domingo, fevereiro 12, 2012

Desestruturação social com reflexos demográficos

           Ouve-se e torna-se insistentemente a ouvir dizer que: faz falta mais gente nova ou seja mais nascimentos e que essa nova gente possua mais formação académica ou técnica e profissional.

            Ouve-se e torna-se insistentemente a ouvir-se também dizer que: a maior taxa de desemprego se encontra entre os mais jovens e de entre estes em especial de entre jovens licenciados ou com formação média-alta.

            Ouve-se e torna-se a ouvir ainda dizer que: gente de meia-idade desempregada, regra geral tem dificuldade ou mesmo poucas hipóteses de voltar a encontrar emprego ou trabalho minimamente digno ou mesmo em absoluto.

            Ouve-se e torna-se a ouvir dizer que: a por si só dita de terceira idade está genericamente ostracisada, abandonada e que (sobre)vive ou morre só.

            Como seja uma imensa e paradoxal confusão, de entre exigir-se gente nova com média-alta formação académica e técnica-profissional, ao mesmo tempo que a maior taxa de desemprego está precisamente de entre os mais jovens e de entre estes inclusive nos de maior formação académica e técnica-profissional. Mas depois também os experientes elementos de meia idade que ficam sem emprego dificilmente voltam a empregar-se. E a dita terceira idade que já foi jovem e profissionalmente útil na meia idade, encontra-se ostracisada e morre só.  

            Ao que eu proponho que se institua um decreto muito simples que por si só resolveria todos estes problemas sociais e que é o seguinte: decrete-se que acima dos cinquenta ou até acima dos quarenta anos de idade, que neste último caso já me inclui a mim mesmo_  salvo que por exemplo me pode-se excluir a mim enquanto eu ideólogo da proposta, até porque todos os regimes políticos, sociais, etc., têm as suas elites e os seus privilegiados, legitima ou ilegitimamente imunes à regra geral _ mas a partir de que acima da faixa etária em causa, regra geral todos passem a ser obrigados por decreto ao auto suicídio colectivo. Ou seja a pessoal ou socialmente se suicidarem _ com ressalva de que o meu excepcional privilégio nesta sequência me leva-se a eventualmente ser o primeiro a suicidar-me, não por ser obrigado por decreto, dada a minha elitista e imune excepção enquanto mentor do respectivo decreto, mas sim por não aguentar com a responsabilidade ou com os efeitos e as consequências de tal menção-proposta.

            Mas que dadas as circunstancias sociais ou civilizacionais actuais, repare-se na eficácia da minha proposta: por um lado disponibilizava-se de imediato possibilidades de emprego para os mais jovens; ficava-se livre de gente de meia-idade obsoleta e sem perspectivas de futuro, com todas as insanidades pessoais e sociais inerentes; evitava-se a profunda e crescente decadência e degradação existencial da terceira idade a sobreviver e/ou a morrer solitariamente; com o que ainda se ganhava em respectiva produtividade e com de todo menor despesismo económico-financeiro, que no fundo e no final é o que social e civilizacionalmente mais importa.

            O quê! Esta minha proposta é louca? Seguramente que sim. Desde logo e pelo menos da minha auto perspectiva é profundamente irónica.

            Mas então e esta realidade social ou civilizacional em que vivemos é o quê?

                                                                                                          VB

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