sábado, setembro 22, 2012

TDT melhor que Analógico!?

            É verdade que a Televisão Digital Terrestre (TDT) pode conter melhorias técnicas (som e imagem), com relação ao tecnicamente nada mau sistema Analógico. Pelo que para quem só quer ver as noticias, alguma reportagem, algum filme, algum jogo de futebol essa melhora é significativamente irrelevante.

            E tanto mais que irrelevante, torna-se mesmo absolutamente descartável, quando com a introdução do TDT, em detrimento do Analógico, mesmo com aquisição dos descodificadores de TDT e de novas antenas, parte do País ficou literalmente sem acesso a televisão e outra parte como onde eu habito ficou parcialmente sem esse acesso dado que em especial à noite o sinal de TDT desaparece, enquanto o Analógico era permanente e abrangia basicamente todo o território.

            Se a tudo isto aliar-mos que a implementação técnica e/ou material do sinal aberto _ grátis _ de TDT, foi e é responsabilidade da Portugal Telecom (PT), que por seu turno é proprietária do serviço de televisão por cabo e/ou satélite _ pago _ MEO, cuja publicidade a este último se tornou algo massivo, por mim e ao ouvir argumentar política ou tecnicamente que TDT é melhor que Analógico, ao menos em parte vêm-me à ideia: Fraude!

            Além de que se nesta última acepção de publicidade massiva ao MEO, associada a não integral cobertura nacional de TDT, se se está a pensar que a esmagadora maioria, desde logo todos aqueles portugueses que ficaram literal ou parcialmente sem sinal de televisão aberto, grátis, TDT, vão aderir à televisão por cabo ou via satélite, paga, tanto mais se num país estruturalmente pobre e mergulhado numa particularmente profunda crise e austeridade económica e financeira, então só mesmo a vaidade, a presunção ou um certo devaneio como que a justificar o que nos trouxe à crise em que estamos mergulhados, poderia ou poderá justificar uma adesão massiva por parte do público à televisão _ paga _ via cabo/satélite, mais concretamente ao MEO. Em qualquer dos casos sob acção e/ou patrocínio da PT e do próprio Estado, quando este último está desde logo politicamente envolvido em tudo isto.

            Do mal o menos que a implementação do sinal de TDT nos trouxe acesso a cerca de três dezenas de canais espanhóis em sinal aberto, em especial ao nível do interior do território nacional português onde eu habito e onde respectivamente o “””melhorado!!!””” sinal de TDT nacional próprio não chega de todo ou só chega parcial e pontualmente.

            Enfim as trapalhadas do costume, num país que parece cada vez mais e mais sem pés nem cabeça, em que não raro ou mesmo demasiado frequentemente reina o sempre reiterado chico espertismo, inclusive e/ou acima de tudo por parte do Estado, seja como reflexo de todos e de cada um de nós modo geral, naturalmente com ressalva para as devidas e positivas excepções.

            Ah! E “pôs-se” os humoristas de topo ou do momento a fazer publicidade ao MEO _digo paranoicamente eu: _ talvez para retirar espaço de manobra a quem publicamente mais corrosivo poderia ser com a situação inerente à fraudulenta implementação de TDT em Portugal. E assim como sempre cá vamos andando!

            Pergunto: dada a crónica pobreza nacional(*) e o particular momento de crise e de austeridade actual, porque não se disponibiliza apenas televisão via cabo ou satélite _ paga? E quem pode acede, quem não pode não acede(**), em qualquer caso creio eu que seria de todo mais coerente e acima de tudo mais leal, com o próprio país e o seu povo, do que este """melhor""" que em suma não é em efectivo melhor; do que este para """todos""" que não é de facto para todos e/ou ainda do que este """grátis""" que acaba por ter de ser pago duma ou doutra forma!

                                                                                  VB

             (*) Pobreza material (económica/financeira), pelo menos para uma significativa parte da população, que parece cada vez mais ser maioritária, como sempre, o que houve foi um interregno de duas décadas de ilusão, de miragem de riqueza, que não passou disso mesmo miragem e ilusão; pois que de resto e acima de tudo histórica e culturalmente temos uma vasta riqueza, além de que após uma geração de gente significativamente qualificada, sem esquecer um passado de gente humilde, temos em qualquer caso e ao nível humano um significativo potencial! 

             (**) Ainda que num País em que (ainda!...) se lê pouco, já seja imprensa informativa ou literatura, em que se vai pouco ao teatro, em que seguramente quem não tiver capacidade económica para pagar uma mensalidade de televisão, paga, via cabo ou satélite, tão pouco terá para adquirir livros ou para ir ao teatro, restará talvez a rádio; pois caso contrário e em especial para pessoas idosas, sem mobilidade e afins equivalerá a ficarem na mais absoluta solidão, silêncio e/ou escuridão _ tanto mais se nesta sociedade, pelo melhor e pelo pior, para o bem ou para o mal, cada vez menos comunitária!  

Sem comentários:

Enviar um comentário