpatizando-se ou não com a publicação Charlie Hebdo em concreto e/ou similares, no entanto em Estados e respectivos Povos verdadeiramente democráticos, desde logo os possíveis abusos de liberdade estão previstos na lei democrática, tanto mais se para um meio de comunicação publica, como por exemplo uma publicação de caricatura e/ou sátira humorística, que curiosamente toca o ridículo, o desastroso e/ou o bárbaro de todos e de cada um de nós individual e colectivamente. Talvez ou seguramente por isso há tanta gente tão ou mais contra a publicação Charlie Hebdo e subsequentemente similares do que ou quanto com relação aos buçais radicais que atacaram esta última.

O que subsequentemente a mim me leva a dizer que quem está contra a publicação Charlie Hebdo sem mais e/ou face ao ataque de que a mesma foi alvo, com todas as suas causas, efeitos e consequências: ou é cobarde; ou é democraticamente cínico e hipócrita; ou é simplista, populista e pseudo moralista; ou tem interesses/instintos mais ou menos radicais mas desde logo tão fundamentalistas quanto os dos fundamentalistas islâmicos e/ou então está simplesmente perdido de entre tudo isto; em qualquer caso aquém e além de se gostar ou não da publicação em causa, porque a própria democracia tem em si mesma implícito e explicito o direito de se gostar ou desgostar e até de concordar ou discordar disto ou daquilo outro; o problema é que parece que cavalgando a onda dos atentados de Paris às mãos duns fundamentalistas radicais, especialmente se contra a publicação em causa, como se ditos fundamentalistas radicais não atacassem inclusive de forma indiscriminada uma infinidade doutros alvos quer na Europa quer no Mundo, fazendo com o que esteja em causa seja que em pseudo nome da luta contra a fundamentalismo religioso (islâmico) muitos outros efectivos ou potenciais fundamentalismos e fundamentalistas, no caso europeus e ocidentais em geral espreitem a oportunidade de emergir e de se afirmar!

Que viva a democracia e desde logo a própria vida,  abaixo todo e qualquer tipo de radicalismo opressivo e mortal _ ainda que e/ou até porque a morte esteja subjacente à vida, o que custa e/ou não se pode mesmo aceitar é que uns seres humanos decidam mais ou menos arbitraria e indiscriminadamente sobre a vida doutros seres humanos e neste último caso refiro-me auto criticamente também a nós ocidentais face a outras culturas e/ou a nós mesmos...

                                                                                                                 VB

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