domingo, novembro 04, 2012

Suspensão da Democracia!

           Como regra geral sempre, mais uma respectiva vez, aquém e além de substancialmente certo ou errado, de correcta ou incorrectamente escrito, em qualquer caso, salvo a modéstia ou a imodéstia, o que se segue não é para todos, desde logo não é para os donos de razões absolutas, nem tão pouco para os que não gostam de pensar _ se acaso para me contradizer ou para desmontar positivamente (responsável, consequente, por si só democraticamente) o que e como eu mesmo escrevo.

           A Dr.ª Manuela Ferreira Leite (MFL) ex. líder do PSD (Partido Social Democrata) insiste teoricamente na suspensão da democracia, para resolver problemas complexos, designadamente para ultrapassar interesses instalados!

            Não sou eu que vou contrariar essa perspectiva da Dr.ª MFL, pelo menos não sem consubstanciar mínima, responsável e democraticamente a minha própria perspectiva ao respeito. Desde logo começando por dizer que quero acreditar que quem tem uma perspectiva como a da Dr.ª MFL, só pode ou deve ser alguém acima de quais queres interesses corporativos ou unilateralistas, salvo o transversal interesse do todo Nacional e/ou acima de tudo do todo Universal. O que por si só e em qualquer dos casos já seria e é algo significativa e substancialmente complexo em si mesmo, dada a múltipla diversidade de interesses e/ou de expressões Nacionais e Universais _ como por exemplo e desde logo em nome do Supremo interesse Humano, que é algo Nacional e Universalmente transversal, ainda que no entanto estejamos sob e sobre muitos aspectos a levar o próprio Planeta e/ou a natural diversidade da vida Terrena à rotura, inclusive pelo crescente e ininterrupto aumento da população (humana) Mundial, com tudo o que isso implica a nível planetário, por exemplo com o complexo paradoxo de ser o supremo interesse Humano a ficar crescentemente em causa e nem sequer estou a puxar para aqui o complexo problema da população humana aumentar exponencialmente nuns países e numas culturas e não noutro(a)s, com prejuízo da própria diversidade humana. Enfim e desde logo quero eu dizer que da complexidade dos problemas ou dos problemas complexos jamais poderemos escapar, com mais ou menos democracia ou suspensão desta última. Pelo que tão só por isto, parece-me a mim, que a Dr.ª MFL estará a partir dum princípio erróneo (suspensão da democracia), para com um objectivo eventualmente ainda mais erróneo (resolver os problemas complexos) _ desde logo quando os problemas complexos são contínuos e ininterruptos, aquém e além de democracia ou de não democracia. De entre o que creio eu não se poderá jamais falar em suspender a democracia para resolver os problemas complexos, mas sim resolver os problemas complexos democraticamente ou então abolir pura, simples e absolutamente a democracia; seja que ou há o meio-termo democrático ou há o absolutismo antidemocrático, pois que dadas as circunstancias e por mim não estou a ver o que seja essa coisa de suspensão democrática, quem a defina, com que princípios, meios e objectivos a define e a aplica espaço, temporal e substancialmente na prática!? 

            Devo a partir daqui introduzir a minha muito básica e simples perspectiva própria de democracia, que no caso é ou será: um regime político, social, cultural e regra geral existencialmente livre, em que designadamente todos e cada um podem(os) dizer e/ou fazer o que muito bem entendamos, desde que com base numas regras éticas, morais e legais bastante definidas, que à partida todos e cada qual devemos conhecer e respeitar global e essencialmente.

            Sendo que tão só com base e em sequência da minha anterior definição de democracia, abre-se aqui um vastíssimo leque de possibilidades, desde logo de análise e discussão da democracia enquanto tal e da democracia concretamente em Portugal. Mas que para não estar a extrapolar em demasia, vou procurar restringir-me ao conceito de suspensão democrática da Dr.ª MFL, para resolver os problemas complexos, como por exemplo ultrapassar interesses instalados, necessariamente também segundo a minha responsável e democrática interpretação ao respeito, além de em qualquer dos casos aplicado ao nosso País, dizendo e/ou se acaso interrogando eu:

            _ Será que a nível nacional interno temos vivido de facto em democracia? Ou pelo menos será que temos sabido viver responsável e consequentemente em democracia? Desde logo e salvo as devidas excepções, aquém e além dumas elites políticas e sociais do tipo deixa-os falar e ir votando livremente com relação ao dito povo e/ou dum mesmo e respectivo dito povo do tipo deixa-os ir governando ou liderando à sua maneira, pois eles sempre fazem aquilo que querem com relação às elites políticas e sociais. É que a não ser assim e salvo as maiores ou menores devidas excepções, como se explica então que sucessivos governos e/ou executivos político/partidários eleitos democraticamente via voto universal, com base em promessas eleitorais ou eleitoralistas ora não cumpram, não raro até bem pelo contrário ou que só cumpram o que e como lhes interessa; por outro respectivo lado e aqui contra mim falo, com um sempre crescente alheamento popular com ralação ao voto democrático; seja com uma classe política cada vez mais e mais democraticamente desacreditada _ imagino, maliciosamente, eu que com possível benefício dalguma dessa mesma classe política com interesses pouco ou mesmo nada democráticos(!); ainda que também com um dito povo que não raro não quer saber de política e até mesmo dito povo que em muitos casos quando confrontado com as aldrabices e se acaso até falcatruas políticas, algumas inconsequentemente provadas e condenadas judicialmente, se limita a dizer então os homens (políticos) desenrascam-se, se eu estivesse lá fazia igual(!). Sendo que eu pessoalmente interpreto a política como uma extensão da sociedade em geral e vice-versa, tanto mais se em democracia _ que nesta acepção talvez ou seguramente a Dr.ª MFL tenha razão na sua teoria de suspensão democrática, na media em que e contra mim mesmo falando, muitos de nós, que ao que parece até pelas palavras da Dr.ª MFL com extensão à globalidade do todo nacional, não mereçamos de facto a Democracia.

            Enfim se vou continuar a desenvolver raciocínio na base anterior, melhor seria escrever um livro, uma trilogia ou até algum tipo de enciclopédia, etc. ao respeito dada a extensão e a complexidade do problema. Mas até por não me sentir nem estar objectivamente preparado para com qualquer das anteriores hipóteses, desde logo em sequência da teoria da Dr.ª MFL pró suspensão democrática para resolver os problemas complexos, como por exemplo ultrapassagem dos interesses instalados, na presente circunstância e contexto, por mim limito-me responsável, consequente, democrática e no caso conclusivamente a dizer:

            _ Os interesses instalados, parece-me mais ou menos consubstanciadamente a mim, atravessarem toda a estrutura nacional desde o supremo nível político, partidário, social, cultural, económico, financeiro e existencial, até ao zé pelintra como eu, com todos os seus diversos, por si só complexos e/ou infindos intermédios _ em qualquer dos casos sem prejuízo da eventual ou efectiva superioridade ética, moral, legal ou por si só existencial de a quem a mesma devidamente couber, como até dadas as circunstancias quero crer que à Dr.ª MFL. Ainda que sem esquecer que a própria Dr.ª MFL tem interesses políticos, partidários, ideológicos, etc., que sendo democraticamente legítimos, não o serão até por isso, mais ou menos legítimos que quais queres outros equivalentes, ainda que diversos ou até adversos aos seus. O que por si só me leva a questionar a Dr.ª MFL, no sentido de se está (pré) disposta a abdicar dos seus respectivos interesses, em nome duma suspensão democrática, imanada de equitativos interesses que não coincidam directa, objectiva ou absolutamente com os seus? Em qualquer dos casos em transversal nome da Pátria _ ainda que o que nos trouxe à nossa actual situação, por assim dizer critica e austera, que segundo a Dr.ª MFL a merecer suspensão democrática, também tenha sido em nome da Pátria!

