quarta-feira, setembro 19, 2012

Confiança e/ou falta dela!

            A começar, permita-se-me fazer aqui uma breve e imediata interpretação do nosso actual Primeiro-Ministro e/ou da sua respectiva acção política/governativa para em sequência dizer:

            Pelo discurso, pela acção e o respectivo resultado de ambas as coisas, a conclusão a que cheguei desde um primeiro momento e que se mantém, de resto cada vez mais convicta e comprovadamente é que a base de pensamento e respectiva acção do senhor Primeiro-Ministro (actual) é: houve uma consecutiva série de injustiças, de incompetências e/ou de passividades, em qualquer dos casos políticas e sociais, ao longo de décadas e em especial na última década, que inclusive para com o seu efectivo ou possível inverso, me trouxeram ao governo! E agora _ ao estilo justiceiro _ cheguei eu justo, incorruptível, competente, impassível e/ou (pró) activo para resolver a coisa da única forma possível, designadamente a minha e a de quem referente, influente e consequentemente me rodeia _ de minha confiança, pessoal e/ou política.  

            Atrás e escrito a itálico está a minha interpretação da pessoa e/ou da acção política e governativa do senhor Primeiro-Ministro como se fosse o próprio a pensar, o que respectivamente e na essência creio não andará longe da verdade, se é que não acertei em cheio!? Mas a partir de que voltando a falar tão-somente por mim pessoal e tão sincera quanto responsavelmente, mesmo não querendo em absoluto duvidar da seriedade ética, moral e/ou até técnica/profissional da pessoa do senhor Primeiro-Ministro. No entanto e até precisamente por eu querer acreditar na seriedade geral da sua pessoa, com tudo o mais que lhe está pré, pró e pós ou paralela e divergentemente inerente, concretamente enquanto aplicado ao governo da nação, com a multiplicidade de interesses instalados, inclusive e a começar logo por parte da classe política e dos próprios correligionários partidários do senhor Primeiro-Ministro; creio, repito, creio eu que a sua efectiva ou suposta seriedade geral, pode até chegar a ser contra producente, desde logo com relação ao governo da nação!

            E não, não estou a ser irónico, nem objectiva ou subjectivamente contraditório; no caso estou ou pelo menos pretendo apenas reflectir o irónico e paradoxal da situação nacional e/ou da sua condição política/governativa enquanto Primeiro-Ministro em si mesmo e/ou enquanto derivado dum partido que, sem prejuízo das respectivas responsabilidades de quem mais quer que seja, desde logo a começar e terminar por mim mesmo, mas no caso concreto o seu partido (PSD) tem directa e indirectamente largas responsabilidades na "critica" e "austera" situação nacional que estamos a viver e que o senhor pretende sanear!

            Explico, é que o senhor Primeiro-Ministro, ao menos em democracia, não pode governar sozinho, como seja segundo a sua unilateral perspectiva, opinião ou convicção própria, sob risco de precisamente estar a ser anti democrático e ainda assim ou até por isso sem garantia de que em qualquer dos casos esteja a ser verdadeira e transversalmente justo, quer com relação ao passado, ao presente e/ou ao futuro de todos e de cada qual _ do colectivo. Quero eu dizer que a não ser assim e/ou ainda assim, o senhor necessitará sempre de quem o ajude a governar e no caso concreto enquanto derivando e mesmo pertencendo o senhor Primeiro-Ministro a um dos partidos, com suas diversas personalidades, diversas facções e sub facções por si só internas, também com profundas responsabilidades na “critica” e “austera” ou por si só desastrosa e injusta situação actual; mais uma vez creio e volto a repetir, creio, eu que o ciclo ou a redundância do ciclo estão duma ou doutra forma garantido(a)s! 

             Que se se quiser fazer uma análise mais detalhada e profunda das circunstancias em causa, até se poderia chegar à conclusão de que quais queres efectivas ou eventuais inversões ou variações do ciclo, derivariam ou derivarão também e em alguns casos precisamente da acção política e social anterior, com no caso também destacada responsabilidade do seu partido e/ou de directa ou indirectamente dos seus correligionários político/partidários, de que de resto o senhor depende duma ou doutra forma para governar, desde logo e ao menos para ter sido eleito como Primeiro-Ministro.

            Mas como o objectivo aqui é ser o mais breve, sucinto e genérico possível, excepção feita às causas, aos efeitos e as consequências prática(o)s mais ou menos conhecida(o)s de todos, de resto tão pouco eu tenho dados concretos e objectivos para esmiuçar esta minha análise, ainda que necessariamente pode-se ir significativamente mais longe ao respeito. Mas por enquanto fico-me por uma única causa, um único efeito e uma única consequência de entre muita(o)s outra(o)s, que é desde logo e por si só a bastante substancial causa, efeito e consequência da falta de confiança, por assim dizer de todos nós, não raro em nós mesmos, mas até por isso e acima de tudo com relação uns aos outros e aos políticos muito em concreto _ salvo sempre as devidas excepções, como em tudo mais da e na vida. 

