segunda-feira, novembro 19, 2012

Anti-violência, pró Democracia

              Eu que não sou de manifestações, desde logo aquém e além desta minha responsável e consequente manifestação escrita; ainda que e/ou até pelo que compreendo e até apoio todo e qualquer tipo de legítima e/ou justificada manifestação individual ou colectiva(*). Dalgum modo tal como o que no limite legítima e justifica uma intervenção de choque policial, ainda que no caso eu não defenda o direito de manifestação contra a policia(**), como contra o que ou quem mais quer que seja, bem mesmo pelo contrário, até porque quando se chega ao ponto de ter de se manifestar contra... é porque já algo falhou ou está a falhar ao nível de se fazer positivamente por...; pelo que sim e acima de tudo defendo o direito de manifestação como meio e forma de indignação com relação a algo negativo e/ou de reivindicação de algo universalmente positivo por parte de quem anónima ou massivamente não tenha outra ou melhor forma de intervir, desde logo perante as próprias elites, designadamente governativas e/ou político/partidárias de poder que não raro levam o dito cidadão comum e anónimo e/ou as massas a sentirem-se enganado(a)s, ludibriado(a)s, prejudicado(a)s e afins, face aos poderes instituídos e suas acções ou inacções públicas. De resto manifestar-se simplesmente contra, tanto mais e pior se de forma violenta, equivale dalgum modo a legitimar-se aquilo contra o que ou quem se manifesta.  

            Violência

            Dado que do ponto de vista humano e/ou social modo geral, com toda uma mais ou menos infinda multiplicidade de interesses e de contra interesses que se cruzam, entre cruzam e/ou se chocam de entre si, respectivamente os violentos acontecimentos frente ao parlamento nacional no passado dia 14, suscitam-me uma reflexão significativamente extensa, profunda e complexa. Pelo que dalguma condensada forma, ao respectivo respeito, prefiro ficar-me pelo seguinte:

            A violência física mais básica e barbara duns poucos, com respectiva e mais ou menos proporcionada reacção das forças de segurança (PSP), como por exemplo a ocorrida frente ao parlamento na manifestação de dia 14 último, se não dá razão à mais subtil e refinada violência das elites de poder, como por exemplo duma relativa e não raro legitimada elite minoritária que retira proveito da crise dos globalmente restantes, ao menos faz distrair relativamente a esta última; em qualquer dos casos com prejuízo e mas também dalgum modo com passiva co-responsabilidade de muitos outros, designadamente passivos ou pacíficos de facto, aquém e além da violência duns (bárbaros) e doutros (refinados), com alguns dissimulados a confundirem tudo pelo meio!

            Pelo que Atenção ao(s) respectivo(o) proveito(s) que uns e outros retiram(os) ou podem(os) retirar da violência enquanto tal, inclusive e desde logo se em nome da não violência!?

            Até porque a própria polícia (PSP), com todo o seu peso e significado institucional, em legítimo e justificado nome de lutar contra uns poucos (minoritários) e ilegítimos violentos, acabou reprimindo ou pelo menos dispersando violentamente toda uma manifestação, ao menos à partida e supostamente legítima de muitos (maioritários) pacíficos.

            Que nesta última sequência não estando em absoluto em causa a actuação policial, até bem pelo contrário, enquanto relativamente aos efectiva e ilegitimamente minoritários violentos; no entanto após um evolutivo crescendo na atitude pró activa por parte desses quantitativamente poucos e mas qualitativamente muito (pró) violentos, enquanto algo que vem de trás e que inclusive as autoridades dizem conhecer e perante o que a esmagadora maioria dos pacíficos parece ser impotente ou pelo menos passiva; a partir de que dirigindo-me então a uns e a outros (violentos, autoridades e pacíficos), me leva a deixar no ar a questão: o que e quem está por de trás duma situação violenta como a ocorrida frente ao parlamento nacional no passado dia 14? Desde logo como se deixa chegar aquele ponto de provocação e de agressão duns poucos, energumenos, violentos com relação às próprias forças da autoridade do Estado, ainda que para justificar dita intervenção das forças de segurança ao menos democraticamente tenha de haver factos que a sustentem, tudo com uma esmagadora maioria de ditos pacíficos a assistir e/ou a ser directa ou indirectamente, passivas ou impotentes, vitimas da violência?

