sexta-feira, dezembro 26, 2014

O Natal

            Na imediata ressaca de mais uma quadra natalícia!

            Sem prejuízo de qualquer eventual ou efectivo sentido positivo inerente, tal como está sociocultural e por si só materialistamente instituído, o Natal é para mim e/ou por si só um devaneio, uma distracção perante a realidade concreta da vida corrente, um motivo de extraordinário despesismo, em suma uma profunda e não raro positivamente inócua canseira.
            Sendo que inclusive já conheci situações em que o Natal foi e significou uma profunda perversidade para quem o viveu como, felizmente cada vez menos, ilusão sociocultural instituída de que primeiro o “menino Jesus” e depois o “pai Natal” deixariam ou deixam uma prenda no “sapatinho” das crianças. A partir de que respectiva perversidade derivada de crianças a quem os próprios pais ou familiares próximos _ aquém e além do/s ilusório/s e no caso perverso/s “menino Jesus” ou “pai Natal” _ não lhes colocavam e/ou não lhes colocam prenda no “sapatinho” porque não tinham e/ou não têm condição económica, financeira (material) para tal, mas tão pouco explicavam e/ou explicam objectiva e razoavelmente aos próprios filhos que não havia, nem há “menino Jesus” ou “pai Natal” algum a colocar prendas no “sapatinho” de quem quer que seja, enquanto havia e há sempre crianças a efectivamente receber respectiva/s prenda/s alegadamente trazida/s pelo “menino Jesus” e/ou pelo “pai Natal”. Isto por já não falar numas intermédias circunstancias menos radicais em que todos recebem prendas mas em que naturalmente uns recebem muito mais e muito melhores prendas que outros, mas há partida na mesmo ilusória base dum/s infinitamente justo/s e supremamente bondoso/s “menino Jesus” e/ou “pai Natal”! E se isto enquanto tendo ocorrido de facto e/ou onde hipoteticamente ainda ocorra não era e não é na melhor das hipóteses profundamente discriminatório e no limite perverso, então que alguém me diga o que e como positiva ou absolutamente melhor foi ou é!?
            Resumidamente e para mim, se não houver efectiva e genuína reunião familiar e/ou algum acto de voluntária, abnegada e incondicional solidariedade pessoal, social, humana e vital, de resto o Natal é de todo mais motivo de frustração e de tristeza do que de realização e de alegria.
                                                                                              Victor Barão

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