              (Sequência de que até pelo meu raciocínio anterior, enquanto aplicado à generalidade do historial que nos trouxe a esta nossa “critica” e “austera” condição actual, por não dizer genericamente crónica, inclusive com reminiscências aos tempos da ditadura e/ou a uma cultura latina e ainda mais em concreto à cultura lusa, na mais ou menos aleatória base dum dito desenrasca e duns ditos brandos costumes(*), inclusive e em qualquer dos casos cultura auto assumida e até auto elogiada, necessariamente pelo seu melhor e pelo seu pior, ainda que com o pior pouco ou nada auto assumido, pois em regra isso é culpa deles, dos outros _ mal comparado seja como quando joga a afamada selecção nacional de futebol, em que se tem algum mínimo sucesso, é imediatamente auto assumido nacionalmente como de todos e de cada qual, nessa altura somos todos muita bons; já quando o sucesso não é tão grande assim ou se acaso redunda mesmo em fracasso, por norma é culpa deles, dos futebolistas, dos técnicos, dos dirigentes etc., o que de resto e em qualquer dos casos é motivo de raciocínio em e por si só, mas não agora aqui _ a partir e/ou aquém e além de que em regra é designadamente com cada qual a desenrascar-se minimamente ou o mais e o melhor possível, até dai os brandos costumes, na media em que enquanto eu e os meus me ou nos for(mos) desenrascando, pelo menos sobrevivendo, o resto e os restantes é deixa andar, por inerência em dissonância com um colectivo devidamente ordenado, civicamente consciente, activo e livre; tudo ainda em associação ou dissociação à muito concreta e de resto cada vez mais e mais comum discrepância entre as promessas e as práticas políticas, no caso concreto do senhor Primeiro-Ministro em vigência, por exemplo a promessa eleitoralista de não subir impostos, versos a prática de parecer que a sua grande solução para o País e/ou para a "crise" é mesmo e essencialmente subir impostos _ e eu estou à vontade para falar ao respeito, porque a minha condição existencial em regra não chega a abranger pagamento de impostos directos (IRS, IRC, etc.), ainda que pegue o indirecto IVA, mas até ai cada vez menos porque respectivamente consumo cada vez menos; além ainda e aqui já ao nível governativo da discrepância de entre os respectivos propósitos de partida e dos resultados práticos de chegada, o que enquanto da sua parte e/ou do seu governo muito em concreto, desde logo ao nível das suas primeiras medidas de austeridade, justificadas com base na e para com a posterior descida do défice público da nação, mas que na prática não só parece como até comprovadamente os dados apontam inclusive em sentido inverso ao pretendido ou pré e pró anunciado.

            Com tudo o imediatamente anterior para tão só por dar dois muito genéricos e mas também objectivos exemplos práticos daquilo a que aqui me refiro e que dá titulo ao presente; além de que na mesma base e sequência se nos voltarmos para a vertente do subjectivo como por exemplo quando por si só os políticos em geral e o senhor (P-M) muito em concreto falam em nome da Nação, da Pátria, do Povo, de Todos os Portugueses, etc., etc., ao menos por mim e aquém e além de tudo o mais, não sei em concreto do que, de quem, porque ou para que estão a falar. Quer dizer, eu tenho a minha própria e benévola interpretação, desde logo de que, pelo melhor e pelo pior, para o bem ou para o mal, estão ou estarão a falar de facto em nome de Todos e/ou do País. O problema é que uma e outra vez isso parece não se confirmar na prática, desde logo quando há muitas nações dentro da Nação, quando há muitas pátrias dentro da Pátria e assim sucessivamente, inclusive com base em corporativismos político/partidários em si mesmos, com respectivamente diversas facções e sub facções, com os mais diversos e respectivos interesses próprios, que não raro se auto defendem acima de todo a si mesmos, aquém e além de qualquer colectivo Nacional, Patriótico, Público ou outros que colectivamente tais!