            Sequência de que inclusive eu pessoalmente ponho em dúvida, se os mais provocadora e agressivamente violentos terão sido na sua esmagadora e minoritária maioria, os que mais apanharam porrada em sequência da intervenção policial, até porque estou em crer que estando os primeiros com maldade, estariam também devidamente precavidos para ser os primeiros a porem-se ao largo quando as coisas aquecessem defensiva ou se pusessem contra ofensivamente violentas em sentido inverso, desde logo da policia com relação aos mesmos (violentos); sendo eventualmente então os ditos pacíficos ou ao menos passivos, que mais apanharão porrada e/ou que mais injustiçados se sentirão em sequência da repressão ou dispersão policial duma manifestação que à partida e na sua globalidade se tinha e manteria por pacifica, dado que estes últimos tendem a julgar que no seu pacifismo ou ao menos que na sua passividade não terão o que temer, mas depois e ao menos numa primeira instância acabam a apanhar pela mesma equitativa tabela dos quantitativamente minoritários e mas substancialmente violentos. Algo ao estilo de pagar o justo pelo pecador; no fundo ironias do destino, que é algo de que a vida está pejadíssima! 

            O facto é que uma esmagadora maioria de ditos pacíficos ou de minimamente civilizados, mas que em regra não passam de impotentes anónimos, com toda uma infinda multiplicidade de interesses inerentes aos mesmos e/ou aquém e além dos mesmos, mas que no limite faz com que estes tenham na manifestação de rua a sua única ou maior e melhor forma de expressão, inclusive face a umas ditas de legitimadas elites de poder instituídas e se acaso instaladas, no caso correndo os primeiros o forte e crescente risco de ter de deixar de se manifestar livre e democraticamente por injustificada acção duma meia dúzia de violentos, com respectiva luta dos poderes instituídos e das suas respectivas elites contra a violência, em argumentativo nome de todos!

             A ver vamos o que nos reserva o futuro, pois que de momento ganharam protagonismo os próprios minoritaríssimos violentos e a (pró) activa ou argumentativa luta contra estes, desde logo enquanto luta por parte das por si só minoritárias e legitimadas elites governantes/administrativas, se acaso justificando-se uns aos outros, em qualquer caso com reflexo sobre todos os, segundo leva a crer, esmagadoramente maioritários pacíficos (impotentes e/ou passivos) restantes... o dito mexilhão que fica entre a violenta força do mar e a inflexível dureza da rocha!

            Mas o que é a humanidade senão um reflexo da vida Natural e Universal no seu estado mais puro e bruto _ salvo a pseudo, que espero cada vez mais universalmente efectiva e abrangente, inteligência e racionalidade humana!?

                                                                                              VB

            (*) ...apoio à manifestação ou ao democrático direito de manifestação, desde logo de cariz social, como uma excepção e não como uma norma; ainda que numa sociedade que é sob e sobre muitos aspectos significativa ou mesmo tremendamente desequilibrada e até injusta como ao nível nacional interno, em alguns respectivos aspectos a manifestação social possa estar tão ou mais perto da norma que da excepção! Mas em qualquer caso com a violência mais primária e buçal, como algo que à partida não só não resolve o que quer que seja, como até complica e agrava tudo ainda mais, se acaso até as próprias injustiças e/ou a justificação para as mesmas!.... 

           (**) ...inclusive os próprios elementos inerentes às autoridades policiais também se manifestam, quando democraticamente assim o entendem e/ou necessitam, de resto enquanto direito que conquistaram por via de manifestação; agora isso sim e em qualquer caso fazendo-o de forma o mais digna e positiva possível, desde logo não destruindo e agredindo tudo à sua passagem ou em sequência das suas próprias manifestações. 

           

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