            Além de que em todo este quadro e sequência pergunto ainda: quem, como, porquê, para quê, até onde, por si só em nome de que interesses suspende a democracia? Ainda que pressupondo que seja em transversal nome de interesses Nacionais, mesmo que isso seja suficientemente subjectivo, para designadamente se poder e não raro em efectivo se limitar de facto a proteger os interesses duns, face aos interesses doutros, designadamente com benefício dos primeiros em prejuízo dos segundos; até por isso o Estado de Direito Democrático é, sem qualquer excepção, o que para mim faz transversalmente mais Nacional e/ou Universal sentido, desde logo onde e como esse Estado de Direito funcione transversal e Universalmente de facto, o que desde logo sob e sobre muitos aspectos não tem acontecido a nível nacional próprio _ inclusive com políticos que se candidatam a cargos de gestão da causa pública nacional ou local, estando esses mesmos políticos ou pseudo políticos sob processos judiciais precisamente por suspeita de má gestão ou mesmo por abuso e fraude inerente à sua própria e prévia gestão pública e/ou que tanto pior ainda quando após os mesmos respectivos políticos condenados judicialmente continuarem impune ou indeterminadamente a exercer os seus respectivos cargos de gestão política da causa pública. Quando por exemplo e por outro lado um zé ninguém, como eu, pode eventualmente ir preso ou ficar cadastrado e socialmente apontado a dedo como um delinquente, se roubar, perdão e aqui permita-se-me equivaler-me às elites políticas e sociais, para em vez de dizer roubar dizer furtar ou melhor ainda desviar por exemplo uma caixa de caldo de carne do supermercado_ o que felizmente ainda não chegou ao meu caso concreto e tudo farei para que jamais chegue _, sendo que para exercer o básico cargo público de varredor de rua esse mesmo zé ninguém tenha de possuir cadastro limpo! De entre o que desde há muito ou desde globalmente sempre onde está a verdadeira Democracia nesta mesma base e sequência?

            E que tendo a nossa democracia derivado directamente de meio século de ditadura, respectivamente com todos e cada um de nós derivados de contextos sociais oprimidos ou opressores inerentes a essa mesma ditadura, o que por si só e em grande medida faz com que ainda hoje haja muito quem não saiba viver responsável, consequente e livremente em democracia. Pelo que talvez ou seguramente as palavras da Sr.ª Dr.ª MFL pró eventual suspensão democrática pouco ou nada mais sejam do que um reflexo dos efeitos e consequências desse meio século de ditadura e de até em sequência disso, levarmos já mais de trinta anos de não raro torpe democracia. Pelo que enquanto tal a teoria de suspensão democrática da Sr.ª Dr.ª assusta-me, mete-me real pavor, desde logo quando eu derivo das classes ou dos estratos sociais oprimida(o)s da anterior ditadura; sendo que entretanto tenho feito e continuo ininterruptamente a fazer, o que para mim é um imenso esforço pró democrático, ao invés de há algum tempo a esta parte e parece que continuamente a Sr.ª Dr.ª insistir na suspensão da democracia; tendo eu entendido que só os ditadores se sentem acima de todos os demais, para se atreverem a suspender a democracia, saberão os mesmos e/ou Deus em nome do quê e de quem(?), sendo que da nossa anterior ditadura, como de quase invariavelmente todas as ditaduras, o que derivou foi miséria de muitos em benefício de poucos _ até talvez ou seguramente por isso há muito não vivamos em verdadeira democracia em Portugal, pelo menos aquém e além de ainda se poder ir dizendo ou escrevendo coisas como esta e metendo ciclicamente o voto de quatro em quatro anos. E de resto com esta coisa da Troika(*), com mais tudo o internamente pré e pró inerente à mesma, sob e sobre muitos aspectos a democracia já foi há muito para o galheiro, até porque o verdadeiro Estado de Direito não funciona como devido, pelo que só falta mesmo instituir oficialmente a não democracia, com tudo o que se lhe queira chamar ou deixar de chamar, como por exemplo ditadura _ em qualquer caso com prejuízo para mim mesmo que confessamente jamais soube viver plenamente em democracia e mas até dado o (auto) esforço pró democrático que tenho feito, tão pouco gostava de chegar ou de regressar a uma suspensão democrática, quer como eventual oprimido quer como eventual opressor.