            Dir-me-ão aqui que tudo isto, toda esta multiplicidade de perspectivas, de interesses e afins é a própria democracia a funcionar. Com o que em parte eu tenho de concordar e dalgum modo até defender, inclusive porque ninguém é literalmente igual a alguém mais e eu mesmo sou profundo auto defensor da minha personalidade, identidade e liberdade própria. Só que antes, durante e depois há uma coisa em si mesma e por mim chamada de comum partilha humana, vital e universal, se se quiser pública que é comum a todos sem excepção _ seja que há coisas que quer queiramos quer não nos são comuns a todos e a cada qual, que devemos partilhar o mais positivamente possível. Mas é precisamente aqui que a porca torce o rabo no sentido em que não só parece, como mesmo frequentemente se comprova uma e outra vez que não raro o eu e os meus está e estão acima de tudo e de todos ou de todos os mais: individual, corporativa, colectiva, pública ou universalmente. E que segundo parece, mesmo que muito bem intencionado até enquanto à partida em nome do colectivo público, nacional, vital ou universal, o próprio senhor Primeiro-Ministro, segundo rezam as crónicas e os factos concretos está a cair na teoria e na prática do eu e dos meus, desde logo ao tomar e anunciar medidas tão importantes e transversais à sociedade como no relativo à TSU de forma unilateral do ponto de vista político e governativo, de sua suprema responsabilidade. Inclusive por isso o senhor Primeiro-Ministro pela sua própria governação, mas também por tudo o que no caso politica e governativamente está prévio ao senhor, começa a sentir a insatisfeita correspondência do colectivo, mesmo que com intermediamente desenrascada e/ou costumeiramente branda cumplicidade e responsabilidade da generalidade deste último (colectivo). Sequência de que o problema é ou começa a ser quando colectivo geral começa a sentir ou mesmo a constatar estar a pagar muito para além da sua cúmplice responsabilidade própria, nos maioritários e não raro ilegítimos proventos dalguns poucos em detrimento do todo ou da generalidade. Mesmo que a revolta popular, pelo menos da parte dalguns, derive tanto ou mais de inveja e/ou de ressentimento de e por não ter comido tanto quanto aqueles de quem agora se queixam e/ou relativamente aos quais dão respectivo sinal de revolta. Referindo-se esta última acepção a todos aqueles ditos governados ou subordinados que frequente e recorrentemente diziam ou em alguns casos ainda dirão com relação aos governantes e superiores: pois os homens desenrascam-se, quem me dera estar lá para poder fazer o mesmo! Seja que ao menos publica e politicamente, a injustiça e a impunidade daqui derivadas têm reinado sob e sobre muitos aspectos, inclusive tem-se cimentado e por inerência agravado com o passar do tempo _ necessária e culturalmente também por auto desenrascada e/ou costumeiramente branda cumplicidade e respectiva responsabilidade de todos e de cada qual.)  

            Conclusão final de que meu Caro senhor Primeiro-Ministro Pedro Passo Coelho muito em concreto, mais uma vez e como tudo aqui de minha interpretação e respectiva responsabilidade própria digo-lhe eu: ou o senhor está positiva, justa, efectiva e transversalmente muito acima de tudo o senão genérica, pelo menos muito significativamente corruptível, incompetente, passivo e/ou inconfiantemente envolvente, ou então e até porque por mim tenho as mais sérias e cada vez mais até comprovadas dúvidas dessa sua superioridade, ao menos em termos práticos ou aquém e além de se estar a limitar a lutar contra moinhos de vento, o que até por inerência da força com que o senhor entrou e parece insistir em continuar, como melhor das hipóteses e até por mim que quero mesmo e ainda acreditar na sua seriedade geral ou superioridade ética, moral e técnica/profissional, no entanto e até por isso possa a sua pessoa não passar mesmo dum puro, duro e mero voluntarioso ou no limite até mesmo dum ingénuo, política e governativamente!

            Entretanto e/ou aquém e além do mesmo é a confiança de todos e de cada um de nós relativamente uns aos outros e aos políticos muito em concreto que vai ficando mesmo cada vez mais e mais minada na sua ou na nossa mais profunda essência. Remetendo eu aqui para o meu anterior post Medidas de Austeridade...

                                                                                  Victor Barão

             (*) Que se a cultura do desenrascanso e dos brandos costumes adicionarmos comodismo e irresponsabilidade individual e colectivo(a)s, então estão criadas todas as condições, para o mais diverso tipo, não só de aleatórias injustiças, como tão respectiva quanto inversamente de injustos totalitarismos, se acaso e não raro com estes últimos em irónico nome de luta contra as injustiças! Pobres e infelizes de nós que estamos muitíssimo longe de provar ser colectivamente merecedores de liberdade democrática. Pelo que venham de lá os totalitarismos de esquerda ou de direita, militares ou civis, religiosos ou ateus, elitistas ou proletários e/ou paradoxalmente afins até ao infinito. Se acaso e até como melhor das injustas hipóteses, para contrabalançar um pouco as injustiças de há muito e até ao presente momento. De resto, salvo as mais ou menos qualitativas e quantitativas excepções, sobra-nos a incontornável e implacável justiça Universal, por mais e melhor não ser, com possível eterna expressão nesta nossa miserável, injusta e inconfiante condição existencial de per e de entre nós, com respectiva necessidade de quem nos governe com totalitária mão de ferro
            Triste e indigna auto e extra desconfiança!

            Legenda cromática: Dado que eu tenho tendência a expandir-me no que e como escrevo, até dada a base e o objectivo em que, como e para que o faço(!); por inerência e sempre que possível ou que assim se justifique passarei a salientar o essencial a preto e por assim dizer o mais complementar a cinzento _ neste último caso como uma espécie de mais ou menos longo parêntesis, com relação ao primeiro caso, para eventualmente assim não assustar muito as pessoas logo no primeiro contacto com esta minha expressão escrita. Além de que enquanto tal possa até suscitar algum interesse ou curiosidade relativamente a quem ao mesmo acede. Para o que no caso concreto destaco ainda azul a respectiva base que me suscitou escrever o presenteAo que finalmente acrescem, mesmo que isso desde há já algum tempo, estas minhas notas, observações, complementações, etc. finais a castanho.

            

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