                                                                                  VB  

            (*) Aliás necessidade de recorrer à Troika que deriva da nossa má (auto) gestão interna própria, incluindo à cabeça as elites políticas, económicas, financeiras e sociais, apesar de em qualquer dos casos, todas e cada uma destas últimas falarem como se nada tivessem a ver com o assunto, no fundo à imagem do povinho relativamente às elites, não raro e em qualquer dos casos a referirem-se uns aos outros e/ou aos grandes responsáveis da crise, da austeridade e/ou das misérias internas, como sendo indefinida e subjectivamente responsabilidade: d'eles _ vulgo d'uns outros _ acima ou abaixo, à esquerda ou à direita, etc., mas jamais culpa própria de quem quer que seja e/ou por si só do todo! 

             De resto entre as, como origem do presente, teóricas palavras da Dr.ª MFL pró eventual suspensão democrática para resolver os problemas complexos do País e a recentemente proclamada, pelo próprio governo nacional, pró intervenção de técnicos do FMI na interna reforma do Estado, da minha perspectiva esta dupla conjuntura teórica/retórica de ex. ou actuais responsáveis governativos da nação, com mais ou menos aplicação prática, vem comprovar duas respectivas coisas: primeira é a de que regra geral não estamos internamente preparados de facto para viver responsável, consequente e positivamente em democracia; segunda, até dadas as excelentes condições naturais, geográficas, climáticas, territoriais e humanas do País, no entanto comprova-se que por nós mesmos não conseguimos auto gerir-nos positiva, construtiva e estruturadamente como um todo, no caso sendo necessário que venham outros externamente fazê-lo por nós, levando-me a bem ou mal comparadamente concluir, que com analogia a um nível clubístico/desportivo de entre nós nacionalmente, com relação aos mais bem sucedidos países do centro e norte Europeu, que neste último caso eu compararia a excepção interna Futebol Clube do Porto(FCP) versos a norma dos restantes Clubes nacionais, de estrutura frágil e enquanto tal a jogarem mais para não perder do que para ganhar e/ou na melhor das hipóteses a jogarem esforçada e sofrivelmente para ganhar, no caso com o FCP a funcionar como análogo País centro/norte Europeu devidamente estruturado, que leva ao sucesso de (quase) todos os que por lá passam, versos a norma nacional com os restantes Clubes internos, que lutam para sobreviver e/ou vã e desenfreadamente para vencer, com analogia no respectivo todo nacional próprio, em que por mais excelentes _ nesta acepção comigo não incluído _ que sejam muitas das nossas individualidades (pessoais ou institucionais) internas, no entanto o todo acaba por jamais terminar de sair da cepa torta e de passar a funcionar como estruturadamente devido, inclusive porque desde a partir das elites políticas, económicas e sociais de topo, que não raro se auto apresentam como salvadoras da pátria, mas que dadas as circunstancias não terminam de estar à devida altura do auto apregoado e prometido, com respectivo reflexo no todo social e vice-versa; de entre o que o FCP e outros que a respectivos diversos níveis sociais, culturais, económicos, industrias e afins internos são a excepção e infelizmente não a regra interna. Seja que as excepções funcionam por si sós, aquém e além do todo e vice-versa, talvez e/ou seguramente por isso em regra seja necessário as individualidades ou instituições nacionais serem valorizadas exteriormente, para então passarem a também valer internamente. Enfim onde não há uma estrutura sólida e coerente é o que e como se pode critica e austeramente constatar, inclusive sob necessidade de supervisão externa, para ao menos se tentar sair momentânea, pontual, circunstancial ou excepcionalmente da crónica ou recorrente norma de crise e austeridade interna!

            Nota: Como muito ou a globalidade do que e como eu escrevo e aqui publico, também o presente foi executado e está a ser publicado natural e espontaneamente, acto imediato, sem mais do que uma breve auto revisão, correcção e/ou complementação, no caso concreto após ter escutado a Dr.ª MFL na noite de ontem via rádio, a reiterar a sua teoria de suspensão democrática, para resolver problemas complexos, como ultrapassagem de interesses instalados! O que enquanto tal e escrito por mim, vale o que e como vale, tal como salvo as devidas distâncias, o que e como dito pela Dr.ª MFL vale o que e como vale _ em qualquer dos casos Democraticamente!     

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